Usuário(a):Tetraktys/É necessário abordar as controvérsias



Este ensaio elabora sob outros ângulos questões já abordadas nos textos Sobre a censura em temas políticos e Deixe a realidade em paz




"Nós vivemos em um mundo em que a informação não tem barreiras, ou pelo menos não deveria ter. Eu acredito que a tecnologia é uma ferramenta muito poderosa para nós termos, algum dia, a paz mundial". — Jimmy Wales, co-fundador da Wikipédia.[1]



Premissas

Trabalhar temas controversos tem gerado uma quantidade significativa de disputas editoriais e debates ideológicos na Wikipédia. Para muitos editores, analisar as polêmicas públicas que afetam o tema dos artigos que escrevemos — seja sobre personagens notórios, seja sobre temas científicos, ainda mais em política e costumes, praticamente tudo tem polêmica — dá espaço para a inclusão de conteúdo parcial, irrelevante, sensacionalista ou meramente jornalístico. É evidente que incluir conteúdo com essas características não deve acontecer, e isso é formalmente vedado pelas nossas regras.

Passando pelos temas ambientais, culturais, sociais, comportamentais e chegando aos políticos, há uma infinidade de assuntos que desencadeiam polêmicas maiores ou menores, alguns deles, de fato, sendo extremamente polêmicos. Nosso público é composto majoritariamente de pessoas leigas, que podem ter dificuldade de encontrar boas fontes para formar sua opinião, ou que não têm capacitação adequada para discernir entre dados consolidados cientificamente e fantasias folclóricas e ideológicas.[2][3]

A sociedade se constrói e se movimenta sobre valores e ideias, que se traduzem no mundo concreto que vemos ao nosso redor. E o mundo concreto anda complicado. Nesse contexto, o da luta pela vida, devemos ser sábios, para que a vida como um todo não seja destruída e possa se perpetuar. De acordo com os últimos relatórios científicos, há provas mais que abundantes para dizer que não estamos sendo sábios, ao contrário, estamos caminhando rápido para destruir as bases da própria civilização. A inércia dos governos e sociedade diante do aquecimento global é o exemplo mais ululante hoje em dia.[4][5][6][7] O conhecimento é a única forma de evitar que isso se concretize, ou pelo menos que não se concretize segundo os cenários mais pessimistas, que admitem até a perspectiva de total extinção da humanidade.[8][9]

Que as pessoas mal informadas possam encontrar alguém que lhes explique detalhadamente as engrenagens do mundo, é uma necessidade auto-evidente, pois o conhecimento ilumina e transforma. Bem, a população anda faminta por informação e por trocar informação. O estrondoso sucesso da internet, e da Wikipédia em particular, são uma das provas mais eloquentes disso. Não somos especialistas em nada, mas procuramos escrever como fazem os especialistas. Mas um dos riscos inerentes a essa empreitada educativa de leigos para leigos é reproduzir, por falta de conhecimento especializado, a má informação que circula em outras partes.

Embora a função de educadores caiba eminentemente à família, ao professor e ao Estado, ela também recai sobre nós, enciclopedistas voluntários, compromissados com o ideal de difundir informação qualificada, objetiva e imparcial, ainda mais em um mundo globalizado que se vê a cada dia mais inundado de fake news, que atuam deleteriamente em múltiplos níveis.[10][11]

Sem dúvida, há artigos que apresentam temas polêmicos de maneira inadequada, incorrendo, como já foi dito, em parcialidade, irrelevância ou sensacionalismo, mas a existência de casos problemáticos não pode servir como justificativa para invalidar em bloco a pertinência e relevância do tratamento das polêmicas em qualquer tema onde elas ocorram significativamente. Nosso público merece e precisa conhecer o que se diz sobre o tema, e merece e precisa conhecer como ele é representado nas mídias e na cultura em geral, que efeitos isso produz na imagem criada pelo público em geral sobre o tema disputado, e que resultados práticos isso pode produzir. É fundamental reconhecer a necessidade de haver disponível essa informação correta, completa e sobretudo bem mastigadinha. Nosso público é leigo!

