Tatu-bola-do-nordeste

O tatu-bola-do-nordeste[2] (Tolypeutes tricinctus) é uma das duas espécies catalogadas do gênero topileutes (Tolypeutes).[3] Seu habitat são as "savanas brasileiras", principalmente a caatinga, nas regiões centro-oeste e nordeste brasileiras, estendendo-se até a parte mais oriental do cerrado. Sua área de ocorrência é restrita à quase totalidade dos estados de Pernambuco, Paraíba, Alagoas, Ceará, Rio Grande do Norte, Sergipe, Minas Gerais, Bahia, Piauí, Tocantins e Mato Grosso.[1][2] Originalmente ocorria em grande parte do nordeste e centro-oeste do Brasil, porém por causa da caça sua distribuição foi lentamente sendo reduzida.[4]

Como ler uma infocaixa de taxonomiatatu-bola-do-nordeste

Estado de conservação
Espécie vulnerável
Vulnerável (IUCN 3.1) [1]
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Mammalia
Superordem: Xenartros
Ordem: Cingulata
Família: Clamiforídeos
Género: Tolypeutes
Espécie: T. tricinctus
Nome binomial
Tolypeutes tricinctus
(Lineu, 1758)
Distribuição geográfica

Os animais desta espécies não são adaptados para a escavação de buracos e a vida subterrânea. São os únicos tatus que, quando acuados, tem o hábito de enrolar-se completamente dentro da carapaça, formando uma bola de fácil condução.[1]

De acordo com a União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN) e com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), o tatu-bola-do-nordeste é uma espécie ameaçada de extinção, com estado de conservação vulnerável.[1][2]

O tatu-bola-do-nordeste foi escolhido como mascote da copa do mundo de 2014.[5][6] A Associação Caatinga organização não-governamental que atua na conservação do bioma, lançou em 2012 a campanha nacional "Tatu-bola para mascote da Copa do Mundo de 2014". Atualmente desenvolve em parceria com a The Nature Conservancy e o grupo de especialistas de Xenarthros da IUCN um projeto de conservação do tatu-bola que pretende reduzir o risco de extinção da espécie.

Características editar

O tatu-bola-do-nordeste é, em média, um pouco maior que seu primo do sul, o mataco (Tolypeutes matacus), alcançando de 32 a 39 centímetros de comprimento do focinho ao ventre (média de 35,7 centímetros), aos quais somam-se os 5 centímetros da cauda. Esta é imóvel e comparativamente mas curta que a dos matacos. O peso varia de 1,1 a 1,6 quilo, sendo que observações feitas em campo mostram que os machos são um pouco maiores que as fêmeas. Seu tipo corporal é semelhante ao dos matacos, possuindo também uma armadura ligadas às suas costas, a qual cobre o seu corpo até suas pernas e divide-se em um segmento anterior e um segmento posterior, ligados por três cintas flexíveis. A principal diferença pode ser observada nas extremidades dos membros torácicos, os quais tem cinco dedos com garras e não quatro, como os matacos.[7][8]

Sistemática editar

Sistemática interna dos tatus, segundo Delsuc et al. 2003[9]
 Clamiforídeos 
 Tolipeutíneos 

