O subfilo Hexapoda (do Grego seis pernas) compreende a maior parte das espécies de artrópodes e incluí todas as espécies de insetos, além de três pequenos grupos de artrópodes ápteros: Collembola, Protura e Diplura (que previamente já foram considerados insetos).[1][2] Atualmente compreende as classes Entognatha e Insecta. As ordens Zygentoma e Archaeognatha são de insetos sem asas (subclasse Apterygota) tendo como grupos irmãos os insetos alados, da subclasse Pterygota. Os Hexapodas são nomeados de acordo com sua característica mais distinta: Um tórax com três pares de pernas (totalizando 6 pernas). A maior parte dos outros artrópodes possuem mais do que três pares de pernas.[3]

Como ler uma infocaixa de taxonomiaHexapoda
Ocorrência: 411–0 Ma
Montagem mostrando algumas espécies representantes dos principais grupos de insetos. Do canto esquerdo superior ao canto direito inferior: Empis livida, Rhinotia hemistictus, percevejo predador da subfamília Harpactocorinae, Gryllotalpa brachyptera, Opodiphthera eucalypti e Vespula germanica.
Montagem mostrando algumas espécies representantes dos principais grupos de insetos. Do canto esquerdo superior ao canto direito inferior: Empis livida, Rhinotia hemistictus, percevejo predador da subfamília Harpactocorinae, Gryllotalpa brachyptera, Opodiphthera eucalypti e Vespula germanica.
Classificação científica
Reino: Animalia
Superfilo: Ecdysozoa
Filo: Arthropoda
Subfilo: Hexapoda
Classes e Ordens
Classe Insecta
Ordens

Classe Entognatha

Ordens
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O Wikispecies tem informações sobre: Hexapoda

Morfologia

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O tamanho corporal dos Hexápodas varia entre 0.5 mm a 300 mm de comprimento, sendo dividido em diferentes segmentos corporais: A cabeça, tórax, e abdômen.[4][5][6] A cabeça é composta por um presegmento que normalmente possuí olhos (ausente em Protura e Diplura),[7] seguido de seis segmentos, todos fusionados, que apresentam os seguintes apêndices:

Segmento I. Nenhum
Segmento II. Antena (sensorial), ausente em Protura
Segmento III. Nenhum
Segmento IV. Mandíbulas (Para cortar o alimento)
Segmento V. Maxilas (Para mastigar o alimento)
Segmento VI. Lábio (lábio inferior)

A boca se encontra entre o quarto e quinto segmento da cabeça e é coberta projeção do terceiro segmento chamado labrum (lábio superior).[8] Nos insetos verdaderios (classe Insecta) as peças bucais estão expostas (ectognathos), enquanto nos demais grupos elas são recobertas ou mantidas dentro da cabeça (endognathos). Apêndices similares ao presentes nas cabeças dos insetos são também encontrados nas cabeças de Myriapoda e Crustacea, apesar desses grupos possuírem uma antena secundária.[4][9]

O tórax dos insetos é composto por três segmentos, cada um com um par de pernas.[4][10] Como um típico artrópode aadaptado a vida terrestre, cada perna possuí um único ramo locomotor composto de cinco segmentos sem brânquias associadas. Brânquias são encontradas apenas como apêndices abdominais em fases imaturas aquáticas de alguns representantes da ordem.[11] Na maior parte dos insetos o segundo e terceiro segmento abdominal apresentam apêndices, as asas.[12] É proposto que elas possam ser homólogas as brânquias toráxicas oresentes em crustáceos, ou que possam ter se desenvolvido a partir de expansões dos próprios segmentos toráxicos.[13]

O abdômen segue segue um padrão de desenvolvimento epimórfico, onde todos os segmentos que o compõe já estão presentes ao final do desenvolvimento embrionário. A única exceção é Protura, que apresenta um desenvolvimento anamórfico onde os juvenis desenvolvem um novo segmento abdominal após cada ecdise até a fase adulta. Todos os insetos possuem onze segmentos abdominais (por vezes apresentando reduções em um ou mais segentos em diversos grupos de insetos), enquanto Protura possuí doze e Collembola apenas seis (as vezes reduzidos para quatro).[14][15] Os apêndices abdominais são extremamente reduzidos, restritos apenas a extrutura externa da genitália e em alguns grupos um par de cercos sensoriais no último segmento.[16][17][18]

