Glete de Alcântara

enfermeira, pesquisadora e professora universitária brasileira

Glete de Alcântara (São Sebastião do Paraíso, 24 de junho de 1910São Paulo, 3 de novembro de 1974) foi uma pioneira enfermeira, pesquisadora e professora universitária brasileira.

Glete de Alcântara
Conhecido(a) por pioneira da enfermagem profissional no Brasil
Nascimento 24 de junho de 1910
São Sebastião do Paraíso, Minas Gerais, Brasil
Morte 2 de novembro de 1974 (64 anos)
São Paulo, SP, Brasil
Residência Brasil
Nacionalidade brasileiro
Alma mater
Instituições Universidade de São Paulo
Campo(s) Enfermagem
Tese A enfermagem moderna como categoria profissional: obstáculos à sua expansão na sociedade brasileira (1963)

Docente da Universidade de São Paulo, Glete reiterava a importância das ciências sociais na profissão de enfermagem. Foi pioneira ao defender a primeira tese de cátedra de um Enfermeiro na América Latina, junto à Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo.[1]

Biografia editar

Glete nasceu na cidade de São Sebastião do Paraíso, em Minas Gerais. Era filha de José Proença de Alcântara e Maria Pimenta de Alcântara, a mais velha entre os dez filhos do casal (seis mulheres e quatro homens). Com a morte da mãe, acabou encarregada do cuidado e educação dos irmãos. Em 1928, Glete se formou pela Escola Normal da Praça da República, em São Paulo, depois nomeada para Instituto de Educação Caetano de Campos, tendo exercido o magistério por algum tempo.[2][3]

Em 1930, concluiu o curso de educadora sanitária, Instituto de Hygiene da USP, atual Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo. Em 1940, por intermédio da Fundação Rockefeller, a enfermeira Mary Elizabeth Tennant iniciou as discussões sober a criação de uma escola de enfermagem que viria a ser a atual Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo (EE-USP), cumprindo o convênio firmado, em 1925, entre o Governo do Estado de São Paulo e a Fundação Rockefeller.[2][3]

A nova escola de enfermagem carecia de um corpo docente qualificado, assim a Fundação Rockefeller se dispôs a conceder bolsas de estudo para que educadoras sanitárias pudessem adquirir a formação no exterior. A escolha das primeiras bolsistas ficou a cargo do diretor do Instituto de Hygiene, Geraldo de Paula Souza, que selecionou Maria Rosa S. Pinheiro e Zilda de Carvalho. Para as bolsas do ano seguinte, Maria Rosa indicou Glete de Alcântara e de Lucia Jardim. As quatro educadoras iniciaram o curso de enfermagem pela Universidade de Toronto.[2][3]

Com o início da Segunda Guerra Mundial, todas as bolsas novas da fundação foram canceladas em 1942, mantendo apenas as que já estavam em curso.[2]

Carreira editar

Com o curso de Enfermagem Geral e Enfermagem de Saúde Pública, concluído em 1944, Glete validou seu diploma na Escola de Enfermagem Anna Nery (hoje pertencente à Universidade Federal do Rio de Janeiro) e ingressou como docente na nova Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo. Foi contratada como professora de Técnica de Enfermagem, entre 1945 e 1952, que depois teve seu nome mudado por Glete para Introdução à Enfermagem. Também lecionou Enfermagem Médica, de 1945 a 1947.[2]

Buscando ampliar seu currículo e aptidões, Glete começou o curso de licenciatura em ciências sociais pela Universidade de São Paulo. Com bolsa da Fundação Kellogg, partiu para os Estados Unidos, entre setembro de 1950 a agosto de 1951, onde obteve o mestrado pela Universidade Columbia.[2]

Em 1951, a comissão de ensino da universidade apresentou ao Conselho Universitário o relatório sobre a instalação de uma segunda Faculdade de Medicina na USP, a Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP-USP), mencionando a necessidade de inclusão de uma Escola de Enfermagem anexa, já que a enfermagem é um fator decisivo para o bom funcionamento hospitalar. Em dezembro de 1951 foi criada a Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da USP anexa à faculdade de medicina. Glete foi convidada a organizar e dirigir a nova Escola de Enfermagem.[2][3]

Glete reiterava a necessidade de ensinar as ciências sociais articulada ao ensino da Enfermagem, assim como a importância de correlacionar os aspectos preventivos da Enfermagem a todas as disciplinas do curso e incluir o ensino teórico e prático de administração aplicada à enfermagem, de psicologia educacional e de didática. Sua tese de defesa de cátedra ainda hoje é material de referência para todos os enfermeiros da América Latina.[1]

Após 18 anos à frente da direção da escola de enfermagem de Ribeirão Preto, Glete deixou o cargo de diretora e se tornou vice-diretora da instituição, com o cargo de professora titular. Quando se aposentou em 1972, ela retornou para a escola de enfermagem da capital paulista. Neste mesmo ano, foi eleita presidente pela segunda vez da Associação Brasileira de Enfermagem.[4]

Morte editar

Glete ficou doente em 1972 e foi transferida para seu apartamento, onde ficou aos cuidados das irmãs e amigas. Ela morreu em São Paulo, em 3 de novembro de 1974, aos 64 anos.[2][3] Glete foi figura vital para a profissionalização da carreira de enfermeiros, além de ajudar a implantar o Conselho Federal de Enfermagem e os Conselhos Regionais de Enfermagem em todo o território nacional.[2]

A Escola Estadual Professora Glete de Alcântara, em Ribeirão Preto, é em sua homenagem.[5] O Prêmio “Glete de Alcântara” foi instituído em 1989 pela Associação Brasileira de Enfermagem e destina-se exclusivamente a estudantes de Graduação em Enfermagem.[6]

Referências

  1. a b Alcântara, Glete de (1973). «A enfermagem moderna como categoria profissional: obstáculos à sua expansão na sociedade brasileira». Brasília. Revista Brasileira de Enfermagem. 26 (3). doi:10.1590/0034-716719730003000008. Consultado em 19 de fevereiro de 2021 
  2. a b c d e f g h i Luchesi, Luciana; Santiago, Emiliane da Silva; Oguisso, Taka (2019). «Glete de Alcântara: legado centenário da enfermagem brasileira». Cultura de los Cuidados. 23 (53). doi:10.14198/cuid.2019.53.10 
  3. a b c d e «A EERP comemora este mês os 100 anos de nascimento de Glete de Alcântara». Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo. Consultado em 19 de fevereiro de 2021 
  4. «Nomes da Ciência». Revista Revide. Consultado em 19 de fevereiro de 2021 
  5. «Professora Glete de Alcântara». Secretaria de Educação do Estado de São Paulo. Consultado em 19 de fevereiro de 2021 
  6. «Prêmio "Glete de Alcântara"» (PDF). Associação Brasileira de Enfermagem. Consultado em 19 de fevereiro de 2021