Francisca Praguer Fróes

médica e activista brasileira (1872-1931)

Francisca Praguer Fróes (Cachoeira, 21 de outubro de 1872Rio de Janeiro, 1931) foi uma médica e feminista brasileira, uma pioneira em todas as áreas onde atuou: foi das primeiras mulheres formadas em medicina e também a defender direitos femininos. Em suas palavras: "Eu sou feminista por convicção e por herança".[1]

Francisca Praguer Fróes
Francisca Praguer Fróes
Nascimento 21 de outubro de 1872
Cachoeira
Morte 16 de novembro de 1931
Rio de Janeiro
Cidadania Brasil
Alma mater
Ocupação escritora, médica

Biografia editar

Registrada com o nome Francisca Barreto Praguer, era filha de Henrique Praguer, imigrante croata de origem judia e de Francisca Rosa Barreto Praguer (1836 - 1906), sua mãe foi também uma precursora do feminismo na Bahia do século XIX, expresso em artigos de periódicos, cartas e poesias que sobreviveram à sua morte.[1]

Graças ao ambiente familiar favorável, recebeu a mesma educação que fora devotada aos dois irmãos e, em 1888, ano em que finalmente se abolia a escravidão no Brasil, e contando somente dezesseis anos, Francisca se matriculou na faculdade de medicina de Salvador; embora as mulheres tiveram acesso ao estudo superior no país a partir de 1879, ela viria a ser a quinta mulher a se formar naquela instituição, em 1893 (as que lhe antecederam foram Rita Lobato Velho Lopes, em 1887; Amélia Pedroso Benebien, em 1889; Efigênia Veiga, 1890; Glafira Corina de Araújo, 1892).[1]

O ambiente acadêmico era então adverso à presença das mulheres, sendo ela a única de sua turma na Faculdade de Medicina da Bahia; ali ela chegou a ser desafiada pelo professor Pirajá da Silva a segurar uma cobra viva e, tendo-a nas mãos por um minuto, nunca mais duvidaram de sua coragem; laborou, durante a vida estudantil, na enfermaria de partos da Santa Casa de Misericórdia da Bahia o que habilitou-a a ingressar como "assistente parteira" na Maternidade Climério de Oliveira, pertencente à faculdade.[1]

Casou-se, em 1899, com João Américo Garcez Fróes, seu ex-colega de Faculdade e depois nela professor, com quem teve dois filhos; a união foi uma parceria, de forma que não impediu sua carreira, tendo sido ela a primeira mulher a dirigir uma clínica obstétrica no estado; ao lado de outros grandes nomes da medicina baiana foi redatora da respeitada "Gazeta Médica da Bahia", onde publicou diversos artigos sobre sua especialidade - ainda solteira, em 1895 havia sido ela a primeira mulher a ter um artigo ali publicado; em 1903 traduziu para aquele periódico o artigo intitulado “Emancipação das Mulheres na Rússia”, onde expõe a luta das estudantes russas que forçaram seu ingresso no curso médico.[1]

Faleceu quando se encontrava no Rio de Janeiro, então a capital do país, participando do II Congresso Internacional Feminista.[1]

Medicina e ativismo editar

"A inferioridade da mulher não é fisiológica, nem psicológica; ela é social. Sua escravidão sexual determina sua dependência econômica."

Praguer Fróes, 1917

Dentre as ideias feministas e em prol da emancipação da mulher, ela defendeu em artigos ideias avançadas para sua época, como "certas leis iníquas, o brado enérgico e consciente pela reforma dos Códigos que nos regem, para a reabilitação dos direitos que a dignidade da mulher exige, em bem da moralidade do lar e da futura garantia da família” (1917), ou a defesa de “atmosfera mais ampla e menos asfixiante para [a mulher] livremente expandir a suas múltiplas aptidões” (1925), ou ainda sendo a primeira na defesa do divórcio como meio de assegurar maior independência feminina, escrevendo em 1931: “Se o matrimônio é um sacramento perante a religião, não o é perante o direito civil que o egaliza como um contrato bilateral em que a comunhão de vida e de interesses impõe obrigações mútuas”.[1]

Foi eleita em 1931 presidenta da "União Universitária Feminina", entidade vinculada à "Federação Baiana pelo Progresso Feminino" que, por sua vez, era afiliada à entidade nacional criada pela bióloga Bertha Lutz em 1922.[1]

Homenagem editar

"Doutora Praguer Fróes" é nome de rua na capital baiana (bairro da Barra); a homenagem se deu por instância de Edith Mendes da Gama e Abreu junto ao então prefeito da cidade, Arnaldo Pimenta da Cunha.[2]

Referências

  1. a b c d e f g h Elisabeth Juliska Rago (2005). «Francisca Praguer Fróes e a Igualdade dos Sexos». Labrys (UNB). Consultado em 29 de setembro de 2007. Cópia arquivada em 29 de setembro de 2007 
  2. Elisabeth Juliska Rago (2007). Outras falas: feminismo e medicina na Bahia (1836-1931). [S.l.]: Annablume. p. 251. 273 páginas. ISBN 9788574197234. Consultado em 14 de dezembro de 2020 

Bibliografia editar

  • RAGO, Elisabeth Juliska. “Medicina e Feminismo no início do século XX: Francisca Praguer Fróes (Bahia: 1872-1931)”. In: Revista do IHGB, Rio de Janeiro, a.163, n. 415, abr./jun. 2002.
 
Wikiquote
O Wikiquote possui citações de ou sobre: Francisca Praguer Fróes