Misofonia

intolerancia a certos sons, que podem causar forte reação emocional

A misofonia é caracterizada pela aversão a certos sons, que podem causar forte reação emocional. Tem sido associado que a misofonia, bem como o zumbido, está associada à hiperconectividade entre os sistemas auditivo e límbico. Indivíduos com zumbido incômodo podem ter comprometimento da atenção seletiva, mas isso ainda não foi demonstrado em caso de misofonia[1].

A misofonia, conhecida também como a síndrome da sensibilidade seletiva ao som, é um fenômeno neurocomportamental associado à intolerância a sons específicos ou a estímulos a eles associados, cuja denominação médica e avaliação variam conforme os autores e métodos. Pode afetar adversamente a capacidade de atingir objetivos de vida e desfrutar de situações sociais[2]. Foi reconhecido pela primeira vez em 2001,embora ainda não esteja no DSM-5 ou em qualquer manual semelhante.

As reações aos sons variam de aborrecimento à raiva, com possíveis ativações da resposta de luta ou fuga. Gatilhos comuns incluem sons orais (respiração alta, mastigação, deglutição), sons de cliques (teclado, dedos, limpadores de para-brisa) e sons associados ao movimento (inquietação)[3]. Os sons odiados costumam ser repetitivos por natureza.

Apesar de a misofonia não ser caracterizada como um transtorno psiquiátrico, os sintomas causam sofrimento significativo aos indivíduos, sendo necessários mais estudos para melhor caracterização clínica e tratamento da síndrome. O quadro pode incluir uma variedade de emoções negativas, como desagrado, aborrecimento, ódio, raiva e desconforto. Um subtipo de misofonia é a fonofobia, em que o medo a determinados sons é o fator[2]. As pesquisas científicas sobre o tema, têm relacionado misofonia à ansiedade, zumbido, transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) e hiperacusia[4].

A alta incidência de misofonia na distribuição familiar pode sugerir a possibilidade de haver uma etiologia hereditária[3].

Origem do termo editar

O termo foi cunhado em 2001 pelo professor Pawel Jastreboff e pela médica Margaret M. Jastreboff, com a ajuda do classicista Guy Lee, apresentando-o em seu artigo "Hyperacusis", com maiores explicações no International Tinnitus and Hyperacusis Society's ITHS Newsletter.

O termo foi usado pela primeira vez em um periódico revisado por pares em 2002.

"Misofonia" vem das palavras do grego antigo μῖσος (IPA: /mîː.sos/), que significa "ódio" e φωνή (IPA: /pʰɔː.nɛ̌ː/), que significa "voz" ou "som", traduzindo vagamente para " ódio ao som", e foi cunhado para diferenciar a condição de outras formas de diminuição da tolerância ao som, como hiperacusia (hipersensibilidade a certas frequências e faixas de volume) e fonofobia (medo de sons).

Referências

  1. Silva, Fúlvia Eduarda da; Sanchez, Tanit Ganz (maio de 2019). «Evaluation of selective attention in patients with misophonia». Brazilian Journal of Otorhinolaryngology (em inglês) (3): 303–309. PMC PMC9442865  Verifique |pmc= (ajuda). PMID 29673780. doi:10.1016/j.bjorl.2018.02.005. Consultado em 24 de abril de 2023 
  2. a b Vidal, Carlos Eduardo Leal; Vidal, Ligia Melo; Lage, Maria Júlia de Alvarenga (setembro de 2017). «Misofonia: características clínicas e relato de caso». Jornal Brasileiro de Psiquiatria (3): 178–181. ISSN 0047-2085. doi:10.1590/0047-2085000000168. Consultado em 24 de abril de 2023 
  3. a b Sanchez, Tanit Ganz; Silva, Fúlvia Eduarda da (setembro de 2018). «Familial misophonia or selective sound sensitivity syndrome : evidence for autosomal dominant inheritance?». Brazilian Journal of Otorhinolaryngology (em inglês) (5): 553–559. PMC PMC9452240  Verifique |pmc= (ajuda). PMID 28823694. doi:10.1016/j.bjorl.2017.06.014. Consultado em 24 de abril de 2023 
  4. USP, Jornal da USP no Ar é uma parceria da Rádio USP com a Escola Politécnica e o Instituto de Estudos Avançados (23 de julho de 2021). «Misofonia causa sofrimento por exposição a sons, mas pode ser tratada». Consultado em 24 de abril de 2023