Estrada de Ferro Minas e Rio

A Estrada de Ferro Minas e Rio foi uma ferrovia inaugurada em 1884, foi incorporada à RSM em 1910.

Estrada de Ferro Minas e Rio
Informações principais
EF EF-470[1]
Sigla ou acrônimo EFMR
Área de operação Minas Gerais e São Paulo
Tempo de operação 1884–1910
Interconexão Ferroviária Estrada de Ferro Central do Brasil
Estrada de Ferro Muzambinho
Viação Férrea Sapucaí
Sede Cruzeiro
Ferrovia(s) antecessora(s)
Ferrovia(s) sucessora(s)

-
Companhia de Estradas de Ferro Federais Brasileiras Rêde Sul Mineira
Especificações da ferrovia
Extensão 170 km (106 mi)
Bitola bitola métrica
1 000 mm (3,28 ft)

História

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Estação de Cruzeiro em 1895. Foto: Marc Ferrez

A Estrada de Ferro Minas e Rio se originou de uma concessão realizada em 1875 pelo Governo Imperial em favor de José Vieira Couto de Magalhães e do Visconde de Mauá, com a denominação de Estrada de Ferro Rio Verde.

Em 28 de Agosto do mesmo ano, os engenheiros Raimundo Teixeira Belfort Roxo e José Wirth começaram uma exploração criteriosa em vários pontos da serra da Mantiqueira tentando achar um ponto mais baixo daquela muralha, como o contratado dizia que a nova ferrovia deveria partir de alguma estação da Estrada de ferro de D. Pedro II, o melhor ponto encontrado pelos engenheiros foi na Estação de Lavrinhas. Em Londres, a 24 de Abril de 1880 organizou-se uma companhia com o nome The Minas and Rio Railway, com o fim de construir a estrada. Para que essa Companhia pudesse funcionar no Brasil, o Governo Imperial deu a respectiva autorização, pelo Decreto n. 7.734, de 21 de Junho de 1880. Em 21 de Abril de 1881, tiveram começo os trabalhos de construção, realizados pela empresa inglesa Waring Brothers tendo sido em 3 de Maio, aprovada uma modificação no traçado da linha nos seis primeiros quilômetros (distância que hoje corresponde ao trecho de Lavrinhas (São Paulo) a Cruzeiro.

Em 25 de Junho de 1882 Marc Ferrez, fotografou a família imperial, com sua comitiva na boca do Túnel ainda em construção, um verdadeiro documento da construção da Minas and Rio Railway. Em Março de 1883, quando as linhas não estavam concluídas, foi inaugurado o Túnel da Mantiqueira.

A construção da estrada findou em 1884. No dia 22 de junho desse ano foi ela aberta ao tráfego desde Cruzeiro até Três Corações do Rio Verde, com extensão de 170 km.

Em 1902, a inglesa The Minas and Rio Railway devolve a concessão ao Governo Federal que é repassada a administração de um grupo nacional em seguida.

Em 1908, a Estrada de Ferro Minas e Rio incorpora a Estrada de Ferro Muzambinho e em 1910 é incorporada pela Viação Férrea Sapucaí, formando Companhia de Estradas de Ferro Federais Brasileiras Rêde Sul Mineira.

Estrada de Ferro Minas e Rio
 
0,0 CruzeiroEntroncamento MRS, oficinas ABPF
 
Túnel 1
 
6,008 Rufino de Almeida
 
Ferradura do "12"
 
13,300 Túnel 2
 
15,409 Perequê
 
19,380 Túnel 3
 
20,160 Ponte Seca
 
Túnel 4
 
20,500 Passa Vinte
 
Túnel 5
 
23,??? Túnel da Mantiqueirare-ativação em projeto pela ABPF
 
24,9?? Ponto culminante da ferrovia, 1085m
 
24,982 Coronel FugêncioParada final Trem da Serra da Mantiqueira
 
 
28,100 Ponte Estrela
 
30,876 Manacá
 
32,200
 
34,200 Um vão de 20m e outro de 12m
 
34,549 Passa QuatroPartida do Trem da Serra da Mantiqueira
 
 
41,455 Pé do Morro
 
46,500 Itanhandu
 
54,100 Bom Retiro
 
59,915 São Sebastião do Rio Verdeem restauração pela ABPF
 
65,??? Ribeirão dos Santos
 
67,188 Tacape
 
73,??? Ponte do AterradoRio Verde
 
73,750 Américo Lobo
 
74,??? Ponte do Rio VerdeRio Verde
 
79,923 São LourençoPartida do Trem das Águas
 
84,344 Parada Ramon
 
89,394 Soledade de MinasParada final do Trem das Águas
 
97,870 Raul Chaves
 
106,137 Freitas
 
115,300 Arenito
 
125,904 Conceição do Rio Verde
 
127,??? Rio Verde3 vãos de 20m
 
132,724 Gonçalinho
 
139,211 São Tomé
 
157,??? Rio Lambarivão de 26m
 
157,970 Cota
 
169,888 Três CoraçõesEntroncamento FCA

Inauguração da Ferrovia

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A construção da estrada terminou em 1884 e no dia 14 de Junho desse ano, partiu o trem de Três Corações sentido ao Povoado da Estação (atual cidade de Cruzeiro) onde os engenheiros Burnier e Alvim,examinaram toda a extensão da obra para o ato de inauguração. O trecho percorrido de Cruzeiro até Três Corações, é de 170 quilômetros.

