Memorial JK

centro cultural, memorial e mausoléu em Brasília

O Memorial JK é um museu, mausoléu e centro cultural brasileiro construído para homenagear o 21º presidente do Brasil, Juscelino Kubistchek de Oliveira. Ele está localizado no canteiro central do Eixo Monumental, em Brasília, na Zona Cívico-Administrativa, na Praça do Cruzeiro, a região mais alta do Plano Piloto. O projeto do Memorial foi do arquiteto Oscar Niemeyer, responsável pelos principais prédios da capital brasileira, a pedido da viúva de Juscelino e ex-primeira-dama Sarah Kubitschek.[1] A neta de Juscelino e Sarah, Anna Christina Kubitschek Barbará Pereira, é a atual diretora da Sociedade Civil Memorial Juscelino Kubitschek, que gere o Memorial JK.[2][3]

Memorial JK
Memorial JK
Tipo monumento comemorativo, museu
Inauguração 1981
Página oficial (Website)
Geografia
Coordenadas 15° 47' 3.69" S 47° 54' 47.09" O
Mapa
Localização Brasília - Brasil
Patrimônio bem tombado pelo IPHAN

Em seu interior os visitantes podem ver fotos e objetos da vida de Juscelino e Sarah, como a faixa presidencial e as roupas usadas por eles na posse, além do túmulo do ex-presidente. Obras de artistas como Athos Bulcão e Marianne Peretti complementam o ambiente interno do memorial[4] No exterior do memorial fica aquela que possivelmente é a mais famosa estátua de Juscelino, feita por Honório Peçanha, que se ergue em um pedestal a quase trinta metros do solo. A ideia do formato e do pedestal foi concebida por Niemeyer, que teria sido inspirada no símbolo do comunismo - o que sempre foi negado por ele, mas gerou certa polêmica antes de sua instalação. O prédio, visto de fora, é um bloco de mármore branco com poucas aberturas. O local fica aberto de terça a domingo, entre 9 e 18 horas.

Como outros prédios de Niemeyer em Brasília, o Memorial JK é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). O prédio também é tombado em nível distrital desde 1991.[5][6][3]

História editar

   
O presidente Juscelino e a primeira-dama Sarah Kubitschek em 1956.
JK em fotografia da família presidencial na revista O Cruzeiro, edição de 4 de fevereiro de 1956.

Após a trágica morte de Juscelino Kubitschek em um acidente no dia 22 de agosto de 1976, sua esposa Sarah Kubitschek passa a trabalhar para a construção de um memorial que perpetuasse a história do ex-presidente. No mesmo ano, ela encomenda a Oscar Niemeyer um projeto para o memorial, iniciativa que teve o apoio do então governador do Distrito Federal, Aimé Alcebíades Silveira Lamaison. Entretanto, o presidente Ernesto Geisel não autorizou a obra, tendo sido liberada apenas quando João Baptista Figueiredo assumiu o governo, em 1979.[7]

A construção do Memorial ganha fôlego a partir de uma campanha para arrecadar dinheiro para sua construção, feita, segundo a revista Manchete, em 1979, por uma diretoria que tinha Sarah Kubitschek como presidente e Adolpho Bloch vice-presidente, por meio da campanha "Você constrói o Memorial JK", e pedia contribuições em dinheiro para serem depositadas numa relação de mais de 20 instituições bancárias em nome do Memorial JK para erguer o monumento em Brasília.[8]

A obra levou 17 meses e foi finalmente inaugurada em 12 de setembro de 1981, data que seria o aniversário de 79 anos de Juscelino.[4][9]

Exterior editar

 
Estátuas de Juscelino e Sarah.

