Iphigenia brasiliensis

espécie de molusco

Iphigenia brasiliensis (nomeada, em inglês, giant false donax[3][4] ou giant coquina[6]; em português, no Brasil, tarioba[2][5][7][8][9][10][11] – do tupi tari´obra[12] ou tari´owa[9] = "concha em forma de folha", segundo o Dicionário Aurélio[12] –; ou maçunim[2][9], nome também dado para outras espécies e de etimologia não especificada[11][13]; por vezes chamada marisco lambão pelos caiçaras do sudeste, por seu comportamento ao usar o [14]; até o século XXI errônea e cientificamente denominada Iphigenia brasiliana)[1][3][4][5] é uma espécie de molusco Bivalvia, marinha e litorânea, da família Donacidae e gênero Iphigenia, classificada por Jean-Baptiste de Lamarck, com o nome Capsa brasiliensis, em 1818.[1] Habita as costas do oeste do Atlântico, do sudoeste da Flórida, nos Estados Unidos, passando pelo golfo do México e mar do Caribe, incluindo Grandes Antilhas, leste da Colômbia, Venezuela e Suriname, até a região sul do Brasil e o Uruguai[2][5][7][13][15], enterrando-se na areia até os 20 centímetros, logo abaixo da zona entremarés, nas praias lodosas e rasas[2][4][5][8][13] até os 4 ou 6 metros de profundidade[3][16] e com influência de água doce ou em estuários[17], incluindo manguezais.[18] Eurico Santos afirma que as "valvas se unem perfeitamente, por este motivo podem viver muito tempo fora d'água", e que a "tarioba encontra-se no mercado do Rio"[7], sendo usada para a alimentação[2][5][11][13] e intensamente explorada por populações humanas que vivam no entorno de regiões estuarinas.[17] Também pode ser encontrada nos sambaquis brasileiros, entre o Espírito Santo e Santa Catarina; principalmente no "Sambaqui da Tarioba", em Rio das Ostras, Rio de Janeiro, onde é a mais abundante espécie em todas as camadas arqueoestratigráficas.[8][19][20] Embora seja uma espécie comum[3], em 2018 a Iphigenia brasiliensis foi colocada no Livro Vermelho do ICMBio; considerada uma espécie deficiente de dados em 2012.[21]

Como ler uma infocaixa de taxonomiaTarioba
Iphigenia brasiliensis
Vista dorsal das valvas abertas de um indivíduo de I. brasiliensis com seu perióstraco castanho descascado e expondo sua concha de cor branco-purpúrea. Espécime coletado no Caribe venezuelano, em Nueva Esparta.
Vista dorsal das valvas abertas de um indivíduo de I. brasiliensis com seu perióstraco castanho descascado e expondo sua concha de cor branco-purpúrea. Espécime coletado no Caribe venezuelano, em Nueva Esparta.
Vista dorsal de uma valva de I. brasiliensis sem o perióstraco. Espécime do Alagoas, Brasil, fotografado em São Miguel dos Milagres.
Vista dorsal de uma valva de I. brasiliensis sem o perióstraco. Espécime do Alagoas, Brasil, fotografado em São Miguel dos Milagres.
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Mollusca
Classe: Bivalvia
Subclasse: Autobranchia
Ordem: Cardiida
Superfamília: Tellinoidea
Família: Donacidae[1]
Género: Iphigenia
Schumacher, 1817[1]
Espécie: I. brasiliensis
Nome binomial
Iphigenia brasiliensis
(Lamarck, 1818)[1][2]
Três valvas de I. brasiliensis. Espécimes coletados em Ubatuba, São Paulo, Brasil, em estuário, no ano de 1990; a concha mais próxima ainda com partes do seu perióstraco presentes.
Sinónimos
Capsa brasiliensis Lamarck, 1818[1][2]
Iphigenia brasiliana (sic)[1][3][4][5]

Descrição da concha editar

Iphigenia brasiliensis possui concha inflada, triangular e alongada, com umbos quase centralizados e até 7 centímetros de comprimento, quando bem desenvolvida. Suas valvas são creme ou brancas, com manchas quase centrais, espalhadas e próximas ao umbo, que vão do purpúreo ao castanho ou castanho-amarelado; possuindo superfície esculpida apenas com bem finas linhas de crescimento e revestida por um perióstraco castanho-escuro a castanho-amarelado, opaco, fosco e deiscente. Interior das valvas branco ou também manchado em tons de púrpura a violeta.[2][4][5][6][8]

