Práticas corporais

As práticas corporais são atividades e fenômenos heterogêneos que se mostram, mas não se esgotam, ao nível corpóreo e que constituem-se como manifestações humanas, tais como os jogos, danças, ginásticas, esportes, artes marciais, acrobacias, brincadeiras, práticas corporais de aventura, entre outras[1]. Nesse caso, as manifestações mencionadas integram o acervo daquilo que vem sendo chamado de cultura corporal.

Alguns estudiosos sugerem que o termo pode derivar da noção de técnicas corporais, como identificadas e categorizadas pelo antropólogo Marcel Mauss na passagem do século XIX para o século XX. Sabe-se que o termo está ligado a sociologia do corpo. É percebido também como uma forma de linguagem e expressão de determinado grupo, quando se destacam os aspectos sociais e subjetivos, os quais são atribuídos pelos praticantes e pela realidade social, dando distintos sentidos: recreativo; esportivo; cultural; e cotidiano[1]. Como práxis, elas compõem o processo de formação e reprodução humana, que, por sua vez, assume a forma de atividades imitativas/ reiterativas e criadoras/ reflexivas.

Estas manifestações são constituintes da corporeidade e, por isso, são tematizadas no currículo da educação física na escola e estão presentes na Base Nacional Comum Curricular[1]. Assim como são objetos de pesquisa no campo acadêmico das ciências do esporte.

Práticas Corporais no campo da saúde

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As práticas corporais são consideradas um dos temas prioritários da Política Nacional de Promoção da Saúde[2]. Elas integram, portanto, ações de promoção que buscam intencionalmente responder necessidades ampliadas de saúde pactuadas e planejadas, preferencialmente, em equipes multiprofissionais. Destaca-se que esta intencionalidade é mediada pela natureza e por normas coletivas, ou seja, pela história natural e social do corpo humano. As práticas corporais, entendidas como trabalho em saúde, não se esgotam na sua fruição, aconselhamento e divulgação, senão constituem parte de estratégias de cuidado e de melhoria das condições dos espaços públicos, fortalecimento da participação comunitária e controle social.

No campo da saúde, o relatório Dawson - marco da Atenção Primária como política ordenadora do cuidado em sistemas de saúde - já reconhecia em 1920 a chamada “cultura física” como “necessidade vital para a saúde da nação”. Atualmente, o termo "práticas corporais" identifica um movimento contra-hegemônico que reúne diferentes perspectivas e pensadores que se opõem ao modelo biomédico, frequentemente representado pelo conceito tradicional de atividade física.

"Práticas corporais" é considerado um termo alternativo de Descritor em Ciências da Saúde (DeCS/MeSH) para indexação científica. Ou seja, ele é usado na pesquisa e recuperação de artigos de revistas científicas e outras fontes de informação disponíveis na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS)[3].

Referências

  1. a b c BRASIL (2018). Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília.
  2. BRASIL (2018). Ministério da Saúde. Política Nacional de Promoção da Saúde. Brasília.
  3. BVS. «Descritores em Ciências da Saúde»