Signatários da Declaração de Independência da Lituânia

artigo de lista da Wikimedia

Os signatários da Declaração de Independência da Lituânia foram os vinte homens lituanos que assinaram a Declaração de Independência da Lituânia em 16 de fevereiro de 1918. Os signatários foram eleitos para o Conselho da Lituânia pela Conferência de Vilnius em setembro de 1917 e encarregados com a missão de estabelecer um estado independente lituano.[1] A independência proclamada foi estabelecida somente no final de 1918, depois da Alemanha ter ficado enfraquecida após a Primeira Guerra Mundial e de suas tropas terem se retirado do território lituano. O que se seguiu foi um longo processo de construir o estado, determinando suas fronteiras, e ganhando reconhecimento diplomático internacional. Os signatários tiveram sucesso em sua missão e a Lituânia independente existiu até a União Soviética ocupar o estado em 15 de junho de 1940. Após a declaração da independência da Lituânia, os signatários continuaram a participar da vida pública da Lituânia; dois deles, Antanas Smetona e Aleksandras Stulginskis, foram mais tarde eleitos Presidentes da Lituânia, e Jonas Vileišis se tornou prefeito de Kaunas, a capital temporária da Lituânia. Após a Lituânia perder sua independência durante a Segunda Guerra Mundial, seis dos signatários sobreviventes foram mandados à prisão ou executados pelo governo soviético, e seis outros foram para exílio. O último sobrevivente faleceu em 22 de setembro de 1969.

Os vinte signatários.

Signatários editar

Imagem Nome Afiliação política[2] Profissão/Educação Data e local de nascimento[3] Data e local de falecimento[3]
  Saliamonas Banaitis
pronunciação
Democratas Cristãos Lituanos Editor, cursos de comércio e contabilidade em São Petersburgo e estudos inacabados na Universidade Vytautas Magnus 15/07/1866 na vila Vaitiekupiai, distrito de Šakiai 04/05/1933 em Kaunas, Lituânia
  Jonas Basanavičius
pronunciação
Sem partido Físico, Universidade de Moscou 23/10/1851 na vila Ožkabaliai, distrito de Naumiestis 16/02/1927 em Vilnius, Lituânia
  Mykolas Biržiška
pronunciação
Partido Social Democrata Advogado, Universidade de Moscou 24/08/1882 em Viekšniai 24/08/1962 em Los Angeles, Estados Unidos
  Kazys Bizauskas
pronunciação
Democratas Cristãos Lituanos Advogado, Universidade de Moscou 15/02/1893 em Pavilosta, Letônia 26/06/1941 perto de Minsk, Bielorrússia
  Pranas Dovydaitis
pronunciação
Democratas Cristãos Lituanos Advogado, Universidade de Moscou 02/12/1886 na vila Runkiai, distrito de Marijampolė 04/10/1942 no campo de prisioneiros Sverdlovsk, Rússia
  Steponas Kairys
pronunciação
Partido Social Democrata Engenheiro, Instituto de Tecnologia em São Petersburgo 03/01/1879 na vila Užnevėžis, distrito de Ukmergė 16/12/1964 na Cidade de Nova York, Estados Unidos
  Petras Klimas
pronunciação
Sem partido Advogado, Universidade de Moscou 23/02/1891 na vila Kušliškiai, distrito de Marijampolė 16/01/1969 em Kaunas, Lituânia
  Donatas Malinauskas
pronunciação
Sem partido Agrônomo, Academia Agrícola Tábor 07/03/1869 em Krāslava, Letônia 30/101941 em um campo de deportação em massa na Sibéria perto de Biysk, Rússia[4]
  Vladas Mironas
pronunciação
União Nacional Lituana Padre, Seminário de Padres de Vilnius e Academia de Padres de São Petersburgo 22/06/1880 na vila Kuodiškiai, distrito de Rokiškis 17/02/1953 na prisão Vladimir, Rússia[5]
  Stanisław Narutowicz
pronunciação
Sem partido Advogado, Universidade de São Petersburgo 02/09/1862 na vila Brevikai, distrito de Telšiai 31/12/1932 em Kaunas, Lituânia
  Alfonsas Petrulis
pronunciação
Partido do Progresso Nacional Padre, Seminário de Padres de Kaunas, Seminário de Padres de Vilnius 04/08/1873 na vila Kateliškiai, distrito de Biržai 28/06/1928 em Musninkai, Lituânia
  Antanas Smetona
pronunciação
União Nacional Lituana Advogado, Universidade de São Petersburgo 10/08/1874 na vila Užulėnis, distrito de Ukmergė 09/01/1944 em Cleveland, Ohio, Estados Unidos
  Jonas Smilgevičius
pronunciação
Sem partido Economista, Universidade de Berlim 12/02/1870 na vila Šoniai, distrito de Telšiai 27/09/1942 em Kaunas, Lituânia
  Justinas Staugaitis
pronunciação
Democratas Cristãos Lituanos Padre, Seminário de Padres de Seiniai 14/10/1866 na vila Tupikai, distrito de Šakiai 08/07/1943 em Telšiai, Lituânia
  Aleksandras Stulginskis
pronunciação
Democratas Cristãos Lituanos Agrônomo, Seminário de Padres de Kaunas e Universidade de Halle 26/02/1885 na vila Kutaliai, distrito de Raseiniai 22/09/1969 em Kaunas, Lituânia
  Jurgis Šaulys
pronunciação
Sem partido Financista, Universidade de Berna 05/05/1879 na vila Balsėnai, distrito de Tauragė 18/10/1948 em Lugano, Suíça
  Kazimieras Steponas Šaulys
pronunciação
Democratas Cristãos Lituanos Padre, Seminário de Padres de Vilnius e Academia de Padres de São Petersburgo 28/01/1872 na vila Stempliai, distrito de Tauragė 09/05/1964 em Lugano, Suíça
  Jokūbas Šernas
pronunciação
Sem partido Advogado, Universidade de São Petersburgo 14/06/1888 na vila Jasiškiai, distrito de Biržai 31/07/1926 em Kaunas, Lituânia
  Jonas Vailokaitis
pronunciação
Democratas Cristãos Lituanos Financista, Instituto do Comércio e Indústria de São Petersburgo 25/06/1886 na vila Pikžirniai, distrito de Šakiai 16/12/1944 em Blankenburg, Alemanha
  Jonas Vileišis
pronunciação
Partido Popular Socialista Democrata Lituano Advogado, Universidade de São Petersburgo 03/01/1872 na vila Mediniai, distrito de Biržai 01/06/1942 em Kaunas, Lituânia

