Sarah Frances Whiting

Sarah Frances Whiting (Wyoming, 23 de agosto de 1847Wilbraham, 12 de setembro de 1927) foi uma física e astrônoma estadunidense, conhecida por seu trabalho de inclusão de mulheres no meio científico e por ser tutora de várias astrônomas famosas, incluindo Annie Jump Cannon.

Sarah Frances Whiting
Sarah Frances Whiting
Conhecido(a) por lutou pela inclusão de mulheres no meio científico no século XIX
Nascimento 23 de agosto de 1847
Wyoming, Nova York, EUA
Morte 12 de setembro de 1927 (80 anos)
Wilbraham, Massachusetts, EUA
Residência Estados Unidos
Nacionalidade norte-americana
Alma mater Ingham University
Campo(s) Astronomia e física

Vida pessoal editar

Sarah era filha de Joel Whiting, um professor e de Elizabeth Comstock. O interesse em ciências veio desde cedo, em casa. Seu pai era bem instruído e passou a paixão pelas ciências para a filha.[1] Em 1865 ela se formou na Ingham University, a primeira universidade para mulheres nos Estados Unidos, em LeRoy, Nova York, fechada em 1892 por dificuldades financeiras.[1] Sarah, então, lecionou em Ingham e depois no Brooklyn, onde começou a assistir e dar várias palestras científicas, em especial falando dos avanços da ciência e da tecnologia a época.[2]

Carreira editar

Admirada enquanto profissional, em 1876, foi convidada por Henry F. Durant, fundador do Wellesley College, em Massachusetts para ser professora de física. Era uma instituição nova na época para o ensino superior de mulheres e aberta naquele mesmo ano. Em 1877, Henry F. Durante a colocou em contato com o professor Edward Pickering, diretor de Harvard College Observatory e instrutor no Massachusetts Institute of Technology (MIT) para monitorar os laboratórios de pós-graduação e dar aulas de física, algo inédito para mulheres[3]. Em 1878, valendo-se da experiência obtida com Pickering, ela estabeleceu, equipou e operou o laboratório de pós-graduação em Wellesley, o único do país aberto para mulheres. Sarah fez tudo sozinha, pesquisando equipamentos, entrando em contato com fabricantes na Europa, comprando o que o laboratório precisava e instalando os equipamentos sem nenhuma assistência[1].

Em 1879, a convite novamente de Edward Pickering, ela foi ao Harvard College Observatory estudar a nova tecnologia usada para pesquisa astronômica na época, especialmente no campo da espectroscopia, que possibilitava a observação de padrões espectrais (linhas e bandas) que formam a luz visível[4]. Este experimento lhe mostrou como aplicar as teorias que ouviu nas palestras do físico britânico John Tyndall e a inspirou a seguir carreira em Astronomia.

Ela então criou e lecionou na primeira turma de Astronomia em Wellesley, em 1880, sob o nome de "Física Aplicada", ensinando com um telescópio portátil de 4 polegadas e um globo celeste. Sarah percorria os estados comprando equipamentos e livros para o observatório em Wellesley, com um fundo oferecido por John C. Whitin, que foi homenageado ao ter seu nome dado ao novo observatório, oficialmente aberto em 1900, tendo Sarah como sua primeira diretora.[5]

Sarah trabalhou praticamente sozinha durante sua carreira. Utilizava seus períodos sabáticos da universidade para viajar e se aprimorar, comprar equipamentos e aprimorar suas aulas e o observatório, como quando esteve na Universidade de Berlim, de 1888 a 1889. Em 1896 esteve na prestigiada Universidade de Edimburgo, aberta recentemente para mulheres, para estudar com o físico Peter Guthrie Tait. Fundou grupos acadêmicos e participou de grupos até então permitidos apenas para homens. Foi uma das poucas mulheres membro da American Astronomical Society e da American Physical Society e foi convidada pela New England Meteorological Society para integrar seu quadro de membros, sendo a única mulher. Isso a levou a introduzir o ensino de meteorologia em Wellesley.[5]

Em 1895, com a descoberta dos raios-X por Wilhelm Conrad Röntgen, Sarah foi a primeira a adquirir um equipamento e fazer as primeiras fotografias em raios-X nos Estados Unidos.[6]

Aposentadoria e morte editar

Enquanto lecionava em Wellesley, Sarah morava no campus com sua irmã solteira Elizabeth P. Whiting. Elas moraram nos dormitórios e em casas pelo campus até 1906, quando se mudaram para uma casa construída próxima ao prédio do observatório, graças a uma generosa doação da esposa de John C. Whitin. Sarah era uma militante proibicionista (em especial do álcool) e congregacionalista muito ativa nos programas missionários da associação cristã Wellesley College[1].

Ela se aposentou do departamento de física em 1912 para se dedicar totalmente à astronomia. Quatro anos depois, ela deixou o cargo de diretora do observatório, já como professora emérita, passando o cargo para John Duncan e passou a viver com sua irmã em Wilbraham, Massachusetts. Sarah faleceu em sua casa, em 12 de setembro de 1927, aos 80 anos, por arteriosclerose e problemas nos rins. Foi enterrada em Le Roy, Nova York.[1]

Mesmo sendo uma cientista brilhante, a paixão de Sarah era lecionar ciência. Foi uma prolífica escritora de literatura educacional, cujos exercícios em astronomia foram essenciais para futuros professores. Seu pioneirismo foi essencial para pavimentar o caminho para novas cientistas, como Annie Jump Cannon, que em 1895 testemunhou a empolgação de Sarah com os raios-X, que fez as fotografias das moedas dentro da bolsa e os ossos sob a carne, as primeiras nos Estados Unidos.[7]

Produção bibliográfica editar

  • Daytime and evening exercises in astronomy, for schools and colleges.[8]
  • "Use of Graphs in Teaching Astronomy",[9]
  • "Use of Drawings in Orthographic Projection and of Globes in Teaching Astronomy",[10]
  • "Spectroscopic Work for Classes in Astronomy",[11]"The Use of Photographs in Teaching Astronomy",[12]
  • "Partial Solar Eclipse, June 28, 1908",[13]
  • Solar Halos,[14]
  • "A Pedagogical Suggestion for Teachers of Astronomy",[15]
  • "Priceless Accessions to Whitin Observatory Wellesley College",[16]
  • "The Tulse Hill observatory diaries (abstract)",[17]

and "The Tulse Hill observatory diaries",[18]

Prêmios e honrarias editar

Honrarias:

Emprego e posições de destaque:

  • 1876-1912 Professora de Física Wellesley College
  • 1900-1916 Diretora do Whitin Observatory, Wellesley College
  • 1916-1927 Professora Emérita, Wellesley College

Referências

  1. a b c d e The Gale Group Inc. (ed.). «Sarah Frances Whiting». Encyclopedia of World Biography. Consultado em 23 de novembro de 2016 
  2. https://global.britannica.com/biography/Sarah-Frances-Whiting
  3. Patricia Ann Palmieri (1995). In Adamless Eden. Yale University Press: New Haven.
  4. Klaus Hentschel (1999). The culture of visual representations in spectroscopic education and laboratory instruction. Physics in Perspective 1: 282-327 and (2002) Mapping the Spectrum. Oxford: OUP, pp. 385-393 on her spectroscopy classes.
  5. a b Kathleen Sewall (ed.). «Timeline based on the ASTR 350 project "A History of Astronomy at Wellesley College"». Wellesley College. Consultado em 22 de novembro de 2021 
  6. «Women in Meteorology Before World War II». Passport to Knowledge. Consultado em 22 de novembro de 2021 
  7. «Sarah Frances WHITING». Scientific Women. Consultado em 22 de novembro de 2021 
  8. Whiting, Sarah Frances (1912). "Daytime and evening exercises in astronomy, for schools and colleges." Ginn and Company: Boston, New York, Chicago, London.
  9. Whiting, Sarah F. (1905). "Use of Graphs in Teaching Astronomy." Popular Astronomy, vol. 13, pp. 185-190.
  10. Whiting, Sarah (1905). "Use of Drawings in Orthographic Projection and of Globes in Teaching Astronomy." Popular Astronomy, vol. 13, pp. 235-240.
  11. Whiting, Sarah (1905). "Spectroscopic Work for Classes in Astronomy." Popular Astronomy, vol. 13, pp. 387-391.
  12. Whiting, Sarah (1905). "The Use of Photographs in Teaching Astronomy." Popular Astronomy, vol. 13, pp. 430-434.
  13. Whiting, S. F. (1908). "Partial Solar Eclipse, June 28, 1908." Popular Astronomy, Vol. 16, 1908, p. 458.
  14. Whiting, Sarah F. (1909). "Solar Halos." Popular Astronomy, Vol. 17, 1909, p. 389.
  15. Whiting, Sarah F. (1912).
    • "A Pedagogical Suggestion for Teachers of Astronomy." Popular Astronomy, vol. 20, pp. 156-160.
  16. Whiting, Sarah F. "Priceless Accessions to Whitin Observatory Wellesley College." Popular Astronomy, vol. 22, pp. 487-492.
  17. Whiting, Sarah Frances (1917). "The Tulse Hill observatory diaries (abstract)." Popular Astronomy, Vol. 25, p. 117.
  18. Whiting, Sarah Frances (1917). "The Tulse Hill observatory diaries." Popular Astronomy, Vol. 25, p. 158.
  19. Whiting, Sarah F. (1915). "Lady Huggins." Astrophysical Journal, vol. 42, p. 1.
  20. Sarah Frances Whiting. "The experiences of a woman physicist." Wellesley College News, Jan. 9, 1913, 1-6.

Links editar

Bibliografia editar

  • American National Biography, Volume 23, Oxford University Press, 1999.
  • American Women in Science, ABC–CLIO, Inc., 1994.
  • The Biographical Dictionary of Women in Science, Volume 2, Routledge, 2000.
  • The Continuum Dictionary of Women's Biography, The Continuum Publishing Company, 1989.
  • A Dictionary of North American Authors Deceased Before 1950, Gale Research, 1968.
  • Notable American Women 1607–1950: A Biographical Dictionary, Volume 3, The Belknap Press of Harvard University Press, 1971.
  • Notable Women in the Physical Sciences, Greenwood Press, 1997.
  • Notable Women Scientists, Gale Group, Inc., 1999.
  • Who Was Who in America, Volume 1, Marquis Who's Who, Inc., 1966.
  • The Women's Book of World Records and Achievements, Anchor Press/Doubleday, 1979.
  • Women's Firsts, Gale Research, 1997.