Milícia da Ação Integralista Brasileira

As Forças Integralistas (abreviado para F.I.) foram uma força paramilitar ligada a Ação Integralista Brasileira. Era subordinada, em um primeiro momento, ao Departamento Nacional de Milícias e, depois da reorganização da AIB, em 1936, à secretaria de Educação. Ambas sob o comando do escritor e historiador Gustavo Barroso e do então capitão do exército Olímpio Mourão Filho.[1]

Forças Integralistas (F.I.)
Forças Integralistas (F.I.)
Oficiais da milícia integralista do estado do Paraná
Oficiais da milícia integralista do estado do Paraná
Resumo da agência
Formação 7 de outubro de 1932
Lema "Deus, Pátria e Família"
Dissolução 10 de novembro de 1937
Executivos da agência Gustavo Barroso, (Comandante)
Olímpio Mourão Filho, (Chefe do Estado-Maior)
Agência mãe Ação Integralista Brasileira
Departamento de Milícias

História e estrutura da milícia editar

 
Hierarquia e organização da milícia retirada do livro "O que o Integralista deve saber" de Gustavo Barroso

Segundo verbete da Fundação Getúlio Vargas: “A milícia se organizava subdividindo-se em “comando” e “tropas”, o primeiro como órgão de direção e o segundo de execução. A direção suprema da milícia pertencia ao chefe nacional, enquanto chefe das “forças integralistas de terra, mar e ar”, contando com a colaboração da secretaria nacional responsável pela milícia integralista e pela tropa de proteção, bem como do chefe do estado-maior, com a responsabilidade pela “preparação e execução das decisões do alto comando”. Esta mesma estrutura se reproduzia em nível regional com suas ramificações locais”. [2]

As Milícias Integralistas estiveram presentes em todo território nacional. Em dezembro de 1933, pouco mais de 01 ano de criação da Ação Integralista Brasileira (AIB), já é possível encontrar referência no jornal Monitor Integralista, que indicava em suas páginas, sobre a Milícia Integralista no Distrito Federal, já contava com “1.800 camisas-verdes, operários, estudantes, funcionários públicos, médicos, engenheiros, advogados, pequenos industriais e empregados no comércio” [3]

Em junho de 1934, com a aprovação pelo Ministério da Guerra do uniforme integralista (camisa verde, gravata preta, calça preta ou branca, casquete verde e sapatos, e o emblema do movimento — o sigma — colocado sobre o braço direito e no casquete) começaram os desfiles regionais e os primeiros conflitos. Já em maio de 1934, desfilavam quatro mil integralistas no Rio de Janeiro, mas em julho também marcharam os milicianos uniformizados de Niterói, Salvador, Recife e Belo Horizonte.[4]

 
Camisa verde original da antiga Ação Integralista Brasileira

No I congresso integralista de Vitória que ocorrera oficialmente dia 1 de março de 1934 no teatro Carlos Gomes[5] foi estabelecido, através dos estatutos, os orgãos de base da organização política, entre eles, a milícia que estava sendo formada.

 

Todo integralista com a idade de 16 a 42 anos era obrigado a inscrever-se nas forças integralistas (milícia), optando pela categoria em que desejava engajar-se. A tropa organizava-se em categorias: o militante de primeira e segunda linhas. A hierarquia da milícia distinguia três escalões: os graduados, os oficiais e os oficiais-generais. A estrutura da milícia previa as seguintes unidades: decúria, terço, bandeira e legião, esta constituída por quatro bandeiras. A função da milícia não era apenas preparar os integralistas para os desfiles e a cultura física, mas desenvolver um verdadeiro treinamento militar, desde a instrução “técnica, tática e moral” até a elaboração de planos de combate. As cinco armas militares constituíam a “tropa” integralista: infantaria, cavalaria, engenharia, artilharia e aviação. O integralista que se inscrevesse como “militante de primeira linha” deveria fazer instrução de miliciano durante 60 dias e depois integrar-se numa decúria (unidade com dez militantes). Após ter preenchido uma ficha, onde ficavam registradas todas as aptidões do militante, o candidato prestava o seguinte juramento diante do comandante da milícia: “Assentando praça na milícia integralista, em nome de Deus e pela minha honra eu juro: primeiro, absoluta disciplina aos meus chefes e perfeita solidariedade aos meus camaradas; segundo, dar a minha vida, se necessário, pela causa da revolução integralista; terceiro, amar, respeitar e fazer respeitar o chefe nacional. [6]

A milícia da AIB buscava inspiração no antigo exército de Roma, o que é visível principalmente no nome da unidade "legião" e possuía as seguintes unidades: Elemento, decúria, terço, bandeira e legião.

Elemento: Compreende quatro homens e é comandado por um sub-decurião.

Total: 5 milicianos
 
Gustavo Barroso com seu uniforme de secretário da milícia.

Decúria: Compreende dois elementos; comandada por um decurião.

