Sancha Bermudes de Trava

nobre galega

Sancha Bermudes de Trava (antes de 1142 - c.1208), foi uma rica-dona galega e, por casamento, senhora de várias honras em Portugal.[1]

Sancha Bermudes de Trava
Rica-dona/Senhora
Senhora de Fontelo e Vila Cova
Reinado 1152-1189
Senhora de Fonte Arcada
Reinado 1189-1208
Nascimento Antes de 1142
Morte c.1208
Sepultado em Mosteiro de Salzedas, Tarouca, Viseu, Portugal
Cônjuge Soeiro Viegas de Ribadouro
Descendência Bermudo Soares, Senhor de Fontelo
Lourenço Soares, Senhor de Fontelo
Teresa Soares, Senhora de Sousa
Dinastia Trava
Pai Bermudo Peres de Trava
Mãe Urraca de Portugal
Religião Catolicismo romano

Primeiros anos editar

Sancha era filha do magnate galego Bermudo Peres de Trava, da família de Trava, uma das mais influentes famílias da Galiza medieval, e da infanta portuguesa Urraca Henriques de Portugal[2][3]. Bermudo fora amante da rainha Teresa de Leão, e Urraca era uma das filhas desta do seu casamento com o conde Henrique de Borgonha. Sancha era, portanto, sobrinha de Afonso Henriques, que viria a tornar-se no primeiro rei de Portugal. Sancha deveria ser das filhas mais novas do casal, tendo em conta a data tardia da sua morte.

A primeira notícia de Sancha deverá ser de 4 de fevereiro de 1142, quando confirma o testamento paterno com os seus irmãos [4]. Confirmou também com os irmãos, a 13 de setembro de 1145, uma doação da irmã, Urraca Bermudes I de Trava, da Igreja de Xonroso ao Mosteiro de Sobrado[4].

Casamento editar

Sancha desposou, em 1152, Soeiro Viegas de Ribadouro, proveniente de uma das mais importantes e influentes famílias na corte portuguesa: a Casa de Riba Douro. De facto, Soeiro era filho do célebre magnate Egas Moniz IV de Ribadouro e da sua segunda[5][6] (ou única[7][8]) esposa, Teresa Afonso de Celanova. Soeiro elaborou uma carta de arras para Sancha, na qual lhe legava diversos bens, importantes para o seu sustento, com a importante cláusula que, caso enviuvasse e casasse de novo, perderia os direitos àqueles bens[9].

O seu esposo entra na corte portuguesa por volta de 1157, onde, em 1164, ganha o título de tenente de Lamego, provavelmente herdado do irmão, Lourenço Viegas de Ribadouro.

Sancha parece não ter deixado de visitar a sua família na Galiza, pois pelo menos uma vez isto se comprova, a 15 de dezembro de 1165 (estando já Sancha casada), a sua confirmação numa doação conjunta de vários filhos de Bermudo Peres de Trava das salinas de Mariñán, em Bergondo (Galiza) ao Mosteiro de Sobrado[2].

A gestão dos bens familiares editar

Sancha recebeu vários bens do marido[10], que, por herança e doações, era senhor de numerosos e grandes haveres ou honras por todo o Ribadouro, especialmente desde cerca de Lamego e Tarouca até aos rios Paiva e Távora[9]. Aproveitando a sua posição na corte como tenente, o seu marido dava cartas de povoação ou aforamentos e diplomas de foral, facilitando assim o repovoamento e a agricultura pela redução das quotas tributárias[9], ações que ela incentivava assinando juntamente com ele várias destas cartas e diplomas. Um exemplo é a carta da vila de Ponte de Távora (atualmente Vila da Ponte), perto de Sernancelhe, passada por Soeiro e Sancha. Participou também em várias doações e vendas ao Mosteiro de Salzedas, como a venda de propriedades na atual freguesia de Cambres (Lamego) em 1187, por trezentos maravedis[9].

Morte e posteridade editar

Sancha deverá ter falecido por volta de 1208[9], e ter-se-há feito sepultar no Mosteiro de Salzedas, (junto ao seu esposo), ao qual havia feito numerosas doações em vida[11].

Casamento e descendência editar

Sancha terá desposado, por volta de 1152[12][13], Soeiro Viegas de Ribadouro, filho do célebre magnate Egas Moniz IV de Ribadouro e de Teresa Afonso de Celanova. Desta união nasceram:

Referências

  1. Mattoso 1981, p. 194-195.
  2. a b López-Sangil 2002, p. 56 e 65.
  3. Almeida Fernandes 1978, p. 20.
  4. a b Genealogía del Linaje Traba
  5. Mattoso 1982, p. 58.
  6. Sottomayor-Pizarro 1997.
  7. GEPB 1935-57, p. 285-87, vol.35.
  8. Fernandes 1960.
  9. a b c d e GEPB 1935-57, p. 221, vol.35.
  10. Por exemplo, a vila de Fonte Arcada, herdada pelo cunhado Lourenço Viegas, surge mais tarde na posse de Sancha.
  11. Reis 1934.
  12. López-Sangil 2002, p. 74.
  13. Almeida Fernandes 1978, p. 34.

Bibliografia editar

Sancha Bermudes de Trava
Casa de Trava
Herança de viuvez
Precedido por
Soeiro Viegas
Senhora de Fonte Arcada
1189-1208
Sucedido por
Lourenço Soares de Ribadouro