A zangaria, ou rede tipo zangaria, é uma arte de pesca/petrecho tipo armadilha utilizada na atividade de pescaria artesanal do tipo predatória.[1][2] Armada na planície de maré; as áreas estuarinas e costeiras com extensa zona entremarés são adaptadas ao sistema de produção pesqueira artesanal de zangaria.[3]

Segundo o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), este é um petrecho ilegal de caça considerado pedratória não sustentável (não seletivo), que causa alta taxa de mortalidade de qualquer tipo e tamanho de crustáceo.[1][2][3][4]

Os pescadores devem seguir o padrão de rede, com comprimento máximo de 1 500 metros e com tamanho mínimo de malha de 5 cm entre nós opostos.[3]

Características editar

A zangaria é uma armadilha semi-fixa semelhante a cerca com estacas de madeira altas e uma malha sintética amarrada.[4] É colocada na forma um semicírculo na entrada de igarapés (área estreita do estuário), com as estacas maiores fixadas ao centro do canal devido a maior profundidade, utilizandando asism a variação de maré para capturar os crustáceos.[2]

A armadilha é estendida durante os ciclos de marés do período da lua cheia e lua nova, sempre levantada no início da baixamar na hora que o substrato do estuário está exposto (processo de enchente da maré com cerca de três horas antes da despesca).[3][4] Asim o pescador mergulha, localiza a rede que está rebaixada, e volta à superfície carregando a tralha superior, esticando-a e prendendo nas estacas,[3] para seu uso no período de preamar (maré cheia) até a despesca na próxima baixamar.[4]

Na hora da despesca a rede é novamente rebaixada e, o pescado e crustáceos que estão presos no cercado são capturados manualmente, a despesca ocorre na maré baixa.[3]

Pesca artesanal editar

A pesca artesanal é atividade de caça socioeconômica onde ocorre: criação de renda primária; ajuda de mão-de-obra familiar; poduto para mercado interno; oferta de alimentos para a comunidade; ou necessidade básica alimentar; práticada com petrechos manuais.[5] As vezes usa técnica pedratória (que agride o meio-ambiente),[1] mas na maioria das vezes, segundo Cristiane Silva Nogueira, o pescador artesanal normalmente usa instrumentos/técnicas que não agridem o meio-ambiente, trabalhando durante o ano todo no modo subsistência.[5]

Arte de pesca editar

Os petrechos/equipamentos usados na pesca artesanal podem ser classificados em:[6][7]

Outros petrechos de pesca: guizo; poitamento; timbó;[10] cavalinho; fisga; garateia; arpão;[11] puçá; caniço; rabiola; socó; moponga; paneirão.[12]