Distribuição e Ecologia

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Os Hexapoda podem ser encontrados em praticamente todos os ambientes aquáticos e terrestres, incluindo a superficie dos oceânos, regiões litorâneas, riachos glaciais, entre outros. Sua enorme diversidade e sucesso ecológico se deve principalmente a sua capacidade de adaptação.[19]

São extremamente importantes para as cadeias ecológicas presentes em todos os ecossitemas, visto que além de incluírem a maior diversidade de animais e de biomassa viventes, são importantes polinizadores de plantas. Por esse fator, muitas espécies são essenciais para a agricultura. Alguns grupos de insetos também podem causar vetorizar agentes causadores de doenças de importância econômica e social como a Dengue, Malária, Doença de Chagas, Filariose linfática (“elefantíase"), dentre muitas outras.[20]

Evolução e Filogenia

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Os miriápodes foram tradicionalmente considerados o grupo vivo mais próximo de Hexapoda de acorodo com similaridades morfológicas.[21] Juntos formavam a subclasse ou subfilo Uniramia ou Atelocerata.[22] Contudo essa proposição foi colocada em zeque na primeira década do Século 21st, dado que novas evidências morfológicas e genéticas apontam para que os Hexapoda sejam mais aparentados aos crustáceos.[23][24][25][26]

Os hexápodas não insetos já foram várias vezes considerados como parte de um único ramo evolutivo, tipicamente chamado de Classe Entognatha,[27] ou vários ramos evolutivos com diferentes relações quanto à classe Insecta. Particularmente, Diplura pode ser mais relacionado a Insecta do que Collembola[28] ou Protura.

Análises moleculares sugerem que hexápodes divergiram de seu grupo-irmão, os Anostraca, próximo do início do Siluriano - coincidingo com a conquista do meio terrestre pelas plantas vasculares.[29]

O cladograma a seguir foi adaptado de Kjer et al. (2016):[30]

Hexapoda

Collembola

Protura

Diplura

Ectognatha

Archaeognatha (Traças saltadoras)

Zygentoma (Traças)

Pterygota (Insetos Alados)

Estudos apontam para o surgimento do grupo há cerca de 411 milhões de anos, no Devoniano.[31] A descoberta de um fóssil incompleto de um potencial inseto, Strudiella devonica, tem o potencial de ajudar a compreender o vácuo no registro fóssil de Arthropoda, há entre 385 milhões a 325 milhões de anos.[32][33]