Se a Wikipédia é uma enciclopédia que deseja reunir em si a suma do conhecimento humano, não pode passar ao largo dessas disputas, pois elas são fatos em si, são informação, e fazem parte do conhecimento geral sobre o tema. Não pode também porque essas disputas podem ter — e têm — uma vasta repercussão em termos práticos, afetando a vida de milhares e milhões de pessoas. Se o público não encontra fontes qualificadas e acessíveis de informação, inevitavelmente cairá presa de correntes opiniáticas, tendenciosas, pseudocientíficas e falsas, como as divulgadas à exaustão em mídias sociais e por aplicativos como o WhatsApp, formará uma opinião que não corresponde à realidade, e tomará decisões erradas em sua vida diária. É uma bola de neve...

Esses fatos e fatores parecem evidentes demais para precisarem de discussão. Mas então por que ainda se discute na Wikipédia a necessidade de explorar as controvérsias, ainda mais sendo um aspecto que precisa ser trabalhado de maneira particularmente detalhada e cuidadosa, de forma a prover um claro entendimento de um contexto complexo? Ou isso também não é óbvio? Os debates internos pioram porque se lança muita opinião sem fundamento. A Wikipédia tem políticas, e elas preveem o detalhamento das controvérsias! Isso tem sido tão largamente ignorado que há quem diga que a Wikipédia desencoraja a criação de seções sobre controvérsias nos artigos. Isso não é verdade. A discussão piora ainda mais porque em metade do tempo a conversa se polariza no bizantinismo de ou a) criar uma seção específica no artigo destinada às controvérsias, ou b) se podem ser distribuídas ao longo do texto, conforme os tópicos forem vindo à luz. A questão da sua localização no artigo é completamente irrelevante, deixemo-la para trás, e vejamos por que, de um modo ou de outro, é necessário abordar as controvérsias.

A postura da Wikipédia

A Wikipédia não privilegia ou promove partidos, governos, classes, gêneros, grupos, teorias, narrativas ou ideologias específicas, não advoga nenhuma causa, nem se coloca como dona da verdade, mas tem um compromisso explícito com a boa qualidade e completude da informação, a imparcialidade e a verificabilidade, consagradas em nossos Cinco Pilares e em nossas Políticas e Recomendações.

É impossível admitir que uma abordagem detalhada das controvérsias seja considerada um tópico irrelevante e que caia fora dos nossos objetivos enciclopédicos, e de fato está prevista em várias de nossas políticas, que normatizam como elas devem ser tratadas. A Wikipédia não admite o realce desproporcional a teorias marginais, não admite pseudociência, nem pesquisa inédita e opiniões pessoais, e a Política de Imparcialidade estipula:

"Nos temas controversos, sempre que possível, devem ser apresentados os pontos de vista de todos os campos em disputa. [...] O artigo deve ser escrito de forma a representar todos os pontos de vista significativos que foram publicados por fontes fiáveis, e deve fazê-lo em proporção à proeminência de cada um. [...] Em artigos especificamente sobre pontos de vista minoritários, é permitido que tais visões recebam mais atenção e espaço, porém, em tais páginas, embora o ponto de vista minoritário pode (e normalmente deve) ser descrito, possivelmente de forma mais detalhada, o artigo deve fazer referência adequada para a visão majoritária sempre que pertinente, e não deve refletir uma tentativa de reescrever os conteúdos da visão majoritária estritamente sob a perspectiva da visão minoritária. Especificamente, deve estar sempre claro que partes do texto descrevem a visão minoritária (e que é, na verdade, a visão minoritária). A visão majoritária deve ser explicada com detalhes suficientes de forma que o leitor compreenda o quanto a visão minoritária difere daquela que é amplamente aceita, e controvérsias em relação à visão minoritária devem ser claramente identificadas e explicadas. (grifo meu) Quanto detalhe é necessário, depende do tema: Por exemplo, artigos sobre visões históricas, como a Terra plana, hoje em dia com poucos ou nenhum defensores, pode ser capaz de expor sucintamente a posição moderna, em seguida, discutir a história da ideia detalhadamente, apresentando de forma neutra a história de uma crença que hoje em dia é ultrapassada. Outras visões minoritárias podem exigir uma descrição muito mais extensa da opinião maioritária, a fim de não enganar o leitor". (grifo meu)