Antecedentes pessoais e profissionais editar

 
Fácsimile da Declaração de 16 de Fevereiro.

Os signatários vieram de uma variedade de contextos sociais; dos vinte signatários, quatro nasceram em famílias nobres lituanas: Donatas Malinauskas, Stanisław Narutowicz, Jonas Smilgevičius e Mykolas Biržiška; os outros 16 eram filhos de fazendeiros.[6] O mais velho dos signatários era Jonas Basanavičius, que tinha 67 anos na época, e o mais jovem era Kazys Bizauskas, com 25 anos. Dos restantes, três estavam em seus cinqüenta anos, seis em seus quarenta, oito em seus trinta, e um em seus vinte.[6] À exceção de Saliamonas Banaitis, todos possuiam diplomas de educação superior. Em 1926, ele se matriculou na Universidade de Kaunas, mas seus estudos ficaram inacabados devido a sua morte em 1933.[6] Quanto a antecedentes educacionais, o Conselho era dominado por oito advogados.[2] O grupo também incluiu quatro padres, dois agrônomos, dois financistas, um físico, um economista, e um engenheiro.[6] A maior parte dos signatários recebeu sua educação superior fora da Lituânia, uma vez que na época a Lituânia não possuia universidades - a Universidade de Vilnius foi fechada após a Revolta de Janeiro em 1863. Muitos dos signatários haviam estudado na Universidade de Moscou e na Universidade de São Petersburgo.

Por fé, dezenove dos signatários eram católicos, apesar de Jonas Basanavičius não ter sido praticante; Jokūbas Šernas era o único declarado reformista protestante.[6] Na época da Declaração de Independência, seis dos signatários eram oficialmente sem partido, sete eram membros do conservador Democratas Cristãos Lituanos, dois eram afiliados à União Nacional Lituana e o Partido Social Democrata, e Jonas Vileišis era afiliado ao Partido do Progresso Nacional e o partido de esquerda Partido Popular Socialista Democrata Lituano.[2]

Atividades antes da Declaração de Independência editar

Todos os signatários haviam sido ativos no movimento de independência da Lituânia. Antanas Smetona, Donatas Malinauskas, e diversos outros haviam participado nas sociedades secretas lituanas do final do século XIX e começo do século XX; estes grupos promoviam a distribuição ilegal de materiais impressos na língua lituana, banida pelo governo Czarista de 1866 a 1904, assim como lutavam contra outras tentativas de Russificação pelas autoridades. Antanas Smetona, Steponas Kairys, Alfonsas Petrulis e Mykolas Biržiška foram expulsos de suas escolas secundárias por estas atividades.[6] Jonas Basanavičius, o futuro presidente do Conselho da Lituânia quando a Declaração foi assinada, trabalhou por muito tempo como físico na Bulgária. Apesar das demandas por seu trabalho médico no exterior, ele contribuiu continuamente com os assuntos lituanos. Ele organizou a publicação do principal jornal de baixa circulação, Aušra; sua primeira edição apareceu em 1883. Basanavičius também foi ativo na vida política da Bulgária, representando seu Partido Democrata. Também foi descrito como um pioneiro da saúde pública na Bulgária.[7] Muitos dos futuros signatários participaram na Grande Seimas de Vilnius, a qual moldou o futuro político do estado lituano em 1905.

