Como ler uma infocaixa de taxonomiaPreguiça-comum

Estado de conservação
Espécie pouco preocupante
Pouco preocupante [1]
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Subfilo: Vertebrata
Classe: Mammalia
Infraclasse: Placentalia
Superordem: Xenarthra
Ordem: Pilosa
Família: Bradypodidae
Género: Bradypus
Espécie: B. variegatus
Nome binomial
Bradypus variegatus
Schinz, 1825
Distribuição geográfica
Distribuição geográfica
Distribuição geográfica

A preguiça-comum ( Bradypus variegatus), também conhecida como preguiça-marmota, preguiça-de-bentinho, preguiça-de-óculos e preguiça-de-garganta-marrom, é uma espécie pertencente à ordem Pilosa, subordem Folivora e família Bradypodidae.[2] São animais herbívoros e de hábitos solitários, vivem na copa das árvores.[3]

Etimologia editar

A Folivora é conhecida e popularmente chamada por preguiça devido ao seu comportamento lento, resultado de seu metabolismo. Por ingerirem somente folhas a sua alimentação é pobre em nutrientes sendo necessário que o mesmo funcione mais lentamente . Dessa maneira esse animal consegue economizar grande quantidade de energia.[3]

Descrição editar

Possui pelos que variam do tom marrom pálido ao marrom amarelado, sendo estes grossos e longos. Na região dorsal possui manchas brancas. Na face os pelos são mais curtos e formam uma característica marcante do animal, uma máscara negra ao redor dos olhos que se estende pelas laterais.[4]

Na garganta os pelos seguem os mesmo padrão de coloração sendo castanhos em sua totalidade, seu ventre possui a mesma tonalidade e não dispões das manchas brancas.[5] O pelo cresce em sentido diferente dos demais mamíferos, isto é, cresce do ventre em direção ao dorso. Essa adaptação se dá ao fato da preguiça passar quase o tempo todo de cabeça para baixo, o que ajuda a água da chuva a correr sobre o corpo do animal.

O mamífero mais lento do mundo consegue observar todos os ângulos ao seu redor, graças a capacidade de girar a cabeça cerca de 270° graus, sem precisar mexer o corpo.[6] Essa habilidade se deve ao fato de possuírem oito a nove vértebras cervicais.[7]

A sua temperatura corporal é sempre muito próxima à do ambiente, sendo por isso considerados animais homeotérmicos imperfeitos.

A distinção entre o macho e a fêmea é possível em animais adultos. O primeiro possui em sua região interescapular uma região com pelo mais curto e de coloração escura ao centro e nas laterais uma pelagem mais amarelada ou alaranjada. Entre os animais mais jovens essa mancha dorsal pode ser observada em diferentes estágios de desenvolvimento, pode estar presente de forma reduzida, como uma depressão formada por pelagem mais curta até manchas consideravelmente menores. Para a determinação do sexo de filhotes somente esse atributo externo não é suficiente, sendo assim necessária a realização de exame preciso da genitália externa.[8]

Há ainda variação dessas características independentemente de tamanho ou idade desses animais. Nove subespécies são reconhecidas tendo distribuições variadas, nas florestas da Mata atlântica do Sudeste a diversidade genética da subespécie B. v. variegatus é bem reduzida se comparada a outras áreas. Já no Nordeste essa diversidade é maior porém, quando comparada as populações simpátricas de B. torquatus essa variante se torna insignificante.[2]

Distribuição geográfica editar

A Bradypus Variegatus não é uma espécie restrita ao território brasileiro, ocorrendo em outros locais como Honduras, Venzuela, Colômbia, leste dos Andes e seguindo através de florestas do Peru, Bolívia, Equador e Brasil. No Norte do Pará e nas florestas do Amapá a espécie não ocorre.

Está presente em 16 estados brasileiros, são eles Acre, Alagoas, Amazonas, Bahia, Espírito Santo, Maranhão, Mato Grosso do sul, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rondônia, São Paulo, Sergipe e Tocantins.[9]

Há registros no Sul porém carecem de certeza, sendo então considerada a ausência desse animal nessa região. Nos dias atuais essa espécie encontra-se em áreas florestadas da Amazônia e Mata Atlântica.[10]

Sua extensão de ocorrência passa dos 6.000.000km² e sua área de ocupação é maior que 2.000km²

Hábitos editar

A preguiça é uma animal arborícola. Seu período ativo varia, tendo hábitos noturnos e também diurnos, são animais considerados solitários, as fêmeas e os machos só se encontram para acasalar.[11] Vivem na copa das árvores, onde se agarram com suas longas unhas e somente descem ao chão (onde se tornam completamente vulneráveis) para a realização de suas necessidades fisiológicas a cada 7 ou 8 dias.[12] Várias espécies de besouro e ácaro se alimentam das fezes das preguiças e usam esses animais principalmente como transporte.[7] Por viverem no topo das árvores, se tornam presas fáceis para animais como a Harpia, Murucututu, e a Onça-pintada.

