Facção Central

banda brasileira de rap
(Redirecionado de DJ Binho)

Facção Central foi um grupo brasileiro de gangsta rap, formado na cidade de São Paulo no ano de 1989.[1] O grupo de rap alcançou enorme repercussão devido ao forte conteúdo de suas letras e até a prisão de seus integrantes após a veiculação do clipe "Isso Aqui É uma Guerra".[1]

Facção Central
Facção Central
Show do Facção Central, realizado em Bauru, SP
Informação geral
Origem São Paulo, SP
País Brasil
Gênero(s)
Período em atividade 1989−2023
Gravadora(s) Sky Blue Music (1989–2016)
Afiliação(ões) A286
Racionais MC's
Ex-integrantes Dum-Dum
Eduardo
MAG (Produtor musical)
Jurandir
DJ Garga
DJ Eric 12
Smith-E
Moysés
DJ Binho

História

editar

O grupo foi formado em 31 de maio de 1989,[2] na região central de São Paulo, e foi inicialmente integrado por Jurandir, Cesinha, Serginho, Wilson e Mag, que posteriormente deixaram o grupo, sendo substituídos por Dum-Dum e Eduardo.

De 1997 para 1998, DJ Garga deixou o grupo e Erick 12 o substituiu, mas o mesmo também abandonou o grupo.[3] Nascidos e criados em cortiços, os componentes, conviveram desde a infância com violência social, tráfico de drogas, vícios, violência policial, delegacias e presídios.

Um passado violento transformado em fonte de inspiração e traduzido em composições contundentes que relatam a realidade cotidiana das camadas mais baixas da sociedade, além de criticar duramente aqueles que, na visão do compositor, seriam os causadores dos problemas discutidos nas letras das canções.[4] Ameaças policiais por telefone, censuras de algumas rádios, prisões pelo conteúdo de algumas letras e até mesmo a proibição de veiculação na televisão brasileira do videoclipe "Isso Aqui É uma Guerra", considerado pelas autoridades como apologia ao crime, são algumas das consequências decorrentes da postura do grupo, outros exemplos da postura do grupo são o lírico das músicas.[5]

O grupo tem um estilo musical agressivo, violento, as letras do grupo seguem um violento estilo, entretanto racional. O grupo utiliza a linguagem da periferia (gírias) e a linguagem formal. Também é comum utilizar partes de músicas clássicas para iniciarem suas músicas. A religião se faz presente como mediadora, uma metáfora para a violência da Terra, como em "Hoje Deus Anda de Blindado" (Uma alusão à música de 1999 do grupo Pavilhão 9, "Se Deus Vier, Que Venha Armado").

Em 1999, o grupo lançou o disco Versos Sangrentos, com batidas fortes e letras de protesto, relacionadas aos temas violência, corrupção, fome, violência policial e a ineficácia do governo.

Foi alvo de censura, tendo o disco ido à loja com 15 músicas gravadas e um videoclipe da música "Isso Aqui É uma Guerra", que foi acusada e censurada por apologia ao crime.[6][7] O clipe foi ao ar durante seis meses e chegou a passar na MTV, mas logo foi retirado pelo mesmo motivo.[8] Os integrantes afirmaram que não tinha nenhuma apologia no clipe, pois no final um dos bandidos que assaltaram o banco foi morto, com a mensagem de que o crime não compensa.[9]

