Endling

último indivíduo conhecido de uma espécie ou subespécie

Um endling (último indivíduo conhecido em tradução livre) é o último indivíduo conhecido de uma espécie ou subespécie. Uma vez que o último indivíduo morre, a espécie se extingue. O termo em inglês endling é um neologismo cunhado pela revista científica Nature. Nomes alternativos apresentados para o último indivíduo de seu tipo incluem ender e terminarch.

Benjamin era um endling, o último tilacino conhecido (lobo-da-tasmânia), fotografado no Zoológico de Hobart em 1933

A palavra relicto também pode ser usada, mas geralmente se refere a uma população, em vez de um indivíduo, que é a último de uma espécie.[1]

A edição de 4 de abril de 1996 da Nature publicou uma correspondência na qual os comentaristas sugeriam que uma nova palavra, endling, fosse adotada para denotar o último indivíduo de uma espécie.[1][2] A edição de 23 de maio da Nature publicou várias contrassugestões, incluindo ender (terminador), terminarch (trad. terminarca) e relictpinta(relicto).[1][3]

A palavra endling apareceu nas paredes do Museu Nacional da Austrália em Tangled Destinies, uma exposição de 2001 de Matt Kirchman e Scott Guerin, sobre a relação entre os povos australianos e suas terras. Na exposição, a definição, como apareceu na Nature, foi impressa em letras grandes na parede acima de dois espécimes do extinto lobo-da-tasmânia : "Endling (s.) O último indivíduo sobrevivente de uma espécie de animal ou planta". Uma descrição impressa desta exposição oferecia uma definição semelhante, omitindo a referência às plantas: "Um endling é o nome dado a um animal que é o último de sua espécie".[4][5]

Em The Flight of the Emu: A Hundred Years of Australian Ornithology 1901-2001, a autora Libby Robin afirmou que "o último indivíduo de uma espécie" é "o que os cientistas chamam de endling'".[6]

Em 2011, a palavra foi usada no Earth Island Journal, em um ensaio de Eric Freedman intitulado "Extinction Is Forever: A Quest for the Last Known Survivors". Freedman definiu endling como "a último espécime conhecido de sua espécie".[7]

Em The Sense of an Endling, a autora Helen Lewis descreve a noção de um endling como pungente, e a palavra como "maravilhosamente 'tolkienesca'".[8]

Em Cut from history, o autor Eric Freedman descreve endling como "uma palavra com finalidade". Ele opina: "É assustador saber a data exata em que uma espécie desapareceu da Terra. É ainda mais medonho olhar para o local onde aconteceu e saber que ninguém sabia ou se importava na época com o que havia acontecido e por quê."[9]

Endlings notáveis

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Martha, o último pombo-passageiro, morreu no Zoológico de Cincinnati em 1 de setembro de 1914

Esta não é uma lista abrangente de extinção contemporânea, mas uma lista de exemplos de alto perfil e amplamente divulgados de quando o último indivíduo de uma espécie foi conhecido.

 
Ammospiza maritimus nigrescens, declarado oficialmente extinto em 1990
  • Os últimos araus-gigantes conhecidos (Pinguinus impennis) foram mortos em 1844 por colecionadores de espécimes após muitos séculos de exploração de carne, ovos e óleo para queima. Um avistamento disputado em 1852 foi debatido.
  • O pombo-passageiro (Ectopistes migratorius) foi extinto às 13h do dia 1 de setembro de 1914 com a morte de Martha, o último membro sobrevivente da espécie, no Zoológico de Cincinnati.[10][11] Antes extremamente abundantes, milhões de outros pombos-passageiros foram erradicados pela caça.
  • Incas, o último periquito-da-carolina conhecido (Conuropsis carolinensis), morreu também no Zoológico de Cincinnati, em 21 de fevereiro de 1918.[11] A espécie foi declarada oficialmente extinta em 1939.
  • Booming Ben, o último tetraz-das-pradarias (Tympanuchus cupido cupido), foi avistado pela última vez em 11 de março de 1932 em Martha's Vineyard, Massachusetts.[12]
  • Orange Band foi o último tico-tico-marítimo-escuro (Ammospiza maritumus nigrescens) que morreu em 17 de junho de 1987 no parque zoológico Discovery Island no Walt Disney World Resort.[13]
  • O ʻōʻō-de-kauai (Moho braccatus) foi visto pela última vez em 1985, e ouvido pela última vez em 1987, quando foi gravado pelo Cornell Lab of Ornithology. A morte do endling ʻōʻō representou a extinção não apenas de uma espécie, mas do gênero Moho e da família Mohoidae.[14]
  • O último pica-pau-de-bico-de-marfim confirmado, uma fêmea, desapareceu em 1944,[15] embora tenha havido possíveis avistamentos do pássaro em anos posteriores, como 1967,[16] 1999,[17] 2004,[18] 2005 e 2006.[19] Esses avistamentos deixaram a questão de sua sobrevivência em debate.[20] O pica-pau-de-bico-de-marfim cubano não é visto desde 1987.[21]
  • Em meados de 1997, restavam apenas 3 indivíduos confirmados de poúli-mascarado (Melamprosops phaeosoma). Um morreu em 2004 e os outros dois estão desaparecidos desde 2003 e 2004. A espécie foi declarada extinta em 2019.[22]
  • O último sobrevivente da subespécie de zaragateiro-de-testa-ruiva (Garrulax rufifrons), Garrulax rufifrons slamatensis, é uma fêmea numa estação de resgate em Java.[23]
  • Apenas 1–2 trepadeiras-da-bahama (Sitta insularis) podem estar vivas, localizadas nas florestas da Ilha Grande Bahama; uma busca em 2018 produziu vários avistamentos, mas não mais do que um ou possivelmente dois indivíduos foram avistados uma só vez, e eles podem ter sido mortos pelo furacão Dorian em 2019.[24][25]

