O País de São Saruê

Documentário brasileiro dirigido por Vladimir Carvalho

O País de São Saruê é um documentário brasileiro de 1971, dirigido por Vladimir Carvalho, sobre as secas constantes na região de Rio do Peixe, na Paraíba.[1][2]

O País de São Saruê
O País de São Saruê
 Brasil
1971 •  p&b •  90 min 
Género documentário
Direção Vladimir Carvalho
Produção Vladimir Carvalho
Edição Vladimir Carvalho, Eduardo Leone
Idioma português

Sinopse editar

Com depoimentos reais, o filme retrata a vida de lavradores e garimpeiros no vale do rio do Peixe, mostrando o cotidiano de secas e pobreza nessa na região semiárida do Nordeste do Brasil. O filme inicia-se com um "Monólogo sobre o sertão", leitura de um poema de Jomar Moraes, que serve como espinha dorsal sonora do filme. As entrevistas são inseridas aos poucos, contrapostas às cenas do folclore local, fotos antigas e material musical composto por Luiz Gonzaga, José Siqueira, Ernesto Nazareth.[1]

 
Composições do pianista e compositor Ernesto Nazareth fazem parte do filme O País de São Saruê.[3]

Produção editar

O projeto foi realizado em três etapas: a primeira em 1966, quando teve suas filmagens interrompidas pela chuva e foi preciso esperar que o sertão reapresentasse a mesma paisagem cotidiana; a segunda em 1967, quando pôde terminar as filmagens de 1967, e a terceira no final de 1970, ano de conclusão do filme.[1] Nas duas primeiras fases, o filme contou com o apoio de Antônio Mariz, então prefeito do município de Sousa (cidade).[4]

Assim que foram concluídas as filmagens em 1967, Vladimir Carvalho foi montar o primeiro corte do filme no Rio de Janeiro. A primeira versão, ainda em 16 mm e com cerca de 50 minutos, foi finalizada em 1968 - sob o nome "O Sertão do Rio do Peixe" - e teve exibições na Maison de France, no Festival de Viña del Mar e ainda no Rio de Janeiro.[1]

Em seguida, Vladimir Carvalho retomou o projeto, desta vez incluindo novas filmagens em 35 mm feitas em Catolé do Rocha.[4] Montado com o auxílio da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, o documentário foi concluído em 1971, e recebeu o nome de "O país de São Saruê", nome inspirado no título de um cordel do conhecido autor paraibano Manoel Camilo dos Santos.[1][4]

Lançamento editar

Submetido à apreciação da censura da ditadura militar brasileira, o longa-metragem foi vetado sem sugestão de cortes, sob a alegação de que a obra prejudicava a imagem do país.[1][4]

Ignorando a proibição, a comissão do Festival de Brasília selecionou o filme para sua mostra de 1971, mas o mesmo foi interditado e substituído pelo documentário "Brasil bom de bola", de Carlos Niemeyer, o que provocou revolta no público.[5] Somado ao clima repressivo do início da década, o incidente levou à suspensão do festival por três anos.[6]

O documentário ficaria sob censura até 1979, quando foi selecionado novamente para o Festival de Brasília daquele ano e recebeu o Prêmio Especial do Júri.[5]

À época os críticos apontaram o envelhecimento precoce de O País de São Saruê e que apenas por motivação política fazia jus ao prêmio especial do júri do Festival de Brasília. A região retratada no filme passava por uma nova dinâmica econômica. O governo Militar já não era tão repressivo e acenava para uma abertura democrática.[7][8]

Em uma votação com dezenas de críticos e pesquisadores de cinema organizada pela Associação Brasileira de Críticos de Cinema, o filme foi eleito como um dos melhores documentários da história do cinema brasileiro.[9]

Referências

  1. a b c d e f Ramos, Fernão Pessoa (2004). «Vladimir Carvalho». Enciclopédia do Cinema Brasilero 2.ª ed. São Paulo, Brasil: Senac. pp. 97–99. ISBN 85-7359-093-9 
  2. «O País de São Saruê». Base de Dados da Cinemateca Brasileira. Consultado em 26 de maio de 2020 
  3. «Ernesto Nazareth - 150 anos | Home». ernestonazareth150anos.com.br. Consultado em 12 de setembro de 2020 
  4. a b c d «O País de São Saruê». Enciclopédia Itaú Cultural. Consultado em 26 de maio de 2020 
  5. a b «Tradição e resistência marcam o Festival de Brasília do Cinema Brasileiro». Agência Brasília. 23 de setembro de 2017. Consultado em 26 de maio de 2020 
  6. «Conversa animada com o bom e velho Vladimir Carvalho». Agência Brasília. 29 de novembro de 2019. Consultado em 27 de maio de 2020 
  7. Cultural, Instituto Itaú. «O País de São Saruê». Enciclopédia Itaú Cultural. Consultado em 12 de setembro de 2020 
  8. «Governo Figueiredo (1979-1985): Transição, Diretas já, Riocentro». educacao.uol.com.br. Consultado em 12 de setembro de 2020 
  9. Maria do Rosário Caetano (2 de abril de 2017). «100 melhores documentários brasileiros». Revista de Cinema. Consultado em 26 de maio de 2020 

Ligações externas editar

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