No entanto, o editor logo vai se deparar com dois tipos de controvérsias, e seguindo as mesmíssimas regras editoriais, produzirá, conforme o tipo, textos de caráter muito diferente. O primeiro tipo é o das controvérsias legítimas, ou seja, aquelas em que o conhecimento ainda não é suficiente para sedimentar qualquer ponto de vista. Segundo Ernan McMullin, para podermos afirmar que uma controvérsia científica existe é necessário que "parte substancial da comunidade científica veja algum mérito em ambos os lados do desacordo público". Este tipo de controvérsia cessa quando é apresentado um argumento que é aceito generalizadamente pelos especialistas, mas pode continuar nos ambientes extra-científicos,[12] o que leva ao segundo tipo, o das controvérsias artificiais, quando o conhecimento existe e é suficiente para determinar a adoção de um certo ponto de vista descartando outros, mas isso não ocorre na prática porque há atores poderosos, geralmente não-especialistas mas com ligações privilegiadas com a mídia, o grande empresariado e os governos, introduzindo deliberadamente dúvidas artificiais no debate público, desejando, por razões obscuras ou mal disfarçadas, legitimar o indefensável. Produz-se um dilúvio de informação falsa para o público, que, atordoado, ou não sabe para onde se dirigir, ou aceita sem pestanejar, porque o ator canastrão fala muito mais alto e mente muito bem, ou só porque está na TV ou no YouTube.

O primeiro tipo pode ser exemplificado pela matéria escura, que embora em geral aceita como uma realidade, não foi ainda bem compreendida pelos cientistas,[13] o que naturalmente levará à construção de um artigo em que não se poderá dar realce a nenhuma definição categórica. Já se formos tratar do aquecimento global, as evidências reunidas pelos especialistas levaram à formação de um consenso científico praticamente unânime acerca de sua natureza, seus efeitos gerais e seus riscos,[14] e é esse mesmo consenso o que o artigo deverá reproduzir. Mesmo assim, as mídias e blogs andam atulhados de negacionistas do clima, eles ocupam posições-chave nos governos, e impulsionados por interesses econômicos, políticos ou ideológicos, criam uma grande confusão na opinião pública com argumentos os mais disparatados que vão do delírio, da opinião pessoal e da mentira pura e simples à pseudociência apresentada como ciência. Essa confusão, armada propositalmente, dificulta que a população tenha acesso ao verdadeiro conhecimento e forme juízos sólidos, e desarticula a necessária reação da sociedade em geral frente ao desafio climático, com o efeito de promover o grande retrocesso verificado nos últimos anos nas políticas ambientais.[15][16] Como se pode considerar essa cascata de eventos, todos de imensa gravidade e vasta repercussão, derivados diretamente de controvérsias públicas mal conduzidas, como informação irrelevante? Assim, o tratamento adequado das controvérsias num artigo como "Aquecimento global" exige, primeiro, mostrar ao público que a única controvérsia que existe é artificial, e segundo, mostrar como, por quê e por quem essa controvérsia artificial foi criada e que efeitos produz.

Já se vamos escrever sobre indivíduos controversos, é preciso lembrar que a Wikipédia não é um depósito de currículos, por natureza sumários, insossos e descoloridos. Isso exige dissertar sobre o significado e a repercussão das ações e obras dos personagens, exige mostrar o que os verdadeiros produtores do conhecimento pensam a seu respeito, e não dar ouvidos às cartilhas oficiais ou à torcida dos seus amigos e fãs, sempre tão enfáticos na defesa e enaltecimento dos seus ídolos e heróis (ou fantoches), embora essas opiniões possam e devam ser admissíveis se avaliadas por especialistas, devidamente descritas como são, que fundamento têm e de quem e de onde vêm, em nome da própria editoração adequada da controvérsia nos nossos artigos.

Se a Wikipédia pretende iluminar o público, dissipar a ignorância e divulgar conhecimento sólido, é sua obrigação inata entrar corajosamente no terreno das controvérsias, expondo claramente não apenas sua existência, mas também esmiuçando objetiva e desapaixonadamente suas origens, seus meios de disseminação e reprodução, colocando em perspectiva a validade dos argumentos levantados por cada parte contra o pano de fundo do conhecimento produzido pelos especialistas, e fazendo um apanhado do alcance e das repercussões da representação do assunto na cultura popular, descrevendo se ele tem sido mal ou bem representado e se tem sido ou não distorcido por vozes externas ao campo ou por grupos de interesse e pressão. Somente com a inclusão de um tratamento em profundidade das controvérsias se poderá dizer que o tema será bem representado na Wikipédia.

O que diz a Academia?

