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Como ler uma infocaixa de taxonomiaSagui-de-tufos-brancos[1][2]

Estado de conservação
Espécie pouco preocupante
Pouco preocupante (IUCN 3.1) [3]
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Mammalia
Ordem: Primates
Subordem: Haplorrhini
Família: Callitrichidae
Subfamília: Callitrichinae
Género: Callithrix
Espécie: C. jacchus
Nome binomial
Callithrix (Callithrix) jacchus
(Linnaeus, 1758)
Distribuição geográfica
Área da distribuição original no nordeste do Brasil
Área da distribuição original no nordeste do Brasil
Saguis-de-tufo-branco em São Paulo, Brasil

O sagui-de-tufos-brancos, cujo o nome científico: (Callithrix jacchus), também conhecido como sonhim, soim , sauim ou ainda saguim,[4] é uma espécie de macaco de pequeno porte do Novo Mundo. Originário do Nordeste do Brasil, atualmente é encontrado também em partes das regiões Sudeste e Norte, além de criado em cativeiro em diversos países.

Taxonomia e evolução editar

Os saguis que ocorrem na mata atlântica já foram considerados todos como subespécies de Callithrix jacchus.[5] Contudo, atualmente, todos os taxónimos derivados são considerados como espécies separadas, e o Callithrix jacchus refere-se apenas às populações que ocorrem no Nordeste brasileiro e na caatinga.[6][5][7]

Estudos realizados com morfometria de crânios colocaram o Callithrix jacchus como membro do grupo-irmão de uma classificação monofilética formada pelas espécies Callithrix kuhlii, Callithrix penicillata e Callithrix geoffroyi.[6] Entretanto, dados moleculares sugerem outro clado, em que o Callithrix geoffroyi faria parte do grupo-irmão de um clado com uma politomia não definida entre as espécies Callithrix kuhlii, Callithrix penicillata e Callithrix jacchus.[8]

Características editar

É um primata de pequeno porte com peso entre 350 e 450 gramas, pelagem estriada na orelhas e mancha branca na testa. A coloração geral do corpo é acinzentada-clara com reflexos castanhos e pretos. A cauda é maior do que o corpo e tem a função de garantir o equilíbrio do animal.[9]

Quando é ameaçado, emite guinchos muito agudos, alertando o grupo. Protegem o território de outros grupos com sons estridentes.[9]

Distribuição geográfica e habitat editar

Habita florestas arbustivas da caatinga e a mata atlântica do Nordeste brasileiro, ocorrendo de forma nativa nos estados de Alagoas, Pernambuco, Sergipe, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí, Maranhão, Bahia e Tocantins até o sul da desembocadura do rio São Francisco.[7] Foi uma espécie introduzida em várias localidades do Brasil, sendo muito comum em remanescentes de floresta degradada da mata atlântica e existem populações estabelecidas na Ilha de Santa Catarina e até em Buenos Aires, na Argentina, onde originalmente não ocorriam.[7]

No Recôncavo Baiano, parece haver uma zona de hibridação do Callithrix penicillata, fato que parece ter ocorrido devido ao desmatamento, já que provavelmente essa área era habitada por Callithrix kuhlii.[7] Entretanto, alguns estudos mostram que muitas dessas populações não estão consolidadas, mas se mantêm graças a novas introduções realizadas pelo homem, como observado na bacia do rio São João, no Rio de Janeiro.[10]

Ecologia editar

A espécie vive em grupos de três a quinze animais, formados por indivíduos reprodutores e não reprodutores, adaptando-se a uma área de coleta pequena, como foi comprovado em populações desses símios estudadas no Rio Grande do Norte: de 0,5 ha. a 35,5 ha.[11] Isso se deve provavelmente ao fato de possuirem uma dieta rica em goma, que permite que os animais explorem outros tipos de alimento, além de frutos, em meses de escassez.[11]

Alimentação editar

Alimentam-se de insetos, aranhas, pequenos vertebrados, ovos e pássaro, frutos e são também gumívoros (alimentam-se da goma exsudada de troncos que roem com os dentes incisivos inferiores, de árvores gumíferas). Essa goma serve de fonte de carboidratos, cálcio e algumas proteínas.[12]

O sagui despende cerca de 25 a 30% de seu tempo ativo procurando por alimentos.[12]

