Solar do Barão de Guajará

patrimônio localizado no Brasil

O Solar Barão de Guajará, também conhecido como Casa à Praça Pedro II,[1] é um solar situado em Belém, capital do estado do Pará,[1] mais especificamente na rua Dona Tomázia Perdigão.[2] Foi construído no século XIX[3] e possui três pavimentos, sendo o último em forma de camarinha.[a] O pátio interno, por sua vez, apresenta elementos da influência moura na arquitetura ibérica.[1][3]

Solar do Barão de Guajará
Solar do Barão de Guajará
Tipo
Fim da construção século XIX
Função atual Sede do Instituto Histórico e Geográfico do Pará
Património nacional
Classificação Iphan
Data 1950
Geografia
País Brasil
Cidade Belém
Coordenadas 1° 27' 23" S 48° 30' 13" O

O solar já foi propriedade de Antônio Lacerda de Chermont, o visconde de Arari, antes de ser transferido para sua sobrinha, que era casada com Domingos Raiol, o barão de Guajará.[2] Foi adquirido pela prefeitura durante a década de 1920 e, mais tarde, doado ao Instituto Histórico e Geográfico do Pará.[4] No ano de 1970, foi reinaugurado após uma série de reformas e passou a servir como sede do Instituto Histórico e Geográfico do Pará e da biblioteca Barão de Guarajá.[2]

Em 1950, o solar foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), com a inscrição de número 274, através do processo 327-T-1943.[2]

História editar

 
Domingos Antônio Raiol, o Barão de Guajará

O solar foi construído no início do século XIX.[6] Não há documentação comprovativa sobre a data exata de sua construção.[7][nota 1] Em meados daquele século XIX, pertenceu ao Visconde de Arari, que promoveu melhoramentos, como as portas janelas com gradis de ferro com o seu emblema.[6] O visconde era ativo na vida pública, exercendo cargos como o de presidente da província.[8]

Com a morte do Visconde de Arari, o solar foi herdado por sua sobrinha Maria Vitória Pereira de Chermont.[8] Maria Vitória se casou com Domingos Antônio Raiol, o Barão de Guajará, de onde há a origem do atual nome do solar. Raiol era historiador, parlamentar, escritor e presidente de províncias.[8]

Em 1879, o Barão de Guajará fundou no solar a Sociedade Quinze de Agosto, a qual participava anualmente das festas comemorativas da adesão da província à independência do Brasil. Os encontros ali realizados reuniam personalidades intelectuais e cívicas. O barão também foi sócio-fundador do Instituto Histórico, Geográfico e Etnológico do Pará, sendo também seu primeiro presidente.[8][10]

O Barão de Guajará faleceu em 1912. Sua esposa Maria Vitória permaneceu residindo no solar até sua morte, em 1925. Nos anos seguintes o edifício foi ocupado pelos herdeiros.[8] Na década de 1920, foi adquirido pelo Poder Executivo municipal.[6] Desde 1944, abriga o Instituto Histórico e Geográfico do Pará.[11][12] Em 1950, foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) diante de sua importância cultural.[13]

Características editar

O Solar Barão de Guajará é inspirado na arquitetura portuguesa.[14] Ocupa um terreno com 950m² de área. Sua planta possui o formato de um "O".[8] Os azulejos que o revestem são um dos mais antigos utilizados em uma fachada em Belém.[6] Possuem desenhos em formas geométricas nas cores brancas e azuis.[14] Provavelmente foram importados de Portugal.[14][8][15]

A fachada possui forma simétrica. Há três portas janelas, com frontão triangular e ladeado por aletas. No segundo pavimento há portas janelas com balcões em ferro. A porta principal possui moldura de ornamentação ondulada.[16] Há um pátio interno, que atua como ponto central e facilita a distribuição e funções dos compartimentos. Também gera iluminação e ventilação para os demais cômodos.[8]

No segundo pavimento, há as áreas sociais e íntimas da família, como o gabinete do barão, sala de refeição e os dormitórios. O segundo pavimento é o espaço principal do prédio. A biblioteca supostamente ficava no terceiro pavimento.[8]

Há um ambiente com circulação independente no térreo, que provavelmente era utilizado como capela particular aberta à visitação pública.[6] Outra hipótese é sua destinação para lojas ou armazéns, pois o térreo foi construído com materiais mais simples.[16]

