Matias Calemba

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Matias Mulumba Calemba (em luganda: Mulumba Kalemba), melhor conhecido apenas como Matias Calemba, foi um dos mártires a serem mortos a mando do cabaca Muanga II (r. 1884–1888) do Reino de Buganda, na atual Uganda.

São Matias Calemba
Mártir
Nascimento 1836
Morte 30 de maio de 1886
Veneração por Igreja Católica
Festa litúrgica 3 de junho
Portal dos Santos
 
Muanga II (r. 1884–1888)

Calemba nasceu em 1836 em Bunia e pertencia à tribo dos sogas. Com sua mãe, foi capturado por invasores de Ganda pertencentes ao clã oter, que os venderam como escravos a Magato, tio do chanceler Mucassa e membro do clã dos ratos comestíveis. Calemba cresceu nesta família e foi tratado como homem livre e membro do clã. Após a morte de seu pai adotivo, permaneceu com o irmão de Magato, Buzibua. Ao atingir a maioridade, prestou serviço a Dedumba, chefe de Singo, como chefe de sua família e supervisor dos criados. Com a morte de Dedumba, o irmão dele reconheceu a posição de Calemba, criando um ofício para ele em honra de Dedumba, a partir de quando foi conhecido como Mulumba.[1]

Calemba primeiro converteu-se ao islamismo, mas com a chegada de missionários anglicanos, apostatou em prol do cristianismo. Quando o cabaca Mutesa I (r. 1857–1884) decidiu construir casas para os missionários católicos, Calemba foi designado à tarefa. Em 31 de maio de 1880, se matriculou como catecúmeno católico, mas ocasionalmente frequentou aulas bíblicas anglicanas. Por seu comprometimento com a fé cristã, apesar de ser dono de várias mulheres, só manteve Quicuvua, a quem desposou. Foi batizado pelo padre Ludovic Girault em 28 de maio de 1882 e desde então declarou-se "escravo de Jesus Cristo". Diz-se que em certa ocasião teria espantado um búfalo com um graveto. Participou de ataques de guerra organizados por seu chefe, mas se recusou a participar do saque, e recusou suborno ao gerir a justiça em seu nome.[1]

Em sua casa em Mitiana, a 47 quilômetros da capital Mengo, viveu vida humilde, assumindo os ofícios de ceramista e bronzeador. Com a ausência de missionários católicos entre 1882 e 1885, organizou uma comunidade cristã onde, com Noé Mauagali e Lucas Banabaquintu, deu instruções cristãs. Quando a perseguição aos cristãos sob Muanga II (r. 1884–1888) eclodiu em 1886, a comunidade somava cerca de 200 pessoas. Nessa época, Calemba estava na capital reconstruindo o palácio real que havia sido incendiado em fevereiro, e embora sob ameaça, não deixou seu posto. O chefe de Singo Macuenda decidiu prender ele e Lucas, que passaram a noite de 26 de maio na casa do chefe com os pés em hastes e os pescoços em jugos escravos. No dia seguinte, foram levados ao palácio, onde o chanceler sentenciou-os a morte por serem cristãos.[1]

A caminho de Namugongo, Calemba parou e pediu para ser executado ali e então em Velha Campala. Seus carrascos cortaram seus membros e arrancaram tiras de carne de seu corpo, queimando-as diante de seus olhos e enquanto isso era feito, apenas dizia "Meu Deus! Meu Deus!". Os carrascos então amarraram suas artérias e o deixaram para morrer uma morte prolongada. Sua paixão começou no meio dia de 27 de maio, e em 29 de maio ainda não havia terminado. Alguns homens que vinham cortar juntos no pântano ouviram sua voz chamando "Água! Água!", mas ficaram horrorizados com a cena e fugiram. Faleceu em 30 de maio. Em 1920, foi beatificado pelo papa Bento XV com outros 21 mártires, que foram canonizados em 1964 pelo papa Paulo VI.[1]

Referências

  1. a b c d Shorter 2003.

Bibliografia

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