Mamíferos

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  • Em 1627, o último auroque, um ancestral de bovinos e gados, morreu em uma floresta perto do que hoje é Jaktorów, na atual Polônia.
  • O quagga (Equus quagga quagga) foi extinto na natureza no final da década de 1870 devido à caça de carne e peles, e o endling da subespécie morreu em cativeiro em 12 de agosto de 1883 no Artis em Amsterdã.
  • O tarpã foi extinto quando o último morreu em cativeiro em 1909.
  • Em 7 de setembro de 1936, Benjamin, o último lobo-da-tasmânia conhecido (Thylacinus cynocephalus) morreu no Zoológico de Hobart, depois que a espécie foi caçada por agricultores até a sua extinção. Foi sugerido que Benjamin tenha morrido por negligência durante uma noite de condições climáticas excepcionalmente extremas na Tasmânia.[26] Benjamin não foi apenas o último indivíduo de lobo-da-tasmânia, mas o último indivíduo do gênero Thylacinus e até mesmo de toda a família Thylacinidae.
  • Celia, o último íbex-dos-pirenéus (Capra pyrenaica pyrenaica), foi encontrada morta em 6 de janeiro de 2000 nos Pirenéus espanhóis, depois que a caça e a competição pelo gado reduziram a população a um único indivíduo.[27] Amostras genéticas foram retiradas dela antes de sua morte e colocadas em um zoológico congelado. A espécie foi clonada com sucesso da extinção por cientistas em 2003; no entanto, o clone viveu apenas sete minutos devido à insuficiência pulmonar. Um indivíduo não poderia ser clonado em uma população reprodutora; seriam necessários mais espécimes.
  • Najin e sua filha Fatu em Ol Pejeta Conservancy são os dois últimos indivíduos do rinoceronte-branco-do-norte.[28]
  • Aproximadamente dez espécimes de vaquita são o relicto de sua espécie.[29]
  • O último baiji cativo (golfinho-do-yang-tsé), qiqi (淇淇), morreu em 2002 no Instituto de Hidrobiologia em Wuhan. Houve um avistamento posterior na natureza em 2004.

Répteis e anfíbios

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George Solitário, a última tartaruga-das-galápagos-de-pinta
 