É bem estabelecido que a qualidade da informação disponível, embora não seja o único fator a considerar, tem uma grande importância na tomada de decisões,[17] e de acordo com vários autores, uma das garantias da democracia é a possibilidade de acesso a meios alternativos de informação, que não sejam orientados ou controlados pelas instâncias oficiais ou hegemônicas.[18] Nossa enciclopédia é uma mídia de acesso livre, um dos websites mais acessados do mundo, aparece normalmente como o primeiro resultado em serviços de busca como o Google,[19] e é um poderoso formador de opinião. Uma pesquisa do IBOPE de 2009 mostrou que 90% dos entrevistados com acesso à internet disseram que usam ou já usaram a Wikipédia como fonte de informação.[20]

Disputas sobre a informação são, em todo o mundo, e desde a Antiguidade, disputas por poder, por controle e por influência sobre as pessoas e a realidade cotidiana.[21][22] Por isso devemos aos nossos leitores a apresentação de artigos que possibilitem formar uma imagem ampla e bem fundamentada sobre os temas que lhes interessam. Se passamos por alto das controvérsias, deixaremos de lhes dar informações importantes, deixaremos que ouçam a voz de lunáticos, fanáticos, interesseiros ou ignorantes em geral. Por isso a necessidade de oferecer informação bem coligida, detalhada, estruturada e acessível ao público em geral, que faça uso de fontes confiáveis e amplie o entendimento do leitor não só com as múltiplas visões sobre cada tema, mas ainda com as repercussões das polêmicas, especialmente as artificiosas, na vida diária. Essa necessidade também foi reconhecida por diversos autores, e na síntese de Carlos Parente Sousa "as informações necessárias para o público raciocinar criticamente precisam ser apresentadas e desenvolvidas de maneira que todos os participantes possam entendê-las e aceitá-las".[23] Na apreciação de Marcelo Bulla, tratando de temas científicos,

"Compreendendo que a ciência se realiza por conflitos racionais, discussões conceituais e ideologias, e sendo as interações polêmicas (controvérsias científicas) o contexto dialógico natural da ciência, no qual se elaboram as teorias e se constituem seus sentidos, sofrendo influências de valores políticos, culturais e econômicos, evidencia-se a importância de se construir uma percepção mais contextual da ciência tanto na Educação Básica quanto no Ensino Superior, pois entendemos que a pesquisa das interações polêmicas é um meio importante que possibilita uma descrição satisfatória da história e do exercício da ciência. [...]
"Contudo, para que se compreenda uma controvérsia científica, é indispensável que se examine, segundo Carvalho (2013, p.127), 'a natureza das diferenças que separam os proponentes dos dois lados da contenda' e além de realizar a análise da lógica e dos experimentos que geram as controvérsias científicas, é necessário examinar 'as técnicas de argumentação persuasiva que se desenvolvem no interior dos grupos que constituem as comunidades científicas de cada época'.” [24]

Galvão, Reis & Freire, analisando o papel social da boa compreensão por escolares da natureza dialética e dinâmica da construção do conhecimento e da discussão das controvérsias na formação de professores, concluíram:

"A escolha da discussão como veículo de aprendizagem reflete, de forma explícita ou implícita, concepções sobre a natureza do conhecimento, a importância da autonomia intelectual e da colaboração social, bem como valores políticos relacionados com a construção de uma sociedade democrática. [...] Os assuntos sociocientíficos [...] envolvem uma dimensão social extremamente forte com a qual as pessoas se identificam, facilitando a discussão e a compreensão da Ciência e da Tecnologia associadas e das suas múltiplas interações com a Sociedade e o Ambiente. Com a discussão deste tipo de assuntos, não se pretende promover a aceitação cega da Ciência e da Tecnologia, nem combatê-las com argumentos obscurantistas. Pretende-se sim, promover a compreensão dos seus aspectos controversos e a análise dos argumentos apresentados por diferentes intervenientes. Desta forma, o aluno não é confrontado com um discurso moralista ou faccioso sobre, por exemplo, problemáticas ambientais. Pelo contrário, é confrontado com uma diversidade de informações, argumentos e opiniões perante as quais deverá construir uma opinião (e, eventualmente, tomar uma decisão) fundamentada. Decide em função daquilo que considera ser melhor para todos e não apenas para si próprio, havendo uma dimensão coletiva na discussão de assuntos sociocientíficos que é preciso realçar".[25]

Sustentam opiniões similares, sempre enfatizando o valor social e educativo do esclarecimento adequado das controvérsias, entre outros, Levinson (2002), Reis (2004), Strauss & Westland (2005), Nicolai-Hernández & Carvalho (2006).[26] Segundo Reis,

