Júlio César Barroso (Rio de Janeiro, 18 de novembro de 1953[nota 1][1]São Paulo, 6 de junho de 1984[2]) foi um jornalista, compositor, escritor, cantor e DJ brasileiro.

Júlio Barroso
Júlio Barroso
Informação geral
Nome completo Júlio César Barroso
Também conhecido(a) como Marginal Conservador
Nascimento 18 de novembro de 1953
Local de nascimento Rio de Janeiro, RJ
 Brasil
Morte 6 de julho de 1984 (30 anos)
Gênero(s) Rock, new wave
Instrumento(s) Vocais
Outras ocupações Escritor e DJ
Afiliação(ões) Gang 90 e as Absurdettes
Lobão
Guilherme Arantes

No início da década de 1980 fundou a banda Gang 90 e Absurdettes.[3][4]

História editar

Jornalismo editar

Nascido no bairro do Grajaú, no Rio de Janeiro, Júlio passou uma temporada morando em Brasília, junto com sua mulher e seu filho Rá, onde havia comprado terras para criar uma comunidade alternativa, pois acreditava estar ali o centro do universo e, por isso, um local bastante energizado.[1] Logo desistiu da ideia.

Escreveu para o jornal "Ordem do Universo", que tratava de macrobiótica, ioga e misticismo, e manteve um dos primeiros restaurantes vegetarianos do país, chamado "Coisas da Terra".[1]

Retornou ao Rio em 1975, onde editou a revista "Música do Planeta Terra", junto com seu amigo Antônio Carlos Miguel.[3] A revista teve apenas seis edições.[1] Depois, tornou-se colaborador do jornalista Nelson Motta em sua coluna no jornal O Globo.[5] Em 1976 assinou com a coluna “Mundo Black”, na revista Pop, colaborando também com a revista Som Três.[5] Também escrevia para outros periódicos mais populares, como a Veja.[1]

Em 1977 residiu em Nova Iorque, onde trabalhou como garçom e DJ, tocando músicas brasileiras, quando conheceu Nelson Motta. Júlio retornou ao Brasil com a ideia de fazer uma banda inspirada no movimento new wave. Trabalhou como DJ nas discotecas Dancing Days e Paulicéia Desvairada, em São Paulo, e Noites Cariocas, no Rio de Janeiro[5][6], cujo dono era Nelson.[1]

Gang 90 e Absurdettes editar

A Gang 90 e Absurdettes surgiu em fevereiro de 1981, fundada por Júlio Barroso, que tinha como integrantes May East, Alice Pink Pank, Lonita Renaux (Denise Barroso), Luíza Maria, Gigante Brasil (bateria), Lee Marcucci (baixo) e Wander Taffo (guitarra). A banda começou a fazer sucesso após participar do Festival MPB-Shell 1981, com a música "Perdidos na Selva", composta por Júlio e Guilherme Arantes (não creditado pois já tinha uma música no mesmo festival). No mesmo ano gravaram um compacto pela Warner, com "Perdidos na Selva" e "Lilik Lamê". Também no mesmo ano lançaram "Luíza Maria".

No ano seguinte, Júlio Barroso permaneceu alguns meses em Nova Iorque, retornando para continuar à frente da banda.[5]

Depois de várias formações, incluindo músicos como Lobão e Miguel Barella, em 1983 finamente conseguiram um contrato com a RCA, onde lançaram o álbum Essa tal de Gang 90 & Absurdettes, que contém os sucessos "Nosso Louco Amor", "Telefone", "Perdidos na Selva" e "Noite e Dia". "Nosso Louco Amor" foi tema da novela Louco Amor.[7]

Após o lançamento do álbum, saiu Alice Pink Pank para a entrada de Taciana Barros, e mesmo com o sucesso, em fevereiro de 1984, May East e Lonita Renaux deixaram o grupo, seguidas logo depois pelo guitarrista Herman Torres. Apenas com Júlio como integrante da formação clássica, ele e Taciana, sua namorada na época, reformam a Gang 90 para o 2° álbum.

Morte editar

Em 6 de julho de 1984, Júlio morreu após cair de seu apartamento, no 11° andar do edifício Ana Maria, onde morava, na rua Conselheiro Brotero, em Santa Cecília, no centro de São Paulo.[1] Nunca se soube se foi um suicídio ou morte acidental.[6] A teoria mais aceita é que foi um acidente, pois relatos informavam que sua cama ficava ao lado da janela e no mesmo dia ele ensaiaria com sua banda, o que não aconteceu, pois o cantor alegou que não estava se sentido bem.[8]

Legado editar

Em 1991, sua irmã, Denise Barroso, lançou o livro póstumo, A Vida Sexual do Selvagem, em homenagem ao irmão.[5]

Em 2019 foi lançado o livro A Wave is a Wave[9], organizado por Natalia Barros e contendo textos e ilustrações inéditas de Julio Barroso.[10][11]

Notas

  1. Data de nascimento confirmada pela Família Barroso.

Referências

  1. a b c d e f g Bryan*, Guilherme (23 de fevereiro de 2019). «Júlio Barroso e a Gang 90: a história do beatnik e 'marginal conservador' que ajudou a fundar o rock brasileiro dos anos 1980». Rolling Stone. Consultado em 3 de fevereiro de 2023 
  2. Luiz André Alzer, Mariana Claudino (2004). «Almanaque Anos 80». Google Books. Consultado em 11 de setembro de 2012 
  3. a b «Quem foi Júlio Barroso. E os anos 1980 no pop brasileiro». Nexo Jornal. Consultado em 3 de fevereiro de 2023 
  4. «O pioneiro da new wave brasileira». VEJA SÃO PAULO. Consultado em 3 de fevereiro de 2023 
  5. a b c d e Cultural, Instituto Itaú. «Júlio Barroso». Enciclopédia Itaú Cultural. Consultado em 3 de fevereiro de 2023 
  6. a b «Perdido na selva». Trip. Consultado em 3 de fevereiro de 2023 
  7. «Cultura Brasil - Estúdio F - Júlio Barroso». cmais+. Consultado em 3 de fevereiro de 2023 
  8. Bryan*, Guilherme (23 de fevereiro de 2019). «Júlio Barroso e a Gang 90: a história do beatnik e 'marginal conservador' que ajudou a fundar o rock brasileiro dos anos 1980». Rolling Stone. Consultado em 3 de janeiro de 2024 
  9. «wave – Selo Demônio Negro». Consultado em 3 de fevereiro de 2023 
  10. «Adriana de Barros - Com 16 artistas no palco, Gang 90 homenageia Julio Barroso em show em SP». entretenimento.uol.com.br. Consultado em 3 de fevereiro de 2023 
  11. «Gang 90 – Site Oficial». www.gang90.com. Consultado em 3 de fevereiro de 2023