Isdigusnas (vizir)
Isdigusnas (em grego: Ισδιγούσνας), conhecido no relato de Procópio de Cesareia como Isdigusnas Zique (Ζίχ), foi nobre sassânida da família mirrânida. Um proeminente dignitário e vizir de Cosroes I (r. 531–579), envolveu-se nas ações militares promovidas contra os bizantinos na Guerra Lázica. Foi também um dos emissários de Cosroes, tendo participado em cinco embaixadas.
Isdigusnas | |
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Miniatura do século XIV do sacerdote chefe (mobade) trazendo comida para o cativo Isdigusnas, pouco antes de sua execução | |
Nacionalidade | Império Sassânida |
Ocupação | General e embaixador |
Religião | Zoroastrismo |
Como resultado de suas embaixadas, libertou Bersabo, um amigo do Cosroes, em 551 e conclui a Paz de 50 anos em 561. Pode ter morrido em 567, quando dirigia-se para outra embaixada, porém, uma vez que é comumente associado com o oficial Izadgushasp mencionado na obra de Ferdusi, possivelmente viveu mais alguns anos, sendo assassinado junto com outros nobres por ordens de Hormisda IV (r. 579–590).
BiografiaEditar
O oficial Isdigusnas, citado por Procópio de Cesareia, é comumente associado com o oficial Izadegusnaspe (Izadgušasp) citado na obra de Ferdusi. De acordo com Ferdusi, foi um dos mais altos dignitários e mais poderosos nobres do Império Sassânida, servido como um dos vizires do xá Cosroes I (r. 531–579).[1] Tinha um irmão chamado Fabrizo (Fariburz) que também foi titular de altos ofícios. Procópio descreve-os como "ambos mantendo os mais importantes ofícios [...] e ao mesmo tempo considerados como sendo os mais mais vis de todos os persas, tendo uma grande reputação por sua perícia e maus modos." Isdigusnas, junto com dois outros poderosos magnatas chamados Chir Burzém e Barã Adurma, foi convocado em certa ocasião por Cosroes para escolher seu herdeiro.[2]
Durante a Guerra Lázica (541-562), Isdigusnas e Fabrizo desempenharam um importante papel nos planos de Cosroes para capturar Dara, na Mesopotâmia Superior, e Lázica, na atual Geórgia Ocidental.[1] Isdigusnas foi o porta-voz dos sassânidas em cinco embaixadas enviadas por Cosroes, a primeira delas de 547/548, ou seja, o terceiro ano da trégua de 545. Quando estava se aproximando de Dara com um grande comitiva e soldados, o oficial Jorge informou aos bizantinos que os persas pretendiam tomar a cidade e isso provocou um grande distúrbio.[3] Isdigusnas continuou sua viagem em direção a Constantinopla, onde encontrou-se com o imperador Justiniano (r. 527–565) e deu-lhe presentes e uma carta de Cosroes; nada se concluiu nesta embaixada.[4]
Mais tarde, no final de 550, Isdigusnas participou duma nova embaixada em direção a Constantinopla. Lá, foi tratado com grande honra por Justiniano e pode movimentar-se sem supervisão, situação relatada com desprezo por Procópio. Nesta embaixada, Isdigusnas trouxe alegações de violações da trégua pelo rei gassânida Aretas V (r. 529–569) e outros oficiais, conseguiu a libertação de Bersabo, um amigo íntimo de Cosroes que havia sido preso anos antes,[5] e a renovação da trégua por mais cinco anos. Em 551, partiu em direção ao Império Sassânida e chegou em seu destino no inverno de 552.[4]
Em 557, numa terceira embaixada, negociou o fim da Guerra Lázica, conseguiu dos bizantinos o pagamento dum grande tributo em ouro.[1] Em 561, realizou uma nova embaixada, tendo encontrado o oficial Pedro em Dara, onde discutiram sobre a Armênia e Lázica e concluíram a Paz de 50 anos. Nesta ocasião é referido como o titular de ofício equivalente ao de cubiculário ou prepósito do cubículo sagrado, entretanto, como não há nenhuma evidência que fosse eunuco, alguns autores suspeitam que a associação é inexata. Em 567, Isdigusnas foi enviado em nova embaixada para discutir com Justino II (r. 565–578) sobre a região da Suânia, no Cáucaso, porém, segundo as fontes gregas, adoeceu e morreu em Nísibis. Sua missão foi concluída por Mebodes.[4] Caso sua associação com Izadgushasp esteja certa, teria vivido até o reinado de Hormisda IV (r. 579–590), o sucessor de Cosroes, quando foi preso e morto junto de outros nobres.[6]
Referências
- ↑ a b c Pourshariati 2008, p. 102.
- ↑ Pourshariati 2008, p. 121.
- ↑ Martindale 1992, p. 514.
- ↑ a b c Martindale 1992, p. 722-723.
- ↑ Martindale 1992, p. 226.
- ↑ Pourshariati 2008, p. 119.
BibliografiaEditar
- Martindale, John R.; Jones, Arnold Hugh Martin; Morris, John (1992). The Prosopography of the Later Roman Empire - Volume III, AD 527–641. Cambrígia e Nova Iorque: Imprensa da Universidade de Cambrígia. ISBN 0-521-20160-8
- Pourshariati, Parvaneh (2008). Decline and Fall of the Sasanian Empire: The Sasanian-Parthian Confederacy and the Arab Conquest of Iran. Nova Iorque: IB Tauris & Co Ltd. ISBN 978-1-84511-645-3