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Revista da Semana editar

Revista da Semana foi uma revista semanal brasileira que circulou entre 1900 e 1959.

História editar

A Revista da Semana foi fundada por Álvaro de Tefé, filho de barão de Teffé, e surgiu no contexto da modernização da cidade do Rio de Janeiro em 1900, tendo sua última edição publicada no ano de 1959. Logo após sua criação foi encartada no Jornal do Brasil .  [1]

Pouco tempo depois recebeu maquinários importados, para realizar novas técnicas de impressão com adoção de novas cores, assim, fez sucesso desses periódicos ilustrados nas capitais. Desde sua primeira edição contou com grandes colaboradores - artistas e intelectuais da época, como Luís Peixoto, Olavo Bilac, Pedro Lessa, Escragnole Doria e Menoti Del Picchia. O periódico foi também um veículo importante para as charges e ilustrações de J. Carlos, Raul Pederneiras, Orlando Mattos, entre outros. [2]O semanário conseguiu acompanhar muito bem os avanços da tecnologia e da fotografia da virada do século XX. As edições eram publicadas explorando reportagens com muitas fotos para ilustrar a revista. Além disso, foi o primeira impresso a utilizar dos métodos fotoquímicos em suas ilustrações - isso revolucionou os meios gráficos da nossa imprensa. [1]

A linguagem utilizada era simples para os padrões da Língua Portuguesa da época, e buscava atingir um público amplo da classe média. O periódico se dedicou à temas relacionados a literatura, as notícias do cotidiano, as crônicas políticas, aos esportes, a moda e muito mais conteúdos relativos à arte e a cultura.  [2]

A Revista da Semana ainda destacou-se por grandes fotorreportagens, um elemento inovador naquele ano. A fotografia era tão utilizada nas edições, que em algumas reportagens, simulações de crimes eram fotografadas para dar vida ao material. No entanto, isso não fazia com que as reportagens de rua deixassem de ser publicadas - o semanário foi a única revista a publicar imagens da Revolta da Vacina, no ano de 1904. [1][2]

 
Revolta da Vacina - Foto publicada pela Revista da Semana em 27 de Novembro de 1904.

Mudança no editorial editar

Apesar de conquistar diferentes tipos de leitores, a Revista da Semana era de fato voltada para Homens, trazendo a masculinidade na maioria de suas capas, como um produto à venda. [3]

Em 1915, A revista foi vendida a Carlos Malheiro Dias, Aureliano Machado e Artur Brandão. Depois disso, as edições foram muito mais voltadas para o público feminino, mudando seu editorial. “Jornal das Famílias”, seção criada em 1917, trazia assuntos considerados do universo feminino na época, como beleza, costura, receitas e educação das crianças. Outra coluna que fez sucesso foi o “Consultório da Mulher”, dedicado às respostas de cartas das leitoras da Revista. [3]

A imprensa brasileira passou por grandes mudanças nas décadas de 1930 e 1940, então a Revista da Semana foi se moldando para sobreviver. No processo de se adaptar aos periódicos da época, o semanário mudou seu projeto editorial em 1950 para um conteúdo mais sensacionalista. Em 1959 a Revista da Semana chegou ao fim.

[3]

A Revista editar

A primeira edição editar

A Revista da Semana número um, já trouxe na capa uma imagem do Monumento do Descobrimento do Brasil, de Rodolpho Bernardelli - ali comemorava-se o IV Centenário da descoberta do Brasil por Pedro Álvares Cabral, em 20 de maio de 1900. Era também a primeira vez que uma revista trazia uma fotografia impressa no Brasil. [4]

 
A capa da primeira edição foi a comemoração do IV centenário do descobrimento do Brasil. A primeira revista a publicar uma fotografia impressa.

               Na carta de apresentação do Jornal, a imparcialidade foi um dos requisitos para o conteúdo que havia de ser publicado nas edições posteriores.

