Gestação prolongada

Patologia humana
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Gestação prolongada, gestação pós-termo ou pós-datismo é, na espécie humana, a condição de um bebê que ainda não nasceu após 42 semanas de gestação, ou seja, duas semanas além do período normal.[1] Após a 42.ª semana de gestação, a placenta, que fornece ao bebê nutrientes e oxigênio da mãe, começa a envelhecer e eventualmente poderá parar de funcionar adequadamente.[2]

Gestação cronologicamente prolongada
Gestação prolongada
80% das gestações terminam entre a semana 37 e 41. Apenas 10% passam da semana 41 e os outros 10% são prematuros.
Especialidade ginecologia e obstetrícia
Classificação e recursos externos
CID-10 O48, P08.2
CID-9 766.22
CID-11 1294771105
DiseasesDB 10417
eMedicine med/3248
MeSH D007233
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Nascimentos pós-termo podem trazer riscos à mãe e ao bebê, incluindo desnutrição fetal. Se o feto excretar sua primeira matéria fecal (mecônio) — o que costuma ocorrer apenas após o nascimento — e então respirá-la, pode contrair síndrome de aspiração meconial.[3] Por conta disso, a gestação prolongada pode ser uma razão para a indução do trabalho de parto.[4]

Causas

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As causas da gestação prolongada são desconhecidas, mas são mais prováveis quando a mãe já passou por uma situação semelhante;[5] em casos de sobrepeso ou obesidade; e quando se trata do primeiro filho (nuliparidade). Mulheres nulíparas correm um risco de 1,4 a 2,0 vezes maior de sofrerem uma gestação prolongada, enquanto mulheres obesas ou com sobrepeso correm um risco de 1,3 a 1,4 maior em comparação a mulheres com peso normal.[6]

A data de previsão do parto pode ser calculada erroneamente se a mãe não tiver certeza do último período menstrual. Em caso de erro no cálculo, o bebê pode nascer antes ou depois da data prevista. Nestes casos, tecnicamente não se trata de um parto na data errada.[7]

A gestação prolongada pode também ser atribuída a ciclos menstruais irregulares. Quando o período menstrual é irregular, fica difícil calcular o período de ovulação e as subsequente fecundação e gravidez .[4] No entanto, na maioria dos países onde a gestação é acompanhada por tecnologia ultrassônica, isso é menos provável.

Sinais e sintomas

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Os sintomas de gestação prolongada variam, porém os mais comuns em neonatos são pele seca,[8] unhas exageradamente grandes,[9] dobras nas palmas da mão e solas do pé, pouca gordura, comportamento hiperativo,[10] excesso de cabelo na cabeça e uma descoloração marrom, esverdeada ou amarelada da pele. Entretanto, alguns bebês de gestação prolongada mostram poucos ou nenhum sinal da condição.

O diagnóstico da gestação prolongada é feito pelos médicos com base na aparência física do bebê e na duração da gravidez da mãe.[11]

Riscos à saúde do feto ou neonato

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  • Redução da perfusão placentária: Depois que uma gravidez ultrapassa o período de quarenta semanas, os médicos acompanham de perto a mãe para sinais de deterioração placentária. No final da gravidez, cálcio é depositado nas paredes dos vasos sanguíneos, e proteínas são depositadas sobre a superfície da placenta, o que altera sua composição. Isso limita o fluxo sanguíneo através da placenta e, em último caso, leva à insuficiência placentária, com o bebê não sendo mais adequadamente nutrido. Em casos assim a indução do trabalho de parto é altamente recomendada. Embora a deterioração de fato da placenta não tenha início até a 48.ª semana, os médicos recomendam, por causa dos riscos, que o parto seja induzido a partir da 42.ª.
  • Oligo-hidrâmnio.
  • Aspiração meconial.

Riscos à saúde materna

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  • Macrossomia fetal;
  • Aumento da incidência de parto com auxílio de fórceps, vácuo ou cesárea: Bebês de gestação prolongada podem ser maiores que o normal, aumentando, assim, a duração do trabalho de parto. O trabalho é maior porque a cabeça do bebê é grande demais para passar pela pelve da mãe, problema chamado desproporção cefalopélvica e que normalmente requer cesárea.[12] Quando bebês de gestação prolongada são maiores que a média, fórceps ou extração a vácuo podem ser usados para amenizar as complicações no momento do parto.
  • Distócia de ombro: A dificuldade da passagem do ombro pela pelve torna-se um risco aumentado.[13]
  • Aumento do estresse psicológico.
  • Provável necessidade de indução do parto.

