Ralph Miliband, nome original Adolphe, (Bruxelas, Bélgica, 7 de janeiro de 1924 - Westminster, Reino Unido, 21 de maio de 1994) foi um sociólogo britânico, filho de judeus de origem polonesa radicados na Bélgica.

Ralph Miliband
Nascimento Adolphe Miliband
7 de janeiro de 1924
Bruxelas
Morte 21 de maio de 1994 (70 anos)
Westminster
Sepultamento Cemitério de Highgate
Cidadania Reino Unido, Bélgica, Polónia
Cônjuge Marion Kozak
Filho(a)(s) Ed Miliband, David Miliband
Alma mater
Ocupação sociólogo, professor universitário, cientista político
Empregador(a) Universidade de Leeds, London School of Economics
Obras destacadas Marxism and politics
Religião ateísmo
Causa da morte enfarte agudo do miocárdio
Túmulo de Ralph Miliband no cemitério de Highgate

Biografia

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Destacado teórico do marxismo da geração de E. P. Thompson, Eric Hobsbawm, e Perry Anderson. Sua família de origem judia exilou-se na Inglaterra, fugindo do nazismo. Ralph Miliband é pai de Ed Miliband, líder da oposição trabalhista ao governo conservador de David Cameron, desde 2010, e pai de David Miliband, também político do Partido Trabalhista.

Os pais de Ralph, Samuel Miliband e Renia Miliband, viviam na área pobre de Varsóvia, Polônia, depois da I Guerra Mundial, no ano de 1922, emigraram para Bruxelas na Bélgica. Samuel Miliband membro do Partido Socialista Judeu da Polônia, instituição que lutava pela autonomia política, cultural e social dos judeus e contra o antissemitismo. Miliband era filho de um artesão de produtos de couro, sua mãe era vendedora de chapéus femininos, a Grande Depressão dos anos 30 afetou profundamente a vida da família Miliband.

Carreira

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Miliband estudou na London School of Economics e serviu na Marinha britânica. Graduou- se em 1947 na LSE, seu doutorado, com o titulo "Popular thought in the French Revolution", iniciado em 1947, foi concluído em 1956. Ensinou na Roosevelt College, hoje Roosevelt University, em Chicago. Em 28 de setembro de 1948, tornou- se cidadão britânico. Em 1949 exerceu o cargo de professor assistente de ciência política na LSE.

Miliband foi um dos líderes do movimento New Left que buscou ampliar os horizontes das esquerdas na Europa e no mundo, chamando atenção para uma variedade de temas no campo da cultura e da política, questões relativas às minorias, ao gênero, problemas do mundo subdesenvolvido e etc. Amigo de Hobsbawm, Harold Laski e C. Wright Mills. Crítico da URSS e seus satélites, publicou inúmeras obras sobre marxismo, como "Marxist theory and the criticism of capitalism", "Parliamentary Socialism", 1961 e "Marxism and Politics", 1977. [1] [2] [3] [4] [5] [6] [7]

A controvérsia sobre as matérias do Daily Mail

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Recentemente o jornal britânico Daily Mail acusou Ralph Miliband de traição, de nutrir um profundo ódio pela Inglaterra e suas instituições e de simpatia pela URSS, fato que motivou dura resposta de Ed Miliband, no Parlamento, refutando todas as acusações, o periódico, contudo, manteve seus ataques. O jornal lançou mão de expressões pesadas em seus títulos de reportagem, como "O homem que odiou a Inglaterra" e "Legado perverso", ao se referir a Ralph Miliband, que serviu por três anos na Marinha Real Britânica.

Ao contrário de exilados de formação liberal clássica, como Friedrich Hayek, Karl Popper e Isaiah Berlin, Milliband, claramente, não se tornou um admirador do modelo inglês. Os refugiados de esquerda como Miliband, Hobsbawm e Isaac Deutscher tinham uma relação mais problemática, mais crítica, com as instituições políticas e com o capitalismo britânico. Os exilados de esquerda exibiam um amplo espectro que ia da social democracia, representada por autores como Thomas Balogh e Nicholas Kaldor, a marxistas e membros do Partido Comunista. Eram exilados com ideologias distintas e experiência de vida distintas também, como Isaiah Berlin e Gombrich.

