Joel Rufino dos Santos
Joel Rufino dos Santos (Rio de Janeiro, 19 de junho de 1941 – Rio de Janeiro, 4 de setembro de 2015) foi um historiador, professor e escritor brasileiro,[1] tendo sido um dos nomes de referência sobre o estudo da cultura africana no país. Sua família é de origem pernambucana. No futebol era torcedor do Botafogo e no samba da escola de samba Estação Primeira de Mangueira.
Joel Rufino dos Santos | |
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Nascimento | 19 de junho de 1941 Rio de Janeiro |
Morte | 4 de setembro de 2015 (74 anos) Rio de Janeiro |
Nacionalidade | Brasileiro |
Ocupação | historiador, professor e escritor |
Prémios | Prémio Jabuti 1979 |
Magnum opus | Carolina Maria de Jesus: uma escritora improvável |
Nascido no bairro de Cascadura, cresceu apreciando a leitura de histórias em quadrinhos. Em suas próprias palavras:
“ | Como tantos escritores eu tive alguém, na infância, que me viciou em histórias. Lia gibis escondido, o que, possivelmente, ampliou o seu fascínio. E a Bíblia, ao invés de tomá-la como livro sagrado, tomei-a como livro maravilhoso de histórias, e como manual de estilo. Tudo se passou em Cascadura e Tomás Coelho, subúrbios antigos do Rio, onde se pode ser feliz ou infeliz como em qualquer lugar. | ” |
Ainda em suas palavras, sobre as obras importantes na sua formação:
“ | Filho nativo, de Richard Wright; Casa Grande & Senzala, de Gilberto Freire; O Ateneu, de Raul Pompéia; Terras do Sem-Fim, de Jorge Amado; O escravo, de Hall Caine; O Tempo e o Vento, de Érico Veríssimo; o Manifesto comunista, de Marx e Engels … A lista é comprida. O decisivo não é o livro em si, mas a altura da vida em que você o lê. Esses foram os do começo da minha juventude. | ” |
Já adulto, foi exilado por suas idéias políticas contrárias à ditadura militar então em vigor no país. Morou algum tempo na Bolívia, sendo detido quando de seu retorno ao Brasil (1973).
Doutor em Comunicação e Cultura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), onde lecionou Literatura, como escritor tem extensa obra publicada: livros infantis, didáticos, paradidáticos e outros. Trabalhou como colaborador nas minisséries Abolição, de Walter Avancini, transmitida pela TV Globo (22 a 25 de novembro de 1988) e República (de 14 a 17 de novembro de 1989).
Escritor premiado, já ganhou por duas vezes o Prêmio Jabuti de Literatura, o mais importante no país, e foi duas vezes finalista do Prêmio Hans Christian Andersen, o “Nobel” da literatura infantojuvenil. [3].
Faleceu no dia 04 de setembro de 2015, em razão de complicações de uma cirurgia cardíaca realizada três dias antes. Nessa época, ocupava o cargo de Diretor de Comunicação (DGCOM) do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. Foi subtitular da Secretaria Extraordinária de Defesa e Promoção das Populações Negras do Estado do Rio de Janeiro e subsecretário estadual de Direitos Humanos do Estado do Rio de Janeiro, entre ouros cargos. Presidiu a Fundação Cultural Palmares do Ministério da Cultura, coordenou o projeto A Rota dos Escravos, da Unesco. Em 1997, recebeu a Medalha de Honra Rio Branco, do Itamaraty. [1]
Obras
editarRomance
editar- Crônica de indomáveis delírios, 1991
- Claros sussurros de celestes ventos, 2012
Infanto-juvenil
editar- O caçador de lobisomem, ou, o estranho caso do cussaruim da Vila do Passavento, 1975
- Marinho, o marinheiro, e outras histórias, 1976
- Aventuras no pais do pinta-aparece e outras histórias,1977
- O curupira e o espantalho, 1978
- Uma estranha aventura em Talalai, 1978
- Quatro dias de rebelião, 1980
- O noivo da cutia, 1980
- A pirilampéia e os dois meninos de Tatipurum, 1980
- O soldado que não era, 1983
- Historia de Trancoso, 1983
- A botija de ouro, 1984
- Dudu Calunga, 1986
- Rainha Quiximbi, 1986
- Ipupiara, o devorador de índios, 1990
- Uma festa no céu, 1995
- Gosto de África, 1998
- Cururu virou pajé, 1999
- O curumim que virou gigante, 2000
- O presente de Ossanha, 2000
- O Saci e o Curupira, 2000
- O grande pecado de Lampião e sua terrível peleja para entrar no céu, 2005 (ilustrações de Jô Oliveira)
- Vida e morte da onça-gente, 2006
- O jacaré que comeu a noite, 2007
- Na rota dos tubarões, 2008
- Robin Hood, 2001
Não-ficção
editar- História nova do Brasil. São Paulo (co-autoria), 1963
- História nova do Brasil IV, 1964
- O descobrimento do Brasil (Coleção História Nova 1), 1964
- As invasões holandesas (Coleção História Nova 3), 1964
- A expansão territorial (Coleção História Nova 4), 1964
- Independência de 1822 (Coleção História Nova 6), 1964
- Da independência à República (Coleção História Nova 7), 1964
- O Renascimento, a Reforma e a Guerra dos Trinta Anos, 1970
- República: campanha e proclamação, 1970
- Mataram o presidente (co-autoria), 1976
- História do Brasil, 1979
- O dia em que o povo ganhou, 1979
- O que é racismo, 1982
- Constituições de ontem, constituinte de hoje, 1987
- Zumbi, 1985
- Abolição, 1988
- Afinal quem fez a República?, 1989
- História, histórias. São Paulo: Editora FTD, 1992
- Atrás do muro da noite: dinâmica das culturas afro-brasileiras (com Wilson dos Santos Barbosa), 1994
- História política do futebol brasileiro, 1981
- Quando eu voltei, tive uma surpresa, 2000
- Paulo e Virgínia: o literário e o esotérico no Brasil atual, 2001
- Épuras do social: como podem os intelectuais trabalhar para os pobres, 2004
- Quem ama literatura não estuda literatura, 2008
- Assim foi se me parece: livros, polêmicas e algumas memórias, 2008
- Carolina Maria de Jesus- uma escritora improvável, 2009
- A história do negro no teatro brasileiro, 2014
- Saber do negro, 2015
Referências
- ↑ a b Flávia Villela e Maria Claudia (4 de setembro de 2015). «Morre o escritor, professor e historiador Joel Rufino dos Santos». Agência Brasil. Consultado em 4 de setembro de 2015
- ↑ a b Entrevista: Joel Rufino dos Santos
- ↑ http://joelrufinodossantos.com.br/paginas/premios.asp