 Tolipeutes

 Priodontes

 Cabassous

 Eufractíneos 

 Zaedyus

 Chaetophractus

 Euphractus

O tatu-bola-do-nordeste é uma espécie do gênero dos tatus-bola, tolipeutes (Tolypeutes), à qual também pertence o mataco (Tolypeutes matacus). A principal característica deste gênero é a capacidade de, na eminência de um perigo, enrolar-se completamente dentro da carapaça, tomando a forma de bola.[1] Ambas as espécies estão subordinadas à família dos tatus (clamiforídeos). Dentro desta, o gênero tolipeutes forma a sua própria subfamília, a dos tolipeutíneos (Tolypeutinae), à qual o tatuaçu (priodontes) e o tatu-de-rabo-mole (Cabassous) também pertencem. Esta subfamília forma o táxon-irmão da subfamília dos eufractíneos (Euphractinae), à qual pertencem, entre outras espécies, os pichiciegos-menores.[9] De acordo com investigações biológico-moleculares, ambas as subfamílias já haviam divergido há mais de 33 milhões de anos, no oligoceno, sendo que os tolipeutíneos começaram a diferenciar-se mais fortemente no início do Mioceno.[10] O fóssil mais antigo do gênero tolipeutes de que se tem conhecimento é um Tolypeutes pampaeus do Pleistoceno Inferior.[11]

Galeria de imagens editar

Referências

  1. a b c d e Miranda, F.; Moraes-Barros, N.; Superina, M.; Abba, A. M. (2014). «Brazilian Three-banded Armadillo - Tolypeutes tricinctus». Lista Vermelha da IUCN. União Internacional para Conservação da Natureza (UICN). p. e.T21975A47443455. doi:10.2305/IUCN.UK.2014-1.RLTS.T21975A47443455.en. Consultado em 17 de julho de 2021 
  2. a b c Reis, Marcelo Lima; Chiarello, Adriano Garcia; Campos, Claudia Bueno; Miranda, Flávia Regina; Xavier, Gileno Antônio Araújo; Mourão, Guilherme de Miranda; Ohana, José Abílio Barros; Barros, Nadia de Moraes; Anacleto, Teresa Cristina da Silveira. «Mamíferos - Tolypeutes tricinctus - tatu bola - Avaliação do Risco de Extinção de Tolypeutes tricinctus (Linnaeus, 1758) no Brasil». Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMbio), Ministério do Meio Ambiente. Consultado em 15 de julho de 2021. Arquivado do original em 16 de julho de 2021 
  3. Tolypeutes tricinctus (em Inglês) In: Wilson, D. E. & Reeder, D. M. (2005) Mammal Species of the World. A Taxonomic and Geographic Reference. 3ª edição. ISBN 0801882214
  4. «Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade: Tatu-bola-do-nordeste». www.icmbio.gov.br. Consultado em 11 de outubro de 2021 
  5. «Fifa registra tatu-bola como mascote da Copa de 2014 e fará anúncio domingo». Estadão. 11 de setembro de 2012. Consultado em 12 de setembro de 2012 
  6. «Tatu-bola, mascote da Copa de 2014, é apresentado ao mundo». Portal Brasil. 17 de setembro de 2012. Consultado em 28 de novembro de 2012 
  7. Redford, K.H. (1994). «The Edentates of Cerrado». Edentata (em inglês). 1: 4–10 
  8. Santos, I.B.; da Fonseca, G.A.B., Rigueira, S.E. e Machado, R.B. (1994). «The rediscovery of Brazilian Three-banded armadillo and notes on its conservation status». Edentata (em inglês). 1: 11–15 
  9. a b Delsuc, F.; Stanhope, M.J. e Douzery, E.J.P. (2003). «Molecular systematics of armadillos (Xenarthra, Dasypodidae): contribution of maximum likelihood and Bayesian analyses of mitochondrial and nuclear genes». Molecular Phylogenetics and Evolution (em inglês). 28: 261–275 
  10. Delsuc, F.; Vizcaíno, S.F. e Douzery, E.J.P. (2004). «Influence of Tertiary paleoenvironmental changes on the diversification of South American mammals: a relaxed molecular clock study within xenarthrans». BMC Evolutionary Biology (em inglês). 4 (11): 1–13 
  11. Nabel, Paulina E.; Cione, A. e Tonni, E.P. (2000). «Environmental changes in the Pampean area of Argentina at the Matuyama–Brunhes (C1r–C1n) Chrons boundary». Palaeogeography, Palaeoclimatology, Palaeoecology (em inglês). 162: 403–412