Tamanduaí
O tamanduaí, tamanduá-cigarra, tamanduazinho[6] ou tamanduá-seda (nome científico: Cyclopes didactylus) Cyclopes está incluído na família Cyclopedidae Pocock, 1924, dentro da subordem Vermilingua Illiger, 1811 (Pilosa, Xenarthra), que também contém os tamanduás-bandeira (Myrmecophaga Linnaeus, 1758) e tamanduás (Tamandua Gray, 1825), ambos da família Myrmecophagidae Gray, 1825 [7], é um pequeno tamanduá arborícola encontrado em Suriname, Guiana Francesa, Venezuela, norte e nordeste do Brasil e na ilha de Trindade.[5] É uma das várias espécies de tamanduás sul-americanos. Esta espécie é difícil de ser vista. Não muito maior que um esquilo. Passa os dias dormindo, enroscado no alto das árvores. Só sai do lugar durante a noite, e mesmo assim não vai muito longe. Nunca desce ao chão. Possui pelagem amarelada, macia e sedosa, que lhe rendeu o nome popular de tamanduá-seda. Cauda preênsil de cerca de 25 centímetros de comprimento, funciona como um quinto membro. As mãos têm dois dedos, quatro dedos nas patas anteriores, com duas garras longas e curvas, olhos e orelhas pequenos. O tamanduaí é o menor dos tamanduás possuindo um comprimento do corpo de aproximadamente 20 centímetros e comprimento de cauda medindo em torno de de 25 centímetros, seu peso raramente é maior que 400 gramas,[8] de cor geral marrom-acastanhada, é a única espécie de Cyclopes com listras escuras dorsais e ventrais claramente marcadas.[5] Por ser um insetívoro altamente especializado (alimenta-se predominantemente de insetos em diferentes estágios), sua manutenção em cativeiro se torna muito difícil. Devido à sua vida reclusa, pouco se conhece dos hábitos deste animal, tanto que há pouquíssimas fotografias dele na natureza. Além disso, o que dificulta ainda mais os estudos, é o fato de nenhum zoológico do mundo ter um tamanduaí em sua coleção.[6]
[1] Tamanduaí | |||||||||||||||||||||
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Estado de conservação | |||||||||||||||||||||
Pouco preocupante (IUCN 3.1) [2] | |||||||||||||||||||||
Classificação científica | |||||||||||||||||||||
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Nome binomial | |||||||||||||||||||||
Cyclopes didactylus (Linnaeus, 1758) | |||||||||||||||||||||
Distribuição geográfica | |||||||||||||||||||||
Subespécies | |||||||||||||||||||||
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Sinónimos | |||||||||||||||||||||
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Taxonomia
editarO tamanduaí possui pelagem muito densa e curta com coloração amarelo-dourada, que se torna progressivamente mais cinzenta e com uma listra escura no dorso quanto mais ao sul de sua distribuição. A cauda do tamanduaí é relativamente longa e preênsil, sendo desprovida de pelos na face ventral. O membro anterior possui duas garras longas no segundo e terceiro dedo e o membro posterior apresenta quatro garras longas.[carece de fontes]
O tamanduaí possui uma junção na sola do pé que permite dobrar suas garras para trás sob o pé e isto, aliado à sua cauda preênsil, o auxilia a se agarrar nos galhos das árvores. São reconhecidas sete subespécies de tamanduaí. A Cordilheira dos Andes, devido a baixa taxa metabólica de tamanduaí, representa uma barreira significativa entre as populações do norte e do sul.[6]
Biologia
editarO tamanduaí é uma espécie que vive nas árvores e raramente desce ao chão. Contudo é pouco estudado devido ao seu hábito críptico, noturno e arborícola. São solitários, com exceção do par fêmea e filhote, ou de casais que podem ficar juntos por períodos breves durante a época de reprodução. Nesta espécie ambos os pais cuidam do filhote por tempo indeterminado, sendo que o macho algumas vezes carrega o filhote no dorso.[carece de fontes]
A espécie apresenta a maior parte de sua atividade durante a noite e descansa durante o dia entre as copas das árvores, mas não passa mais que dois dias na mesma árvore de descanso.[6] Toma uma postura defensiva quando se sente ameaçado, erguendo-se sob suas patas posteriores, que estão sempre agarradas a algum apoio, e enrolando sua cauda seguramente a este apoio, formando um tripé. A patas da frente, denominados membros anteriores, com suas fortes garras são posicionados próximos à face do animal, que flexiona o corpo para frente e, e embora as patas dianteiras encontrem-se suspensas, o animal não perde o equilíbrio e se mantém firme.[5]
Alimentação
editarO tamanduá de seda é estritamente insetívoro. Alimenta-se principalmente de formigas arbóreas e cupins (formigas brancas), mas sabe-se que come ocasionalmente besouros.O tamanduá come em média 100 a 8000 formigas por dia. O tamanduaí utiliza da língua longa e pegajosa (semelhante ao do Tamanduá-bandeira) para se alimentar, enquanto forrageia por entre as copas das árvores.[9]
Reprodução
editarAs fêmeas de tamanduaís geralmente produzem apenas um filhote por vez e o cuidado parental é intenso e o tempo médio e intervalo de gestação varia entre 120 e 150 dias. A sazonalidade reprodutiva,ou seja, o estro dura de dezembro a janeiro. Pesquisadores também observaram o nascimento de filhotes nos meses de setembro, outubro e novembro nos mangues brasileiros.[6]. Nesta espécie ambos os pais cuidam do filhote por tempo indeterminado, sendo que o macho algumas vezes carrega o filhote no dorso. A fêmea não carrega o filhote durante suas expedições de alimentação noturnas, ao invés disso, deixa-o na árvore em que passaram o dia, por cerca de oito horas cada noite. Depois de um tempo após o nascimento, o filhote alimenta-se de insetos semidigeridos que são regurgitados por ambos os pais.
