O Touro de Ouro, ou Touro da B3, é uma estátua e peça publicitária de Pablo Spyer e Rafael Brancatelli. Inaugurada em 16 de novembro de 2021, ela estava localizada em frente ao prédio da B3, na rua XV de Novembro, 275, Subprefeitura da Sé, Centro de São Paulo. Ela foi retirada sete dias depois por decisão da Prefeitura de São Paulo.

Touro de Ouro
Autor Pablo Spyer e Rafael Brancatelli
Data 16 de novembro de 2021 (2 anos)
Género estátua, peça publicitária
Localização São Paulo

História

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O Touro de Ouro, encomendado pela B3, foi inaugurado em 16 de novembro de 2021 em frente a sua sede. Ele foi inaugurado em homenagem à marca de 4 milhões de contas de pessoas físicas em renda variável. O evento foi acompanhado de uma campanha onde quatro pessoas "comuns" contaram como a decisão de ser um investidor impactou sua vida.[1][2] A estátua foi licenciada pela DMAISB Arquitetura e Construção.[3]

A Prefeitura de São Paulo, durante a gestão de Ricardo Nunes, afirmou que a instalação do Touro de Ouro não foi submetida à Comissão de Proteção à Paisagem Urbana (CPPU), órgão da Secretaria Municipal de Urbanismo e Licenciamento (SMUL), infringindo assim a Lei da Cidade Limpa.[3] Em 23 de novembro, a CCPU decidiu que a estátua seria multada e removida,[4][5] o que ocorreu por volta das 21h57.[6] A multa foi de R$ 38 mil.[7] Ele foi movido para um galpão logístico da B3. De acordo com os autores, no curto período em que ficou em exibição o touro recebeu mais de 20 ofertas de compra e cerca de 10 prefeituras ofereceram espaços para exibição.[8]

Características

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O Touro de Ouro foi criado por Pablo Spyer, da XP Investimentos, e o arquiteto Rafael Brancatelli, que desenhou mais de 150 versões até chegar no produto final. Apesar do nome, ele foi construído sobre uma estrutura metálica tubular com multicamadas de fibra de vidro de alta densidade e pintura de alta temperatura anticorrosiva, possuindo 5,10 metros de comprimento, 3 metros de altura e 2 metros de largura,[1] além de pesar 3,5 toneladas.[9] A estátua é recheada de EPS de alta densidade e de acordo com Brancatelli, tem design "antiostentação" devido ao preço dos materiais mais nobres durante a Pandemia de COVID-19.[10] O custo total foi cerca de US$ 360 mil.[11] Ela simboliza a força e a resiliência do povo brasileiro[1] e o otimismo e a força dos investidores do mercado financeiro.[12] A B3 também afirma que a estátua foi criada para revitalizar o Centro de São Paulo e fomentar a criação de mercado de capitais no Brasil.[13] Ainda, Brancatelli afirma que "a ideia era ter um touro original e que o desenho dele pudesse representar força e coragem. Ele tem um olhar de desafio. Ele está com um olhar relativamente tranquilo, mas querendo dizer que, se o problema vier, ele [o touro] vai para cima".[10] O touro tornou-se o símbolo do mercado financeiro pela expressão "bull market" (mercado de touro em inglês), que significa um momento de alta na bolsa de valores.[14]