Essa espécie se orienta pelo olfato pois sua visão é pouco desenvolvida, dormem 14 horas por dia e podem viver até os 40 anos.[12]

Apesar se seu comportamento lento, na água se mostra exímia nadadora.[7]

As Folivoras apresentam no pelo algas e fungos com os quais mantêm um tipo de relacionamento simbiótico, ainda não se sabe ao certo a serventia dessa relação, supostamente os fungos ajudam as preguiças a se misturarem com o dossel da floresta, como pode ser uma maneira de obterem proteína extra pois já foram observadas lambendo as algas que crescem em seus pelos.[3]

Dieta editar

Alimenta-se principalmente de folhas (mas não de todas as folhas de árvores, apenas de algumas, como a embaúba, figueira e tararanga), ramos e brotos de várias plantas. A preguiça utiliza-se de "dentes" que se apresentam em forma de uma pequena serra. A alimentação desses animais é bem restrita, o que torna difícil sua manutenção em cativeiro.[7]

O estômago dos bichos-preguiça é um tanto semelhante ao dos animais ruminantes, pois é dividido em quatro compartimentos e contém uma rica flora bacteriana, que permite a digestão inclusive de folhas com alto teor de compostos naturais tóxicos.[7] Suas vísceras são fixadas nas costelas inferiores de forma a impedir que sejam espremidas contra os pulmões enquanto ficam penduradas de cabeça para baixo.[13] Apesar da alimentação leve (comem apenas folhas), até um mês pode durar a digestão do bicho-preguiça.[6]

Os dentes das preguiças não têm esmalte, por isso só se alimentam de brotos e folhas. Estão sempre crescendo devido ao contínuo desgaste. Por não ter incisivos, a preguiça parte as folhas usando seus lábios duros.[7]

Toda água que eles consomem é proveniente dos alimentos ingeridos, que é absorvida através das paredes intestinais durante o processo de digestão, e, no máximo, das gotas de orvalho que caem nas folhas, se possível, bem perto deles, para que não precisem fazer muito esforço.[6]

Reprodução editar

A vida na árvore: os bichos-preguiças se acoplam na árvore, as fêmeas dão à luz aos seus filhotes também na árvore.[6] O período de acasalamento varia de acordo com a região geográfica e ano, mas ocorre principalmente na primavera, de julho a novembro na América do Sul e de fevereiro a maio na América Central.[2]

O macho se posiciona sobre o dorso da fêmea durante a cópula e que a ela vocalizava continuamente.[2]

O período de conhecido para indivíduos em cativeiro é de 120-180 dias. O intervalo entre nascimentos em B. variegatus é de 10-12 meses.[2]

A gestação dura de seis a oito meses, nascendo apenas um filhote (embora já tenham sido observados dois filhotes aos cuidados de uma única fêmea), entre os meses de agosto e setembro. Quando adulto, um bicho preguiça pode pesar até cinco quilos e medir 59 centímetros da ponta do nariz a ponta da cauda. Apesar de monogâmicos, após o acoplamento, o macho desaparece, deixando a sua única fêmea cuidar do filhote, que mama durante um mês, permanecendo com a mãe até os 6 meses, para aprender a se locomover e se alimentar sozinho.[6] No final deste período a mãe deixa o filhote em sua área de vida e busca outra área para evitar a competição com a prole.[2]

Outra característica que distinguem preguiças em relação a outros mamíferos é a quantidade de leite que produzem para seus filhotes. As mães não armazenam grandes quantidades de leite, então, sai gota a gota. Os filhotes se prendem perto do mamilo e se alimentam quando o leite escorre.[3]

B. variegatus machos e fêmeas atingem a maturidade sexual com seis anos, quando então alcançam peso e tamanho de um adulto.[2]

Ameaças editar

A nível global Bradypus variegatus parece não sofrer maiores ameaças, apesar de estar listada no apêndice II da CITES (2011). Algumas populações como na Colômbia e Brasil estão declinando devido à degradação e fragmentação dos habitats. [14]

Na região Amazônica, esta espécie ainda é caçada por comunidades indígenas, mas este fator não se configura uma ameaça. Especialmente na Região Norte do Brasil e Colômbia, esta espécie é capturada para ser comercializada em feiras públicas para a venda de sua carne, fins medicinais e como animal de estimação.

