Suíte Orquestral nº 3 (Tchaikovski)

Piotr Ilitch Tchaikovski compôs sua Suite Orquestral nº 3 em G, op. 55 em 1884, escrevendo-a concomitantemente com seu Concerto Fantasia em G para piano e orquestra, op. 56. O movimento de abertura originalmente pretendido da suíte, Contrastes, tornou-se o movimento de fechamento da fantasia. Ambos os trabalhos foram inicialmente planejados como composições mais mainstream do que acabaram se tornando; a fantasia foi planejada como um concerto de piano, enquanto a suíte foi concebida como uma sinfonia.

O compositor Piotr Ilitch Tchaikovski (c. 1880-1886)

A primeira apresentação da suíte ocorreu em São Petersburgo, na Rússia, em 24 de janeiro de 1885, sob a direção de Hans von Bülow. Ela foi dedicado ao maestro Max Erdmannsdörfer, que regeu a estréia em Moscou alguns dias depois, e que conduziu as estreias das duas primeiras suítes de Tchaikovski.

Instrumentação editar

A Suite Orquestral nº 3 inclui três flautas (uma delas piccolo ), dois oboés, uma trompa inglesa, dois clarinetes (em A), dois fagotes, quatro trompas (em F), dois trompetes (em F e D) três trombones, e tuba, tímpanos, tambor lateral, pandeiro, triângulo, címbalos, bumbo, harpa e cordas (violinos um e dois, violas, violoncelos e contrabaixos).

Formato editar

A suíte é dividida em quatro movimentos, sendo que o quarto tem um tema e variações mais longos que os outros três movimentos combinados:

I) Élégie (Andantino molto cantabile, G maior)

II) Valse mélancolique (allegro moderato, E menor)

III) Scherzo (Presto, E menor)

IV) Tema con variazione (Andante con moto, G maior)

Composição editar

"Eu quis escrever uma sinfonia, mas o título não tem importância", escreveu Tchaikovski a Sergei Taneiev.[1] Quando ele foi para a propriedade da família Davidov em Kamenka, na Ucrânia, ele pensava em um concerto para piano e uma sinfonia. Nenhum dos planos realmente se materializou da maneira que o compositor pretendia. Ele logo reconheceu que suas ideias para a sinfonia eram mais adequadas para uma suíte orquestral, como as duas que ele havia escrito anteriormente. O problema estava no movimento de abertura. Intitulado Contrastes, ele era para ser uma fantasia de sons e padrões musicais contrastantes, não muito diferente do movimento Jeu de sons que abre a sua Segunda Suite Orquestral. Quanto mais ele trabalhava com a música, mais rígida ela se tornava, e mais ele a odiava. Contrastes finalmente encontrou seu caminho em seu Concerto-fantasia.[2]

O layout original de Tchaikovski para a Terceiro Suite era semelhante ao de sua Segunda — um movimento de abertura bastante grande, como em suas duas primeiras suites orquestrais, e em seguida três movimentos menores e um tema, e variações ao final.[3] As mudanças feitas em Contrastes, embora boas para o Concerto Fantasia, deixaram a suíte desequilibrada, com três movimentos de pequena escala seguidos por um movimento de tema e variações, que juntos eram tão grandes quanto os três movimentos anteriores colocados juntos. Mesmo sem Contrastes, a suíte continua sendo uma peça longa.[2]

Wiley escreve que Tchaikovski primeiro compôs o scherzo. O final (tema e variação) veio por último, começando com a polonesa final. Isso, diz ele, pode ter ajudado o compositor a esclarecer sua estratégia de acompanhar o movimento e guiar sua dinâmica geral. Ele também liga o tema do final aos outros movimentos, conferindo-lhes um aspecto "resolutamente melódico".[4]

Wiley também diz que a qualidade de Prelest ' (que significa "encantador" ou "agradável") na Terceira Suite "é muito proeminente para uma sinfonia, enquanto ao mesmo tempo a coerência da suíte avança bem para além da miscelânea casual da Segunda". Essa continuidade, ele sugere, "põe em dúvida a liberdade que ele tanto estimara ao escrever a sua Primeira Suite, seis anos antes". A Terceira Suíte, acrescenta Wiley, também tem um tom de música muito mais sombrio do que os das duas suítes anteriores.[5]

Na quarta variação (pochissimo meno animato, B menor) do quarto movimento, uma citação do tema Dies Irae por ser ouvida distintamente.[6]

Recepção editar

Tchaikovski acreditava que o público apreciaria sua nova suíte; em sua estréia, ele escreveu à sua patrocinadora, Nadezhda von Meck, que "a realidade excedeu em muito minhas expectativas. Eu nunca antes havia experimentado tal triunfo. Eu notei que toda a audiência comoveu-se, graças a mim. Estes momentos são o melhor adorno da vida de artista, e graças a eles vale a pena viver e trabalhar."[7] O irmão do compositor, Modest, afirmou mais tarde que esse fora o maior triunfo público, até aquele ponto, para um trabalho sinfônico russo. A imprensa mostrou-se uniformemente favorável, com o amigo do compositor Herman Laroche declarando a música de Tchaikovski a verdadeira música do futuro.[8] As duas primeiras suítes orquestrais de Tchaikovski também foram recebidas calorosamente pelo público e pela crítica, mas o compositor não compareceu a nenhuma de suas premières.

O comentário de Laroche pode servir como um lembrete útil de que o que agora parece convencional, à época foi tomado como algo muito novo e original. Tchaikovski não proporcionou novas profundidades emocionais nesse trabalho, mas seu nível de invenção é particularmente inspirado. A Terceira Suite explora melhor as possibilidades melódicas e orquestrais expostas em duas duas predecessoras, bem como o retorno de Tchaikovski à forma de variação em larga escala.[8] O movimento final, Tema con variazioni, é um exemplo do gênio criativo do compositor e tornou-se um exemplo notável de composição. Durante a vida de Tchaikovski, não era incomum que ele fosse convidado a realizar esse final sem o resto da suíte, tal era sua popularidade universal; e desde então numerosas vezes esse final foi executado só.

Gravações notáveis editar

Referências

  1. Warrack, 161.
  2. a b Warrack, 180.
  3. Brown, Wandering, 267.
  4. Wiley, 276.
  5. Wiley, 277.
  6. http://www.victoryvinny.com/svr_and_di/RachmaninovandDiesIrae-Version04.pdf, page 10
  7. Brown, Wandering, 268.
  8. a b Brown, Wandering, 268.

Bibliografia editar

  • Brown, David, Tchaikovski: The Years of Wandering, 1878-1885, (New York: W.W. Norton & Company, 1986). ISBN 0-393-02311-7.
  • Brown, David, Tchaikovski: The Man and His Music (New York: Pegasus Books, 2007). ISBN 0-571-23194-2.
  • Warrack, John, Tchaikovski (New York: Charles Scribner's Sons, 1973) ISBN 0-684-13558-2.
  • Wiley, Roland John, The Master Musicians: Tchaikovski (Oxford and New York: Oxford University Press, 2009). ISBN 978-0-19-536892-5.
  • Wood, Ralph W., "Miscellaneous Orchestral Works." In Music of Tchaikovski (New York: W.W. Norton & Company, 1946), ed. Abraham, Gerald. ISBN n/a.

Ligações externas editar