Fagundes de Menezes

João Fagundes de Menezes (Macau-RN, 28 de janeiro de 1918 – Rio de Janeiro-RJ, 8 de fevereiro de 2000) foi um contista, poeta, jornalista e advogado brasileiro.

Como escritor, Fagundes de Menezes distingue-se, principalmente, como contista, sendo considerado dos melhores que o Rio Grande do Norte já produziu.

Apesar de ter deixado o Rio Grande do Norte ainda muito novo, a terra potiguar está fortemente presente em sua obra, sendo que o tema central dos seus contos, em sua maioria, é o mar. Mesmo morando no Rio de Janeiro, veio, por diversas vezes, prestigiar a vida literária do Rio Grande do Norte, tendo dois de seus livros editados em Natal.

Influências Literárias editar

Ainda jovem, descobriu a Literatura através da leitura de obras como a enciclopédia Tesouro da Juventude, de O Gênio do Cristianismo de François-René de Chateaubriand, dos livros de Monteiro Lobato, da obra de Júlio Verne, e da poesia de Gonçalves Dias, Castro Alves, Casimiro de Abreu e Álvares de Azevedo.

Grande admirador de Graciliano Ramos, de José Lins do Rego e Jorge Amado, Fagundes de Menezes tem afinidades com estes romancistas, sendo considerado como um herdeiro do Regionalismo Nordestino no Rio Grande do Norte.

Biografia editar

Filho de José Felipe de Menezes Sobrinho e Maria da Conceição Fagundes de Menezes, Fagundes de Menezes passou a infância em Macau-RN, onde cursou o Primário. Mudou para o Recife onde fez os cursos ginasial e pré-jurídico. No Recife fez os três primeiros anos da Faculdade de Direito, transferindo-se depois para o Rio de Janeiro onde se bacharelou em Ciências Jurídicas e Sociais na então Faculdade Nacional de Direito (hoje Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio de janeiro) em 1946.

Voltou novamente para o Recife, passando a ensinar em colégios, a exercer o jornalismo e a advocacia. Casou em 1º de dezembro de 1947 e teve um filho, Jenner, e três filhas, Ana Cristina, Eleonora e Isadora, que lhe deram dez netos. Em 1950 foi morar, em definitivo, no Rio de janeiro.

Jornalismo editar

Iniciou no jornalismo aos 16 anos, ainda ginasiano, no jornal natalense O Debate, sendo ainda colaborador de A República e do Diário de Natal. Apesar de ter saído de Macau ainda menino, voltava sempre nas férias, tendo fundado e dirigido (juntamente com Djalma Maranhão, Eliseu Lima e seu irmão Joaquim Fagundes de Menezes) dois jornais nesta cidade: A Gazeta e Expressão, sendo que este último teve sua circulação proibida pela Polícia do Estado Novo.

No Recife dirigiu o Correio do Povo e colaborou em vários outros jornais recifenses: Diário da Manhã, Diário de Pernambuco e Jornal do Commercio.

No Rio de Janeiro foi secretário de redação do Diário de Notícias e do Jornal do Brasil; repórter e cronista parlamentar da Folha de S.Paulo (Rio ainda capital do Brasil); redator, repórter especial e chefe da redação da edição fluminense da Última Hora; redator de O Globo; secretário de redação e chefe da seção de cinema da Agência Nacional e diretor da Rádio Nacional, no governo João Goulart. Colaborou ainda nos seguintes órgãos da imprensa carioca: Correio da Manhã, Jornal do Commercio, revista O Cruzeiro, revista Manchete e Revista do Livro (órgão do Instituto Nacional do Livro, onde foi Secretário-Geral da campanha nacional do Livro).

Parte da atuação jornalística de Fagundes de Menezes encontra-se no seu livro Território Livre, de 1975.

Obras editar

  • Nietzsche e a Mística do Super-Homem (Ensaio) – Caderno Acadêmico, Rio de janeiro - 1942.
  • O Vale dos Cataventos (Contos) – Editora Antunes - 1960.
  • Os Enteados de Deus (Novela e contos) – Editora Livraria Gol Ltda – 1969.
  • O Vagonauta (Poesia) – Editora Rio de Janeiro – 1969.
  • Território Livre (Crônicas, artigos e reportagens) - Editora Livraria São José - 1975.
  • Cárcere das Águas (Contos) – Editora Cátedra - 1983.
  • A Dissipação da Aurora (Crônicas) – Editora Presença – 1984.
  • Dois Discursos em Natal – Editora Fundação José Augusto – 1984.
  • Aurora Trucidada (Poesia) – Editora Clima – 1985.
  • As Árvores Cantantes (Conto de literatura infantil) – Editora Arco-da-Velha – 1987.
  • Memórias do Longo Caminhar (Poema) – Editora Clima – 1990.
  • Jornalismo e Literatura – Editora Razão Cultural – 1997.
  • Cânticos de Amor Inesperado (Poesia) – Editora Razão Cultural – 1998.

Referências editar

  • “Ficcionistas do Rio Grande do Norte”, de Manoel Onofre Jr. Coleção Humanas Letras, UFRN – CCHLA – 1995 – Natal – RN, p. 47 a 50.
  • “Seleta de Autores Pernambucanos”, de Audálio Alves, Humberto Vasconcelos, Orlando Parahym e Roberto Benjamim, Edições Jornal de Letras, 1987.
  • “Um Rio Grande e Macau", de Getúlio Moura - ICEC - 2005 - Macau - RN, p. 315 e 316.
  • Blog “O Baú de Macau”.
  • Blog “Fernando Machado”.