Referências

  1. a b c Pestana, Samantha Silva; Viana, Anne Rithelly Conceição; Diniz, Ana Luiza Caldas; Sousa, Daniele Borges de; Almeida, Zafira da Silva de (17 de fevereiro de 2020). «Comparação entre a produção pesqueira do camarão branco e a fauna de siris do gênero Callinectes na pesca de zangaria no Munícipio de Raposa, Maranhão – Brasil». Brazilian Journal of Development (2): 7732–7749. ISSN 2525-8761. doi:10.34117/bjdv6n2-178. Consultado em 21 de setembro de 2023. Resumo divulgativo 
  2. a b c Diniz, Ana Luiza Caldas; Sousa, Ana Karolina Ribeiro; França, Aleff Paixão; Freitas, Jailza; Batista, Wanda dos Santos; Lenz, Tiago de Moraes (2019). «O uso multiplo da área de pesca do município de Raposa, Maranhão/Brasil». CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHEIROS DE PESCA (XXI CONBEP). Brazilian Journal of Development (2): 6999–7010. ISSN 2525-8761. doi:10.34117/bjdv6n2-121. Consultado em 21 de setembro de 2023. Resumo divulgativo 
  3. a b c d e f Veras, Polliana Farias (10 de dezembro de 2015). «Composição, estrutura e aspectos reprodutivos das principais espécies da fauna acompanhante da pescaria de zangaria na Reserva Extrativista de Cururupu, Maranhão» (PDF). Consultado em 21 de setembro de 2023. Resumo divulgativo 
  4. a b c d DIRETORIA DE CRIAÇÃO E MANEJO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO (2012). «PLANO DE MANEJO DA RESERVA EXTRATIVISTA MARINHA DE CAETÉTAPERAÇU (PA)» (PDF). Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. Resex Caeté-Taperaçu. Brasília. Consultado em 3 de agosto de 2023. Resumo divulgativo 
  5. a b Barreto, Wagner Lucas; Filho, Afonso Costa da Silva; Perrone, Antonio Carlos; Rodrigues, Alessandra Epifânio (2 de maio de 2023). «A PESCA ARTESANAL NO ESTADO DO PARÁ – BRASIL». Atena Editora: 157–177. ISBN 978-65-258-1343-1. doi:10.22533/at.ed.43123020510. Consultado em 14 de setembro de 2023. Resumo divulgativo 
  6. Braga, Cesar França; do Espírito-Santo, Roberto Vilhena; da Silva, Bianca Bentes; Giarrizzo, Tommaso; Castro, Edna Ramos (31 de dezembro de 2006). «CONSIDERAÇÕES SOBRE A COMERCIALIZAÇÃO DE PESCADO EM BRAGANÇA – PARÁ» (PDF). Belém. Boletim Técnico Científico do CEPNOR. 6 (1): 105–120. doi:10.17080/1676-5664/btcc.v6n1p105-120. Consultado em 15 de setembro de 2023. Resumo divulgativo 
  7. Silva, João Marcio Palheta da; Silva, Christian Nunes da (2011). Pesca e territorialidades: contribuições para análise espacial da atividade pesqueira. [S.l.]: Grupo Acadêmico Produção do Território e Meio Ambiente na Amazônia - GAPTA/UFPA 
  8. a b Braga, Cesar França; do Espírito-Santo, Roberto Vilhena; da Silva, Bianca Bentes; Giarrizzo, Tommaso; Castro, Edna Ramos (31 de dezembro de 2006). «CONSIDERAÇÕES SOBRE A COMERCIALIZAÇÃO DE PESCADO EM BRAGANÇA – PARÁ» (PDF). Belém. Boletim Técnico Científico do CEPNOR. 6 (1): 105–120. doi:10.17080/1676-5664/btcc.v6n1p105-120. Consultado em 15 de setembro de 2023. Resumo divulgativo 
  9. Araújo, Maria Vera Lúcia F.; Silva, Katia Cristiina A.; Silva, Bianca Bentes; Ferreira, Ingrid Lins S.; Cintra, Israel Hidenburgo A. (30 de junho de 2014). Qualis CAPES B4. «Pesca e Procedimentos de Captura do Camarão-da-Amazônia a Jusante de Uma Usina Hidrelétrica na Amazônia Brasileira» (PDF). revista Biota Amazônia/Biote Amazonie. Open Journal System (2): 102–112. doi:10.18561/2179-5746/biotaamazonia.v4n2p102-112. Consultado em 20 de setembro de 2023. Resumo divulgativo 
  10. DIRETORIA DE CRIAÇÃO E MANEJO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO (2012). «PLANO DE MANEJO DA RESERVA EXTRATIVISTA MARINHA DE CAETÉTAPERAÇU (PA)» (PDF). Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. Resex Caeté-Taperaçu. Brasília. Consultado em 3 de agosto de 2023. Resumo divulgativo 
  11. «Saiba o que é proibido pela lei de pesca». Diário Digital. 5 de março de 2019. Consultado em 3 de agosto de 2023 
  12. PORTARIA Nº 626, DE 5 DE JULHO DE 2018. [S.l.]: Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade