Serra do Comissário

A Serra do Comissário é uma proeminente serra brasileira localizada no sertão paraibano, tendo sido declarada como Patrimônio Cultural Imaterial do estado da Paraíba em 2023.[1] Com uma área total de 19 000 hectares (ha), a serra está localizada no limites dos municípios de Lagoa, Pombal, Santa Cruz e São Francisco.[2]

Serra do Comissário
serra
País  Brasil
Região  Paraíba
Localidades mais próximas Santa Cruz
Coordenadas 6° 36' 31" S 37° 58' 19" O

Com altitudes que podem superar os 800 metros, a Serra do Comissário é um ponto de destaque na paisagem sertaneja paraibana, pois com um clima mais ameno e úmido a vegetação da caatinga, apresenta-se como refúgio da fauna e flora, onde elas apresentam-se mais exuberantes, quando comparadas à caatinga das regiões mais baixas localizadas no entorno.[3]

Além de seu valor natural, a Serra do Comissário possui uma relevância cultural e histórica significativa para as comunidades circundantes, que mantêm práticas tradicionais de agricultura, artesanato e festas religiosas, logo, o turismo sustentável tem sido promovido como uma forma de desenvolver a economia local, permitindo que os visitantes explorem a beleza natural da serra enquanto contribuem para a preservação ambiental e o bem-estar das comunidades locais.[3]

Geografia

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Geralmente associada ao município de Santa Cruz,[1] a Serra do Comissário ocupa também trechos dos municípios de Lagoa, Pombal e São Francisco. Segundo a classificação climática de Köppen-Geiger, o clima da região é tropical quente e úmido com chuvas de verão e outono, tipo Aw’, onde a pluviosidade média da região chega aos 875 mm anuais, sendo que a temperatura de até 28 °C das cidades próximas,[2] sofre o efeito de altitude da serra e é amenizada,[4] com as temperaturas médias em seu topo apresenta variando entre 22 °C e 25 °C.[3]

Em seu sopé e entorno, o relevo apresenta-se como plano a suavemente ondulado e predomínio de vegetação de caatinga arbustiva densa, com alguns elementos arbóreos, que tornam-se predominantes ao ultrapassar a altitude de 650 metros, sujo relevo passa a ser ondulado a montanhoso. Sua vegetação de caatinga há predomínio de espécies como angico, cajá, canafístula, catolé, faveleira, goiabinha, gonçalo-alves, ipê-roxo, jatobá, juazeiro, marmeleiro, jurema-preta, jurema, pinhão-bravo, trapiá, velame, pau-branco e pereiro.[2]

Dos açudes existentes na região, a maioria está situada em áreas abaixo dos 350 metros, sendo abastecidos por pequenos riachos temporários que descem da serra durante a estação das chuvas, porém, também é possível encontrar nascentes e olhos d'água na serra, dos quais alguns são perenes.[2]

História

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A característica de brejo na Serra do Comissário[5]serviu como atrativo e habitação por séculos para colonizadores, sendo que hoje as 39 famílias permanecem no local antropizaram parte da área da serra, para a prática de agricultura e pecuária, bem como para a abertura de estradas e construções, a exemplo da vila ao redor da Igreja de Nossa Senhora da Conceição, uma das mais antigas da região. Além da vila, há também um assentamento do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) no topo da serra.[2]

A existência de um ecossistema que serve de refúgio para muitas espécies animais e vegetais, associados à antropização e destruição dos recursos ao longo dos anos, a exemplo das queimadas que costumam ocorrer no local,[6] tem servido de base para estudos que apontam a necessidade de criação de uma unidade de conservação no local.[2]

Referências

  1. a b PARAÍBA, Lei nº 12725, de 04 de julho de 2023. Declara como Patrimônio Cultural Imaterial do Estado da Paraíba a Serra do Comissário, localizada no Município de Santa Cruz, neste Estado.
  2. a b c d e f Mendes, Diego; Barreto de Sousa, Antonio Emanuel (dezembro de 2016). «Avifauna de uma área de Caatinga arbórea e ambientes associados no sertão paraibano, Brasil.» (PDF). ORNITHOLOGIA - Revista do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Aves Silvestres (CEMAVE). Cabedelo-PB. p. 80-97. Consultado em 30 de maio de 2024 
  3. a b c Gomes, Elton Márcio Leite (2019). «Turismo e percepção sobre resíduos sólidos: estudo de caso na Pedra do Tendó, Teixeira-PB». Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba (IFPB). Princesa Isabel-PB. Consultado em 30 de maio de 2024 
  4. Brasão, Marcelo Henrique de Melo (2016). «Prováveis ocorrências de enclaves úmidos no alto sertão paraibano». Revista de Geociências do Nordeste. Consultado em 30 de maio de 2024 
  5. Porto, Kátia C.; Cabral, Jaime J. P.; Tabarelli, Marcelo (2004). «Brejos de Altitude em Pernambuco e Paraíba - história natural, ecologia e conservação» (PDF). Ministério do Meio Ambiente; Universidade Federal de Pernambuco. Brasília-DF. Consultado em 30 de maio de 2024 
  6. Redação (18 de outubro de 2023). «Cinegrafista amador filma chamas consumindo vegetação nativa na Serra do Comissário, em Santa Cruz; Assista». Repórter PB. Consultado em 30 de maio de 2024