Referências

  1. «Hexapods - Hexapoda - Overview - Encyclopedia of Life». Encyclopedia of Life (em inglês) 
  2. «Subphylum Hexapoda - Hexapods - BugGuide.Net». bugguide.net 
  3. «Hexapoda». tolweb.org 
  4. a b c BARNES, R.S.K.; CALOW, P. & OLIVE, P.J.W. 1995. Os invertebrados - uma nova síntese. Atheneu Ed., São Paulo. 526 p.
  5. «Hexapoda facts, information, pictures | Encyclopedia.com articles about Hexapoda». www.encyclopedia.com (em inglês) 
  6. «Hexapoda». biosurvey.ou.edu 
  7. «Hexapoda». comenius.susqu.edu 
  8. «Hexapoda (Insecta): General Characteristics | easybiologyclass». www.easybiologyclass.com (em inglês) 
  9. Boundless (26 de maio de 2016). «Subphyla of Arthropoda». Boundless (em inglês) 
  10. «Humble bug plugs gap in fossil record» 
  11. «Class Hexapoda (Insects) (hexa, six + podus, feet) | Biology Boom». biologyboom.com (em inglês) 
  12. Walton, L. B. (1 de janeiro de 1901). «The Metathoracic Pterygoda of the Hexapoda and Their Relation to the Wings». The American Naturalist. 35 (413): 357–362. JSTOR 2453748. doi:10.1086/277920 
  13. «Checklist of the Collembola: Are Collembola terrestrial Crustacea?». www.collembola.org 
  14. «GeoKansas--Fossil Isects». www.kgs.ku.edu. Arquivado do original em 13 de fevereiro de 2017 
  15. «HEXAPODA». comenius.susqu.edu 
  16. Böhm, Alexander; Szucsich, Nikolaus U.; Pass, Günther (1 de janeiro de 2012). «Brain anatomy in Diplura (Hexapoda)». Frontiers in Zoology. 9 (1). 26 páginas. ISSN 1742-9994. PMC 3585824 . PMID 23050723. doi:10.1186/1742-9994-9-26 
  17. «The Hexapods». projects.ncsu.edu 
  18. «A Devonian hexapod». Pharyngula. 2 de agosto de 2012 
  19. J., Gullan, P. (2008). Os insetos : um resumo de entomologia 3. ed. São Paulo: ROCA. ISBN 9788572417020. OCLC 817084989 
  20. «Pragas». Coleção Didática Entomológica. 5 de outubro de 2010 
  21. Dessi, Giancarlo. «Notes on Entomology: Flies. Morphology and anatomy of adults: Antennae - giand.it». www.giand.it (em inglês) 
  22. «GEOL 331 Principles of Paleontology». www.geol.umd.edu 
  23. Giribet, G.; Edgecombe, G.D.; Wheeler, W.C. (2001). «Arthropod phylogeny based on eight molecular loci and morphology». Nature. 413 (6852): 157–161. PMID 11557979. doi:10.1038/35093097 
  24. Kazlev, M.Alan. «Palaeos Arthropods: Hexapoda». palaeos.com 
  25. «How do insects breathe? An outline of the tracheal system | Teaching Biology». Teaching Biology (em inglês). 26 de novembro de 2012 
  26. Regier, J. C.; Shultz, J. W.; Kambic, R. E. (22 de fevereiro de 2005). «Pancrustacean phylogeny: hexapods are terrestrial crustaceans and maxillopods are not monophyletic». Proceedings of the Royal Society B: Biological Sciences (em inglês). 272 (1561): 395–401. PMC 1634985 . PMID 15734694. doi:10.1098/rspb.2004.2917 
  27. «HEXAPODA». comenius.susqu.edu 
  28. Engel, Michael S.; Grimaldi, David A. (12 de fevereiro de 2004). «New light shed on the oldest insect». Nature (em inglês). 427 (6975): 627–630. ISSN 0028-0836. PMID 14961119. doi:10.1038/nature02291 
  29. Gaunt, M.W.; Miles, M.A. (1 de maio de 2002). «An Insect Molecular Clock Dates the Origin of the Insects and Accords with Palaeontological and Biogeographic Landmarks». Molecular Biology and Evolution. 19 (5): 748–761. ISSN 1537-1719. PMID 11961108. doi:10.1093/oxfordjournals.molbev.a004133. Arquivado do original em 20 de março de 2005 
  30. Kjer, Karl M.; Simon, Chris; Yavorskaya, Margarita; Beutel, Rolf G. (2016). «Progress, pitfalls and parallel universes: a history of insect phylogenetics». Journal of the Royal Society Interface. 13 (121): 121. PMC 5014063 . PMID 27558853. doi:10.1098/rsif.2016.0363 
  31. Wang, Yan-hui; Engel, Michael S.; Rafael, José A.; Wu, Hao-yang; Rédei, Dávid; Xie, Qiang; Wang, Gang; Liu, Xiao-guang; Bu, Wen-jun (13 de dezembro de 2016). «Fossil record of stem groups employed in evaluating the chronogram of insects (Arthropoda: Hexapoda)». Scientific Reports. ISSN 2045-2322. PMC 5154178 . PMID 27958352. doi:10.1038/srep38939. Consultado em 26 de abril de 2021 
  32. Shear, William A. (2 de agosto de 2012). «Palaeontology: An insect to fill the gap». Nature (em inglês). 488 (7409): 34–35. ISSN 0028-0836. PMID 22859195. doi:10.1038/488034a 
  33. The Web page cites Garrouste, R; Clément, G; Nel, P; Engel, MS; Grandcolas, P; D'Haese, C; Lagebro, L; Denayer, J; Gueriau, P; Lafaite, P; Olive, S; Prestianni, C; Nel, A (2012). «A complete insect from the Late Devonian period». Nature. 488 (7409): 82–85. PMID 22859205. doi:10.1038/nature11281