Reprodução editar

 
Fêmea com filhotes

Nas fêmeas, a maturidade sexual é atingida aos 18 meses e nos machos aos 24. O período de gestação varia entre 140 e 160 dias, depois de um ciclo estral de cerca de 15 dias. Nascem dois filhotes a cada gestação, os quais já não relativamente grandes.[9]

Com duas semanas de vida começam a experimentar frutas maduras, sem deixar a amamentação (que vai até os dois meses). O pai ajuda carregando os filhotes que se agarram muito bem ao pai, sendo transferidos para a mãe na hora da alimentação. Aos 21 dias, os jovens começam a explorar um pouco o ambiente ao redor, mas andam nas costas dos pais até a idade de 6-7 semanas.[9]

Zoonoses editar

O processo de urbanização provocou mudanças nos ambientes naturais e, com isso prejuízos para a fauna. Entretanto, algumas espécies de animais são mais adaptáveis e possuem facilidades na interação com o homem. Dessa forma, o sagui ( Callithrix jacchus ) espécie de primata presente na floresta atlântica mais especificamente na região nordeste , sofreu com desmatamento e encontrou  por meio da interação com o homem vantagens que auxiliou a sua sobrevivência. Porém, essa proximidade nem sempre pacifica resultou em alguns problemas que envolvem a saúde pública.[13]

Estudos apontam que parte da população não apresenta um conhecimento adequado sobre ecologia e o comportamento de C.jacchus e não sente medo deles e , consequentemente alimentam esses animais.[13] Além disso, houve um aumento no número de pessoas que criam esses bichos como animais domésticos , essa interação aparentemente inofensiva pode resultar danos no que diz sobre a saúde humana e também desses animais.[13]

O sagui pode funcionar como um reservatório de doenças como o vírus da raiva-doença infecciosa e contagiosa que atua no sistema nervoso central e pode ocasionar uma encefalomielite aguda podendo levar a morte. Assim, domicílios que possuem o sagui como animais domésticos podem colocar em risco outros animais como cachorro e gato, além das crianças. Vale destacar que em residências onde os saguis são semidomiciliados, ou seja, tem hábitos de vida livre e domésticos os riscos de um contagio é ainda maior.[14]

Outro vírus que pode ter relação com esses primatas é a febre amarela doença infecciosa e não contagiosa que tem como vetor, ou seja, mosquito transmissor Haemagogus . Os macacos são os principais reservatórios e hospedeiros do vírus. Dessa forma, o sagui contaminado pela doença é picado pelo mosquito, o mesmo passa a carregar o vírus e logo depois uma pessoa não vacinada é picada e, assim, adquirindo febre amarela.[15]

Além de sofrerem com a contaminação dessa zoonose , os saguis também são vítimas da desinformação e acabam sendo assassinados pela população.Fato que ocorreu durante um surto de febre amarela entre os anos de 2017 e 2018, principalmente na cidade do Rio de Janeiro. Segundo o site G1 muitas pessoas acreditavam que os saguis eram agentes transmissores da doença e , por isso usavam de violência contra esses animais. Porém, além de crime ambiental esse tipo de ação atrapalha equipes de vigilância epidemiológica e sanitária, pois , a morte desses primatas próximos as zonas urbanas representa um dos sinais de que o vírus da doença está circulando em determinada região e , assim, sendo possível realizar campanhas e trabalhos de controle de tal epidemia.[16]

