Lophiosilurus alexandri

 Nota: Para para outros bagres com nome comum similar, veja Bagre-sapo. Para outros significados, veja Peixe-sapo.

Lophiosilurus alexandri é um peixe (bagre, ordem Siluriformes) da família Pseudopimelodidae, e a única espécie do gênero monotípico Lophiosilurus. É uma espécie nativa da bacia do rio São Francisco.[3] É chamado comumente de pacumã,[4] ou variantes como pocomã e pacamão (nas regiões do baixo, submédio e médio São Francisco).[5][4] Já no médio e baixo São Francisco é chamado de niquim, menção ao venenoso peixe marinho com esse nome e, ainda, de forma mais comercial, linguado do São Francisco.[5]

Como ler uma infocaixa de taxonomiaLophiosilurus alexandri


Estado de conservação
Espécie vulnerável
Vulnerável [1]
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Actinopterygii
Ordem: Siluriformes
Família: Pseudopimelodidae
Género: Lophiosilurus
Espécie: L. alexandri
Nome binomial
Lophiosilurus alexandri
Steindachner, 1876
Sinónimos
Pseudopimelodus agassizi[2]

Nomenclatura

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O nome popular "pacumã" e suas variantes deriva da língua indígena tupi. O dicionário de Tupi antigo - Português registra paka-mõ como um termo da ictiologia, significando "pacamão, peixe-sapo, bagre-sapo, enxaroco, nomes de um peixe da família dos pimeiodídeos, gênero Raminus ou Rhamdia".[6] O dicionário Michaelis também aponta a origem do nome no tupi, na palavra pakamó.[7]

A semelhança entre o nome popular "pacumã" e o personagem Pac-Man, lançado em 1980, levou alguns a especularem que o nome popular seria em homenagem ao video-game.[5] A semelhança física, ambos amarelados, com bocas grandes, fez com que recebesse o nome popular "Pac-Man catfish" em inglês.[8][9]

A espécie foi descrita pela primeira vez por Steindachner, em 1876. O epíteto específico "alexandri" é em homenagem a Alexander Agassiz, diretor do Museu Zoológico de Cambridge, Massachusetts.[10]

A espécie tem como sinônimo Pseudopimelodus agassizii, um nome também descrito por Steindachner em 1880, e considerado sinônimo por Shibatta e colaboradores em 2021. Shibatta também considerou sinônimos os gêneros Lophiosilurus e Cephalosilurus, mantendo apenas o primeiro, por ser mais antigo.[2]

Habitats e hábitos

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O L. alexandri é oriundo dos rios que integram o sistema do rio São Francisco, mas tem-se que foi introduzido na bacia do rio Doce, onde não havia até 2007 estudos sobre o impacto sobre as demais espécies ali,[4] sendo considerada invasora e cuja introdução pode ter sido facilitada pela proximidade entre as duas bacias.[5] Tem hábitos sedentários, e prefere ambientes lênticos.[4]

Vive camuflado no fundo dos rios e lagos, onde se enterra na areia à espreita das presas ficando somente com os olhos para fora,[5] hábito alimentar que certamente provocou a convergência evolutiva com o chaca.[11] Carnívoro (piscívoro), caça especialmente no período noturno.[5]

Características

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Tem a cabeça achatada, com a boca voltada para cima, área de onde saem três pares de barbilhões sensoriais. Tem a mandíbula ressaltada, com dentes à mostra e extrapolando o maxilar superior. O corpo é comprimido como a cabeça, revestido de couro e com cor marrom e pintas escuras. Pode superar 70 cm de comprimento e peso de 8 kg.[5]

Reprodução

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Não ocorre migração no período reprodutivo, que ocorre durante todo o ano, com diminuição nos meses frios quando, se houver baixa acentuada na temperatura da água, deixa de acontecer. Os machos se encarregam dos cuidados com a prole.[5]