Monitoramento

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Uma vez que um bebê é diagnosticado como fruto de uma gestação prolongada, a mãe deve ter à disposição monitoramento adicional, que irá fornecer detalhes importantes sobre o estado atual da saúde do bebê.[14]

Registro de movimentos fetais

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Movimentos regulares do bebê são o melhor sinal para indicar que ele ainda está em boa saúde. A mãe deve manter um "gráfico de chutes" para registrar os movimentos do seu bebê. Menos de 10 movimentos em 2 horas não é um bom sinal, pois uma redução no número de movimentos pode indicar uma deterioração placental, o que requer atenção médica.[14]

Monitoramento eletrônico do coração fetal

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O monitoramento eletrônico da frequência cardíaca fetal é um teste não estressante feito a partir de um cardiotocógrafo, que mensura os batimentos cardíacos do bebê durante um intervalo típico de 30 minutos. Se a pulsação aparenta estar normal, a indução do trabalho de parto não costuma ser sugerida.[14]

Ultrassonografia

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A ultrassonografia avalia a quantidade de líquido amniótico ao redor do bebê. Se a placenta está a deteriorar-se, a quantidade de líquido será baixa, e a indução do trabalho de parto deve ser recomendada. No entanto, ultrassons não são sempre precisos, já que leva-se em conta o desenvolvimento do feto, e se este for menor que o normal, a idade calculada para o bebê pode estar errada.

Perfil biofísico

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Um perfil biofísico verifica batimentos cardíacos, tônus muscular, frequências de respiração e movimento, e a quantidade de fluido amniótico ao redor do bebê. Os dados são então comparados a valores padronizados para estabelecer a saúde do feto.[14]

Estudo da velocimetria Doppler

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Gravação de velocimetria Doppler dos batimentos cardíacos e movimentos do feto

O estudo da velocimetria Doppler é um tipo de ultrassom que mede a quantidade de sangue que flui dentro e fora da placenta, dados esses que podem ser usados para estimar a perfusão placentária.[13]

Manejo

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Uma mulher que chegou a 42 semanas de gravidez pode optar pela indução do parto. Alternativamente, ela pode escolher por "observar e aguardar", isto é, esperar que o parto ocorra naturalmente. Quando se opta por observar e aguardar, recomenda-se que seja feito o monitoramento do bebê com cardiotocografias regulares, ultrassom e perfil. A estimava dos riscos de "observar e aguardar" varia conforme os estudos.[15]

Indução do trabalho de parto

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A indução do trabalho de parto é feita a partir de métodos artificiais, seja pelo uso de medicação ou de outras técnicas, e é geralmente induzido apenas quando há potencial perigo para a mãe ou para o filho.[16] Há várias razões para a indução do trabalho: a bolsa amniótica rompe, mas as contrações ainda não se iniciaram; o bebê é pós-termo; a mãe tem diabetes ou pressão arterial elevada; ou não há líquido amniótico suficiente ao redor do bebê.[17]

A indução do parto não é sempre a melhor opção, pois apresenta consigo riscos próprios. Por conta disso, médicos tentam evitar a indução do trabalho a menos que seja totalmente necessário.[16] Às vezes as mãe pode sugerir que o parto seja induzido por motivos que não sejam médicos, o que é chamado de indução eletiva.

Procedimento

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Entre os métodos existentes para indução do parto, os quatro mais comuns são:[18]

  • Remoção das membranas: O médico insere um dedo no colo da mãe e move-o de maneira a separar a membrana conectando o saco amniótico, onde está o bebê, das paredes do útero. Uma vez que esta membrana é removida, o hormônio prostaglandina é liberado naturalmente no corpo da mãe e iniciam-se as contrações.[16] Na maior parte dos casos, fazê-lo apenas uma vez não irá imediatamente iniciar o trabalho, sendo necessário que se repita até que o hormônio estimulante seja liberado até que se desencadeiem as contrações. Remover as membranas leva apenas alguns minutos e causa algumas cólicas intensas, mas nem sempre funciona. Muitas mulheres relatam uma sensação semelhante à de urinar, enquanto outras relatam ser muito doloroso.
  • Rompimento do saco amniótico: O procedimento é também chamado de amniotomia. Nele, o médico usa um gancho de plástico para remover a membrana e romper o saco amniótico, e dentro de poucas horas o trabalho de parto se inicia. Ter o saco amniótico rompido é descrito como um puxão leve, seguido do fluxo de um líquido morno.
  • Administração do hormônio prostaglandina: Fornecer o hormônio prostagladina amadurece o colo do útero, ou seja, o colo do útero amolece,[19] afina ou se dilata. A droga dinoprostona é administrada oralmente, na forma de comprimidos; ou em forma de gel, como uma inserção. A aplicação é feita no hospital, no período da noite.
  • Administração do hormônio pitocina: O hormônio oxitocina é normalmente administrado na forma sintética, chamada pitocina, através de injeção intravenosa, o que estimula as contrações a ocorrer com mais frequência que o normal, intensificando-as. Pode também ser utilizado para reiniciar o trabalho de parto quando este estiver desacelerando-se.