Atividades após a Declaração de Independência editar

 
O signatário Aleksandras Stulginskis (ao centro) como Presidente da Lituânia na exibição agrícola de Kaunas, em 1924.

A maioria dos signatários da Declaração permaneceram ativos na vida política e cultural da Lituânia independente. Jonas Vileišis serviu no parlamento lituano e como prefeito de Kaunas;[8] Saliamonas Banaitis se envolveu com finanças, abrindo diversos bancos.[9] Entre os signatários estavam dois futuros Presidentes da Lituânia, Antanas Smetona e Aleksandras Stulginskis. Jonas Basanavičius retornou à vida acadêmica, seguindo com suas pesquisas sobre a cultura e o folclore lituanos.[10] Cinco signatários morreram antes da Segunda Guerra Mundial começar; três morreram durante a ocupação nazista da Lituânia. Aqueles que não emigraram para países ocidentais foram presos como prisioneiros políticos após a Lituânia ser ocupada pela União Soviética durante a Segunda Guerra Mundial.[6]

Aleksandras Stulginskis e Petras Klimas foram mandados para a prisão na Sibéria pelas autoridades soviéticas, mas sobreviveram e retornaram à Lituânia;[6] Pranas Dovydaitis e Vladas Mironas também foram enviados para a Sibéria, mas faleceram lá.[11][12] Kazys Bizauskas foi fuzilado junto com vários outros prisioneiros em 26 de junho de 1941 enquanto estava sendo transportado a uma prisão soviética em Minsk.[13] Donatas Malinauskas, junto com muitos outros civis, foi deportado para a Sibéria e morreu lá em 30 de novembro de 1942; seu corpo retornou da Sibéria em 1993 e foi sepultado novamente, agora na Lituânia.[4] Seis dos signatários sobreviventes foram para exílio. Os irmãos Jurgis Šaulys e Kazimieras Steponas Šaulys morreram na Suíça; Jonas Vailokaitis morreu na Alemanha; Antanas Smetona, Mykolas Biržiška e Steponas Kairys faleceram nos Estados Unidos.[3]

Referências editar

  1. Eidintas, Alfonsas; Vytautas Žalys, Alfred Erich Senn (1999). «Chapter 1: Restoration of the State». In: Ed. Edvardas Tuskenis. Lithuania in European Politics: The Years of the First Republic, 1918-1940 Paperback ed. New York: St. Martin's Press. pp. 24–31. ISBN 0-312-22458-3 
  2. a b c (em lituano) Šenavičius, Antanas (1999). «Lietuvos nepriklausomybės atkūrimo akto teisinė prigimtis ir konstitucinė reikšmė». Istorija xl. 40: 23–26. ISSN 1392-0456 
  3. a b c (em lituano) Banevičius, Algirdas (1991). 111 Lietuvos valstybės 1918-1940 politikos veikėjų. Vilnius: Knyga. pp. 39–153. ISBN 5-89942-585-7 
  4. a b (em lituano) 1918 m. vasario 16 d. Nepriklausomybės akto signatarai. Kaunas: Kauno apskrities viešoji biblioteka, 1998. Página visitada em 2 de novembro de 2008
  5. (em lituano) «Vladas Mironas». Seimas. 22 de julho de 2005. Consultado em 2 de novembro de 2008 
  6. a b c d e f g h (em lituano) «Vasario 16-osios Akto signatarai». Sigitas Jegelavičius. Consultado em 31 de outubro de 2008 
  7. Valančiūtė, Janina (2002). «Didi humanitaras ir didis daktaras, tarnavęs Eskulapui ir Lietuvai». Medicina. 38. 103 páginas. ISSN: 1010-660X 
  8. Simas Sužiedėlis, ed. (1970–1978). «Viliešis, Jonas». Encyclopedia Lituanica. VI. Boston, Massachusetts: Juozas Kapočius. pp. 124–125. 74-114275 
  9. Simas Sužiedėlis, ed. (1970–1978). «Banaitis, Saliamonas». Encyclopedia Lituanica. I. Boston, Massachusetts: Juozas Kapočius. 282 páginas. 74-114275 
  10. Simas Sužiedėlis, ed. (1970–1978). «Basanavičius, Jonas». Encyclopedia Lituanica. I. Boston, Massachusetts: Juozas Kapočius. pp. 307–310. 74-114275 
  11. Simas Sužiedėlis, ed. (1970–1978). «Dovydaitis, Pranas». Encyclopedia Lituanica. II. Boston, Massachusetts: Juozas Kapočius. pp. 101–103. 74-114275 
  12. Simas Sužiedėlis, ed. (1970–1978). «Mironas, Vladas». Encyclopedia Lituanica. III. Boston, Massachusetts: Juozas Kapočius. pp. 545–546. 74-114275 
  13. (em lituano) «Kazys Bizauskas». Seimas. 23 de fevereiro de 2006. Consultado em 2 de novembro de 2008