O grande mestre e orientador de Miliband na London School of Economics foi Harold Laski, nome de destaque da esquerda trabalhista e que era visto como um perigoso revolucionário pelos Tories, que lembravam discurso radicais de Harold Laski no passado. O desaparecimento de Laski afetou profundamente o pensamento social e político da LSE, entendia. [8] [9]

Pensamento

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Ao contrário da grande maioria da esquerda contemporânea, Ralph Miliband não via como positivo o consenso alcançado nas democracias ocidentais, entre elementos do pensamento neoliberal, como privatizações, livre mercado, desregulamentação, e a presença do setor público desenvolvendo políticas reformistas, redistributivas, e desempenhando serviços no campo social. Ele defendia a criação de uma terceira força política na Inglaterra para quebrar o bipartidarismo de fato existente, que impedia uma transformação mais profunda da sociedade britânica. Segundo Miliband, o Partido Trabalhista também estava comprometido com os interesses do grande capital. Miliband não concordava com autores como Daniel Bell, James Burnham, Seymour M. Lipset, Ralf Dahrendorf , ou Francis Fukuyama, quem entendiam o capitalismo, ou a economia de mercado, administrado por gerentes ou técnicos profissionais, e a democracia liberal como a expressão de uma grande síntese histórica ideal, o melhor caminho para as sociedades industriais modernas. A fórmula sintética : geração de riqueza e redistribuição da mesma com a consequente elevação geral dos indicares sociais, via políticas públicas.

Segundo suas análises, o capitalismo persiste com o velhos vícios estruturais, apesar de transformações importantes. Sua linha era claramente de contracorrente diante do "mainstream" constituído, defendendo o controle público de empresas e políticas intervencionistas. Os gerentes ou os executivos profissionais não são mais generosos, mais justos, e nem visam mais o interesse público ou tampouco possuem maior responsabilidade social do que os proprietários ou acionistas majoritários.

Miliband entendia que socialismo é um objetivo de longo prazo, ainda vai levar um longo tempo para surgir, mas as desigualdades gritantes e esforços para uma maior equidade na distribuição da renda e na geração de oportunidades devem continuamente ser realizados, através da ação estatal.

O operariado não é revolucionário em essência, mas é uma força contra regimes de direita e um fator de temor, através de reivindicações e mobilização, um agente de pressão por mudança, e que deve sofrer uma processo de conscientização política. O socialismo, para Miliband, era entendido como a combinação de uma possibilidade objetiva e exigência ética, via aprofundamento da democracia e reformas.

A formação de uma hegemonia proletária, nos termos de Gramsci, era fundamental, um Estado não neutro, mas a favor da classe operária, dirigido por ela, e não pela classe abastada, que, apesar das transformações e da mobilidade social, continuavam usando o Estado para o atendimento de seus interesses. (Cfr The State in Capitalist Society)

Miliband rejeitava a ideia de uma elite muito dividida e competitiva, incapaz de formar uma dominação coerente do Estado como propunha Robert Dahl e também a tese de um Estado neutro, atuando como árbitro do conflito social, entre agentes que atingiriam posições privilegiadas por conta de sua maior competência e trabalho, partindo de uma posição original de igualdade. O Estado era, sim, defensor dos interesses da classe dominante no seu conjunto.

Ralph Milliband defendia um Labour Party mais radical, o partido não era suficientemente radical, segundo sua perspectiva teórica, nem em termos de reformas profundas. Caso impossível, o caminho era a criação de uma terceira força partidária.(Cfr Parliamentary Socialism, 1961). Seu projeto, claramente, era a negação da linha de Tony Blair que passou a dominar o partido nos fim dos anos 90, época não vivida por Ralph Miliband que faleceu em 1994.

O poder material e cultural/ideológico da classe dominante conferiam uma vantagem estratégica, criando grandes dificuldades para a criação de um projeto efetivo das esquerdas. A classe dominante usa de modo muito competente esse poder na defesa de suas vantagens estratégicas afirmava. Criticou categorias como ditadura do proletariado e centralismo democrático de Lênin, e respondeu às críticas movidas contra o marxismo, relativas ao determinismo, economicismo e totalitarismo supostamente intrínsecos da teoria (Cfr Estado na sociedade capitalista,1968, Marxismo e Política 1977)

[10] [11] [12] [13] [14] [15]

  • Parliamentary Socialism: A Study of the Politics of Labour, 1961
  • The State in Capitalist Society, 1969
  • Marxism and Politics, 1977
  • Capitalist Democracy in Britain, 1982
  • Class Power and State Power, 1983
  • Divided Societies: Class Struggle in Contemporary Capitalism, 1989
  • Socialism for a Sceptical Age, 1994

Ver também

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Referências