O Lab Macambira é um coletivo dedicado ao desenvolvimento e hacking de Software Livre ou FLOSS com o objetivo de suprir a forte demanda por um maior número de programadores qualificados em tecnologias livres atuando em áreas estratégicas para a comunidade tanto cultural e socialmente como em aspectos de ciência e tecnologia de ponta no Brasil.[1] Fundado em 2011 em homenagem a Cleodon Silva, empreendedor social falecido em junho de 2011, o Lab Macambira deve seu nome ao pseudônimo literário e revolucionário de Silva: Pedro Macambira. O Lab foi inicialmente constituído por associação voluntária de diversos brasileiros qualificados na área de computação e TI, incluindo professores universitários, ex-googlers e lideranças do movimento da cultura digital livre e de outros coletivos culturais e ONGs.[2]

Lab Macambira
(AA)
Lab Macambira
Logotipo do coletivo. Um M de Macambira é formado pela junção de dois A's circulados por um O, (AA).
Lema "AA é *o* Acrônimo Ambíguo. Audiovisual Activism. Algorithmic Autoregulation."
Tipo Comunidade virtual;
Associação voluntária;
Hacktivismo
Fundação 2011-Presente
Propósito Promover a Programação do Software Livre para fins

Comunitários, Científicos e Artísticos

Sede Distribuída (principalmente São Carlos e Nova Friburgo)
Membros Grupo de afinidade descentralizado
Línguas oficiais Português, Inglês
Voluntários > 15
Área de influência Mundo, Brasil
Sítio oficial http://labmacambira.sf.net

Produção editar

O Lab Macambira já teve seu código incorporado a uma grande lista de programas bem-estabelecidos, tendo contribuído efetivamente como o Mozilla Firefox, o pure data/Gem, Scilab/SIP, Evince, Ekiga, Chuck, dentre outros.[2] [3] [4] Também desenvolve projetos próprios como a metodologia AA (Algorithmic Autoregulation),[5] [6] o instrumento artístico AirHackTable, Live Coding, os sistemas web da Conferência Permanente, e o Ágora Communs/Delibera, muitos tendo sido apresentados em conferências e festivais de software livre e cultura digital. [7] [8] [9] [10] Dentre os usuários e clientes da sua tecnologia destacam-se a ONU [11] [12], a empresa Ethymos, a Sharp Corporation, o Pontão Nós Digitais e a Teia Casa de Criação, o coletivo Transparência Hacker, a Universidade de São Paulo (USP), a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e outros centros de pesquisa no Brasil e no exterior. [2]

 
AirHackTable Instrument artístico interativo que gera sons através de algoritmos de visão computacional que processam um vídeo de origamis flutuantes de diferentes cores e formas

Metodologia de trabalho editar

As atividades do time são realizadas dentro da metodologia AA,[5][6] o coração do Lab Macambira, no qual o programador utiliza tecnologias sociais como IRC para chat em grupo, conceitos de microblogging (a.k.a. "tweeting"), controle de versões (Git), Gerenciador de tarefas Trac, e a realização contínua de screencasts, de forma a documentar e viabilizar a atuação de forma remota e descentralizada.[13] A produção deste material é agregada por um site customizável, o pAAinel, similar ao iGoogle mas para sincronizar e gerenciar a ação de times descentralizados de programadores.[1] [14]


Estrutura de liderança editar

O Lab Macambira atua baseado em princípios marcadamente similares à filosofia de diversos outros grupos tais como o Anonymous ou empresas progressivas como o Google.[15] O coletivo é totalmente descentralizado, sem sede física nem liderança estabelecida, com os membros trabalhando remotamente através da metodologia AA.[5][6] Também não possui um CNPj central. Atua também minimizando o conceito de autoridade, tendo apenas hierarquia rasa e circunstancial inevitável, baseada no princípio de meritocracia para designar liderança espontânea dependendo dos projetos sendo desenvolvidos e da disposição de tempo de cada membro.[15] Tais conceitos são empregados em menor grau nas empresas progressivas de hoje, como o Google, em antagonia ao Fordismo, visando aumentar a capacidade de adaptação a novas situações.

