Evento de El Niño de 2014–2016

Evento de El Niño de 2014–2016
imagem ilustrativa de artigo Evento de El Niño de 2014–2016
Anomalias na superfície do mar em toda a Terra em novembro de 2015 durante o evento El Niño de 2014-2016.
História meteorológica
Formação Maio de 2014[1][2][nota 1]
Dissipação Maio–junho de 2016[4][5][6]
Efeitos gerais
Danos significantes
Áreas afetadas O Oceano Pacífico e áreas adjacentes

O evento de El Niño de 2014–2016 se iniciou no mês de maio de 2014 quando as condições para a formação do El Niño foram cumpridas.[1][2] A Bureau of Meteorology (Austrália), a Agência Meteorológica do Japão e a National Oceanic and Atmospheric Administration (EUA) confirmaram a formação do El Niño no fim do mês de maio com intensidade prevista entre moderado e forte, estendendo-se até maio–junho de 2016.[4][5][7][8][9] O fenômeno permaneceu em intensificação ao longo do ano. No fim do mês de Junho a região central e leste do Pacífico alcançou anomalias de temperatura equivalentes a El Niño em patamar forte. No mês de Novembro as temperaturas na região central do pacífico foram superiores as registradas no grande evento de 1997/98. A Organização meteorológica mundial declarou que o evento é um dos três maiores já registrados, juntamente com 1982/83 e 1997/98.[10]

Impactos editar

No Brasil editar

  • Em Julho de 2015 fortes e constantes chuvas atingiram o sul do Brasil afetando mais de 25 mil pessoas em 108 cidades da região. Somente no Paraná, 21 mil pessoas foram afetadas, no Rio grande do Sul, 1700 ficaram desabrigadas e em Santa Catarina mais de 2000 foram atingidas pelas chuvas. Em algumas cidades chegou a chover mais do que o dobro do esperado para todo o mês em poucos dias.[11] Um tornado na região de Francisco Beltrão-PR matou 1 pessoa e feriu mais de 70.[12]
 
Queimadas em uma área de cerrado no Distrito Federal em setembro de 2015.
  • Em Outubro de 2015, o excesso de chuvas no sul do Brasil causou enchentes e milhões de reais em prejuízos. Porto Alegre registrou o mês de Outubro mais chuvoso desde 1939[13] e o Rio Guaíba atingiu a maior marca desde 1941.[14] Mais de 170 mil pessoas em 132 municípios foram atingidas pelas fortes chuvas e enchentes de rios somente no estado do Rio Grande do Sul.[15] Em Santa Catarina, mais de 157 500 pessoas foram de alguma forma atingidas pelas chuvas em 111 municípios, dos quais 42 decretaram situação de emergência. Quatro pessoas morreram. Os prejuízos passaram de R$ 500 milhões.[16]
  • A estiagem no norte do Brasil foi agravada pelo fenômeno. O nível do Rio Negro (Amazonas) caiu mais de sete metros somente no mês de outubro[17] e a capital Manaus ficou por mais de 20 dias seguidos coberta por fumaça proveniente de mais de 11 mil focos de queimadas na região amazônica, valor recorde.[18] As chuvas ficaram até 50% abaixo da média em Belém (Pará) onde as tradicionais chuvas vespertinas não ocorreram e os níveis dos reservatórios das usinas hidroelétricas do estado do Pará operaram com níveis muito baixos.[19]
  • Uma forte onda de calor atingiu o Centro Oeste, Sudeste, parte do Norte e Nordeste do Brasil entre os meses de setembro de outubro. Mais de 30 cidades com estações meteorológicas do INMET registraram temperaturas acima dos 40 °C apenas no dia 16 de outubro de 2015.[20] Diversas capitais também tiveram quebra de recorde de calor durante o período: Belo Horizonte registrou a maior temperatura em mais de 105 anos com 37,4 °C em 17 de outubro,[21] dia em que Goiânia também registrou seu recorde de calor absoluto com 40,4 °C;[22] Brasília registrou o recorde de calor absoluto com 36,4 °C em 18 de outubro;[23] Rio de Janeiro registrou a maior temperatura em uma primavera em mais de 100 anos com 42,8 °C; Palmas registrou 42,1 °C em 16 de outubro, também recorde de calor do município; e Manaus registrou seu recorde de calor com 38,9 °C em 21 de setembro.[24]

