Lizardite é um mineral pertencente ao subgrupo serpentina[3] com fórmula química Mg
3
(Si
2
O
5
)(OH)
4
, sendo o mineral mais comum daquele subgrupo.[4] A lizardite é também membro do grupo caulinite-serpentina.[5] O nome «lizardite» foi proposto em 1955 por Eric James William Whittaker e Jack Zussman, tomando como epónimo o local em que o mineral foi descrito pela primeira vez, a Península Lizard, (em córnico: An Lysardh), no sul da Cornualha, Reino Unido. Scyelite é um sinónimos de lizardite.[1]

Lizardite
Lizardite
Classificação Strunz 9.ED.15
Cor Verde, castanho, amarelo-claro a branco
Fórmula química Mg
3
(Si
2
O
5
)(OH)
4
[1]
Propriedades cristalográficas
Sistema cristalino Trigonal
Classe de simetria Lz[2]
Propriedades físicas
Densidade 2,55
Dureza 2,5
Brilho resinoso, ceroso, oleoso
Risca branco
Lizardite.

Descrição editar

A lizardite pode formar uma série de solução sólida com a népouite, um mineral rico em níquel (termo-final puro: Ni
3
(Si
2
O
5
)(OH)
4
). Composições intermediárias do tipo (Mg,Ni)
3
(Si
2
O
5
)(OH)
4
são possíveis, com proporções variadas de magnésio e níquel. [6] No entanto, o membro final da lizardite é muito mais comum que a népouite pura, um mineral relativamente raro, mais frequentemente formado pela alteração de rochas ultramáficas.

Lizardite escamosa extremamente fina (também chamada ortoantigorite) corresponde a grande parte dos minerais do subgrupo serpentina presentes nos mármores serpentiníticos. São cristais triclínicos, com uma direção de clivagem perfeita, podendo apresentar coloração branca, amarela ou verde. A lizardite é translúcida e macia e pode ser um pseudomorfo da enstatite, olivina ou piroxena, sendo nesse caso aplicado o nome bastite. A bastite pode ter um brilho sedoso.[1]

A antigorite e a lizardite em geral coexistem em equilíbrio metaestável,[7]:24 sendo que a lizardite pode ser transformada em antigorite a temperaturas superiores a 350 ºC.[8](p712) A lizardite contém H2O em excesso em relação à sua fórmula nominal, tal como o crisótilo. Tem um elevado teor em Fe2O3 e um baixo teor em FeO,[9](p8) tendo sido determinado que a lizardite apresenta também elevado teor de SiO2 e baixo teor em Al2O3.[10](p193)

A formação de lizardite é em geral o resultado do metamorfismo hidrotermal ou do metamorfismo retrógrado de minerais máficos, tais como as olivinaa, piroxenas ou anfíbolas, em rochas ultrabásicas.[11]

A lizardite é de ocorrência comum nos ofiolitos[12] onde ocorrem em crescimentos entrelaçados com brucite.[9](p8) Também ocorre em conjunto com magnetite[11] e outros minerais do subgrupo serpentina.[13]:118–119

No Canadá foi em 1989 um espécime de lizardite em Mont-Saint-Hilaire, Quebec, onde ocorre em pegmatitos alterados.[14]:184 Nos Estado Unidos ocorre em diversa localidades.[15] Na Pennsylvania foi descoberta na década de 1960,[16](p55) onde é um mineral abundante no Nottingham County Park.[17] No Minnesota ocorre nas margens norte do Lago Superior.[1] Em Montana, a formação conhecida por Complexo Ígneo de Stillwater é rica neste mineral mineral.[15]

No Reino Unido a lizardite tem a sua localidade tipo na Lizard Peninsula, Cornwall.[1] A Escócia é uma importante fonte de lizardite.[18] A lizardite foi também descoberta no País de Gales. Em Holy Island, Anglesey, a lizardite ocorre associada com antigorite.[11]

Na África do Sul, a lizardite ocorre na Frank Smith mine, onde é o mineral do subgrupo serpentina dominante.[10](p212) A lizardite de Orange ocorre na Wessels mine.[19]

Entre outros locais, ocorre também no Japão, Itália e Austrália.[20]