O Memorial fica na Praça do Cruzeiro, a parte mais alta do Plano Piloto. Lá, no dia 3 de maio de 1957 foi celebrada a primeira missa de Brasília por Dom Carlos Carmelo de Vasconcelos Mota. O terreno tem 25 mil metros quadrados, dois quais 2 189,13 metros quadrados são de área construída.[9]

Além do edifício, a paisagem tem espelhos d’água, gramados e os jardins. No jardim, ficam estátuas de Juscelino e Sarah, sentados, além de esculturas de Darlan Rosa. Quatro espelhos d’água em níveis diferentes ficam próximas a rampa de acesso que leva ao edifício, cujo exterior é feito de mármore branco, com estética propositalmente feita para estabelecer um contraste com o céu azul da cidade e a estátua de Juscelino. Lá, uma placa em granito negro tem a frase de JK: "Tudo se transforma em alvorada nesta cidade que se abre para o amanhã". Também ficam em frente ao prédio as bandeiras do Brasil, do Distrito Federal e de Minas Gerais, estado natal de Juscelino.[10]

Interior e acervo editar

 
Vista panorâmica da instituição.

A partir da entrada, um túnel leva ao interior do prédio, com fotos da trajetória de JK. No local, em seu segundo piso, encontra-se o túmulo de Juscelino Kubitschek em uma câmara mortuária com iluminação cênica. Também ficam no local diversos pertences dele e da família, como o casaco simbólico de JK, a sua faixa presidencial, sua biblioteca pessoal e medalhas, e mais fotos tanto dele como de sua esposa Sarah. Há espaços como a Sala de metas do governo, onde os famosos objetivos desenvolvimentistas do Plano de Metas são apresentados, e o último carro de JK, um Ford Galaxie LTD, em exposição. O hall tem um tapete feito por artesãs de Diamantina, e lá fica a sala da administração do Memorial.[11][12]

O prédio tem obras projetadas por Athos Bulcão nos revestimentos, e um vitral desenhado pela artista Marianne Peretti sobre a câmara mortuária, que muda a iluminação do ambiente conforme a posição do Sol.[13][10]

No andar superior há o Auditório Márcia Kubistchek, nomeado em homenagem a filha de Juscelino que também foi vice-governadora do Distrito Federal. A sala é utilizada para apresentações de música, teatro, palestras e corais. Ela é composta por um piano de cauda e uma cabine de som e imagem. Imagens do ex-presidente são projetadas num painel ao fundo da sala. Além disso, 310 poltronas espalhadas pelo espaço formam a letra K, inicial do sobrenome Kubitschek.[14]

Monumento editar

 
A estátua de JK.

O monumento a JK foi concebido por Oscar Niemeyer, com a ideia de ser a primeira coisa a ser vista para quem chega no local. Foram feitos dois esboços da estátua. O primeiro gerou polêmica entre os militares e outros conservadores, que viam na estátua uma referência a foice e martelo, símbolos do comunismo. Na segunda versão, Niemeyer tirou uma das conchas - eram duas na versão original, uma vinda de baixo e outra na posição que foi executada - mas a polêmica continuou. O arquiteto sempre negou que fosse sua intenção fazer referência a foice e ao martelo, mesmo depois do fim dos governos militares.[7][10][15]

A estátua tem um pedestal de concreto armado de 28 metros de altura. Lá fica a estátua de 4,5 metros de autoria de Honório Peçanha de Juscelino Kubitschek acenando, protegida pela concha curva, como que se estivesse subindo.[4][16]

O primeiro diretor do Memorial JK, o coronel reformado Affonso Heliodoro dos Santos, amigo pessoal de JK, teve que lidar com a questão da estátua, negociando com os militares e fazendo a ponte com Oscar Niemeyer e Sarah Kubitschek, que ameaçaram entrar na Justiça. Heliodoro teve que usar de diplomacia para lidar com as pressões. No fim, o presidente João Baptista Figueiredo, que havia assumido a presidência em 1979, autorizou a estátua.[17][18]

Lei brasileira dos acervos presidenciais editar

 
A câmara mortuária onde fica o túmulo de JK.