É apontado que ela foi possivelmente inspirada no Touro de Wall Street, criada por Rafael Brancatelli, o que é negado pela B3. Pablo Spyer afirma que a estátua foi inspirada no seu jargão "vai tourinho".[15] A estátua foi considerada uma peça publicitária da marca Vai Tourinho pela Prefeitura de Sâo Paulo o que levou a determinação de sua remoção.[4] Brancatelli afirmou que o Touro de Ouro é baseado no tipo de touro mais comum no Brasil e a ideia original surgiu por ele ser do signo de touro.[10] Caso a inspiração no Touro de Wall Street seja verdade, a família Arturo Di Modica não foi consultada para a construção do touro, sendo uma possível quebra de direitos autorais. Fredímio Biasotto Trotta, especialista em plágio artístico, afirmou que um observador comum não conseguiria distinguir as duas estátuas. Jacob Harmer, representante da família Di Modica, afirmou que "o material parece um pouco barato, não é algo bem executado" e que "essa é a sina de todo grande artista, a cópia ou reprodução". A BBC News Brasil chamou a estátua de "só mais uma história de assimilação ou releitura por brasileiros de símbolos americanos".[9] O design da estátua foi considerado "feio" e usuários do Twitter fizeram chacota, fazendo o Touro de Ouro virar meme.[13][16]

Protestos

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Protestos anticapitalistas

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O Touro de Ouro foi palco de diversos protestos anticapitalistas desde sua inauguração. Críticos a relacionam com os males do capitalismo, como o aumento da desigualdade social, desemprego, fome e pobreza no Brasil mesmo com o aumento do PIB.[12] Em 17 de novembro, a Juventude Fogo colou cartazes sobre a fome no touro.[17][18] No dia 18, a ONG SP Invisível organizou um churrasco para pessoas em situação de rua na frente da estátua. No mesmo dia e o grupo Movimento Juntos pichou "taxar ricos" na estátua.[12][19] No dia 23, logo após a retirada da estátua, foi derramada tinta vermelha no local onde ela estava.[6] O líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e então pré-candidato do PSOL ao Governo de São Paulo, Guilherme Boulos, também anunciou que entraria com uma ação pedindo a retirada do touro.[20]

Outras obras

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Em 9 de dezembro, uma estátua de ouro da intervenção urbana Vacas Magras foi colocada no local onde o Touro de Ouro estava.[21] Em 2021, o foi estreado o Baleia Rooftop no Birmann 32, criado para ser um contraponto ao Touro de Ouro, simbolizando a multidisciplinaridade, a criatividade, o espírito colaborativo, superação e respeito ao ambiente.[22]

