Maria Dulce Quina d' Agro Ferreira (Lisboa, 13 de setembro de 1915Cascais, 24 de setembro de 2011) foi uma pintora, colecionadora de arte e galerista portuguesa. Era filha de Manuel d' Agro Ferreira e Maria Hélia Paxiuta e Quina.

Biografia editar

Em Paris trabalhou com o pintor André Lhote. Expôs na Sociedade Nacional de Belas Artes (SNBA) e no Secretariado Nacional de Informação, Lisboa. Esteve representada na 1ª Bienal do Museu de Arte Moderna de S. Paulo. Foi-lhe atribuída uma 3ª medalha pela SNBA. Participou na 1ª Exposição de Artes Plásticas da Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, 1957.[1]

Até ao início dos anos de 1970 manteve actividade artística com alguma regularidade, mas as suas opções não colheram as melhores opiniões entre a comunidade artística da época. Reforçada por questões de ordem pessoal, Dulce d’Agro decidiu abandonar a pintura e reposicionar-se no tecido cultural português. "O que é que eu sabia fazer? Era a pintura. O que é que eu gostava? Era a pintura. E então lembrei-me de abrir uma galeria. Vendi uns terrenos muito importantes e com a minha parte daquele dinheiro investi, não só na galeria, como também no stock, tinha um stock belíssimo, ainda não estrangeiro. Mas tinha dos melhores".[2]

Em Novembro de 1973 abriu a Galeria Quadrum no Palácio dos Coruchéus (um edifício pertencente à Câmara Municipal de Lisboa, no bairro de Alvalade). Era o momento de arranque da arte conceptual e minimal em Portugal. Na inauguração expôs exclusivamente artistas modernos portugueses. A galeria atravessou o período de crise posterior ao 25 de Abril sem interromper a atividade e, embora com condicionalismos económicos, prosseguiu com o desejo de atualização cultural em Portugal, tornando-se num verdadeiro laboratório da arte portuguesa mais avançada durante as décadas de 70 e 80 do século XX. Entre muitos outros, a galeria Quadrum expôs obras de Alberto Carneiro, António Palolo, Ana Hatherly, Ernesto de Sousa, Fernando Calhau, Helena Almeida, Gina Pane, Victor Vasarely e Karel Appel. O processo de internacionalização aconteceu na Art Basel, uma feira de referência internacional no domínio das artes (a Quadrum foi a primeira galeria portuguesa a estar presente nesse evento).[3]

"Nos primeiros anos da década de 1970, Dulce d’Agro ainda era apenas e só uma empenhada mas anónima coleccionadora. Vinte anos depois, era já a mítica fundadora da Galeria Quadrum, e tinha já contribuído decisivamente para o suporte de muito do que de mais marcante se passou no domínio das artes visuais das décadas de 1970 e 1980 no nosso país. [...] A portentosa energia que se gerou na Quadrum na década compreendida entre 1974 e 1984 garantiu a Dulce d’Agro um lugar na história da arte portuguesa, e o reconhecimento público que o Estado formalizou com a Comenda da Ordem de Sant'Iago da Espada com que a condecorou em 2002".[4]

Dulce d’Agro abandonou progressivamente a atividade enquanto galerista a partir de 1990; o encerramento da Quadrum sob sua direção ocorreu em 1995.

Referências

  1. A.A.V.V. – 1ª Exposição de Artes Plásticas da Fundação Calouste Gulbenkian. Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, 1957
  2. Dulce d'Agro citada por Bruno Marchand – Arquivo L+Arte
  3. Jornal Público. Página visitada em 18-09-2012
  4. Bruno Marchand. «DULCE D'AGRO». Arquivo L+Arte. Consultado em 29 de abril de 2013 

Ligações externas editar