"Atualmente, a compreensão da natureza da ciência e da sua relação com a sociedade e a cultura é considerada um dos eixos fundamentais da literacia científica". [...] A educação científica assume um papel de relevo na promoção das competências necessárias ao envolvimento dos cidadãos em processos de discussão, avaliação, decisão e ação social, relativamente às questões sócio-científicas com as quais a sociedade atual é confrontada. [...] Neste estudo, torna-se evidente que os alunos têm dificuldade em distinguir a ficção da realidade, construindo ideias erradas acerca das potencialidades e das limitações da ciência. As influências dos media, sobre as concepções dos alunos detectadas neste estudo, realçam a necessidade de criação de espaços de discussão crítica, em contexto de sala de aula, das imagens veiculadas pelos meios de comunicação social sobre a ciência e a tecnologia".[3]

Embora esses autores abordem a questão no contexto escolar e pedagógico estrito, e enfoquem principalmente as ciências exatas e naturais, é evidente que suas análises podem ser extrapoladas para a Wikipédia e quaisquer temas polêmicos, entendendo a ciência em um sentido lato como qualquer campo definido do conhecimento que tem uma metodologia própria e um corpo de especialistas em atividade. Uma enciclopédia é um instrumento educativo por excelência, e como tal a Wiki pode participar como auxiliar valioso na dissipação da ignorância do público leigo explorando devidamente os meandros do processo de construção do conhecimento em geral, suas distorções e seus impactos na sociedade. Para Yann Boutang, a Wikipédia tornou-se "um instrumento de aprendizagem em massa só equiparável à conhecida Encyclopédie de d’Alembert e Diderot",[22] e disse Roberto Magán que "cada vez mais, o acesso ao conhecimento torna-se vital para que os indivíduos integrem-se à sociedade de forma que possam realizar-se como cidadãos, uma vez que sem uma formação intelectual que lhes garanta condições de criticar as informações que recebem — os constantes apelos que lhe são dirigidos pela indústria cultural — esses indivíduos, fatalmente, sucumbirão ao espetáculo, sem condições de assumir um posicionamento crítico diante do que se lhes apresenta, tornando-se incapazes de exercer uma postura autônoma e reflexiva".[27] Não é demais enfatizar outra vez que conhecer as controvérsias faz parte do conhecimento geral sobre determinado tema, e como tal são elas mesmas objeto de estudos acadêmicos.[28]

A relevância das mídias em geral e da Wikipédia em particular para a construção de uma democracia mais participativa e justa tem sido objeto do interesse de vários pesquisadores, e segundo Carlos Parente Sousa, "a Wikipédia em idioma português, atualmente, apresenta-se como um meio fundamental e notório do ponto de vista de audiência para informação política no Brasil. [...] O debate político no sistema deliberativo pode levar em conta o papel da Wikipédia como uma arena de formulação de problemas de natureza pública, de construção de identidades e de formulações de demandas de ação política que sejam endereçadas à esfera da tomada de decisão. [...] A internet é considerada, por boa parte dos estudiosos da democracia deliberativa, como uma arena favorável para superar algumas das dificuldades encontradas nas democracias da sociedade moderna. [...] De acordo com Klemp & Forcehimes (2010), na Wikipédia, o modelo colaborativo de criação de conteúdo nela desenvolvido fornece a possibilidade de se promover um complemento eficiente para a deliberação pública off-line".[29]

A Wikipédia é uma alternativa para contornar a centralização e as "versões oficiais" na difusão do saber e no ensino,[22] tem a vantagem de poder se atualizar em tempo real em relação aos acontecimentos, e já tem se revelado um contraponto saudável e necessário para distorções deliberadas da história e do conhecimento empreendidas por outras fontes. Por exemplo, Mateus de Faria Pereira citou o caso dos artigos sobre o golpe militar de 1964 e a ditadura militar brasileira, destacando que, a despeito da maioria dos estudos sobre o tema apontarem a ocorrência de torturas, assassinatos e eliminação de provas de crimes, atualmente há um movimento revisionista que questiona a realidade ou relativiza a importância desses fatos e encontra justificativas para tudo, e disse que apesar de suas limitações, os editores da Wiki em geral atuam no sentido de preservar a factualidade da história.[21] Já Bernardo Esteves estudou o caso dos artigos relacionados ao aquecimento global, concluindo que a abordagem científica do tema na Wiki atua como um obstáculo para os negacionistas,[30] e em outro estudo, em parceria com Henrique Cukierman, a dupla declarou: "Ao reafirmar a influência humana sobre o clima, a Wikipédia reflete e reforça, em fóruns mais amplos que o da literatura acadêmica, o ponto de vista sustentado pela maioria dos cientistas. O artigo 'Aquecimento global' teve 582.481 visualizações em 2017. Como se sabe que os estudantes adotam informação da Wikipédia (Shen et al., 2013), podemos supor que trabalhos escolares e outros materiais derivados que eles geram podem refletir o consenso científico. Mais do que uma mera aliada [do conceito] do aquecimento produzido pelo homem, a Wikipédia em português se tornou uma porta-voz da ciência do clima".[28] Pode ser citado como outro exemplo o pesquisador João Alexandre Peschanski, que orientou um projeto acadêmico almejando que os verbetes da Wikipédia criados ou melhorados ao longo do projeto "sirvam de referência de qualidade e possam ter impacto na memória política e consequentemente na mobilização dessa memória para a tomada de decisões na nova eleição".[19] O pesquisador continua:

