Luiz Carlos de Moraes (militar)

Luiz Carlos de Moraes (Taquari, 9 de Dezembro de 1876, ano da morte 1968), foi um militar brasileiro, historiador e lexicográfico, e também folclorista e tradicionalista gaúcho. Foi sócio, em 1943, do IHGRGS, e publicou, no Centenário da Revolução Farroupilha em 1935, o Vocabulário Sul-Rio-Grandense[1]. Atuou como comandante de destacamento no Combate do Seival[2] no ano de 1926, no estado do Rio Grande do Sul, durante a Revolta Tenentista.

Luiz Carlos de Moraes
Luiz Carlos de Moraes (militar)
Coronel Luiz Carlos de Moraes. Arte exposta na Galeria de Ex-Presidentes do GBOEX.
Nascimento Taquari
Progenitores Mãe: Umbelina Ribeiro de Moraes
Pai: Luís Paulino de Moraes
Vida militar
País  Brasil
Força Brasão do Exército Brasileiro Exército Brasileiro
Hierarquia Coronel

Biografia editar

Filho de Luís Paulino de Moraes e de Umbelina Ribeiro de Moraes. Cursou a Escola Preparatória e Tática de Rio Pardo, no Rio Grande do Sul. Fez carreira militar, foi Alferes em 1901. No ano de 1926, comandou o 3º Regimento durante o Combate do Seival, ainda na posição de Major. [3]

 
Luiz Carlos de Moraes (jovem, de camisa branca e lenço) ao lado de sua primeira esposa. Ao centro da foto, de barba, o Coronel Luiz Paulino de Moraes, seu pai.

Na Província de Santa Catarina, foi Interventor Federal interino, de 15 de março a 18 de abril de 1931.[4] Substituiu o Interventor Ptolomeu de Assis Brasil e a este entregou a administração. O Jornal A República, de Florianópolis, em edição de 19 de abril de 1931, definiu a passagem de Coronel Luiz Carlos de Moraes, pelo cargo de interventor como: "Um militar brioso, e consciente dos seus deveres, soube imprimir, no curto lapso de seu governo, um cunho de moralidade e justiça a todos os seus actos públicos, conquistando assim a estima popular".[5]

No ano de 1933, partiu para Alegrete, com a finalidade de assumir o Comando do Regimento de Cavalaria do município. [6]

Foi membro da Academia Rio-Grandense de Letras, onde foi o encarregado do elogio fúnebre do grande historiador General Souza Docca, hoje patrono de cadeira da Academia de História Militar Terrestre do Brasil e nome de sua Delegacia em São Borja. Luiz Carlos de Moraes foi Comandante do Colégio Militar de Porto Alegre de 1938 a 1939, o último do CMPA em sua primeira fase, quando foi substituído pela Escola Preparatória de Cadetes, em 1939[1].

O Coronel Luiz Carlos de Moraes foi o primeiro Presidente do GRÊMIO BENEFICENTE DOS OFICIAIS DO EXÉRCITO (GBOEX), entre 1939 e 1950.[7] No ano de 1944, chegou a Coronel reformado.[3]

 
O Coronel Luiz Carlos de Moraes foi o primeiro Presidente do GRÊMIO BENEFICENTE DOS OFICIAIS DO EXÉRCITO, entre 1939 e 1950.

O Combate do Seival editar

Osvaldo Aranha era Intendente de Alegrete na época, e a força comandada por ele se constituía por uma tropa de civis, a qual fazia parte do Destacamento Major Morais, por sua vez comandado pelo major do Exército Luiz Carlos Morais. Este destacamento fora organizado por ordem do comandante da 3ª Região Militar, devido aos levantes de São Gabriel, Bagé e Santa Maria[8][9]. Era constituído por oitenta homens do serviço de remonta e pelo 4º esquadrão do 1º regimento de cavalaria da Brigada Militar[10], que partira rumo a a São Gabriel em 14 de novembro de 1926, comandado pelo capitão Eugênio Henrique Krum. Completava o efetivo do destacamento Major Morais um grupo de soldados do 6º R.C.I., comandados pelo Capitão Adolfo Ramos de Melo, mais a Tropa comandada por Osvaldo Aranha, com auxílio do major Laurindo Ramos.[11]