Referências

  1. a b c «B3 inaugura escultura de touro de ouro». B3. 16 de novembro de 2021. Consultado em 25 de setembro de 2024. Cópia arquivada em 25 de setembro de 2024 
  2. «B3 inaugura escultura do Touro de Ouro no centro histórico de São Paulo». G1. 16 de novembro de 2021. Consultado em 25 de setembro de 2024. Cópia arquivada em 25 de setembro de 2024 
  3. a b Rodrigo Rodrigues (22 de novembro de 2021). «'Touro de Ouro' não teve autorização de órgão da Prefeitura de SP para ser instalado; urbanistas defendem multa e retirada da estátua». G1 SP. Consultado em 25 de setembro de 2024. Cópia arquivada em 25 de setembro de 2024 
  4. a b Rodrigo Rodrigues (23 de novembro de 2021). «'Touro de Ouro' deve ser multado e removido por fazer propaganda, decide comissão de urbanismo de SP». G1 SP. Consultado em 25 de setembro de 2024. Cópia arquivada em 25 de setembro de 2024 
  5. Clayton Castelani e Daniela Arcanjo (23 de novembro de 2021). «Touro de Ouro da B3 é considerado publicidade irregular e deverá ser removido». Folha de S.Paulo. Consultado em 25 de setembro de 2024. Cópia arquivada em 25 de setembro de 2024 
  6. a b Beatriz Backes e Rodrigo Rodrigues (24 de novembro de 2021). «'Touro de Ouro' é retirado pela B3, no Centro de SP, após multa por falta de licença». G1 SP e TV Globo. Consultado em 25 de setembro de 2024. Cópia arquivada em 25 de setembro de 2024 
  7. Rodrigo Rodrigues (29 de novembro de 2021). «Donos do 'Touro de Ouro' da B3 são multados em R$ 38 mil pela prefeitura, mas pedem retorno da escultura ao Centro de SP». G1 SP. Consultado em 26 de setembro de 2024. Cópia arquivada em 25 de setembro de 2024 
  8. Felipe Mendes (9 de dezembro de 2021). «Touro de Ouro da B3 está escondido e tem destino indefinido». Revista Veja. Consultado em 25 de setembro de 2024. Cópia arquivada em 25 de setembro de 2024 
  9. a b Mariana Sanches (15 de novembro de 2021). «Família de criador do Touro de Wall Street diz que não foi consultada sobre versão da estátua da B3». UOL. Consultado em 25 de setembro de 2024. Cópia arquivada em 25 de setembro de 2024 – via BBC News Brasil 
  10. a b c Clayton Castelani (21 de novembro de 2021). «Touro de Ouro da B3 é de isopor, anti-ostentação e não copia Wall Street, diz autor». Folha de S.Paulo. Consultado em 26 de setembro de 2024. Cópia arquivada em 25 de setembro de 2024 
  11. «Touro dourado da B3: por que o animal que ataca para cima se tornou um símbolo do capitalismo?». O Globo. 19 de novembro de 2021. Consultado em 26 de setembro de 2024. Cópia arquivada em 25 de setembro de 2024 
  12. a b c Deslange Paiva (18 de novembro de 2021). «ONG faz churrasco para moradores de rua em frente a Touro de Ouro da Bolsa de Valores, no Centro de SP». G1 SP. Consultado em 25 de setembro de 2024. Cópia arquivada em 25 de setembro de 2024 
  13. a b «B3 inaugura Touro de Ouro no centro de São Paulo e escultura vira meme». UOL. 16 de novembro de 2021. Consultado em 25 de setembro de 2024. Cópia arquivada em 25 de setembro de 2024 
  14. «Entenda por que o touro é considerado símbolo do mercado financeiro». G1. 17 de novembro de 2021. Consultado em 25 de setembro de 2024. Cópia arquivada em 25 de setembro de 2024 
  15. Bruna Lima (17 de novembro de 2021). «Sócio da XP diz que touro da Bolsa foi inspirado nele». Metrópoles. Consultado em 25 de setembro de 2024. Cópia arquivada em 25 de setembro de 2024 
  16. Aryel Fernandes (17 de novembro de 2021). «Alvo de protestos: Entenda o significado do touro da B3 e a relação com o mercado financeiro». IstoÉ Dinheiro. Consultado em 26 de setembro de 2024. Cópia arquivada em 25 de setembro de 2024 
  17. Vivian Reis (17 de novembro de 2021). «Grupo faz ato contra a fome na Bolsa de Valores, no Centro de SP, após instalação de Touro de Ouro». G1 SP. Consultado em 25 de setembro de 2024. Cópia arquivada em 25 de setembro de 2024 
  18. «Touro da B3 é alvo de protestos e churrasco a pessoas em situação de rua». UOL. 18 de novembro de 2021. Consultado em 25 de setembro de 2024. Cópia arquivada em 25 de setembro de 2024 
  19. «Touro de Ouro na B3 é alvo de protesto pela 2ª vez desde sua inauguração». Poder360. 18 de novembro de 2021. Consultado em 26 de setembro de 2024. Cópia arquivada em 25 de setembro de 2024 
  20. Hyndara Freitas (18 de novembro de 2021). «Touro controverso: Boulos acionará Justiça para retirar estátua da B3». Metrópoles. Consultado em 25 de setembro de 2024. Cópia arquivada em 25 de setembro de 2024 
  21. «Vaca magra toma lugar do Touro de Ouro na frente da B3». Valor Econômico. 9 de dezembro de 2021. Consultado em 26 de setembro de 2024. Cópia arquivada em 25 de setembro de 2024 – via Folhapress 
  22. Francesca Angiolillo (17 de novembro de 2021). «Depois do touro da B3, São Paulo ganha a baleia do B32». Guia Folha. Consultado em 16 de julho de 2023. Cópia arquivada em 15 de julho de 2023