"A maioria dos cidadãos tem interesse em viver em uma comunidade política onde as decisões políticas são tomadas a partir de informações de boa qualidade, na medida em que isso aumenta a probabilidade de eleger candidatos que melhor atendam seus interesses individuais e como membros de uma comunidade política. [...]
"A qualidade da comunicação política tem impacto na definição da política, na medida em que se sabe que a propaganda eleitoral afeta resultados de competições por voto (FIGUEIREDO, 2007; LIMEIRA; MAIA, 2010). Soluções positivas à tendência à ignorância racional enfatizaram normalmente estratégias institucionais para aumentar e aprofundar a participação popular na democracia. [...] O balanço, nessa linha, é que o desinteresse racional na participação e compreensão política está associado a um déficit democrático estrutural, que precisa ser sanado para chegar-se a uma democracia de melhor qualidade.
"Este trabalho coloca o foco na melhoria da informação a custo zero disponível para eleitores. Sabe-se que, no quadro geral da ignorância racional, a fonte de informação preferida será aquela que não exige esforço, até mesmo o esforço de lembrar-se das próprias ações políticas e as circunstâncias eleitorais passadas. Normalmente, a informação a custo zero é considerada de má qualidade. No entanto, as plataformas digitais, especialmente os serviços web 2.0, têm o potencial de oferecer informação a custo zero de boa qualidade, inclusive em questões políticas e assuntos públicos. Apresenta-se então o potencial de um desses serviços web 2.0, a enciclopédia eletrônica Wikipédia, em oferecer informação que possivelmente pode servir para melhorar a qualidade do voto. [...]
"A Wikipédia é, portanto, informação a custo zero, com alta visibilidade e potencial para apresentar conteúdo de qualidade. Essas características a tornam especialmente interessante para projetos que estimulem a qualificação da cultura política, na medida em que, aceitando o quadro teórico da ignorância racional, permite que eleitores tenham acesso a informação sem custo e boa. [...]
"A esperança é que, nas potencialidades abertas pelos serviços web 2.0, haja formas de reforçar a atuação cidadã e as aspirações extraordinárias do empoderamento popular na comunidade política".

Embora o papel das mídias digitais para a democracia ainda seja mal definido, e seja difícil quantificar os efeitos concretos de uma informação em particular, é incontroverso que as mídias desempenham um papel muito significativo na questão geral da informação do grande público, impactando direta ou indiretamente a realidade, seja para o bem ou para o mal, em uma vasta gama de aspectos.[17][2][31][32] O acesso aos nossos artigos sobre políticos aumenta dramaticamente durante os períodos eleitorais,[33] dando um exemplo bastante claro de que o que escrevemos importa, e muito. Informação de má qualidade pode ter consequências negativas de longa duração e vasto alcance, podendo reproduzir infinitamente preconceitos, mitos, falsidades, distorções da memória coletiva, teorias de conspiração e interesses políticos, culturais e econômicos anticientíficos e contrários à promoção da justiça, da cidadania, da democracia e do bem comum, atacando os pressupostos da construção do conhecimento genuíno e da adequada preservação da história e da memória.[10][11][17][21]