O líder circunstancial é de fato Renato Fabbri, que tem investido em angariar recursos e iniciar colaborações e novos projetos, bem como no desenvolvimento de tecnologia de áudio e web; Ricardo Fabbri auxilia Renato em sua gestão e é líder técnico na área de processamento de Vídeo, programação de sistemas e nas parcerias acadêmicas; e Vilson Vieira lidera projetos de tecnologias web e de áudio. Daniel Marostegan e Carneiro também participa na liderança das decisões devido ao seu empenho e auxílio financeiro ao Lab Macambira através do Pontão Nós Digitais. O Lab Macambira conta ainda com diversos outros membros igualmente importantes, a maioria remunerada. O peso de cada membro nas decisões do coletivo depende do empenho e tempo investidos (meritocracia).[15]

Os membros do Lab Macambira primam pela despersonificação e para tal utilizam diversos pseudônimos e nicks/apelidos para minimizar a formação de hierarquias, para cultivar o anonimato e para o livramento da amarra que é necessidade de satisfação da auto-imagem.

Equipe editar

O coletivo atualmente conta com cerca de 15 membros remunerados e de espírito voluntário, obtendo renda considerável através da prestação de serviços (freelancing) em programação de software, produção de sites de código aberto, e treinamento em software livre e soluções na área áudio-visual para empresas, ONGs e o governo brasileiro (notadamente através de projetos de Pontos de cultura). Os projetos do Lab Macambira são centrados no desenvolvimento de software livre nas áreas de processamento de áudio, processamento de vídeo e sistemas web, procurando priorizar projetos de impacto cultural e tecno-científico mais amplos. Seus membros procuram decidir individualmente a relevância cultural e científica de cada proposta recebida, aceitando somente as que atendem os interesses do grupo em um dado momento e dos membros involvidos. A principal condição é que o código resultante seja livre e abertamente documentado, e que o cliente cite explicitamente o lab macambira em seu trabalho.[1] [14]


Origens editar

Em junho de 2011 o coletivo foi formado por 4 profissionais de TI e ativistas de cultura digital: Renato Fabbri (iniciador), Ricardo Fabbri, Vilson Vieira e Daniel Marostegan e Carneiro.[15] O Lab Macambira foi iniciado com fundos do projeto do Pontão Nós Digitais da ONG Teia Casa de Criação. O Pontão é coordenado por Daniel Marostegan e Carneiro e fora concebido por membros da Teia. Sendo assim, durante 2011 o Lab Macambira manteve laços estreitos com o Pontão Nós Digitais e o braço de cultura digital da ONG Teia, Casa de Criação. Desde o início, no entanto, foi claro que o Lab Macambira deveria se tornar auto-suficiente através da prestação de serviço em massa a outros coletivos e empresas privadas.[15] No início de 2012, conforme planejado, os fundos oriundos do Pontão Nós Digitais se findaram, sendo que o Lab Macambira agora paga seus membros e adquire recursos empregando sua capacidade produtiva à prestação de serviços e aquisição de seus próprios projetos de financiamento (projetos de pesquisa e de incentivo cultural).

Referências

  1. a b c Renato Fabbri e Equipe Macambira, Lab Macambira: Tecnologias Sociais de Alta Demanda[ligação inativa], 2011.
  2. a b c Lab Macambira Wiki
  3. Danilo Roberto Shiga, Uma Contribuicao do Lab Macambira ao Mozilla Firefox
  4. Andres Martano, Uma Contribuição do Lab Macambira ao Ekiga
  5. a b c Artigo publicado no RESI, v. 13, n. 2, The Algorithmic Autoregulation Software Development Methodology, 2014
  6. a b c Artigo publicado no XX Encontro Nacional de Modelagem Computacional, The Algorithmic-Autoregulation (AA) Methodology and Software: a collective focus on self-transparency, 2017
  7. «Programação Completa do Festival Contato». Consultado em 2 de fevereiro de 2012. Arquivado do original em 30 de dezembro de 2011 
  8. Festival Internacional de Cultura Digital Espaço Macambira no FICD Arquivado em 3 de março de 2016, no Wayback Machine.
  9. Digitália, Lista de Trabalhos Aprovados Arquivado em 9 de janeiro de 2012, no Wayback Machine.
  10. Felipe Fonseca, LABX::Festival Culturadigital.br[ligação inativa], 2012
  11. ONU, Right to Housing[ligação inativa], which uses the sytem developed jointly by Lab Macambira and Ethymos Arquivado em 31 de março de 2012, no Wayback Machine. (see reference to Ethymos at the bottom)
  12. Michele Torinelli, Redes livres atuando em redes, jan 2012
  13. Lab Macambira, Canal do Vimeo de Screencasts do Lab Macambira
  14. a b Assessoria de comunicação do IFSC, Informática em favor da minoria, 2011
  15. a b c d e Rádio UFSCAR, Entrevistas do Lab Macambira no programa Frequência Aberta Arquivado em 31 de março de 2012, no Wayback Machine., 2011

Ver também editar

Ativismo
Artigos Relacionados

Ligações externas editar