Seneca

Onödowá'ga:'

Falado(a) em: Estados Unidos, Canadá
Região: Oeste de Nova Iorque (estado), na reserva das 6 nações 40 em Ontárioe em Oklahoma
Total de falantes: 100 (2007)
Família: Iroquesa
 Iroquesa Setentrional
  Lake Iroquoian
   Five Nations
    Seneca–Cayuga
     Seneca
Códigos de língua
ISO 639-1: --
ISO 639-2: ---
ISO 639-3: see

Seneca /ˈsɛnɪkə/[1] (em Seneca, Onödowá'ga: ou Onötowá'ka:) é a língua dos Senecas, uma das seis nações da liga dos Iroqueses. Cerca de 10 mil pessoas dessa etnia vivem nos Estados Unidos e Canadá, principalmente nas reservas do oeste de Nova Iorque (estado) e na reserva das 6 nações 40 em Brantford, Ontário. Hoje cerca de uma centena de pessoas a falam, mas já há esforços de revitalização desde 2013.

Escrita editar

A língua seneca tem sua forma escrita bem simplificada com o uso do alfabeto latino. As vogais são sete: A, Ä, E, Ë, I, O, Ö; usam-se os ditongos Ae, Ai, Ao, Ea, Ei, Eo, Oi, Aë, Aö, Eö, Oë; as consoantees são 9: H, J, K, N, S, T, W, Y, ?/’.

Fonologia editar

Consoantes editar

As consoantes Seneca sonoras são as Ressonantes /y/, /w/, /n/, e a as Obstruentes /t/, /k/, /s/, /j/, /h/, /ʔ/.[2]

Dental and
alveolar
Postalveolar
e palatal
Velar Glotal
Nasal oclusiva n
Oclusiva t k ʔ
Africada d͡z d͡ʒ
Fricativa s ʃ{ h
Aproximante j w

Ressonantes editar

 
Sinal em língua seneca na reserva Cattaraugus

/j/ - é e uma palatina semivogal. Depois de um [s] a vogal tênue e fricativa [ç]. Após [h] é surda [j̊], em variação livre com um alofone fricativo [ç]. Depois de [k] é sonora e opcionalmente fricativa [j], em conjunto com um alofone fricativa [ʝ]. Caso contrário, é uma sonora não fricativa [y]. / w / é uma semivogal velar. É expressa arredondada [w]. / n / é liberada como apico-alveolar nasal [n̺].[3]

Obstruentes editar

As obstruentes podem também ser sub-classificadas como obstruentes orais /t/, /k/, /s/, /dʒ/, obstruentes laringeais /h/ e /ʔ/.[4]

Obstruentes orais editar

/ t / é uma parada apico-alveolar [t̺]. É surda e aspirada] [t]] antes de uma obstruente ou uma junção aberta (mas é dificilmente audível entre uma vogal nasalizada e uma junção aberta). É sonora e expressa [d̺] antes de uma vogal e ressonante.

/ k / é uma oclusiva dorso-velar [k]. É surda e aspirada [kʰ] antes de uma junção obstruente ou aberta. É sonora e liberada [g] antes de uma vogal ou ressonante.

/ s / é um espirante com articulação do sulco lâmina-alveolar [s]. É sempre surda e é fortis [s] em todo local, exceto entre vogais. Antes de [j] é palatalizado [ʃ]. É lenis [s˯] intervocalicamente.[3]

/ dʒ / é uma africada alveolar sonora [dz]. Antes de [i] é opcionalmente palatalizado [dz] em variação livre com [dź].[5]

Obstruentes laringeais editar

/h/ é um segmento surdo [h] “colorido” por uma vogal e / ou ressonante imediatamente anterior e / ou seguinte.

/ ʔ / é uma parada glotal [ʔ].[5]

Vogais editar

A vogais podem ser sub-classificadas em Orais /i/, /e/, /æ/, /a/, /o/, ou nasalisadas /ɛ/, /ɔ/.[3]

  Anterior Posterior
Fechada i u
Meio fechada e o
Meio aberta ɛ̃ ɔ̃
(quase) Aberta æ[6] ɑ

A ortografia descrita aqui é aquela usada pelo Projeto de Educação Bilíngue Seneca.

As vogais nasais, / ɛ̃ / e / ɔ̃ /, são transcritas com trema no topo: ⟨ ë ö⟩. Dependendo do ambiente fonético, a vogal nasal ⟨ ë⟩ pode variar entre [ɛ̃] e [œ̃], enquanto ⟨ ö⟩ pode variam de [ɔ̃] para [ɑ̃].[6] As vogais longas são indicadas com um ⟨:⟩, enquanto a tonicidade é indicada com um acento aguda acima da letra.[7]

Vogais orais editar

/ i / é uma vogal frontal alta [i].

