Morcego originário

O Morcego Originário (Mbopí recoypý), também conhecido por Morcego Original, Morcego Eterno ou simplesmente Morcego é um ser (ou seres) primordial maligno da cultura tupi-guarani, sobretudo dos guarani Apapocúva e seus parentes mais próximos. Os indígenas acreditam que juntamente com o Jaguar Azul este ser um dia irá destruir a humanidade, engolindo o Sol e a Lua, deixando a Terra em trevas e consequentemente à destruindo.[1]

Representação artística do Morcego Originário (Mbopí recoypý)
Representação artística do Morcego Eterno (Mbopí recoypý)

Assim como o Jaguar Azul, o Morcego Originário também é o causador dos eclipses, tanto o solar quanto o lunar. Os eclipses, na mentalidade de algumas tribos tupis-guaranis são na verdade o enfrentamento dos irmãos Guaraci (Sol) e seu irmão mais novo Jaci (Lua), contra essas duas forças primordiais, o Jaguar Azul e o Morcego Originário.[1] O Morcego Eterno de acordo com as tradições indígenas estaria contido hoje dentro da cabana do deus Nhamandú aguardando o dia que destruirá a humanidade, apesar de suas várias tentativas através dos eclipses. Ele estaria acima, no teto, pendendo da cumieira da cabana. Abaixo, logo ao lado da rede de Nhamandú estaria Charía[1][2].

De acordo com Curt Nimuendajú, este ser imortal provavelmente por estar conectado as trevas existiria antes mesmo do deus criador Nhamandú, sendo portanto mais antigo que ele[1]. Ainda, segundo o etnólogo, nas lendas Bakairí de Von den Steinen, um dos seres mais antigos também é um morcego de nome Semimo[1].

Referências Bibliográficas editar

  1. a b c d e NIMUENDAJÚ, Curt Unkel (1987). As lendas da criação e destruição do mundo como fundamentos da religião dos Apapocúva-Guarani. São Paulo: HUCITEC. pp. 50–51 
  2. BOND, Rosana (2009). História do Caminho de Peabiru: Descobertas e segredos da rota indígena que ligava o Atlântico ao Pacífico. [S.l.]: Aimberê. pp. 92–94