Fortaleza de San Paio de Narla

O Castelo de San Paio de Narla, conhecido localmente como Fortaleza de San Paio de Narla ou Torre de Xiá, localiza-se no lugar de Castronela, na paróquia de Xiá, concelho de Friol, na província de Lugo, comunidade autónoma da Galiza, na Espanha.

Castelo de San Paio de Narla, Espanha.
Castelo de San Paio de Narla, Espanha.

História

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A primitiva ocupação humana de seu sítio remonta a um castro da Idade do Ferro, de acordo com a toponímia "Castronela".

O actual castelo foi erguido no século XII ou XIII, constituíndo-se no solar e casa-forte da família dos Vasco de Seixas.

A primeira referência documental à fortificação data de 1350, quando é referida como "rocha de Narrela".

No século seguinte, durante as revoltas Irmandinhas, também foi atacado, havendo registros documentais de que Vasco de Seixas promoveu-lhe trabalhos de reconstrução.

No século XVIII passou às mãos dos Campomanes, que o reformaram e nele habitaram pelos dois séculos seguintes até que, ao final do século XIX, venderam-no à família Novo. Esta, a seu turno, vendeu-a por 5 000 pesetas a um novo proprietário que planejava demolí-lo para reutilizar a sua pedra. Por louvável iniciativa do diretor do Museo Provincial de Lugo, Manuel Vázquez Seijas, a Deputação de Lugo adquiriu-a, em Setembro de 1939, pelo dobro daquele preço.

O castelo permaneceu por várias décadas sem qualquer uso até que, em 1983, o arqueólogo Felipe Arias Vilas converteu as suas instalações na seção de Etnografia do Museo Provincial de Lugo (Museu etnográfico e histórico de San Paio de Narla).

Características

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O conjunto é composto por três corpos e por uma capela exterior, de planta quadrada, com cobertura de duas águas. Em seu interior destacam-se um retábulo do século XIX, com uma talha popular de São Paio.

A fachada do castelo mede 37 metros e, no seu corpo central, une a torre de menagem com um torreão.

No interior destaca-se a praça de armas e, no exterior, a torre de menagem. Esta apresenta planta retangular, com as dimensões de 9 por 11 metros, reforçada por pequenos contrafortes. Internamente divide-se em três pavimentos e uma cave, usada como prisão. No segundo pavimento destaca-se um vão com parlatório, e no terceiro, uma esplêndida chaminé renascentista do século XVI apoiada por colunas decoradas com formas geométricas na base e, no centro do entabulamento, por dois leões frente a frente, com as mandíbulas abertas mostrando grandes línguas, separados por uma flor de lis de quatro folhas. No costado, uma mão burla-se de um dragão que sai de uma roseta.

O corpo central do castelo consta de duas distribuições paralelas e de uma terceira, perpendicular. Numa das primeiras dispõe-se um pátio interior de planta retangular e com arcos geminados de meio ponto nas laterais. Tem-se acesso ao pavimento superior por uma escada de granito, ou bem atravessando uma cozinha com lareira. A sala, o corredor e as habitações também se encontram decoradas ao estilo dos séculos XVII e XVIII.

As antigas cavalariças conservam os comedouros e, a adega, diversos apetrechos de artesanato têxtil.

Os elementos construtivos pertencem às diferentes épocas construtivas, do século XVI até ao XIX, embora tenham sido sucessivamente reaproveitados os materiais medievais.

A lenda de Dona Catarina de Santo Tirso

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Uma lenda local lembra uma das sehoras do castelo, Dona Catarina de Santo Tirso, esposa do nobre Vasco das Seixas (1520-1543), conhecido como "Senhor das Torres", um homem despótico e colérico. Esta senhora era tão honesta e virtuosa quanto bela, e o seu marido tão apaixonado quanto ciumento. Era muito querida por todos os servos, uma vez que auxiliava os pobres e fazia por evitar que a ira do marido recaísse sobre eles. Certo dia, desconfiodo da bondade e fidelidade da esposa, ele tentou assassiná-la com veneno, sem sucesso. Assim, num Dia de Todos-os-Santos, assassinou-a com nove punhaladas no peito, num arroubo de loucura.

Enquanto fugia para Portugal, para refugiar-se nas terras do duque de Bragança, abandonou o cadáver nas silvas, descoberto depois de quatro dias pelos servos, que o sepultaram na capela do castelo. O pai da falecida, Sancho López de San Tirso pleiteou à Real Audiencia da Corunha a investigação do ocorrido. Procedeu-se assim à abertura da tumba, após vinte um dias, seguindo a crença de que o corpo de uma mulher que falece acusada injustamente, permanece incorrupto por um mês. Perante o assombro e a admiração dos presentes à exumação, o cadáver apareceu incorrupto, com os braços cruzados sobre o peito, cobrindo as feridas. Ao retirá-los, o sangue recomeçou a brotar e um forte aroma de rosas invadiu as naves da igreja, escutando-se soar o órgão, sem que ninguém o estivesse a tocar.

O corpo recebeu nova e definitiva sepultura no vizinho Mosteiro de Sobrado dos Monxes. Emissários partiram para as terras do duque de Braganza e, dias depois, o assassino amanhecia assassinado. A capela na qual Dona Catarina foi inicialmente sepultada, pode ser vista ao pé do torreão do castelo.

Bibliografia

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  • (em galego) BOGA MOSCOSO, Ramón (2003). Guía dos castelos medievais de Galicia, págs. 94-96. Guías Temáticas Xerais. Edicións Xerais de Galicia, S.A. [S.l.: s.n.] ISBN 84-9782-035-5 

Ligações externas

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