Má informação afeta a educação, a política, a justiça, a segurança, a saúde, o ambiente, as instituições e tudo mais. Tudo isso está ligado a uma grande crise sobre a confiabilidade das mensagens que recebemos de todas as direções. Isso se torna ainda mais importante porque uma grande massa de informação disponível para o grande público é comprometida com grupos de interesse ou com governos e partidos ou é simplesmente equivocada ou falsa. Estamos inundados por má informação, em grande parte difundida de maneira sistemática e deliberada em vastas campanhas de revisionismo histórico e descrédito da ciência e do conhecimento em geral.[2][34][35] Mesmo em países avançados como o Japão, 77% das pessoas desconfiam da ciência. Na França, um terço da população desconfia das vacinas.[36]

Segundo Adam Brown, "em apenas dez anos a Wikipédia emergiu da obscuridade para se tornar a fonte de informação dominante para toda uma geração". Mas ele acrescenta que "a Wikipédia é quase sempre acurada quando se trata de um artigo relevante, mas erros de omissão são extremamente frequentes", uma conclusão compartilhada por outros pesquisadores que ele cita.[37] Ele não especifica quais são essas omissões, mas considerando o nosso contexto ideológico e minha própria experiência, a omissão das controvérsias deveria estar entre esses erros.

De qualquer modo, disso tudo ressalta a potencialidade da Wikipédia como uma plataforma capaz de auxiliar no restabelecimento da primazia dos fatos e minimizar o impacto social e cultural negativo das crenças irracionais, dos devaneios opiniáticos, do proselitismo, das mentiras deliberadas e outras mazelas. Controvérsias sempre são aspectos complicados de lidar, e podem ter repercussões imprevistas, mas as alimentadas artificialmente são positivamente perigosas, piores ainda quando reproduzidas na Wiki como controvérsias legítimas, ou simplesmente desconsideradas pelos editores como irrelevantes, deixando o nosso público na completa escuridão e numa nefasta inocência. E como disse Marcello Bulla, "no momento em que os fatores epistêmicos (científicos) são deixados em segundo plano e os fatores não-epistêmicos (não-científicos), tais como preferências políticas, culturais, sociais, religiosas, enfim, ideológicas e questões de valor, são o mote e a razão da discordância, a resolução da polêmica se torna dificílima, se não impossível”.[38]

Concluindo...

A Wikipédia está cheia de falhas e inconsistências, seus editores muitas vezes são mal preparados para as tarefas editoriais que assumem, tampouco são perfeitamente isentos ideologicamente e sofrem influências indevidas ou indesejáveis de variadas naturezas,[39][37] e ninguém nega isso, mas o projeto está em processo perene de aperfeiçoamento, está se tornando a cada dia mais confiável,[37] e seus artigos estão abertos à edição e melhoramento por qualquer pessoa que se dispuser a colaborar, desde que seguindo as regras estabelecidas. A existência de exemplos defeituosos e criticáveis não pode servir como cavalo de batalha para justificar a supressão, minimização, apaziguamento artificial ou ocultamento das controvérsias. Se elas são abordadas de maneira incompleta, tendenciosa ou superficial, cabe-nos corrigir essa situação e não jogar tudo no lixo como se o tópico fosse todo descartável. Não é.

Uma informação incompleta, enviesada e precária não é rara mesmo entre professores, e é mais comum em professores dos níveis mais elementares, que dirá em seus alunos,[40][3] que são parte importante do nosso público. Segundo Pierre Lévy, a Wikipédia "é o primeiro lugar onde os jornalistas, estudantes e professores vão procurar informações básicas sobre algum assunto".[41] O Brasil tem um dos piores índices de educação do mundo,[40] e pesquisa do Instituto Gallup indica que 73% dos brasileiros desconfiam da ciência.[36] Portanto, a explicitação e detalhamento das controvérsias em nossos artigos concorre para uma melhor educação desse público mal amparado, ajuda a aprofundar o conhecimento de maneira mais fidedigna, forma juízos mais críticos e conscientes, e por isso tem um grande potencial para a transformação da realidade.[40][3][26] Como disse Cristóvam Buarque, "a principal infraestrutura necessária para um país avançar é a infraestrutura do pensamento e do conhecimento".[42] Nosso próprio fundador, Jimmy Wales, disse em uma entrevista:

"Em particular no mundo em desenvolvimento, já conheci jovens numa situação muito difícil que disseram: 'Há três anos não tínhamos livros na biblioteca nem nada. Agora temos internet, temos YouTube, temos Wikipédia, temos Google, temos todas essas coisas que transformam nossas vidas'. É muito inspirador se dar conta das possibilidades para aqueles que não tinham oportunidades e agora têm, não só de um emprego melhor ou de uma melhor educação, mas também de se conscientizar politicamente e questionar o tratamento que recebem, a vida que levam, os políticos corruptos que roubam o seu dinheiro. Isso causará transformações sociais enormes".[43]