Ligações externas editar

Referências

  1. a b c d e f g «Iphigenia brasiliensis (Lamarck, 1818)» (em inglês). World Register of Marine Species. 1 páginas. Consultado em 23 de março de 2021 
  2. a b c d e f g h BOFFI, Alexandre Valente (1979). Moluscos Brasileiros de Interesse Médico e Econômico. São Paulo: FAPESP - Hucitec. p. 63. 182 páginas 
  3. a b c d e ABBOTT, R. Tucker; DANCE, S. Peter (1982). Compendium of Seashells. A color Guide to More than 4.200 of the World's Marine Shells (em inglês). New York: E. P. Dutton. p. 346. 412 páginas. ISBN 0-525-93269-0 
  4. a b c d e «Iphigenia brasiliana (Lamarck, 1818) giant false donax» (em inglês). SeaLifeBase. 1 páginas. Consultado em 23 de março de 2021 
  5. a b c d e f g RIOS, Eliézer (1994). Seashells of Brazil (em inglês) 2ª ed. Rio Grande, RS. Brazil: FURG. p. 280. 492 páginas. ISBN 85-85042-36-2 
  6. a b «Iphigenia brasiliana (Lamarck, 1818) Giant Coquina» (em inglês). Jacksonville Shell Club. 1 páginas. Consultado em 23 de março de 2021 
  7. a b c SANTOS, Eurico (1982). Zoologia Brasílica, vol. 7. Moluscos do Brasil. Belo Horizonte: Itatiaia. p. 48. 144 páginas 
  8. a b c d SOUZA, Rosa Cristina Corrêa Luz de; LIMA, Tania Andrade; SILVA, Edson Pereira da (2011). Conchas Marinhas de Sambaquis do Brasil 1ª ed. Rio de Janeiro, Brasil: Technical Books. p. 116. 252 páginas. ISBN 978-85-61368-20-3 
  9. a b c HOUAISS, Antônio; VILLAR, Mauro de Salles; FRANCO, Francisco Manoel de Mello (2001). Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa 1ª ed. Rio de Janeiro: Objetiva. p. 2674. 2922 páginas. ISBN 85-7302-383-X 
  10. CARVALHO, José Cândido de Mello (1995). Atlas da Fauna Brasileira 3 ed. São Paulo: Melhoramentos. p. 120. 140 páginas. ISBN 85-06-02079-4 
  11. a b c IHERING, Rodolpho von (1968). Dicionario dos Animais do Brasil. São Paulo: Editora Universidade de Brasília. p. 676. 790 páginas 
  12. a b FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda (1986). Novo Dicionário da Língua Portuguesa 2ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira. p. 1651. 1838 páginas 
  13. a b c d HOUAISS, Antônio; VILLAR, Mauro de Salles; FRANCO, Francisco Manoel de Mello (Op. cit., p.1807.).
  14. Mendes, Julinho (30 de janeiro de 2009). «Tarioba: o marisco lambão». UbaWeb - O Portal de Ubatuba. 1 páginas. Consultado em 23 de março de 2021. O tarioba é um molusco bivalve, comestível, muito apreciado pelos caiçaras. É chamado também de marisco lambão, pois para se enterrar ele põe a “língua” pra fora e começa a escavar, sumindo na areia em poucos segundos. 
  15. «Iphigenia brasiliensis (Lamarck, 1818) distribution» (em inglês). World Register of Marine Species. 1 páginas. Consultado em 23 de março de 2021 
  16. «Iphigenia brasiliensis». Museu Nacional. 1 páginas. Consultado em 23 de março de 2021 
  17. a b Silva, Patrícia P.; Peso-Aguiar, Marlene C.; Ribeiro, Gabriel (dezembro de 2012). «Ciclo gametogênico e comportamento reprodutivo de Iphigenia brasiliana (Mollusca, Bivalvia, Donacidae) no estuário do rio Subaé, Baía de Todos os Santos, Bahia, Brasil». Iheringia. Série Zoologia. vol.102; no.4. (SciELO). 1 páginas. Consultado em 23 de março de 2021 
  18. «MANGUEZAIS» (PDF). SIGAM/SIMA/CETESB. p. 3. 34 páginas. Consultado em 23 de março de 2021 
  19. «Museu de Arqueologia Sambaqui da Tarioba». Museus do Rio. 1 páginas. Consultado em 23 de março de 2021 
  20. «Arqueologia e Biodiversidade Marinha do Sambaqui da Tarioba: um modelo de estudo paleoecológico do litoral fluminense». Instituto de Arqueologia Brasileira: IAB. 30 de maio de 2018. 1 páginas. Consultado em 23 de março de 2021. A espécie Iphigenia brasiliana (Lamarck, 1818), conhecida popularmente como “tarioba”, é a mais abundante em todas as camadas arqueoestratigráficas deste sambaqui. 
  21. ICMBio (2018). Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção: Volume I (PDF). Brasília, DF: ICMBio/MMA. p. 464. 492 páginas. ISBN 978-85-61842-79-6. Consultado em 27 março de 2021