No ordenamento jurídico brasileiro a lei federal Nº.8 394, de 30 de dezembro de 1991, a Lei Brasileira dos Acervos Presidenciais é a norma legal que dispõe sobre a preservação, organização e proteção dos acervos documentais privados dos presidentes da República,[19] assim como a Lei dos Registros Presidenciais do Estados Unidos,[20] determina que os acervos dos ex-presidentes são de utilidade nacional e de disponibilização pública, nos termos legais que competem à Comissão Memória dos Presidentes da República.[21]

Na cultura popular editar

A estátua do memorial fazia parte da abertura e da logo da minissérie brasileira JK, de 2006. Nos últimos minutos do episódio final, o Memorial JK aparece enquanto uma narração explica brevemente alguns acontecimentos após a morte de Juscelino, incluindo a criação do próprio memorial.[22][23]

Referências

  1. Barreto, Auta Rojas (2019). «Memorial JK:». Memória e Informação. 3 (2): 106–117. ISSN 2594-7095 
  2. «Gestão». Memorial JK. Consultado em 10 de agosto de 2020 
  3. a b «Inexigibilidade» (PDF). Governo do Distrito Federal. Consultado em 10 de agosto de 2020 
  4. a b c «Memorial JK: 38 anos guardando o tesouro da história de Brasília». Agência Brasília. 12 de setembro de 2019. Consultado em 10 de agosto de 2020 
  5. «RELAÇÃO DE BENS TOMBADOS NO DISTRITO FEDERAL» (PDF). iPatrimônio. Consultado em 10 de agosto de 2020 
  6. «Obras de Oscar Niemeyer são tombadas como Patrimônio Cultural». Correio Braziliense. 7 de junho de 2017. Consultado em 10 de agosto de 2020 
  7. a b «Memorial JK - 2º Projeto». Fundação Niemeyer. Consultado em 10 de agosto de 2020 
  8. Revista Manchete. edição número 1445, de 29 de dezembro de 1979, página 177
  9. a b «Memorial JK». Cite Arquitetura. Consultado em 10 de agosto de 2020 
  10. a b c «Visita ao Memorial JK, em Brasília». 360 Meridianos. Consultado em 10 de agosto de 2020 
  11. «Memorial JK se prepara para os 117 anos de nascimento do fundador de Brasília». Bernadete Alves. 29 de agosto de 2019. Consultado em 10 de agosto de 2020 
  12. «Memorial JK completa 38 anos». O Brasilianista. 12 de setembro de 2019. Consultado em 10 de agosto de 2020 
  13. Hess, Alan, 1952- (2006). Oscar Niemeyer houses. [S.l.]: Rizzoli. ISBN 0847827984. OCLC 68721698 
  14. Memorial JK | Conhecendo Museus | TV Brasil | Educação, consultado em 23 de setembro de 2017 
  15. KATINSKY, Júlio. Brasília em três tempos: a arquitetura de Oscar Niemeyer na capital. Rio de Janeiro: Revan, 1991. 79p. (p.54)
  16. MEMORIAL JK. Módulo, Rio de Janeiro, n.67, p.20-33, out. 1981
  17. Voz Pioneira Arquivado em 7 de março de 2010, no Wayback Machine. Revista Veja
  18. Brasília Kubitschek de Oliveira, Ronaldo Costa Couto p.368 Google Books
  19. LEI No 8.394, DE 30 DE DEZEMBRO DE 1991. Dispõe sobre a preservação, organização e proteção dos acervos documentais privados dos presidentes da República e dá outras providências. Palácio do Planalto. Acesso em 22 de março de 2017.
  20. Further Implementation of the Presidential Records Act. Federal Register. Acesso em 22 de março de 2017.
  21. Art. 5º. do decreto Nº 4.344, de 26 de agosto de 2002. Palácio do Planalto. Acesso em 22 de março de 2017.
  22. «JK». Memória Globo. Consultado em 10 de agosto de 2020 
  23. «Dez minutos finais da Minissérie "JK"». Consultado em 14 de setembro de 2020 

Ver também editar

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Ligações externas editar