Epidemiologia

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A incidência de gestação prolongada varia conforme a metodologia de contagem. Quando a contagem é baseada no último ciclo menstrual, a incidência é de 10 a 12% dos casos. No entanto, quando é feita por ultrassonografia, o valor cai para 3%.[6]

Referências

  1. Kendig, James W (Março de 2007). «Postmature Infant». The Merck Manuals Online Medical Library. Consultado em 6 de outubro de 2008 
  2. Hsu, Christine (2 de maio de 2012). «Post-term Babies Are More than Twice as Likely to Develop ADHD in Later Years». Post-term Babies Are More than Twice as Likely to Develop ADHD in Later Years. Medical Daily. Consultado em 11 de outubro de 2016 
  3. Galal, M.; I. (1 de janeiro de 2012). «Postterm pregnancy». Facts, Views & Vision in ObGyn. 4 (3): 175–187. ISSN 2032-0418. Consultado em 11 de outubro de 2016 
  4. a b Eden, Elizabeth (16 de novembro de 2006). «A Guide to Pregnancy Complications». HowStuffWorks.com. Consultado em 13 de novembro de 2008 
  5. Malhotra, Narendra; Randhir, Randhir; Malhotra, Jaideep, eds. (15 de dezembro de 2012). Donald School Manual of Practical Problems in Obstetrics (em inglês). Estados Unidos: Jaypee Brothers Publishers. 597 páginas. ISBN 9789350905777. Primiparity and prior post-term pregnancy are the most common identifiable cause for prolongation of pregnancy. 
  6. a b Buck, Germaine M.; Platt, Robert W. (2011). Reproductive and perinatal epidemiology. Oxford: Oxford University Press. ISBN 9780199857746 
  7. «Postmaturity». Franciscan Health System. Consultado em 9 de novembro de 2008 [ligação inativa]
  8. Aby, Janelle. «Photo Gallery». Newborn Nursery at Lucile Packard Children's Hospital. Stanford Medicine. Consultado em 11 de outubro de 2016. This is another example of a post-dates infant with dry, peeling skin. 
  9. «Postmature Pregnancy». A Fair Go (em inglês). 11 de novembro de 2014. Consultado em 12 de outubro de 2016. Arquivado do original em 13 de outubro de 2016 
  10. «Pós-termo». Medipédia. Instituto Pedro Nunes. 17 de março de 2012. Consultado em 13 de outubro de 2016. [...] o comportamento do recém-nascido pós-termo é muito mais activo, devido ao mais prolongado amadurecimento do sistema nervoso. 
  11. «Postmaturity». Morgan Stanley Children's Hospital of NewYork-Presbyterian. Consultado em 13 de novembro de 2008 
  12. Kyle, Susan Scott Ricci, Terri (2009). Maternity and pediatric nursing. Philadelphia: Wolters Kluwer Health/Lippincott Williams & Wilkins. 652 páginas. ISBN 978-0-7817-8055-1 
  13. a b Maher, Bridget (10 de agosto de 2007). «Overdue Pregnancy». Vhi Healthcare. Consultado em 15 de novembro de 2008. Cópia arquivada em 21 de maio de 2008 
  14. a b c d Caccia, Nicolette; Windrim, Rory (11 de setembro de 2009). «Overdue Pregnancy». AboutKidsHealth (em inglês). The Hospital for Sick Children. Consultado em 11 de outubro de 2016. Many women will be waiting for labour to begin after the end of the 41st week [...] your doctor will keep a close eye on both you and your baby. 
  15. Falcao, Ronnie. «Detailed Paper about PostDates» 
  16. a b c Hirsch, Larissa (Julho de 2006). «Inducing Labor». The Nemours Foundation. Consultado em 16 de novembro de 2008 
  17. «Labor Induction». American Academy of Family Physicians. Janeiro de 2008. Consultado em 16 de novembro de 2008 
  18. «Induction and acceleration (augmentation)». Locally Healthy (em inglês). Atualizado em 20 de setembro de 2012. Digital Life Sciences. 21 de outubro de 2010. Consultado em 12 de outubro de 2016. Arquivado do original em 13 de outubro de 2016 
  19. «Stripping Membranes». gynob.com. 2008. Consultado em 16 de novembro de 2008 

Ligações externas

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