No dia 25 de novembro de 1926, a força de quinhentos homens liderada por Osvaldo Aranha e pelo major Laurindo Ramos foi emboscada no Passo do Seival, sofrendo uma derrota no combate travado contra os rebeldes[2]. Sob a liderança do tenente Alcides Etchegoyen, quatrocentos homens armados (entre civis, oficiais e praças do Exército) atacaram a tropa legalista na várzea do Seival. Três metralhadoras Hotchkiss manejadas por hábeis atiradores, além de fuzis, provocaram mais de cem baixas nas forças legalistas, entre mortos e feridos, além da morte de animais e extravio de material bélico. A derrota foi uma consequência da desobediência de Osvaldo Aranha e Laurindo Ramos às ordens do major Luiz Carlos Morais, o qual determinara ao primeiro a exploração da região de Caçapava, e ao segundo, a exploração das estradas provenientes de São Sepé. As duas tropas deviam localizar o inimigo, mas evitando entrar totalmente em combate até a chegada completa das forças do major Morais, que por sua vez deveria ser comunicado periodicamente sobre os passos da missão confiada às duas tropas. O major Laurindo Ramos jamais manteve contato com o major Morais, enquanto Osvaldo Aranha enviou notícias apenas inicialmente, para depois cortar contato e ainda por cima ordenar a retirada do 4º esquadrão do 1º R.C.I. do Passo do Rocha, no Rio Vacacaí. O 4º esquadrão estava guarnecendo o local por ordem do major Luiz Carlos Morais, a fim de evitar a passagem dos revoltosos, mas acabou se envolvendo no combate do Seival devido à decisão de Osvaldo Aranha, que terminou gravemente ferido no tornozelo por uma balda de mosquetão, sendo mais tarde operado em Lavras do Sul. A situação desfavorável levou o major Laurindo Ramos a ordenar a retirada das tropas legalistas do Passo do Seival, indo ao encontro do destacamento liderado pelo major Luiz Carlos Morais, que estava se deslocando para auxiliar as tropas emboscadas[11].

Vocabulário Sul-Rio-Grandense editar

Em 1935, ocasião do centenário da Revolução Farroupilha, Luiz Carlos de Moraes publicou o Vocabulário Sul-Rio-Grandense. A edição, lançada pela Livraria do Globo, de Porto Alegre, ainda é referência no estudo da Lexicografia e constantemente citada em artigos acadêmicos e pesquisas sobre o tema.[12][13][14]

 
Primeira edição do Vocabulário Sul-Riograndense, publicada em 1935.

Referências

  1. a b «CARTA AO GENERAL HEITOR FONTOURA DE MORAIS SOBRE SEU LIVRO REVELAÇÕES HISTÓRICAS DO SUL DO BRASIL» (PDF). webcache.googleusercontent.com. Consultado em 1 de março de 2023 
  2. a b «Request Rejected». ebrevistas.eb.mil.br. Consultado em 13 de fevereiro de 2023 
  3. a b «Biografias / Luiz Carlos de Morais / Memória Política de Santa Catarina». memoriapolitica.alesc.sc.gov.br. Consultado em 18 de fevereiro de 2023 
  4. «Republica (SC) - 1858 a 1937 - DocReader Web». memoria.bn.br. Consultado em 18 de fevereiro de 2023 
  5. «Republica (SC) - 1858 a 1937 - DocReader Web». memoria.bn.br. Consultado em 18 de fevereiro de 2023 
  6. «Republica (SC) - 1858 a 1937 - DocReader Web». memoria.bn.br. Consultado em 18 de fevereiro de 2023 
  7. «GBOEX inaugura Galeria de Ex-presidentes». JRS. 22 de agosto de 2018. Consultado em 18 de fevereiro de 2023 
  8. «Para lembrar os 90 anos da revolta militar em Santa Maria | UFSM na mídia». Consultado em 24 de fevereiro de 2023 
  9. Br, O.; Disse, O. (20 de junho de 2020). «ARTIGO. Ricardo Ritzel, 16/17 de novembro de 1926. Eis aí "a noite mais longa da história de Santa Maria" - Claudemir Pereira». Consultado em 24 de fevereiro de 2023 
  10. «1º Regimento de Polícia Montada». Brigada Militar. 4 de junho de 2020. Consultado em 24 de fevereiro de 2023 
  11. a b Santos, Wagner Serafini dos (17 de fevereiro de 2016). «Exposição fotográfica sobre a revolta militar de 1926 em Santa Maria, RS, Brasil». Consultado em 23 de fevereiro de 2023 
  12. «Academia Brasileira de Letras, Rio de Janeiro. Bases do acordo ortográfico entre a Academia de ciências de Lisboa e a Academia». webcache.googleusercontent.com. Consultado em 1 de março de 2023 
  13. «Mandinga». webcache.googleusercontent.com. Consultado em 1 de março de 2023 
  14. «JOÃO SIMÕES LOPES NETO» (PDF). webcache.googleusercontent.com. Consultado em 1 de março de 2023 

Bibliografia editar

  • Corrêa, Carlos Humberto Pederneiras. Os Governantes de Santa Catarina de 1739 a 1982. Florianópolis: Editora da UFSC, 1983. 356 p.
  • Piazza, Walter F. Dicionário Político Catarinense. Florianópolis: Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina, 1994. 714 p.
  • Piazza, Walter F. O Poder Legislativo Catarinense: das suas raízes aos nossos dias 1834-1984. Florianópolis: Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina, 1984. 800 p.
  • FIGUEIREDO, Osório Santana. As Revoluções da República: 1889-1932. Santa Maria: Palotti, 1995. 280 p.
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