Galeria editar

Referências editar

  1. Groves, C.P. (2005). Wilson, D. E.; Reeder, D. M, eds. Mammal Species of the World 3.ª ed. Baltimore: Johns Hopkins University Press. 131 páginas. ISBN 978-0-8018-8221-0. OCLC 62265494 
  2. Rylands AB; Mittermeier RA (2009). «The Diversity of the New World Primates (Platyrrhini): An Annotated Taxonomy». In: Garber PA; Estrada A; Bicca-Marques JC; Heymann EW; Strier KB. South American Primates: Comparative Perspectives in the Study of Behavior, Ecology, and Conservation 3ª ed. Nova Iorque: Springer. pp. 23–54. ISBN 978-0-387-78704-6 
  3. Rylands, A.B, Mittermeier, R.A., de Oliveira, M.M. & Kierulff, M.C.M. (2008). Callithrix jacchus (em inglês). IUCN 2012. Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da IUCN. 2012. Página visitada em 27 de dezembro de 2012..
  4. Editores do Aulete (2007). «Verbete "soim"». Dicionário Caldas Aulete. Consultado em 25 de setembro de 2016 
  5. a b Coimbra-Filho, A. F.; Mittermeier, R.A.; Rylands, A. B.; Mendes, S. L.; Kierulff, M.C.M.; Pinto, L.P.S.; et al. (2006). «The Taxonomic Status of Wied's Black-tufted-ear Marmoset, Callithrix kuhlii (Callitrichidae, Primates)» (PDF). Primate Conservation. 21: 1-24 
  6. a b Marroig,G.; Cropp, S.; Cheverud, J.M. (2004). «Systematics and Evolution of the Jacchus Group of Marmosets (Platyrrhini)» (PDF). American Journal of Physical Anthropology. 123: 11-22. doi:10.1002/ajpa.10146 
  7. a b c d Rylands, A.B.; Coimbra-Filho, A.F.; Mittermeier, R.A. (2009). «The Sistematics and Distribution of the Marmosets (Callithrix, Calibella, Cebuella, and Mico) and Callimico (Callimico) (Callitrichidae, Primates)». In: Ford, S.M.; Porter, L.M.; Davis, L.L.C. The Smallest Anthropoids: The Marmoset/callimico Radiation (PDF) 3ª ed. Nova Iorque: Springer. pp. 25–63. ISBN 978-1-4419-0292-4 
  8. Tagliaro, C.H.; Schneider, M. P.; Schneider, H.; Sampaio, I.C.; Stanhope, M.J. (1997). «Marmoset phylogenetics, conservation perspectives, and evolution of the mtDNA control region» (PDF). Molecular Biology and Evolution. 14 (6): 674-684 
  9. a b c d Traad, Renata Mello; Weckerlin, Patrícia (14 de dezembro de 2012). «INTRODUÇÃO DAS ESPÉCIES EXÓTICAS CALLITHRIX PENICILLATA (GEOFFROY, 1812) E CALLITHRIX JACCHUS (LINNAEUS, 1758) EM AMBIENTES URBANOS (PRIMATES: CALLITHRICHIDAE)». Revista Meio Ambiente e Sustentabilidade. 2 (1): 9–23. ISSN 2316-2856. doi:10.22292/mas.v2i1.112 
  10. Morais Jr, M.M.; et al. (2008). «Os sagüis, Callithrix Jacchus e penicillata, como espécies invasoras na região de ocorrência do mico-leão dourado». In: de Oliveira, P.P.; Grativol, A.D.; Miranda, C. R.R. Conservação do Mico-leão-dourado: Enfrentando os desafios de uma paisagem fragmentada (PDF). Campos de Goytacazes: Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro. pp. 87–117. ISBN 978-85-89479-11-0 
  11. a b Castro, Carla (2003). «Tamanho da área de vida e padrão de uso do espaço em grupos de sagüis, Callithrix jacchus (Linnaeus)(Primates, Callitrichidae)». Revista Brasileira de Zoologia. 20 (1): 91-96. doi:10.1590/S0101-81752003000100011 
  12. a b Martins, Ismênia (2007). «Padrão de atividades do sagui Callithrix jacchus numa área de caatinga» (PDF). Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de biociências. Programa de pós-graduação em psicobiologia. 
  13. a b c Albuquerque, Juliana; Oliveira, Maria Adélia (2014). «Interações entre humanos e Callithrix jacchus (Linnaeus, 1758) no Parque Estadual Dois Irmãos, Recife-PE, Brasil» (PDF). A Primatologia no Brasil. Vol. 13 
  14. Aguiar, Tereza; Costa, Edmara (2011). «Risco de transmissão do vírus da raiva oriundo de sagui (Callithrix jacchus),domiciliado e semidomiciliado, para o homem na região metropolitana de Fortaleza, Estado do Ceará» (PDF). Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical 
  15. Vasconcelos, Pedro Fernando (2003). «Febre amarela». Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical 
  16. «Macacos são vítimas da falta de informação sobre febre amarela». Jornal Nacional. 25 de janeiro de 2018. Consultado em 10 de janeiro de 2020 

Ligações externas editar

 
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