Após a censura

editar

Após a censura do videoclipe do grupo no disco Versos Sangrentos, o Facção Central lançou o álbum A Marcha Fúnebre Prossegue, que inicia-se com uma introdução à notícia da censura, dada em vários telejornais com os dizeres "Rap que faz apologia ao crime, Facção Central", divulgado no Jornal Nacional por Fátima Bernardes. Essa introdução é composta por vários "recortes" de noticiários da televisão brasileira. Após a faixa "Introdução", vem em seguida a faixa "Dia Comum", que conta a história do cotidiano das periferias brasileiras, e, em seguida, a faixa "A Guerra Não Vai Acabar", uma espécie de "carta-resposta" a censura do videoclipe, que inicia-se com uma pesada letra e críticas a promotoria, dizendo "Aí promotor, o pesadelo voltou, censurou o clipe mas a guerra não acabou; ainda tem defunto a cada 13 minutos das cidades entre as quinze mais violentas do mundo", e no refrão da mesma música eles dizem "Pode censurar, me prender, me matar, não é assim promotor que a guerra vai acabar". Outras críticas seguem no decorrer do álbum e nelas se destacam "A Marcha Fúnebre Prossegue" e "Desculpa Mãe".[10]

Em 2003, o grupo lançou Direto do Campo de Extermínio, seu quinto álbum, vencendo as categorias “Melhor Álbum do Ano” e “Música do Ano” com a faixa “O Menino do Morro” no Prêmio Hútuz daquele ano.[11]

Mais tarde, em 2006, com O Espetáculo do Circo dos Horrores, Facção Central mais uma vez garantiu o prêmio de “Melhor Álbum do Ano” no Prêmio Hútuz.[12]

Saída de Eduardo

editar

No dia 18 de março de 2013, Eduardo postou um vídeo no YouTube informando que, devido a algumas desavenças, não fazia mais parte do grupo.

Sendo assim, deixando claro para os fãs que não irá abandonar o Rap, e ainda vai ter uma longa caminhada nessa estrada, relatando os problemas podres de nossa nação.

Curto período com Moysés

editar

O intérprete e compositor Moysés ingressou ao Facção Central logo após a saída de Eduardo, em 2013.

Durante seu período no grupo foram gravadas duas músicas e em pareceria com os Racionais MC's que estavam comemorando 25 anos de carreira se apresentou com Dum-Dum[13] em um show na Zona Leste de São Paulo.

No dia 4 de agosto de 2014, Moysés anunciou seu desligamento alegando: "Minha decisão por sair do grupo foi tomada após eu entender que a forma que eu enxergo a guerra é diferente da forma que o meu mano Dum-Dum a enxerga, cada um tem sua visão sobre a opressão".[14] Dum-Dum passou a carregar o nome do grupo como único responsável pelas atividades desde a saída de Eduardo, de 2013 a 2023, ano de seu falecimento.[15]

Discografia

editar

Álbuns de estúdio

editar

Álbuns ao vivo

editar

Coletâneas

editar

Prêmios

editar
Ano Prêmio Categoria Ref
2003 Prêmio Hutúz Música do Ano [18]
2003 Prêmio Hutúz Álbum do Ano [19]
2006 Prêmio Hutúz Grupo ou Artista Solo [20]
2009 Prêmio Hutúz Melhores grupos ou artistas solo da década [21][22]

