Maria da Cruz (Vila do Penedo do Rio São Francisco, fins do século XVII - Pedras de Maria da Cruz, 23 de junho de 1760[1]) foi uma personagem histórica brasileira no contexto dos motins do Sertão do Rio São Francisco, ocorridos em Minas Gerais, em 1736. Foi administradora da fazenda “Pedras de Baixo”, local que deu origem a atual cidade de Pedras de Maria da Cruz. Em 2011, em sua homenagem, foi criada a Medalha Maria da Cruz.[2][3][4][5][6][7][8]

Maria da Cruz
Nascimento século XVII
Morte 23 de junho de 1760
Pedras de Maria da Cruz
Residência Pedras de Baixo
Cônjuge Salvador Cardoso de Oliveira
Filho(a)(s) Pedro Cardoso de Oliveira
Ocupação administrador

História editar

Maria da Cruz casou com o paulistano Salvador Cardoso de Oliveira, sobrinho de Matias Cardoso de Almeida, com ele tendo seis filhos, quatro rapazes e duas moças.[2][1] Numa partilha de terras entre sertanistas, Salvador demarcou a sua parte no sítio das Pedras, no atual município de Pedras de Maria da Cruz, em Minas Gerais, às margens do rio São Francisco. Dois dos filhos, Matias e Pedro Cardoso de Oliveira, tornaram-se grandes proprietários de terras na região tendo os outros dois seguido a carreira eclesiástica, sendo ordenados clérigos seculares na Bahia.[1]

Após a morte do marido em 1734, e não obstante não saber ler nem escrever,[1] administrou com sucesso a fazenda Pedras de Baixo,[4] fazendo parte do grupo dos ricos e poderosos da região.[1]

Maria da Cruz e Pedro Cardoso, foram considerados os líderes da revolta brasileira chamado “Motins do Sertão do Rio São Francisco”. Ocorrida em 1736, a revolta se opôs à cobrança dos quintos do ouro, empreendida pelo então governador da província de Minas Gerais Martinho Mendonça.[2][4][5] Ela e seu filho foram julgados pelo Tribunal da Relação da Bahia. Foi considerada culpada pelos motins e sentenciada a pagar cem mil réis, bem como cumprir seis anos de degredo na África. Todavia, recebeu uma carta de perdão do Rei D. João V, em abril de 1739.[3]

Morreu a 23 de junho de 1760, sendo provavelmente sepultada na lápide de seu marido, segundo a disposição testamentária.[1]

Medalha Maria da Cruz editar

Em 18 de julho de 2011, a Medalha Maria da Cruz foi criada pelo governo de Minas Gerais via Decreto n.º 45.649. A medalha é utilizada para homenagear personalidades que contribuíram para o desenvolvimento cultural, econômico e social do estado. A entrega das medalhas associa-se às comemorações do Dia dos Gerais.[4][5]

Referências

  1. a b c d e f Minas, Estado de (1 de dezembro de 2012). «A matriarca do sertão». Estado de Minas. Consultado em 3 de novembro de 2023 
  2. a b c Souza, Alexandre Rodrigues de (agosto de 2013). «A rebelde do sertão: Maria da Cruz e o motim de 1736». Varia Historia: 453–475. ISSN 0104-8775. doi:10.1590/S0104-87752013000200005. Consultado em 3 de novembro de 2023 
  3. a b «Maria da Cruz - Impressões Rebeldes». web.archive.org. 26 de abril de 2023. Consultado em 3 de novembro de 2023 
  4. a b c d «Governador Fernando Pimentel entrega Medalha dos Gerais em Matias Cardoso». Acervo. 5 de maio de 2023. Consultado em 3 de novembro de 2023 
  5. a b c Tempo, O. (31 de janeiro de 2015). «Maria da Cruz, heroína do sertão são-fraciscano | O TEMPO». www.otempo.com.br. Consultado em 3 de novembro de 2023 
  6. Russell-Wood, A. J. R. (maio de 1977). «Women and Society in Colonial Brazil». Journal of Latin American Studies (em inglês) (1): 1–34. ISSN 1469-767X. doi:10.1017/S0022216X00019313. Consultado em 3 de novembro de 2023 
  7. Ferreira Furtado, Junia (abril de 2012). «From Brazil's Central Highlands to Africa's Ports: Trans-Atlantic and Continental Trade Connections in Goods and Slaves». Colonial Latin American Review (em inglês) (1): 127–160. ISSN 1060-9164. doi:10.1080/10609164.2012.661978. Consultado em 3 de novembro de 2023 
  8. Ferreira Furtado, Junia (abril de 2012). «From Brazil's Central Highlands to Africa's Ports: Trans-Atlantic and Continental Trade Connections in Goods and Slaves». Colonial Latin American Review (em inglês) (1): 127–160. ISSN 1060-9164. doi:10.1080/10609164.2012.661978. Consultado em 3 de novembro de 2023