Cremação

técnica funerária que visa reduzir um corpo a cinzas através da queima do cadáver
 Nota: Se procura o bairro de Belém, veja Cremação (Belém).

Cremação é uma técnica funerária que visa reduzir um corpo a cinzas através da queima do cadáver. O método comum no mundo ocidental é a cremação do cadáver em fornos crematórios desenvolvidos para esse fim. A cremação pode ser um funeral ou um rito pós-funeral e é uma alternativa que oferece menos riscos ambientais que o sepultamento do corpo em covas.

Forno crematório elétrico
Ritual hindu de cremação em Bali
Crematório do cemitério de Haycombe, Bath, Inglaterra.

História editar

As cremações mais antigas conhecidas seriam:

  • Senhora de Mungo - Nova Gales do Sul junto ao lago Mungo. Calcula-se que se trate da cremação de uma mulher jovem, efectuada há cerca de 25 000 anos.
  • Cremação de homem também junto ao lago Mungo, que se calcula ter sido efectuada há cerca de 60 000 anos.

A cremação é um dos processos mais antigos praticados pelo homem. Em algumas sociedades este costume era considerado corriqueiro e fazia parte do cotidiano da população, por se tratar de uma medida prática e higiênica. Alguns povos utilizavam a cremação para rituais fúnebres: os gregos, por exemplo, cremavam seus cadáveres por volta de 1 000 a.C. e os romanos, seguindo a mesma lista de tradição, adotaram a prática por volta do ano 750 a.C. Nessas civilizações, como a cremação era considerada um destino nobre aos mortos, o sepultamento por inumação ou entumulamento era reservado aos criminosos, assassinos, suicidas e aos fulminados por raios (considerada até então uma "maldição" de Júpiter). As crianças falecidas mesmo antes de nascerem os dentes também eram enterradas.

No Japão, a cremação foi adotada com o advento do budismo, em 552 d.C., importado da China. Como em outras localidades, ela foi aceita primeiramente pela aristocracia e a seguir pelo povo. Incentivados pela falta de lugares para sepultamento, pois o Japão possui pouquíssimo espaço territorial, os japoneses incrementaram significativamente a prática. Em 1867, foi promulgada uma lei que tornava obrigatório incinerar as pessoas mortas por doenças contagiosas para um controle sanitário eficaz e eficiente, bem como para racionalizar e obter melhor uso da terra.

Hoje, as menores taxas de cremação do mundo estão em países católicos, como a Itália, com apenas 4%, enquanto o maior número da Europa é a República Tcheca com 76%, e o Japão, por exemplo, chega a 98%.[1]

Cremação no Brasil editar

A cremação no Brasil exige que a pessoa registre em cartório o desejo de ser cremado, ou então que o parente mais próximo requisite o serviço. Já a disposição final das cinzas é livre, podendo ser conservadas em jazigos ou entregues a um depositário de cinzas.

O primeiro crematório com fins funerais inaugurado tanto no Brasil como na América Latina foi o crematório municipal de Vila Alpina, na cidade de São Paulo, no ano de 1974.[2]

Em 2008 praticamente todos os estados brasileiros dispõem de um crematório, sendo que a Grande São Paulo conta com três deles. O crematório da Vila Alpina crema cerca de 300 cadáveres ao mês. As cinzas não retiradas dos crematórios são, via de regra, espalhadas nos jardins que entornam os crematórios.

Na religião editar

A Igreja Católica proibiu terminantemente a cremação de seus fiéis mortos em 1886, apenas dois anos após sua legalização no Reino Unido, mas este banimento foi relativizado mediante documento de 1963, embora o enterro ainda fosse recomendado.[3][4] A Igreja Anglicana, por sua vez, recomenda a cremação desde 1944, uma reação ao enorme número de mortos na Segunda Guerra Mundial.[3] A Igreja Ortodoxa, por sua vez, proíbe massivamente a cremação, com a Igreja Ortodoxa Sérvia, a Igreja Ortodoxa Russa Fora da Rússia e a Igreja da Grécia tendo pronunciamentos oficiais neste sentido.[5]

O hinduísmo, por sua vez, recomenda fortemente a cremação, praticando-a ritualisticamente.[6] O islamismo, por sua vez, proíbe-a.[7]

Ver também editar

 
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Referências

  1. Juff 2001, p. 125.
  2. Martins, Elisa (6 de dezembro de 2018). «Como funciona a indústria da cremação e por que ela prospera no mundo todo». Época 
  3. a b Juff 2001, p. 124.
  4. «Piam et constantem». RK Dokumenten. 25 de outubro de 2016 
  5. Grabbe, George (1970). «Cremation». The Church and Her Teaching in Life: Anthology of Articles. 2. Montreal: [s.n.] pp. 316–321 
  6. Juff 2001, p. 123.
  7. Daar, A.S.; Khitamy, A. (2001). «Bioethics for clinicians: 21. Islamic bioethics». CMAJ. 164 (1). pp. 60–63 

Bibliografia editar

  • Juff, P.C. (2001). «cremation». In: Howarth, Glennys; Leaman, Oliver. Encyclopedia of Death and Dying (em inglês). [S.l.]: Routledge. pp. 123–126