As preguiças não são animais comumente listados em estudos sobre caça na Mata Atlântica, os animais são caçados em eventos aleatórios, principalmente quando encontrados no chão atravessando áreas abertas. Além do consumo de carne, há registros de captura de preguiças para serem mantidas como animais de estimação.[15] Esses animais normalmente morrem por falta de alimentação adequada.[16]

Na região da Mata Atlântica, por ter se tornado um ambiente bastante crítico para a sobrevivência de Bradypus variegatus, sobretudo devido ao elevado grau de antropização inserido pelas metrópoles e pelas inúmeras cidades ao longo da costa do Brasil, a espécie já pode ser considerada como mais um dos muitos animais nativos categorizados como animais sinantrópicos, ou seja, aqueles que perdem seus habitats parcial ou totalmente e são forçados a viver ou utilizar os recursos oferecidos pelos fragmentos de vegetação nas áreas urbanas, tanto em áreas conservadas ou recuperadas (parques, reservas), como aquelas utilizadas para arborização urbana.[2]

As principais ameaças às populações de B. variegatus na Mata Atlântica são indiscutivelmente a perda e a fragmentação dos habitats naturais dos quais a espécie depende, o aumento da matriz rodoviária e energética, apanhas e quedas.[2]

Conservação editar

Ainda não existe oficialmente um programa de conservação específico para esta espécie, porém há locais onde esses animais são reabilitados para logo em seguida retornarem ao seu habitat. O Centro de Reabilitação Reserva Zoobotânica da Comissão Executiva de Planejamento da Lavoura Cacaueira-CEPLAC, localizada no município de Ilhéus, no Sul da Bahia, desenvolve atividades de reabilitação de Bradypus variegatus e Bradypus torquatus apreendidos na região ou em outras localidades do Brasil.[2]

A seleção de ambiente naturais protegidos já existentes e o incentivo para criação de novas Unidades de Conservação para execução de programas de reintrodução ou soltura de animais apreendidos são sugeridos, além de programas intensivos de educação ambiental destinados às áreas de maiores riscos.[2]

 

Referências editar

  1. «'Bradypus variegatus'». Lista Vermelha da IUCN de espécies ameaçadas da UICN 2024 (em inglês). ISSN 2307-8235. Consultado em 21 de janeiro de 2020 
  2. a b c d e f g h i j k «Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade - Mamíferos - Bradypus variegatus - preguiça comum». www.icmbio.gov.br. Consultado em 20 de janeiro de 2020 
  3. a b c d «Por que a evolução levou as preguiças a viverem em câmera lenta» (em inglês). 3 de setembro de 2019 
  4. Emmons (1990). Neotropical rainforest mammals. a field guide. [S.l.: s.n.] 281 páginas 
  5. Wetzel (1973). The identity of Bradypus variegates Schinz (Mammalia, Edentata). [S.l.: s.n.] pp. 86:25–34. 
  6. a b c d e «Bicho-Preguiça - Curiosidades do animal conhecido como o mais lento do mundo». GreenMe.com.br. 29 de agosto de 2017. Consultado em 26 de janeiro de 2020 
  7. a b c d e f «Folivora». Wikipédia, a enciclopédia livre. 23 de outubro de 2019 
  8. Beebe (1926). The three-toedsloth, Bradypus cuculliger Wagler. [S.l.: s.n.] pp. 7: 1–67 
  9. Mikich (2004). Livro vermelho da fauna ameaçada no Estado do Paraná. [S.l.: s.n.] 
  10. Wetzel (1982). Systematics, distribution, ecology, and conservation of South American edentates. [S.l.: s.n.] pp. 345–375 
  11. «Bicho Preguiça». www.petropolis.rj.gov.br. Consultado em 21 de janeiro de 2020 
  12. a b Capelli. A preguiça. [S.l.]: FTD 
  13. AFP, Da (23 de abril de 2014). «Preguiça tem estômago especial para ficar de cabeça para baixo, diz estudo». Natureza. Consultado em 29 de janeiro de 2020 
  14. Moreno, S. & Plese. The illegal traffic in sloths and threats to their survival in Colombia. [S.l.: s.n.] pp. 6: 10–18 
  15. Robinson, J.G. & Redford (1991). Wildlife Use and Conservation. [S.l.: s.n.] 
  16. Oliver, W.L.R. & Santos. Threatened endemic mammals of the Atlântic Forest region of South-east Brazil. Wildlife Preservation Trust, Specil Scientific Report. [S.l.: s.n.] pp. 4:21–31 

Ligações externas editar

 
O Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre Analuuuuu/Testes
 
Wikispecies
O Wikispecies tem informações sobre: Analuuuuu/Testes
  Este artigo sobre mamíferos é um esboço. Você pode ajudar a Wikipédia expandindo-o.