               "A revista, cujo primeiro número publicamos, tem a pretensão de ser um órgão de informação ilustrado e popular. Não cogita de política, sob qualquer forma que se possa entender essa designação. Não tem empenho algum em ver triunfar tal ou qual escola literária. Feita para o povo, desde às mais ínfimas às mais altas camadas sociais, a Revista da Semana se empenhará somente em fornecer ilustrações e artigos interessantes. Caricaturas, modas, cenas das grandes obras dramáticas, peças de música, romances, de tudo buscaremos dar o melhor. O nosso empenho estará todo em fazer com que seja necessária à toda família brasileira: tão indispensável aos curiosos espíritos que nela busquem sobretudo as crônicas ilustradas dos sucessos contemporâneos como às formosas senhoras preocupadas com os últimos ditames da moda e às travessas crianças querendo apenas alguns momentos de distração."[4]

               O resto da revista foi repleto de imagens em alusão a comemoração desse quarto centenário. A partir dessa edição, a Revista da Semana iniciava sua história, mostrando ser um produto com um conteúdo muito interessante e moderno para o contexto da época. [4]

Projeto artístico e cultural editar

Nomes importantes fizeram parte da produção da Revista da Semana. As ilustrações sempre foi um diferencial do periódico - O artista e jornalista Raul Pederneiras, teve suas ilustrações e caricaturas publicados na revista desde a primeira edição, foram trabalhos que marcaram uma época com um grande valor artístico. [1][2]

Outros nomes como Escragnole Doria, Menoti Del Picchia e Pedro Lessa tiveram extrema importância no semanário. Olavo Bilac teve um espaço bastante significativo para as matérias culturais e artísticas, teve até uma edição especial em sua homenagem depois de sua morte. [1][2]

O estilo literário passou a ser identidade da Revista da Semana como o tempo. A literatura publicada na imprensa vem da literatura de folhetim do século XIX, e no periódico o romance se unia ao jornalístico. [1][2]

Um bom exemplo para mostrar a forma como eram construídos esses romances que noticiavam um fato, é o texto “A Europa Devastada pela Guerra” - publicado na seção “Notícias e Comentários”.

 
Texto "A Europa devastada pela guerra"

A publicação trouxe o cenário logo após o fim da Primeira Guerra Mundial, o texto com uma crítica aos militares que contrariavam a cobertura da guerra, feita pela revista. O autor destaca a imparcialidade na maneira de noticiar o ocorrido, e a fidelidade para com o leitor. [1]

Construído de uma bem forma literária, o texto conta fatos da Primeira Guerra e, como em um romance, se encerra no seguinte parágrafo:

“Quando se ouve falar com tanta insistência na guerra sem tréguas e sem quartel, pode parecer descabido que nos induzam a esperanças os novos rumores de negociações de paz conduzidas pelo Chefe da Igreja Católica, pelo Presidente Wilson e pelo Rei de Espanha. Todavia, e embora seja um fato incontroverso o depauperamento econômico dos Impérios Centrais, a paz nos parece ser a única solução do conflito que excluirá  prolongamento da guerra por longuíssimo prazo”   [4]

Assim se dava a produção da Revista da Semana - com um gênero de jornalismo literário em seus textos e com muitas ilustrações, fotos e caricaturas, que fazia ser um semanário elegante e de fácil leitura.

Homenagem a atrizes do Cinema Mundial editar

Em 1948, a Revista da semana começou a dedicar fascículos à atrizes do Cinema Mundial. Em um mundo predominantemente machista, dar valor para trabalhos reconhecidos mundialmente para mulheres, foi um feito para a época. A publicação chamou atenção por seu editorial, com imagens e ilustrações da melhor qualidade. Foram homenageadas as seguintes atrizes:[5][4]

 
Rita Hayworth, que estrelou o filme "A Dama de Shangai" posteriormente.
  1. Rita Hayworth
  2. Jane Russel
  3. Joan Caulfield
  4. Janis Carter
  5. Ava Gardner
  6. Adele Jergens
  7. Marguerite Chapman
  8. Maria Della Costa
  9. Lana Turner
  10. Eva Todor
 
Exemplo de propaganda na época.

Publicidade editar

A publicidade na Revista da Semana diz muito sobre como funcionava as técnicas de persuasão do público consumidor da época. Ali, o uso de propagandas com uma quantidade considerável de texto e ilustrações era frequente para fazer o leitor comprar o produto nos anúncios comerciais. Naquele momento, se tornou comum o uso do relato de pessoas que usaram o produto e se sentiram cem por cento satisfeitas. A indústria farmacêutica já utilizava de remédios como fórmulas mágicas que resolveriam o problema à todo custo. [6]

Nos primeiros anos da revista, produtos de beleza, vestuário e medicamentos eram os produtos mais anunciados nas propagandas. A ideia está diretamente ligada com um povo que buscava um estilo de vida europeu, por isso investia na busca de enriquecimento rápido para o consumo desses produtos, assim desencadeava problemas de saúde, e isso resultava na comercialização da solução para todos esses problemas.[6]