O trem inaugural partiu do Povoado da Estação do Cruzeiro ás 12:00hs no dia 22 de Junho e foi guiado por Tomás Morton até Passa Quatro, deste ponto a Três Corações foi levado por Henrique Turner e foguista Manuel Senguem, ambos de nacionalidade inglesa.

Atrelada a composição que levava a figura insinuante de D. Pedro II, a locomotiva nº 7, denominada “Couto de Magalhães”, vencia os espaços, toda ornamentada de flores, reluzente nos seus metais polidos e na faceirice de sua pintura nova.

O trem inaugural era composto por sete carros, lotados de passageiros, fazendo o percurso de Passa Quatro a Três Corações (135kms) em duas horas e trinta e cinco minutos. Sem dúvida, foi um recorde para aqueles tempos, pois isto significa uma velocidade média de 52km/h.

O trem inaugural parou apenas duas vezes em todo o seu percurso de Passa Quatro a Três Corações: em Carmo, para abastecimento de água, lubrificação, renovação do fogo e ainda para receber o então Barão de Monte Verde e em Contendas, para receber o Barão de Contendas.

A locomotiva “Buarque de Macedo” nº8, escoteira, precedendo de 10 minutos o trem inaugural, foi incumbida de patrulhar a linha, sendo conduzida pelo maquinista inglês Charles Beek. O horário foi religiosamente cumprido e ao saltar da sua locomotiva, o maquinista foi honrado com um abraço de D. Pedro II.

Características Técnicas

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  • Bitola: 1 m
  • Declividade Máxima: 3%
  • Raio mínimo de curvas: 80 m
  • Altura máxima dos cortes (época da construção): 26 m
  • Altura máxima dos aterros: 49 m
  • Túneis:
    • 1 no km 5, com 16,50 m de comprimento
    • 1 no km 13, com 22,00 m de comprimento
    • 1 no km 19, com 43,00 m de comprimento
    • 1 no km 20, com 37,50 m de comprimento
    • 1 no km 21, com 19,00 m de comprimento
    • 1 no km 23/24, com 997 m de comprimento (Túnel da Mantiqueira)
  • Viaduto: 1 no km 20, com 3 vãos, sendo um de 12 m e dois de 8 m, superestrutura metálica, popularmente conhecida por “Ponte Seca”.

Remanescentes

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Dos 170 km da ferrovia original, apenas 20 km continuam em operação, sob a guarda da Regional Sul de Minas da Associação Brasileira de Preservação Ferroviária, que mantém o trecho entre os km 24 ao 35 operando o Trem da Serra da Mantiqueira em Passa Quatro e os km 80 ao 90, operando o Trem das Águas, que mantém viagens regulares de São Lourenço a Soledade de Minas. Atualmente, o trecho de São Sebastião do Rio Verde a São Lourenço (km 60 ao 80) encontram-se em restauração pela ABPF - Regional Sul de Minas e pretende-se utilizar para operação do Trem das Águas.[2]

Além disso, o pátio ferroviário de Cruzeiro, onde a linha fazia conexão com a Estrada de Ferro Central do Brasil, ainda é operado no seu setor de bitola larga pela MRS e, parcialmente, no setor de bitola estreita onde a Regional Sul de Minas mantém suas oficinas de reparação pesada de locomotivas a vapor. Em 2019 a ABPF - Regional Sul de Minas iniciou extensas obras de recuperação do pátio ferrroviário como preparativos para recuperação do trecho ferroviário em Cruzeiro. [3]

No ano de 2019 a Prefeitura Municipal de São Sebastião do Rio Verde iniciou as obras de recuperação da ferrovia deste municipio até São Lourenço - MG[4].

Em 2020 foram iniciados os trabalhos para recuperação do trecho paulista da ferrovia, de Cruzeiro (km 0) até a divisa de estado, aproximadamente no km 25, incluindo o Túnel da Mantiqueira, trabalho sendo realizado pela ABPF - Regional Sul de Minas.[5]

Os demais trechos da ferrovia se encontram em completo abandono, sendo que de Passa Quatro a São Sebastião do Rio Verde a superestrutura ainda se encontra em boas condições. Já de Soledade de Minas a Três Corações, se encontra abandonado, com exceção do pátio da estação de Três Corações que é usado pela FCA.

Referências

Bibliografia

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  • "A Estrada de Ferro Sul de Minas" de Vasco de Castro Lima, publicado em 1934.
  • "Uma Viagem pelos Trilhos do Centro Oeste - 120 anos de história ferroviária" de Ricardo Resende Coimbra, publicado em 2009.
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