/ e / é uma vogal frontal alta-média. Seu alofone alto [ɪ] ocorre na posição pós-concêntrica antes de [i] ou um obstruente oral. Seu baixo allophone [e] ocorre em todos os outros ambientes.

/ æ / é uma vogal frontal baixa [æ].

/ a / é uma vogal central baixa. Seu alto alofone [ʌ] ocorre em posição pós-consonantal antes de [i], [w], [j] ou de uma obstruente oral. Seu alofone baixo [ɑ] ocorre em todos os outros ambientes. Antes de [ɛ] ou [ɔ] é nasalizado [ã].

/ o / é uma vogal no posterior medial. É fracamente arredondada. Seu alofone alto [ʊ] ocorre em posição pós consonantal antes de [i] ou obstruente oral. Seu alofone baixo [o] ocorre em todos os outros ambientes.[3]

Vogais nasais editar

/ is / é uma vogal frontal baixa-média. É nasalizado [ɛ̃].

/ ɔ / é uma vogal posterior. É fracamente arredondado e nasalizado [ɔ̃].[3]

Ditongos editar

Os seguintes ditongos são orais: ae, ai, ao, ea, ei, eo, oa, oe, and oi.

Os ditongos nasais são aë, aö, eö, and oë.[8]

Fonemas prosódicos editar

A tonicidade é, ou forte – marcada com acento agudo, ou fraca – sem marcação.

A extensão da vogal é marcada por ⟨:⟩.

Juntura aberta é marcada por um espaço na palavra.[4]

Revitalização editar

Em 1998, foi fundada a “Seneca Faithkeepers School” como uma escola para ensinar a língua e as tradições Seneca para crianças.[9]Em 2010, uma professora nível K-5 S de Seneca, Anne Tahamont foi reconhecida por seu trabalho com alunos na Silver Creek School na produção de documentação sobre a língua num trabalho denominado "Documenting the Seneca Language' using a Recursive Bilingual Education Framework" na Conferência Internacional sobre Documentação e Conservação de Línguas (ICLDC).[10]

No verão de 2012

Menos de 50 falantes nativos da “Seneca Nation of Indians” concordaram no fato da língua estar em perigo de extinção. Felizmente um fundo Federal de U$200 mil,000 federal garantiu para o “Seneca Language Revitalization Program” uma parceria com o Rochester Institute of Technology que vai desenvolver para computador um catálogo amigável paraque futuras gerações possam estudar e falar a língua.

Esse programa de revitalização garante, premiado pelo “RIT's Native American Future Stewards Program, foi projetado para fortalecer a usabilidade da língua Seneca.[11]

O projeto disponibilizará um dicionário e um guia da língua em forma de programa de uso amigável para computador."[12] "Robbie Jimerson, estudante residente graduado no programa científico para computador do RIT da Reserva Indígena próxima a Buffalo, o qual trabalho no projeto, comentou: "Meu avô sempre disse que uma piada em Seneca té sempre mais engraçada do que em inglês."[13] Em janeiro de 20213, um "app" para a língua SEneca estava sendo desenvolvido.<ef>Diana Louise Carter (7 de janeiro de 2013). «Want to speak Seneca? There's an app for that». Press & Sun-Bulletin. Consultado em 12 de janeiro de 2013 </ref>

No outono de 2012, pessoas que aprendiam Seneca o faziam com mentores que eram falantes fluentes nativos da língua e publicaram um jornal em Seneca, o ”Gae:wanöhge′! Seneca Language, disponível online.[14]

Mesmo que a emissora de rádio WGWE (cujo sigla vem "gwe," a palavra Seneca com significado aproximado "what's up?") transmita basicamente em inglês, ela apresenta diariamente o programa "Seneca Word of the Day" antes do noticiário do meio-dia. Também divulga algumas canções em língua Seneca e por vezes usa a língua de forma intercalada em sua programação, sempre buscando aumentar a importância da língua junto ao público em geral.