Acervo editar

O solar possui um acervo de documentos, livros, mobiliário e objetos. Também abriga a Biblioteca José Veríssimo, que conta com um catálogo de 15.000 a 20.000 livros.[17]

Notas e referências

Notas

  1. O historiador Ernesto Cruz considera possível que o solar foi um dos primeiros prédios de Belém depois do palácio e da residência dos governadores.[8][9]
  1. O número de pavimentos do solar varia de dois[4] a quatro,[5] a depender da fonte. Para efeito de conhecimento, o número usado é aquele referenciado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.[1]

Referências

  1. a b c d «Monumentos e Espaços Públicos Tombados - Belém (PA)». Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Consultado em 14 de abril de 2023. Cópia arquivada em 3 de junho de 2016 
  2. a b c d «Belém – Solar do Barão de Guajará». ipatrimônio. Consultado em 14 de abril de 2023. Cópia arquivada em 14 de abril de 2023 
  3. a b Hage, Dionísio (1993). Estudos paraenses. [S.l.]: CEJUP. 190 páginas. ISBN 9788533801158. Solar do Barão de Guajará — Construído no século XIX, representa a influência moura na arquitetura portuguesa trazida para Belém. 
  4. a b «Solar Barão de Guajará». Prefeitura de Belém. Consultado em 14 de abril de 2023. Cópia arquivada em 17 de fevereiro de 2022 
  5. Maia, Tom (1979). Grão-Pará. [S.l.]: Companhia Editora Nacional. 185 páginas. Solar do Barão de Guajará — Inicialmente solar do Visconde de Arari, e depois do Barão de Guajará, o nobre sobrado azulejado, de quatro pavimentos, é hoje sede do Instituto Histórico e Geográfico do Pará 
  6. a b c d e Derenji, Jussara da Silveira; Derenji, Jorge (2009). IGREJAS, PALÁCIOS E PALACETES DE BELÉM (PDF). Brasília, Distrito Federal: Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. ISBN 978-85-7334-120-1 
  7. Nunes, Marcia Cristina (2019). VI COLÓQUIO INTERNACIONAL A CASA SENHORIAL: ANATOMIA DOS INT ERIORES (PDF). Belém, Pará: Fundação Casa Rui Barbosa. ISBN 978-85-7004-400-6. Cópia arquivada (PDF) em 21 de abril de 2023 
  8. a b c d e f g h i j Nunes, Márcia; Pessoa, Ana (2021). Casas senhoriais e seus interiores em debate: estudos luso-brasileiros. Rio de Janeiro: Fundação Casa de Rui Barbosa. ISBN 978-65-88295-10-6. Cópia arquivada em 23 de abril de 2023 
  9. Cruz, Ernesto Horácio da (1971). As edificações de Belém: 1783-1972. Belém, Pará: Grafisa 
  10. Trindade, Elna Maria Anderson; Monteiro, Shirley do Socorro Magalhães. Solar do Barão de Guajará. [S.l.: s.n.] 
  11. «Catálogo: ID: 43410». Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. 2023. Consultado em 23 de abril de 2023. Cópia arquivada em 23 de abril de 2023 
  12. Rosa Alexandre (1 de outubro de 2021). «Instituto Histórico e Geográfico do Pará garante a preservação da cultura paraense». Governo do Pará. Consultado em 23 de abril de 2023. Cópia arquivada em 23 de abril de 2023 
  13. «Belém – Solar do Barão de Guajará». Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. iPatrimônio. 2023. Consultado em 23 de abril de 2023. Cópia arquivada em 23 de abril de 2023 
  14. a b c «Monumentos e Espaços Públicos Tombados - Belém (PA)». Instituto do Património Histórico e Artístico Nacional. 2023. Consultado em 21 de abril de 2023. Cópia arquivada em 21 de abril de 2023 
  15. Sanjad, Thais A. Bastos Caminha; Costa, Marcondes Lima; Paiva, Rosildo Santos (2014). Casas senhoriais e seus interiores em debate: estudos luso-brasileiros. 4. Belo Horizoninta, Minas Gerais: [s.n.] 
  16. a b «Solar Barão de Guajará». Prefeitura de Belém. 2023. Consultado em 23 de abril de 2023. Cópia arquivada em 23 de abril de 2023 
  17. «Prédio do Instituto Histórico e Geográfico recebe R$ 300 mil para reforma do telhado». O Liberal. 3 de agosto de 2019. Consultado em 23 de abril de 2023. Cópia arquivada em 23 de abril de 2023 

Ver também editar