Equação de Binet

A equação de Binet prevê a equação de força central, dada a equação da trajetória em coordenadas polares planas. A equação pode também ser utilizada para obter a forma da órbita para uma determinada lei de forças, mas geralmente isso envolve a solução de uma equação diferencial ordinária de segunda ordem não-linear. Não existe solução única no caso do movimento circular sobre o centro de força.

A equação

editar

A forma de uma órbita é muitas vezes convenientemente descrita em termos da distância relativa   em função do ângulo  . Para a equação de Binet, a trajetória é descrita de forma mais concisa pelo parâmetro   em função de  . Defina o momento angular específico como  , onde   é o momento angular e   a massa. A equação de Binet[1] é

 

Demonstração[2]

editar

A segunda lei de Newton para o problema de forças centrais é

 

A conservação do momento angular requer que

 

As derivadas de   em relação ao tempo podem ser reescritas como as derivadas de   em relação ao ângulo:

 

Combinando as equações acima, obtemos

 

Aplicações

editar

O problema de Kepler

editar

O tradicional problema de Kepler da determinação da trajetória para uma lei de forças de quadrado inverso pode ser obtido da equação de Binet como a solução da equação diferencial

 

Se o ângulo   é medido a partir do periélio, então a solução geral para a trajetória, expressa em coordenadas polares é

 

A equação polar acima descreve uma seção cônica, onde   é o semi-latus rectum e   é a excentricidade da órbita.

A equação relativística nas coordenadas de Schwarzschild é[3]

 ,

onde   é a velocidade da luz e   é o raio de Schwarzschild. Utilizando a métrica de Reissner-Nordström, obtemos

 

Onde   é a carga elétrica e   a permissividade do vácuo.

O problema de Kepler inverso

editar

Considere o problema de Kepler inverso. Que tipo de lei da forças produz uma órbita elíptica (ou, de forma mais geral, uma cônica não-circular) em torno de um foco dessa elipse?

Diferenciando duas vezes a equação polar da elipse, obtemos

 

Assim, a lei de forças é

 

que é a lei do inverso do quadrado das distâncias. Se igualarmos a constante orbital   aos valores físicos   ou  , obtemos a lei da gravitação universal de Newton ou a lei de Coulomb, respectivamente.

Espirais hiperbólicas

editar

Uma lei da força inversamente proporcional ao cubo das distâncias tem a forma

 

As formas das órbitas para uma lei do cubo inverso são conhecidas como espirais hiperbólicas. A equação de Binet mostra que as órbitas devem ser soluções da equação

 

A equação diferencial possui três soluções, em analogia com as diferentes secções cônicas do problema de Kepler. Se  , a solução é a epispiral, incluindo o caso degenerado de duas retas quando  . Se  , a solução é a espiral hiperbólica. Se  , a solução é a espiral logarítmica.

Movimento circular fora de eixo

editar

Embora a equação de Binet falha ao fornecer uma única lei de forças para o movimento circular em torno do centro de forças, ela pode fornecer uma lei de forças quando o centro do círculo e o centro de força não coincidem. Considere, por exemplo, uma órbita circular que passa diretamente pelo centro de força. A equação polar para este tipo de órbita circular de diâmetro D é

 

Diferenciando   duas vezes e utilizando a identidade trigonométrica fundamental, obtemos:

 

Assim, a lei de forças é

 

Note que a solução geral do problema inverso, ou seja, a construção das órbitas para uma uma lei de forças de atração proporcional a  , é um problema muito mais complicado, já que é equivalente a resolver

 ,

que é uma equação diferencial de segunda ordem não-linear.

Ver também

editar

Referências

editar

Referências