A piripirioca (do guarani: Piri-Piri, científico Cyperus articulatus) também conhecido por priprioca, é uma erva aromática e medicinal da família ciperácea, natural da Amazônia.

Como ler uma infocaixa de taxonomiaPriprioca
Cyperus articulatus
Cyperus articulatus
Estado de conservação
Espécie pouco preocupante
Pouco preocupante [1]
Classificação científica
Reino: Plantae
Divisão: Magnoliophyta
Classe: Liliopsida
Ordem: Poales
Família: Cyperaceae
Género: Cyperus
Espécie: C. articulatus
Nome binomial
Cyperus articulatus
L.
Sinónimos[2]

Parente do junco e do papiro, suas raízes liberam uma fragrância leve, amadeirado e picante com notas florais. Seu óleo essencial tem cor avermelhada e é bastante valorizado na indústria farmacêutica e cosmética.[3]

É uma das essências tradicionais (perfume) da região amazônica, muito comercializada na feira do Mercado do Ver-o-peso na cidade brasileira de Belém (estado do Pará).[4]

Características editar

É considerada invasora e seu parentesco com a Tirica provoca um receio quanto ao seu cultivo. No entanto, a priprioca é menos prolífera e competitiva do que a sua parente, uma vez que não se alastra sem identificar condições favoráveis.

Composição e uso editar

Suas fibras e o caule rizoma são utilizados no artesanato, pois além do perfume exuberante, os produtos são resistentes ao mofo, relacionado às propriedades antifúngicas do óleo essencial. Dentre seus principais componentes temos o limoneno, cineol, miternal, espatulenol e óxido-cariofileno – lembrando que este óleo é muito complexo e por esta razão nenhum elemento assume um papel majoritário frente os demais.

É muito popular na região norte do Brasil; além de comercializada na maior feira da América Latina,[4][5][6] na banca de cheiro das erveiras do Mercado do Ver-o-peso, é o principal ingrediente do Banho de Cheiro encantado, usado na comemoração da festa junina e do reveion no estado do Pará.[7] Prática ritualística que ocorre desde o século XIX, ao qual se atribui o poder de atrair a felicidade, reatar amores e, abrir as portas da prosperidade ao se banhar.[8]

Também presente no Cheiro de Papel, produzido com a infusão de essências vegetais, comercializado no cesto de palha da Vendedora de cheiro, usados para aromatizar roupas guardadas em gavetas e armários.[8] Uma combinação de raízes e paus aromáticos ralados; os ingredientes mais conhecidos são: arruda, cipó-catinga, patexuli, japana, cumaru, alecrim, baunilha, manjerona, açucena, casca preciosa, louro amarelo, jasmim, alfazema e, priprioca.[8]

Reações adversas (colaterais) editar

Pode ser prejudicial para mulheres grávidas, podendo inclusive provocar aborto.[9][referência precisa ser revista]

Origem popular editar

Segundo o folclore brasileiro, originário de uma lenda indígena, Piri-Piri era um importante guerreiro que vivia em uma aldeia na selva amazônica. Conta-se que ele exalava um cheiro maravilhoso, capaz de atrair as índias da tribo. Ele também tinha o poder de desaparecer, quando em perigo, ou para se livrar das garotas que as perseguiam.

Certa vez, a filha do Pajé da tribo desesperadamente apaixonada por Piri-Piri, pediu ao seu pai, Supi, para lhe ensinar um feitiço que capturarasse Piri-Piri. Para atendê-la, o pajé mandou que ela amarrasse os pés de Piri-Piri com seus cabelos em uma noite de lua cheia. Pressentindo o perigo, Piri-Piri desapareceu em uma nuvem, para não mais retornar. No lugar onde o índio fora visto pela última vez, brotou uma planta, que também exalava o magnífico aroma de Piri-Piri. Em homenagem ao índio, essa planta foi nomeada de piripirioca, nome que mais tarde foi abreviado para priprioca. [10]

Referências

  1. Gupta, A.K., Mahamane, A., Diop, F.N., Beentje, H.J., Ben Saad, S., Daoud-Bouattour, A., Ghrabi, Z. & Muller, S. 2017. Cyperus articulatus. The IUCN Red List of Threatened Species 2017: e.T164147A85693033. http://dx.doi.org/10.2305/IUCN.UK.2017-1.RLTS.T164147A85693033.en. Downloaded on 12 September 2017.
  2. «The Plant List». 2013. Consultado em 12 de setembro de 2017 
  3. Natura. «Perfumes baseados em Priprioca». Consultado em 22 de novembro de 2011. Arquivado do original em 3 de abril de 2009 
  4. a b «Reforma do Ver-o-Peso é urgente e necessária ao turismo e cultura de Belém». Rede Pará. Consultado em 3 de março de 2021 
  5. Daniel Ribeiro. «Mercado Ver-o-Peso, em Belém, ganha vida de madrugada». UOL Viagem. Consultado em 11 de agosto de 2013 
  6. Mayara Maciel (3 de junho de 2015). «Plantas Aromáticas do Ver-o-Peso». Museu Goeldi. Consultado em 11 de julho de 2015 
  7. admin (13 de julho de 2017). «Priprioca: tipicamente brasileira, considerada como a raiz que vale ouro». Coisas da Roça. Consultado em 25 de novembro de 2021 
  8. a b c Fernandes, Caroline (2008). Tema Identidade. «História de vendedoras: arte e visualidade no Brasil» (PDF). Encontro da Associação Nacional de História (Anpuh Rio). Revista Brasileira de História da Anpuh-Rio: 7. Consultado em 25 de novembro de 2021 
  9. Oleosessenciais.org. «Óleo Essencial da Priprioca» [ligação inativa] 
  10. Luís da Câmara Cascudo (1954). Dicionário do folclore brasileiro. Rio de Janeiro: Instituto Nacional do Livro