Estudo realizado na bacia do rio Doce descreveu os aparelhos reprodutores nos machos e fêmeas: "os testículos são órgãos pares, franjados e apresentam regiões cranial espermatogênica e caudal espermatogênica e secretora", ao passo que "os ovários são órgãos pares, saculiformes e, histologicamente, apresentam lamelas ovígeras que contém as células da linhagem ovogênica". Tem-se, ainda, que "os ovócitos foram classificados em quatro fases de desenvolvimento, com base em suas características histológicas e das camadas que os circundam" e os ovos são adesivos,[4] cabendo ao pai cuidar da massa de ovos e dos alevinos na fase larval.[5]

Pesca e criação

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É considerado o peixe mais saboroso dentre os nativos da bacia são-franciscana, com alto rendimento de filé e ausência de espinhos intramusculares, bastante apreciado na pesca tradicional.[5] Possui grande potencial na aquicultura.[4]

Embora os estudos para piscicultura do L. alexandri sejam incipientes, seus hábitos rústicos, resistência aos baixos níveis de oxigênio a teores altos de amônia, aceitação de alimentos inertes, dentre outros fatores, favorecem a criação em cativeiro da espécie.[5]

Ver também

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Referências

  1. ICMBio: Portaria MMA nº 445, de 17 de dezembro de 2014. Lista de Espécies Ameaçadas. acessado em 1/12/2018.
  2. a b Shibatta, Oscar A.; Jarduli, Lucas R.; Abrahão, Vitor P.; Souza-Shibatta, Lenice (2021). «Phylogeny of the Neotropical Pacman catfish genus Lophiosilurus (Siluriformes: Pseudopimelodidae)». Neotropical Ichthyology (4). ISSN 1982-0224. doi:10.1590/1982-0224-2021-0040. Consultado em 23 de junho de 2024 
  3. Ed. Froese, Rainer; Pauly, Daniel. «"Lophiosilurus alexandri. www.fishbase.org (em inglês). FishBase 
  4. a b c d e f Marcelo D. M. Barros; Rodrigo J. Guimarães Cruz; Vanderlei C. Veloso-Júnior; José E. dos Santos (2007). «Reproductive apparatus and gametogenesis of Lophiosilurus alexandri Steindachner (Pisces, Teleostei, Siluriformes)» (PDF). Revista Brasileira de Zoologia (em inglês). 24 (1): 213–221. doi:10.1590/S0101-81752007000100028. Cópia arquivada (PDF) em 15 de junho de 2007 
  5. a b c d e f g h i j k Elizângela Maria de Souza; Daniel Ferreira Amaral (Org.); Rozzanno Antônio Cavalcanti Reis de Figueiredo; Anderson Miranda de Souza (2022). «20: Siluriformes - PACAMû. Peixes do rio São Francisco: nativos, endêmicos e exóticos (e-book). Petrolina: IFSertãoPE. p. 106-111. 133 páginas. ISBN 978-65-89380-08-5. Consultado em 5 de março de 2024. Cópia arquivada (PDF) em 7 de março de 2024 
  6. Carvalho, Moacyr Ribeiro de (1987). «Dicionário Tupi (antigo) - Português» (PDF). http://www.etnolinguistica.org. Salvador - Bahia. p. 235. Consultado em 23 de junho de 2024 
  7. «Pacamão». Michaelis On-Line. Consultado em 23 de junho de 2024 
  8. «PlanetCatfish.com - Lophiosilurus alexandri (Pseudopimelodidae) Cat-eLog». www.planetcatfish.com (em inglês). Consultado em 23 de junho de 2024 
  9. «ScotCat Factsheets October 2020:Lophiosilurus alexandri Steindachner, 1876». www.scotcat.com. Consultado em 23 de junho de 2024 
  10. Steindachner, Dr. F., 1876 "Über einige neue Fischarten, insbesondere Characinen und Siluroiden aus dem Amazonenstrome" (Sitzungsberichte der kaiserlichen Akademie der Wissenschaften, Vol. 74, P. 158)
  11. «PlanetCatfish: Cat-eLog : Pseudopimelodidae: Lophiosilurus alexandri». PlanetCatfish.com. 7 de outubro de 2006. Consultado em 3 de junho de 2007 
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