A influência nos produtos anunciados nas propagandas tinha ligação direta com o público que a revista atingia - a elite branca carioca. Essa elite, dona do capital político e econômico da época, era o grande alvo das grandes empresas proprietárias desses produtos, ligados à esses segmentos.[6]

Política editar

Um tema que sempre foi uma das pautas principais da Revista da Semana era a política. Entre os anos de 1914 a 1918, realizaram uma cobertura completa da Primeira Guerra Mundial. Além disso, o periódico foi crucial para noticiar fatos relacionados a política de âmbito nacional e internacional.[1]

A Revista da Semana exerceu um papel muito importante por estimular o senso crítico em seus leitores, se posicionando com maestria, e na maioria das vezes, mostrando os dois lados da mesma história. [1]

Em território nacional, um dos episódios mais marcantes das edições da revista, foi quando se posicionaram a favor de Hermes da Fonseca nas eleições de 1909, indo contra Ruy Barbosa. De forma criativa, o semanário passou a produzir conteúdo de política por meio de textos, charges e ilustrações. Com um cunho sempre crítico, em uma mistura de denúncia e preocupação social. [1]

Disputa presidencial de 1910 editar

O militar Hermes da Fonseca teve sua candidatura aprovada em 22 de maio de 1909, apoiado por todos os estados, menos por São Paulo e Rio de Janeiro. Os estados de São Paulo e Rio de Janeiro uniram forças na Campanha Civilista a favor de Ruy Barbosa e contra o militar. Ali acontecia o primeiro confronto da política do café com leiteque ocorreria em 1930. A campanha civilista organizou grandes comícios - ali uma chapa de oposição se tornava pioneira em animando o eleitorado. [7]

Apesar de ser uma revista para todos os públicos, nas eleições entre Hermes da Fonseca e Ruy Barbosa, a Revista da Semana se posicionou a favor do primeiro ao lado do “Jornal do Brasil”, “O País”, “A Tribuna” e “O Malho”, periódicos da época. [1]

Na edição número 515, publicada em 27 de fevereiro de 1910, pouco antes do dia das eleições, a Revista soltou uma espécie de homenagem à Hermes da Fonseca:

"O problema da defesa nacional enfrentado e resolvido com energia e competência pelo Sr. Marechal Hermes, quando Ministro da Guerra, produziu resultados salutares, infiltrando na mocidade brasileira a noção mais desenvolvida de civismo e do amor pátrio, sugerindo-lhe as agremiações de tiro para o manejo das armas e apuro das condições peculiares ao cidadão-soldado"[4]

Ainda na mesma edição, em uma coluna intitulada "As eleições de 1º de Março" o periódico declarou apoiou total ao candidato, já considerando sua vitória:

"Pela primeira vez em todo o Brasil, no atual regime, o entusiasmo se manifestará de um modo animador, dando a entender que o povo estava possuído de interesse pela eleição, bi-partido pelas candidaturas que se apresentavam ao sufrágio. Pena foi que na Capital o entusiasmo de tantos dias esfriasse no momento do voto, e a abstenção nascida de boatos apreensivos, foi enorme."

No dia 27 de julho do mesmo ano, o resultado foi divulgado e Hermes saiu como vitorioso, com pouco mais de 400 mil votos.

Relançamento editar

Em 2007, a Editora Abril começou a publicar uma revista com o mesmo nome de Revista da Semana, com notícias da atualidade publicadas pela imprensa nacional e internacional. No ano de 2009, a editora informou aos assinantes que não seriam publicadas mais edições devido à crise econômica.


Ver também editar


Referências editar

  1. a b c d e f g h i j k Taboada, Gisele; Nery, João Elias; Marinho, Maria Gabriela. «A REVISTA DA SEMANA EM PERSPECTIVA» (PDF). Intercom 
  2. a b c d e f Vianna Dantas, Carolina. «REVISTA DA SEMANA» (PDF) 
  3. a b c «QUESTÕES DE CONSUMO E A FEMINIZAÇÃO DA REVISTA DA SEMANA – Revista Z Cultural». Revista Z Cultural. 24 de janeiro de 2018 
  4. a b c d e f «Hemeroteca». hemerotecadigital.bn.br. Consultado em 28 de novembro de 2018 
  5. «Atrizes do Cinema Mundial - Revista da Semana». Biblioteca Nacional 
  6. a b c de Souza, Maurini. «PUBLICIDADE COMO FONTE HISTÓRICA: REVISTA DA SEMANA» (PDF). UTFPR 
  7. «A primeira campanha presidencial – 1910». www.tse.jus.br. Consultado em 28 de novembro de 2018