De fato, o relatório Strategy 2030, encomendado pela Fundação Wikimedia para mapear as tendências mundiais que poderiam afetar as atividades da Wiki até 2030, trouxe a guerra cultural para o primeiro plano, incluindo "Desinformação & verificabilidade" entre os principais tópicos discutidos. Ficou claro — caso ainda se precisasse de mais confirmações — que o valor da Wiki vai muito além do meramente informativo, sua potencialidade educativa tem sido constantemente reiterada por múltiplos testemunhos e projetos culturais, comunitários e educacionais em que a comunidade se engaja, e enfocando especificamente os perigos da má informação, reconheceu que "é crucial que o movimento Wikipédia trabalhe com outros neste ecossistema [digital] para reconhecer e combater os esforços organizados de enganar o público". E reconheceu que as campanhas de desinformação se voltam contra nós próprios: elas "não apenas enfraquecem as fontes e, portanto, também o conteúdo da Wikipédia, mas ainda criam uma cultura de dúvida geral sobre a confiabilidade da informação online".[44]

Devemos, portanto, trabalhar esses tópicos controversos com um renovado interesse e a preocupação de oferecer informação contextualizada, detalhada, precisa, objetiva e imparcial, impedindo que nossos artigos transformem o mundo de constantes disputas, injustiças e desigualdades em que vivemos em um conto de fadas cor-de-rosa onde não há brigas nem guerras, onde todos fazem o bem e se preocupam com o próximo, onde as atividades dos atores sociais não repercutem na realidade e nunca representam ameaça para ninguém, ou onde a opinião de todos tem o mesmo valor mesmo que seus defensores jamais tenham estudado o assunto ou sejam sabidamente mal intencionados ou comprometidos com interesses particulares. Escrever artigos desta maneira edulcorada e higienizada absolutamente não corresponde aos fatos, vai contra os mais elementares princípios editoriais, vai contra a própria noção de conhecimento, vai contra o princípio da justiça e esvazia o sentido de nossa missão de informar bem nossos leitores.

Desinformação mata, desinformação desumaniza, produz miséria, confusão, guerras, desigualdades, separação e ódio, desinformação está atiçando essa onda de retrocesso obscurantista que está avacalhando com o mundo e destruindo qualquer possibilidade de um futuro digno ou sequer suportável para as novas gerações. Qual seria o sentido social de construir uma enciclopédia, neste momento crítico em que vivemos, à beira de um colapso sócio-ambiental-cultural de dimensões planetárias cujas terríveis consequências deverão nos assolar por milhares de anos e que podem desembocar na própria extinção da humanidade,Ver nota:[45] senão o de tentar impedir ou pelo menos suavizar essa tragédia anunciada?


Tetraktys, janeiro de 2020

Referências

  1. Demartini, Marina. "10 perguntas a Jimmy Wales, o fundador da Wikipédia". Info Abril, 19/06/2015
  2. a b c Sousa, Carlos Henrique Parente. Eleições e deliberação pública na Wikipédia: um estudo dos verbetes dos candidatos à prefeitura de São Paulo. Mestrado. Universidade Federal do Ceará, 2014, pp. 35-38
  3. a b c d Reis, Pedro Guilherme Rocha dos. Controvérsias Sócio-científicas: discutir ou não discutir: percursos de aprendizagem na disciplina de ciências da terra e da vida. Doutorado. Universidade de Lisboa, 2004, pp. iii; 359
  4. Ki-Monn, Ban. "Prefácio do Secretário Geral das Nações Unidas". In: Secretariado da Convenção sobre Diversidade Biológica. Panorama da Biodiversidade Global 3, 2010, p. 5
  5. "Statement by the Secretary-General on the IPCC Special Report Global Warming of 1.5 ºC". United Nations Iran, 09/10/2018
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  45. Faça as contas, é muito simples: some 10 bilhões de pessoas mais um aumento no consumo de 300 a 900% até 2100, mais um aquecimento global de 4 a 6ºC, mais a extinção provável de até 70% de todas as espécies, mais a total desestruturação dos sistemas de produção de alimentos e energia, mais a possibilidade de um aquecimento global descontrolado que tornaria o mundo praticamente inabitável. Resultado absolutamente seguro: fim da civilização como hoje a conhecemos. Resultado adicional possível: fim da raça humana no médio prazo.

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