Referências

  1. a b Gago Jover, Francisco (31 de dezembro de 2003). «Albin, Ricardo Cravo. Dicionário Houaiss Ilustrado Música Popular Brasileira criação e Supervisão Geral Ricardo Cravo Albin. Rio de Janeiro. Instituto Antônio Houaiss, Instituto Cultural Cravo Albin e Editora Paracatu, 2006. Amaral, Euclides. Alguns Aspectos da MPB. Rio de Janeiro. Edição do Autor, 2008. 3ª ed. EAS Editora, 2014.». Dicionário Cravo Albin: 191–199. ISSN 2603-6673. doi:10.17979/rlex.2003.9.0.5582. Consultado em 2 de dezembro de 2022 
  2. «MAG– Facção Central, carreira solo e críticas ao rap brasileiro». 7 de agosto de 2014. Consultado em 6 de abril de 2016 
  3. Ricardo Cravo (19 de julho de 2005). «Dicionário Houaiss Ilustrado Música Popular Brasileira criação e Supervisão Geral Ricardo Cravo Albin». Consultado em 6 de abril de 2016 
  4. «Entrevista com Facção Central - Hutúz em 2006». 17 de agosto de 2006. Consultado em 6 de abril de 2016. Arquivado do original em 27 de julho de 2011 
  5. «Justiça veta vídeo de rap do grupo Facção Central na MTV». Folha de S.Paulo. 7 de agosto de 2014. Consultado em 6 de abril de 2016. Arquivado do original em 1 de novembro de 2014 
  6. «Facção Central – Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira». Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira. 24 de agosto de 2009. Consultado em 8 de abril de 2016 [ligação inativa]
  7. «Brazil The Censors Are Back Brazilian Censorship». Brazil.com. 7 de agosto de 2014. Consultado em 6 de abril de 2016. Arquivado do original em 26 de dezembro de 2004 
  8. «Independentes saiba como foram feitos os clipes». MTV Brasil. 6 de abril de 2016. Consultado em 6 de abril de 2014 
  9. Albin, Ricardo Cravo. Dicionário Houaiss Ilustrado Música Popular Brasileira criação e Supervisão Geral Ricardo Cravo Albin. Rio de Janeiro. Instituto Antônio Houaiss, Instituto Cultural Cravo Albin e Editora Paracatu, 2006. Amaral, Euclides. Alguns Aspectos da MPB. Rio de Janeiro. Edição do Autor, 2008. 3ª ed. EAS Editora, 2014.
  10. «Grupo de rap paulista é censurado pela justiça e ministério público de São Paulo». Consultado em 7 de agosto de 2014 
  11. Redação (28 de novembro de 2014). «Prêmio Hutúz, a mais importante premiação do Hip Hop no Brasil, volta em 2015». Consultado em 10 de setembro de 2023 
  12. «:: Rap Nacional ::». web.archive.org. 5 de novembro de 2006. Consultado em 10 de setembro de 2023 
  13. «Facção Central vence prêmio 2009 no Hútuz». Folha de S.Paulo. Consultado em 7 de agosto de 2014 
  14. «Moysés anunciou sua saída do Facção Central». Portal Rap Nacional. Consultado em 4 de agosto de 2014. Arquivado do original em 8 de agosto de 2014 
  15. «Morre rapper Dumdum, integrante do grupo Facção Central, aos 54 anos». G1. 12 de maio de 2023. Consultado em 22 de julho de 2023 
  16. «Inimigo Nº 1 do Estado | Discografia de Facção Central». Letras.mus.br. Consultado em 13 de fevereiro de 2022 
  17. Facção Central no Estúdio Showlivre (Ao Vivo) (em inglês), 28 de setembro de 2018, consultado em 23 de outubro de 2018 
  18. «Premiados do Hútuz Facção Central um dos melhores grupo de Rap do ano leva prêmio». Portal Rap Nacional. 23 de dezembro de 2009. Consultado em 6 de abril de 2016. Arquivado do original em 5 de novembro de 2006 
  19. «Hutuz grupo leva prêmio». Portal Rap nacional. 23 de dezembro de 2009. Consultado em 6 de abril de 2016. Arquivado do original em 5 de novembro de 2006 
  20. «Grupo Facção Central vence o prêmio Hutuz em dois anos seguidos». Portal Rap Nacional. 23 de dezembro de 2009. Consultado em 6 de abril de 2016. Arquivado do original em 5 de novembro de 2006 
  21. «Hútuz 10 anos». Consultado em 23 de dezembro de 2009 [ligação inativa]
  22. «Entrevista com o Facção Central sobre o Prêmio Hútuz e a nova estraia do grupo». 15 de maio de 2011. Consultado em 6 de abril de 2016. Arquivado do original em 27 de julho de 2011 

Ligações externas

editar
 
Wikiquote
O Wikiquote possui citações de ou sobre: Facção Central
 
O Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre Facção Central
   Este artigo sobre uma banda ou grupo musical do Brasil é um esboço. Você pode ajudar a Wikipédia expandindo-o.