Referências editar

  1. a b c d e «Lizardite» in MinDat.org.
  2. Warr, L.N. (2021). «IMA–CNMNC approved mineral symbols». Mineralogical Magazine. 85 (3): 291–320. Bibcode:2021MinM...85..291W. doi:10.1180/mgm.2021.43  
  3. Allaby, Michael (9 de janeiro de 2020). A Dictionary of Geology and Earth Sciences (em inglês). [S.l.]: Oxford University Press. ISBN 978-0-19-257570-8 
  4. «Lizardite gemstone information». www.gemdat.org. Consultado em 26 de outubro de 2021 
  5. Gaines, Richard V.; Skinner, H. Catherine W.; Foord, Eugene E.; Mason, Brian; Rosensweig, Abraham (1997). Dana's new mineralogy : the system of mineralogy of James Dwight Dana and Edward Salisbury Dana. 8th, entirely rewritten and greatly enl. ed. New York: Wiley. ISBN 978-0471193104 
  6. Brindley, G.W.; Wan, Hsien-Ming (1975). «Compositions, structures, and thermal behavior of nickel-containing minerals in the lizardite-nepouite series». American Mineralogist. 60: 863–871. Consultado em 3 Novembro 2021 
  7. Alexander, Earl B.; Coleman, Robert G.; Keeler-Wolfe, Todd; Keeler-Wolfe, Senior Vegetation Ecologist Wildlife and Habitat Data Analysis Branch Todd; Harrison, Susan P. (22 de março de 2007). Serpentine Geoecology of Western North America: Geology, Soils, and Vegetation (em inglês). [S.l.]: Oxford University Press, USA. ISBN 978-0-19-516508-1 
  8. Earth and Life Processes Discovered from Subseafloor Environments: A Decade of Science Achieved by the Integrated Ocean Drilling Program (IODP) (em inglês). [S.l.]: Elsevier. 3 de dezembro de 2014. ISBN 978-0-444-62611-0 
  9. a b Roberts, B. A.; Proctor, J. (6 de dezembro de 2012). The Ecology of Areas with Serpentinized Rocks: A World View (em inglês). [S.l.]: Springer Science & Business Media. ISBN 978-94-011-3722-5 
  10. a b Deer, William Alexander; Howie, Robert Andrew; Zussman, J. (2009). Rock Forming Minerals: Layered Silicates Excluding Micas and Clay Minerals, Volume 3B (em inglês). [S.l.]: Geological Society of London. ISBN 978-1-86239-259-5 
  11. a b c «Mineral Database - Mineralogy of Wales». National Museum Wales (em inglês). Consultado em 26 de outubro de 2021 
  12. Laurora, Angela; Brigatti, Maria Franca; Maiferrari, Daniele; Galli, Ermanno; Rossi, Antonio; Ferrari, Massimo (2011). «The crystal chemistry of lizardite-1T from northern Apennines ophiolites near Modena, Italy» (PDF). The Canadian Mineralogist. 49 (4): 1045–1054. doi:10.3749/canmin.49.4.1045. Consultado em 3 Novembro 2021 
  13. Pichler, Hans; Schmitt-Riegraf, Cornelia (6 de dezembro de 2012). Rock-forming Minerals in Thin Section (em inglês). [S.l.]: Springer Science & Business Media. ISBN 978-94-009-1443-8 
  14. Mandarino, Joseph Anthony; Anderson, Violet (31 de março de 1989). Monteregian Treasures: The Minerals of Mont Saint-Hilaire, Quebec (em inglês). [S.l.]: CUP Archive. ISBN 978-0-521-32632-2 
  15. a b «Lizardite». National Gem Lab (em inglês). 14 de março de 2017. Consultado em 27 de outubro de 2021 
  16. Montgomery, Arthur (2008). Mineralogy of Pennsylvania 1922-1965: Supplementing and Updating Gordon's the Mineralogy of Pennsylvania (1922) (em inglês). [S.l.]: Academy of Natural Sciences. ISBN 978-1-4223-1786-0 
  17. Pazzaglia, Frank James (1 de janeiro de 2006). Excursions in Geology and History: Field Trips in the Middle Atlantic States (em inglês). [S.l.]: Geological Society of America. 19 páginas. ISBN 978-0-8137-0008-3 
  18. «Serpentine Value, Price, and Jewelry Information - Gem Society». International Gem Society (em inglês). Consultado em 27 de outubro de 2021 
  19. Rossman, George; Laurs, Brendan M. (2014). «Orange Lizardite from South Africa». Journal of Gemmology (em inglês). 34 (2): 98–99. ISSN 1355-4565 
  20. «Gemmology | Classification | Lizardite». www.nmnhs.com. Consultado em 2 de novembro de 2021