Notas e referências

Notas

  1. Cada agência meteorológica que monitora o estado da Oscilação do Sul do El Niño, tem uma definição diferente do que constitui um evento El Niño adaptada às suas necessidades.[3]

Referências

  1. a b «Historical ENSO events» (em inglês). Japan Meteorological Agency. 17 de junho de 2015. Consultado em 6 de outubro de 2023 
  2. a b Sham, F C (13 de janeiro de 2016). «Seasonal Rainfall under El Niño». Hong Kong Observatory. Consultado em 6 de outubro de 2023. Arquivado do original em 18 de janeiro de 2016 
  3. Becker, Emily (4 de dezembro de 2014). «December's ENSO Update: Close, but no cigar». ENSO Blog. Arquivado do original em 22 de março de 2016 
  4. a b «El Niño ends as tropical Pacific Ocean returns to neutral». Australian Bureau of Meteorology. 24 de maio de 2016. Consultado em 6 de outubro de 2023 
  5. a b El Niño/Southern Oscillation (ENSO) diagnostic discussion: June 2016 (PDF) (Relatório). United States Climate Prediction Center. 9 de junho de 2016. Cópia arquivada (PDF) em 2 de junho de 2016 
  6. «El Niño Outlook (June 2016 – December 2016)». Japan Meteorological Agency. 10 de junho de 2016. Consultado em 6 de outubro de 2023. Cópia arquivada em 5 de junho de 2016 
  7. «Mature El Niño in the tropical Pacific region». Bureau of Meteorology (Australia). Consultado em 26 de agosto de 2015 
  8. «IRI ENSO Forecast». Columbia University. Consultado em 26 de agosto de 2015 
  9. «Especial El Niño 2015». Climatempo. Consultado em 26 de agosto de 2015 
  10. «El Niño ganha força e será um dos três piores da história, afirma ONU». Natureza. Consultado em 18 de novembro de 2015 
  11. «Temporais no Sul afetam 25 mil pessoas em 108 cidades, afirma Defesa Civil - Notícias - Cotidiano». noticias.uol.com.br. Consultado em 4 de novembro de 2015 
  12. «Chuva e tornado deixam um morto e 71 feridos no PR; 46 cidades foram atingidas - Agência Estado - UOL Notícias». noticias.uol.com.br. Consultado em 4 de novembro de 2015 
  13. «Porto Alegre tem recorde histórico de volume de chuva em outubro». Rio Grande do Sul. Consultado em 4 de novembro de 2015 
  14. «Guaíba volta a subir e atinge maior nível desde 1941 em Porto Alegre». Rio Grande do Sul. Consultado em 4 de novembro de 2015 
  15. «Dilma promete enviar técnicos ao RS para estudar emergência por chuvas - Agência Estado - UOL Notícias». noticias.uol.com.br. Consultado em 4 de novembro de 2015 
  16. «Chuva em outubro causou mais de R$ 500 milhões de prejuízos em SC». Santa Catarina. Consultado em 7 de novembro de 2015 
  17. «Nível do Rio Negro desce mais de sete metros em outubro, em Manaus». Amazonas. Consultado em 4 de novembro de 2015 
  18. «Manaus 'dorme' encoberta por nuvem de fumaça causada por queimadas». Amazonas. Consultado em 4 de novembro de 2015 
  19. «Estiagem acaba até com tradicional chuva da tarde em Belém». Jornal Nacional. Consultado em 4 de novembro de 2015 
  20. «O dia mais quente de 2015 no Brasil». Climatempo. Consultado em 4 de novembro de 2015 
  21. «Recorde calor em BH: 37,1°C ou 37,4°C?». Terra. Consultado em 4 de novembro de 2015 
  22. «Goiânia: novo recorde histórico de calor». Climatempo. Consultado em 4 de novembro de 2015 
  23. «Brasília: novo recorde histórico de calor». Climatempo. Consultado em 4 de novembro de 2015 
  24. «Manaus registra novo recorde de calor; temperatura chega a 38,9º C». Amazonas. Consultado em 4 de novembro de 2015 
  25. Josélia Pegorim (2 de novembro de 2015). «El Niño acentua a seca no rio Doce». Climatempo. Consultado em 31 de março de 2016. Cópia arquivada em 31 de março de 2016