Total: 11 milicianos

Terço: Compreende três decúrias; é comandada por um monitor e assistido por um sub-monitor.

Total: 35 milicianos

Bandeira: Compreende três terços; é comandada por um bandeirante, o qual é assistido por dois monitores e a guarda de uma decúria. Conduz uma bandeira Integralista, com uma guarda de 8 milicianos.

Total: 128 milicianos 

Legião: Compreende quatro bandeiras. É comandada por um mestre de campo, assistido por 2 bandeirantes, 3 monitores e a guarda de um terço. Conduz a bandeira nacional, com uma guarda de 8 milicianos.

Total: 562 milicianos
 
Estruturação da milícia integralista. Retirado do livro "O que o Integralista deve saber"

A ação integralista brasileira comportava pessoas de todas as idades, os chamados "plinianos" formavam a juventude da AIB. Dentro da juventude integralista, a qual fazia parte da administração da milícia, os jovens passavam por quatro grupos:

  • dos 4 aos 6 anos inscreviam-se nos "infantes"
  • dos 6 aos 9 anos inscreviam-se nos "curupiras"
  • dos 10 aos 12 anos inscreviam-se nos "vanguardeiros"
  • dos 13 aos 15 anos inscreviam-se nos "pioneiros"

Os plinianos deviam usar uniforme: camisa verde, calça branca ou azul, sapatos pretos, casquete negro ou chapéu de escoteiro.

 
Plinianos de uma família integralista fazendo a saudação Anauê.
 
Oficiais da milícia integralista do estado do Paraná

Intentona Comunista de 1935 editar

No dia 23 de novembro de 1935, a mando do Komintern, começa a chamada Intentona Comunista que desejava tomar o poder político a força. Nessa ocasião a milícia da AIB participou ativamente no contra-golpe: se apresentaram nos quartéis, deram informações que anteciparam a organização de várias guarnições militares, participaram de bloqueios e ajudaram em patrulhas; frustrando, como foi posteriormente admitido por Luiz Carlos Prestes, a intentona no Brasil. [7] [8]

 
Integralistas saúdam os militares mortos em 35

Juramentos da milícia editar

Os infantes recebidos como escoteiros e os curupiras iniciavam prestando o seguinte juramento:

Juramento do curupira:

“Prometo ser soldadinho de Deus, da pátria e da família; prometo ser obediente a meus pais, ser amigo de meus irmãos, colegas e companheiros; prometo ser aplicado para tornar-me útil a Deus, à pátria e à família.”[9]


Quando o jovem vanguardeiro completava seus dez anos de idade deveria prestar juramento à bandeira nacional:

Juramento do vanguardeiro à bandeira:

“Bandeira de minha pátria! Prometo servir ao Brasil — na hora da alegria e na hora do sofrimento no dia da glória e no dia do sacrifício.”[9]

Juramento do praça miliciano da AIB:

“Assentando praça na Milícia Integralista, em nome de Deus e pela minha honra eu juro: primeiro, absoluta disciplina aos meus chefes e perfeita solidariedade aos meus camaradas; segundo, dar a minha vida, se necessário, pela causa da Revolução Integralista; terceiro, amar, respeitar e fazer respeitar o Chefe Nacional.”[10]

Referências

  1. Trindade, Hélgio (1979). Integralismo: o fascismo brasileiro na década de 30. São Paulo/Rio de Janeiro: Difel. pp. 178 – 188 
  2. http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-tematico/milicia-integralista), FGV, 11 de abril de 2020
  3. Monitor Integralista, primeira quinzena de dezembro de 1933, n.1, p.1)
  4. desconhecido, desconhecido (12 de abril de 2020). «Inventário - Plinio Salgado». Arquivo Público Histórico Rio Claro. Consultado em 10 de abril de 2020 
  5. Fagundes, Pedro Ernesto (2011). OS INTEGRALISTAS NO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO (1933-1938) (PDF). [S.l.]: Revista Ágora. p. 2. 1 páginas 
  6. {FGV|URL="https://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-tematico/integralismo"|título=Integralismo|autor= desconhecido|data= desconhecida
  7. Revista "Anauê" vigésima edição. [S.l.]: Anauê. 1937. p. 52 
  8. Salgado, Plínio. O Integralismo na vida brasileira. [S.l.]: Livraria clássica brasileira. p. 38 e 258 
  9. a b Melo, Gildete Pereira Tavares de (17 de agosto de 2018). «Papel das mulheres na ação integralista (1932 – 1937)»: p. 46. Consultado em 19 de dezembro de 2022 
  10. Simões, Renata. «Hollanda Loyola e a Milícia Integralista: escola de civismo e "disciplina inteligente». XXVII Simpósio Nacional de História - Anais Simpósios ANPUH. p. 8. ISBN 978-85-98711-11-9. Consultado em 19 de dezembro de 2022 

Ver também editar