Direitos humanos no Irã

O desrespeito aos direitos humanos no Irã tem sido criticado tanto pelos próprios iranianos, quanto por ativistas internacionais de direitos humanos, escritores e ONGs. A Assembleia Geral da ONU[1] e da Comissão de Direitos Humanos denunciaram abusos anteriores e atuais no país, em críticas e em várias resoluções publicadas.[2]

Prisão de Evin, conhecida pelo aprisionamento e morte de opositores políticos desde a Revolução Islâmica
Cemitério bahá'í destruído em Yazd

O governo do Irã é criticado tanto por restrições e punições que seguem a Constituição e a lei da República Islâmica, quanto por ações que não seguem nenhuma lei, como tortura, estupro e assassinato de presos políticos e espancamentos e assassinatos de dissidentes e outros civis. As restrições e punições que são legais na República Islâmica, mas que violam completamente as normas internacionais de direitos humanos, incluem: penas severas para crimes comuns; punição para "crimes sem vítimas", tais como fornicação e homossexualidade; execução de menores de 18 anos de idade, restrições à liberdade de expressão e à imprensa, incluindo a prisão de jornalistas, e tratamento desigual de acordo com a religião e o gênero das população na constituição da República Islâmica - especialmente ataques a membros da religião Bahá'í. Abusos e punições que foram relatados fora das leis da República Islâmica e que têm sido condenados pela comunidade internacional incluem a execução de milhares de presos políticos em 1988 e a utilização generalizada da tortura para extrair repúdio popular contra prisioneiros, sua causa e apoiadores, em vídeos para propósitos propagandísticos.[3]

Sob a administração do presidente Mahmoud Ahmadinejad a situação dos direitos humanos no país "se deteriorou significativamente", segundo o grupo Human Rights Watch.[4] Na sequência dos protestos eleitorais no Irã em 2009, houve relatos de assassinato, tortura e estupro de manifestantes detidos[5] e detenções e julgamentos em massa de dezenas de figuras proeminentes da oposição em que os acusados "leram confissões que deram todos os sinais de serem coagidas".[6][7][8]

Sattar Beheshti , blogueiro iraniano, morreu no início de novembro de 2012 alguns dias depois de ser preso pela Cyber Police Iraniana por criticar o governo da República Islâmica no Facebook, depois de denunciar ter sido torturado enquanto estava sob custódia. Sua morte provocou condenação internacional e levou à demissão do comandante da unidade policial de cibercrimes do Irã. Acredita-se ter sido o décimo oitavo prisioneiro do regime a morrer sob custódia desde 2003.[9][10][11]

Policiais avisam uma mulher para cobrir os seus antebraços em Teerã

Funcionários do governo da República Islâmica têm respondido às críticas, afirmando que a República Islâmica do Irã não é obrigada a seguir a "interpretação do Ocidente dos direitos humanos"[12] e que a República Islâmica é uma vítima da "propaganda preconceituosa dos inimigos", que é parte "de um plano maior contra o mundo do Islã."[13] De acordo com oficiais iranianos, aqueles ativistas de direitos humanos que se dizem ativistas políticos pacíficos, são realmente culpados de crimes contra a segurança nacional do país[14] e os manifestantes que reivindicam que Ahmadinejad roubou a eleição de 2009 são na verdade parte de uma conspiração estrangeira para derrubar os líderes do Irã.[15]

Na Primavera de 2007, a polícia iraniana lançou uma vaga de repressão contra as mulheres acusadas de não se cobrirem o suficiente, prendendo centenas de mulheres, algumas por usarem roupa demasiado apertada ou por deixarem aparecer demasiados cabelos dos seus hijab. A campanha nas ruas das grandes cidades foi a repressão mais dura desde a revolução islâmica.[16] Mais de um milhão de iranianos (na sua maioria mulheres) foram presas entre Maio de 2007 e Maio de 2008 por violarem o código de vestuário do Estado, de acordo com um relatório da NBC Today Show de Maio de 2008.[17]

Ver também editar

Referências

  1. Iran rejects UN report on 'rights abuses' aljazeera.net 20 de outubro de 2011
  2. Ehsan Zarrokh (,Ehsan and Gaeini, M. Rahman). "Iranian Legal System and Human Rights Protection" The Islamic Law and Law of the Muslim World e-journal, New York law school 3.2 (2009).
  3. Abrahamian, Ervand, Tortured Confessions: Prisons and Public Recantations in Modern Iran, University of California Press, 1999, p.4
  4. RIGHTS CRISIS ESCALATES, 18 de setembro de 2008. iranhumanrights.org. Acessado em 6 de março de 2021.
  5. Iran reformer says he wants to present rape evidence, 19 de agosto de 2009. Reuters. Acessado em 6 de março de 2021.
  6. Iran: Appoint Special UN Envoy to Investigate Rights Crisis. Human Rights Watch. Acessado em 6 de março de 2021.
  7. Robert F. Worth; Nazila Fathi (14 de junho de 2009). «Opposition Members Detained in a Tense Iran». The New York Times. Consultado em 14 de junho de 2009 
  8. Iran reformists arrested after Tehran riots. Londres: Times Online. 14 de junho de 2009. Consultado em 16 de junho de 2009 
  9. Dehghan, Saeed Kamali (8 de Novembro de 2012). «Iran accused of torturing blogger to death Sattar Beheshti's family told of his death in prison a week after he was arrested for criticising Iran on Facebook». The Guardian 
  10. Erdbrink, Thomas (1 de Dezembro de 2012). «Head of Tehran's Cybercrimes Unit Is Fired Over Death of Blogger». The New York Times 
  11. Esfandiari, Golnaz (14 de Novembro de 2012). «'Murder': Some Accountability in Iranian Blogger Sattar Beheshti's Death». The Atlantic 
  12. «Islamic world urged to stand against Western-style human rights Tehran, May 15, IRNA». Consultado em 10 de setembro de 2010. Arquivado do original em 10 de outubro de 2008 
  13. «Human rights fully respected in Iran: Judiciary chief Tehran, Abril 10, IRNA». Consultado em 10 de setembro de 2010. Arquivado do original em 12 de abril de 2008 
  14. Iran: End Widespread Crackdown on Civil Society. Human Rights Watch. Acessado em 6 de março de 2021.
  15. Testimony in Iran Trial Ties Mousavi to Unrest. Thomas Erdbrink. Washington Post. 17 de agosto de 2009. Acessado em 6 de março de 2021.
  16. Washington Post, ed. (23 de abril de 2007). «Iran Cracks Down on Women's Dress». Consultado em 6 de março de 2021 
  17. «YouTube, Matt Lauer in Tehran 1 of 4». Youtube.com. 13 de setembro de 2007. Consultado em 6 de março de 2021