Em 2013, foi difundido pelo rádio um evento de esportes totalmente falado na língua e alguns estudantes do ensino médio foram anunciantes num jogo de lacrosse.[15]

Amostra de texto editar

Wayatihãẽ’ ne nyakwai’ khuh ne tyihukwaes. Ne’ nyakwai’ thutẽcunih tyawe’ũh teyucũtaikũke’ũ thutẽcunih. Taneke’ũ tyihukwaes neke’ũ ẽyuhẽsek. Teyu’kœhtũk, teyu’koœhtũk, teyu’kœhtũk. Tyihukwaes wãẽ’: ẽyuhẽsek, ẽyuhẽsek, ẽyuhẽsek. Tanenekyũ’ tyihukwaes waatkwenii’. Tanekyũ’ kayũnih ne’ unẽh wa’uhẽt wa’u’kœ khuh. Tanenẽhke’ũ waunũ’khwẽ’ ne nyakwai’ taneke’ũ uthuchiyuu’ ne tyihukwaes haswe’nũkeh. Tanenẽ’kyũ’ kayũnih sẽniyũ tetya’tetanũ haswe’nũkeh ne’ tyihukwaes.

Português

O urso e a tâmia brigaram. O urso queria que fosse noite o tempo todo, diz-se . A Tâmia, diz-se, queria que houvesse dia e noite. O urso dizia: "Escuro todo o tempo, escuro o tempo todo escuro o tempo todo" . A Tâmia disse: " Dia e noite, noite e dia, dia e noite". Então, diz-se, a Tâmia ganhou. É por isso que agora amanhece e anoitece. Então, diz-se , o urso ficou irritado . Ele arranhou a Tâmia nas costas. É por isso que a Tâmia tem três listras para nas suas costas.[16]

Notas editar

  1. Laurie Bauer, 2007, The Linguistics Student's Handbook, Edinburgh
  2. Chafe, 1960. p. 12
  3. a b c d e Chafe, 1967, p. 5
  4. a b Chafe, 1960, p. 12
  5. a b Chafe, 1967, p. 6
  6. a b Campbell, George L. (2004). Compendium of the World's Languages. [S.l.]: Taylor & Francis. p. 1474. ISBN 0-415-20297-3 
  7. Harvey, Christopher (22 de fevereiro de 2008). «Onödowága – Seneca». The LinguaSphere Online. Consultado em 27 de junho de 2008 
  8. Holmer, 1952, p. 217
  9. Dan Herbeck (5 de junho de 2004). «Seneca Faithkeepers School Tries to Keep Alive the Tribe's Traditional Ways, Language». Canku Ota (Many Paths) An Online Newsletter Celebrating Native America (114). Consultado em 27 de setembro de 2012 
  10. Nicole Gugino. «Teacher feted for work with language of the Senecas». The Observer, ObserverToday.com. Consultado em 27 de setembro de 2012 
  11. «RIT Partners with Seneca Nation to Preserve 'Endangered' Language». Consultado em 27 de setembro de 2012 
  12. Tim Louis Macaluso (4 de julho de 2012). «New life for Seneca language». City Newspaper. Consultado em 27 de setembro de 2012 
  13. «RIT Partners with Seneca Indian Nation to Preserve 'Endangered' Native Language». RIT News. Consultado em 27 de setembro de 2012. Arquivado do original em 12 de dezembro de 2012 
  14. «Gae:wanöhge′! Seneca Language Newsletter» (PDF). Volume Gë:ih (Issue Johdö:h). 2012. Consultado em 27 de setembro de 2012 
  15. «Students announce lacrosse games in Seneca language». The Observer, ObserverToday.com. Dunkirk, NY. 10 de maio de 2013. Consultado em 13 de maio de 2013 
  16. [1] Seneca Lsaguage Museum]

Bibliografia editar

  • Chafe, Wallace L. 1960. Seneca Morphology I: Introduction. International Journal of American Linguistics 26.11–22.
  • Chafe, Wallace L. Chafe, Wallace L. (1967). Seneca Morphology and Dictionary. [S.l.]: Smithsonian Institution. Consultado em 14 de junho de 2015 
  • Chafe, Wallace L. 2007. Handbook of the Seneca Language. Albany, New York: Global Language Press.
  • Holmer, Nils M. 1952. Seneca II. International Journal of American Linguistics 15.217–222.
  • Preston, W.D., Voegelin, C. F. . 1949. Seneca I. International Journal of American Linguistics 15.23–44.
  • Chafe, Wallace. «Publications on the Seneca Language». Consultado em 12 de janeiro de 2013 
  • Chafe, Wallace L. 1963. Handbook of the Seneca Language. New York State Museum and Science Service. (Bulletin No. 388). Albany, N.Y. Reprinted 2007, Toronto: Global Language Press, ISBN 978-1-897367-13-1.
  • Chafe, Wallace L. 1997, "Sketch of Seneca, an Iroquoian Language", in Handbook of North American Indians, Volume 17: Languages, pp. 551–579, Goddard, Ives and Sturtevant, William C. (Editors), Smithsonian Institution, ISBN 0-16-048774-9.

Ligações externas editar