Habitat e ecologia
editarO tamanduaí habita as florestas tropicais. A baixa taxa metabólica desta espécie, que se traduz em uma temperatura corporal baixa (em torno de 33°C) e sua capacidade reduzida para termorregulação, limita a sua distribuição para as florestas abaixo de 1.500m. A subpopulação do nordeste de tamanduaí é restrita a floresta tropical úmida de terras baixas e mangues.[5]
A espécie não é restrita a habitats primários, podendo ser encontrada em florestas secundárias. Esta espécie não é capaz de sobreviver em plantações de cana-de-açúcar e culturas agrícolas que substituiu a vegetação original na região que a população de tamanduaí ocupa na Mata Atlântica.[6]
O Tamanduaí é reconhecido com uma população do nordeste isolada da população principal por aproximadamente 1 000 quilômetros. Por provavelmente ter permanecido separada das populações amazônicas desde o Pleistoceno, quando as florestas Atlântica e Amazônica retraíram, sendo substituídas pela Caatinga teve como consequência a população do litoral nordestino podendo ser suficientemente diferenciada a nível genético para representar uma significativa unidade evolutiva. Para a subpopulação da Mata Atlântica do nordeste, não se sabe se a área de ocupação é maior que 2 000 quilômetros quadrados.[6]
Ameaças
editarAs populações silvestres de Tamanduaís são afetadas principalmente pela redução e fragmentação de seu habitat devido ao desmatamento e a incêndios florestais. A captura do animal para utilização como animal doméstico é comum na região amazônica.[10] No entanto, as principais ameaças identificadas para o táxon foram: agricultura, desconexão de habitat, apanha e comércio ilegal.[6]
Áreas protegidas
editarFlorestas Nacionais de Saracá-Taquera e do Tapajós, Parque Estadual Monte Alegre e Parque Nacional da Amazônia no estado do Pará; Reserva Extrativista Arapixi, Parque Nacional do Jaú no Amazonas; Parque Nacional Serra do Divisor e Floresta Nacional Macauã no Acre; Parque Nacional do Viruá e Estação Ecológica de Maracá em Roraima e Parque Nacional do Araguaia.[6]
Conservação
editarPara a subpopulação do nordeste de Tamanduaís é necessário a criação de novas Unidades de Conservação, implementação das mesmas, estabelecimento de um manejo metapopulacional que preveja corredores ecológicos. De tal forma o Instituto de pesquisa e conservação de Tamanduás no Brasil, o Projeto Tamanduá (coordenação: Flávia Miranda) desenvolve pesquisa de variação geográfica e distribuição de tamanduaí, além de ser a principal organização de preservação da espécie no Brasil.[6]
Referências
- ↑ Gardner, A.L. (2005). «Cyclopes didactylus». In: Wilson, D.E.; Reeder, D.M. Mammal Species of the World: A Taxonomic and Geographic Reference 3.ª ed. Baltimore, Marilândia: Imprensa da Universidade Johns Hopkins. p. 102. ISBN 978-0-8018-8221-0. OCLC 62265494
- ↑ Miranda, F.; Meritt, D. A.; Tirira, D. G.; Arteaga, M. (2014). «Silky Anteater - Cyclopes didactylus». Lista Vermelha da IUCN. União Internacional para Conservação da Natureza (UICN). p. e.T6019A47440020. doi:10.2305/IUCN.UK.2014-1.RLTS.T6019A47440020.en. Consultado em 17 de julho de 2021
- ↑ «ITIS Standard Report Page: Cyclopedidae». itis.gov. Consultado em 6 de novembro de 2019
- ↑ «ITIS Standard Report Page: Cyclopes». itis.gov. Consultado em 6 de novembro de 2019
- ↑ a b c d e f Flávia R. Miranda, Daniel M. Casali, Fernando A. Perini, Fabio A. Machado, Fabrício R. Santos. 2017. "Taxonomic review of the genus Cyclopes Gray, 1821 (Xenarthra: Pilosa), with the revalidation and description of new species"; Zoological Journal of the Linnean Society 2017 XX: 1–35 (zlx079). doi:10.1093/zoolinnean/zlx079
- ↑ a b c d e f g h i j Miranda, Flávia Regina; Chiarello, Adriano Garcia; Röhe, Fábio; Miranda, Guilherme Henrique Braga de; Vaz, Sérgio Maia. «Mamíferos - Cyclopes didactylus - tamanduaí - Avaliação do Risco de Extinção de CYCLOPES DIDACTYLUS LINNAEUS, 1758 no Brasil». Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Ministério do Meio Ambiente
- ↑ GARDNER AL. 2005. Order pilosa. In: Wilson DE, Reeder DM, eds. Mammal species of the world. A taxonomic and geographic reference, 3rd edn. Baltimore: Johns Hopkins University Press, 100–103.
- ↑ «Eu Quero Biologia: Por Amor à Vida». www.euquerobiologia.com.br. Consultado em 28 de novembro de 2018
- ↑ «Cyclopes didactylus (silky anteater)». Animal Diversity Web (em inglês). Consultado em 25 de outubro de 2018
- ↑ Emprimeiro. «Tamanduaí: Cyclopes didactylus - Espécies - Tamanduá - Projeto Tamanduá». tamandua.org. Consultado em 25 de outubro de 2018
Ligações externas
editar- ARKive – «imagens e vídeos do tamanduaí» (em inglês)
- «Sloth & Armadillo Specialist Group» (em inglês)
- Animal Diversity Web – «Cyclopes didactylus silky anteater» (em inglês)