Toughie, último conhecido da espécie Ecnomiohyla rabborum

Invertebrados

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Plantas

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Ver também

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Referências

  1. a b c Jorgensen, Dolly (13 de abril de 2013). «Naming and claiming the last». Consultado em 26 de janeiro de 2014 
  2. Robert M. Webster & Bruce Erickson (4 de abril de 1996). «The last word?». Nature. 380 (386). 386 páginas. Bibcode:1996Natur.380..386W. PMID 8602235. doi:10.1038/380386c0  
  3. Elaine Andrews (4 de abril de 1996). «The last word». Nature. 381 (272). 272 páginas. Bibcode:1996Natur.381..272A. doi:10.1038/381272d0  
  4. «Tangled Destinies» (PDF). National Museum of Australia. 2002. Consultado em 27 de janeiro de 2014 
  5. Smith, Mike (2001). «The Endling exhibition, Tangled Destinies gallery, National Museum of Australia, Canberra, 2001» (PDF). National Museum of Australia. Consultado em 27 de janeiro de 2014 
  6. Robin, Libby (2002). The Flight of the Emu: A Hundred Years of Australian Ornithology 1901-2001. [S.l.]: Melbourne University Press. ISBN 978-0522849875 
  7. Freedman, Eric (2011). «Extinction is Forever: A Quest for the Last Known Survivors». Earth Island Journal. Consultado em 27 de janeiro de 2014 
  8. Lewis, Helen (27 de junho de 2012). «The Sense of an Endling». The New Statesman. Consultado em 30 de janeiro de 2014 
  9. Freedman, Eric (5 de julho de 2008). «Cut from history: An abandoned Tasmanian zoo tells the haunting tale of an ending». EJ Magazine. Consultado em 30 de janeiro de 2014. Cópia arquivada em 5 de julho de 2008 
  10. «Endangered Species Handbook». Animal Welfare Institute. 1983. Consultado em 29 de fevereiro de 2012. Arquivado do original (pdf) em 2 de dezembro de 2012 
  11. a b Blythe, Anne (27 de agosto de 2012). «Extinct Carolina Parakeet still fascinates». www.newsobserver.com. Consultado em 27 de janeiro de 2014. Arquivado do original em 25 de fevereiro de 2014 
  12. «Heath Hen (Extinct)». BeautyOfBirds (formerly Avian Web). Consultado em 27 de janeiro de 2014 
  13. «Last of dusky sparrows dies». The New York Times. Associated Press. 17 de junho de 1987 
  14. BirdLife International. Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas. 2016 
  15. Weidensaul, Scott. «Ghost of a Chance». Smithsonian (em inglês). Consultado em 5 de julho de 2018 
  16. Dennis, John V. (novembro–dezembro de 1967). «The ivory-bill flies still». Audubon: 38–45 
  17. Brett Martel (19 de novembro de 2000). «Reported Sighting of 'Extinct' Woodpecker Drives Bird-Watchers Batty». Los Angeles Times 
  18. Fitzpatrick, J. W.; Lammertink, M; Luneau Jr, M. D.; Gallagher, T. W.; Harrison, B. R.; Sparling, G. M.; Rosenberg, K. V.; Rohrbaugh, R. W.; Swarthout, E. C. (2005). «Ivory-billed Woodpecker (Campephilus principalis) Persists in Continental North America» (PDF). Science. 308 (#5,727): 1460–62. Bibcode:2005Sci...308.1460F. PMID 15860589. doi:10.1126/science.1114103 
  19. Hill, Geoffrey E.; Mennill, Daniel J.; Rolek, Brian W.; Hicks, Tyler L.; Swiston, Kyle A. (2006). «Evidence Suggesting that Ivory-billed Woodpeckers (Campephilus principalis) Exist in Florida» (PDF). Avian Conservation and Ecology. 1 (3): 2. doi:10.5751/ace-00078-010302 . Consultado em 13 de outubro de 2019  Erratum
  20. Eastman, Whitney (1958). «Ten year search for the Ivory-billed Woodpecker». Atlantic Naturalist. 13 (4) 
  21. «Campephilus principalis (ivory-billed woodpecker)». Animal Diversity Web (em inglês). Consultado em 5 de julho de 2018 
  22. BirdLife International. Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas. 2019 
  23. «Cikananga Wildlife Center – Rufous-fronted Laughingthrush». www.cikanangawildlifecenter.com (em inglês). Consultado em 5 de julho de 2018 
  24. «The IUCN Red List of Threatened Species». IUCN Red List of Threatened Species. Consultado em 27 de julho de 2019 
  25. «Hurricane Dorian might have wiped out the critically endangered Bahama nuthatch». 6 de setembro de 2019 
  26. Lewis, Robert; Arnold, David (2002). Tangled Destinies: Exploring land and people in Australia over time through the National Museum of Australia (PDF). [S.l.: s.n.] ISBN 0-949380-41-5. Cópia arquivada (PDF) em Julho de 2011 
  27. Richard Gray and Roger Dobson (31 de janeiro de 2009). «Extinct ibex is resurrected by cloning». The Telegraph. Consultado em 27 de janeiro de 2014. Arquivado do original em 2 de agosto de 2009 
  28. Karimi, Faith. «The world's last male northern white rhino is dead. Now what?». CNN. Consultado em 5 de julho de 2018 
  29. «Phocoena sinus». Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas. 20 de julho de 2017. 20 de julho de 2017. doi:10.2305/IUCN.UK.2017-2.RLTS.T17028A50370296.en . Consultado em 18 de março de 2021 
  30. Valencia, Alexandra; Garcia, Eduardo (24 de junho de 2012). «Lonesome George, last-of-his-kind Galapagos tortoise, dies». Reuters. Arquivado do original em 27 de junho de 2012 
  31. Keerthana, R. (10 de abril de 2018). «Going, going, gone». The Hindu 
  32. IUCN SSC Amphibian Specialist Group. Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas. 2020 
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  35. a b «Captain Cook's bean snail Partula faba». islandbiodiversity.com. Consultado em 5 de julho de 2018 
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  39. Rajwi, Tiki (3 de outubro de 2020). «Extinct tree found after 180 years in Kollam grove». The Hindu (em inglês). ISSN 0971-751X. Consultado em 17 de fevereiro de 2021 

Ligações externas

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