A Paixão Segundo G.H. (filme)
A Paixão segundo G.H. é um filme brasileiro dirigido por Luiz Fernando Carvalho.[1][2][3][4][5][6] Adaptado por Melina Dalboni a partir do livro homônimo de Clarice Lispector, publicado em 1964.[7]
A Paixão Segundo G.H. | |
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Cartaz oficial do filme | |
Brasil 2023 • cor • | |
Gênero | drama |
Direção | Luiz Fernando Carvalho |
Produção | Luiz Fernando Carvalho Paulo Roberto Schmidt Marcio Fraccaroli Veronica Stumpf |
Produção executiva | Eleonora Granata-Jenkinson Maria Clara Fernandez Renata Rezende Marcelo Maia |
Roteiro | Melina Dalboni Luiz Fernando Carvalho |
Baseado em | A paixão segundo G.H., de Clarice Lispector |
Elenco | Maria Fernanda Cândido Samira Nancassa |
Cinematografia | Paulo Mancini Miqueias Lino |
Edição | Marcio Hashimoto Nina Galanternick |
Companhia(s) produtora(s) | Paris Entretenimento LFC Produções Academia de Filmes República Pureza |
Distribuição | Paris Filmes (Brasil) Nitrato Filmes (Portugal) |
Lançamento | 2023 (Festival do Rio) |
Idioma | português |
O longa teve sua estreia na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo 2023, com ingressos esgotados em apenas 8 minutos.[8] Também fez parte da seleção oficial do Festival do Rio 2023.[9][10] Estreou comercialmente em 11 de abril de 2024, nos cinemas brasileiros. Em Portugal, foi distribuído pela Nitrato Filmes a partir de fevereiro do mesmo ano.[11]
O filme foi selecionado para os festivais de IFFRotterdam (2023), BAFICI 25º (2024), laureado com o Grande Prêmio e Prêmio Melhor Atuação para Maria Fernanda Cândido, e FILMADRID (2024), com duas menções especiais do Júri Jovem para o filme e para atuação da atriz Maria Fernanda Cândido.
Sinopse
editarRio de Janeiro, 1964. Após o fim de uma paixão, G.H., escultora da elite de Copacabana, decide arrumar seu apartamento, começando pelo quarto de serviço. No dia anterior, a empregada pediu demissão. No quarto, G.H. se depara com uma enorme barata que revela seu próprio horror diante do mundo, reflexo de uma sociedade repleta de preconceitos contra os seres que elege como subalternos. Diante do inseto, G.H. vive sua via-crúcis existencial. A experiência narra a perda de sua identidade e a faz questionar todas as convenções sociais que aprisionam o feminino até os dias de hoje. Baseado no romance de Clarice Lispector. [1][12]
Elenco
editar- Maria Fernanda Cândido .... G.H.
- Samira Nancassa .... Janair
Produção
editar"A Paixão Segundo G.H." é o segundo longa-metragem do cineasta Luiz Fernando Carvalho após o premiado Lavoura Arcaica (2001), também uma versão cinematográfica de um clássico da literatura brasileira.[13] Foi durante a montagem de "Lavoura Arcaica" que Luiz Fernando Carvalho teve contato com G.H. - romance central da obra de Clarice Lispector. Ao longo de sua carreira, Luiz Fernando Carvalho realizou diversas minisséries baseadas na literatura, como Os Maias, de Eça de Queiroz (2001); Capitu, de Machado de Assis (2005); A Pedra do Reino, de Ariano Suassuna (2007); Dois Irmãos, de Milton Hatoum (2017); e a microssérie Correio Feminino (2013), inspirada em crônicas escritas por Clarice Lispector nas décadas de 1950 e 1960.[14][15][16]
O processo criativo do filme aconteceu no galpão criativo do diretor, no bairro da Vila Leopoldina (SP). No espaço, sempre de forma colaborativa, aconteceram os vários treinamentos que o diretor elabora e propõe à sua equipe e elenco. Toda a concepção, a transformação da obra literária para o cinema, o trabalho da equipe e as filmagens deram origem ao livro "Diário de um filme" (Editora Rocco, 2024)[17], da roteirista Melina Dalboni. A publicação também reúne as transcrições das palestras das Oficinas Teóricas de nomes como José Miguel Wisnik, Nadia Battella Gotlib, Yudith Rosenbaum, além de fotos, frames cadernos do diretor.[18]
Preparação do elenco
editarA atriz Maria Fernanda Cândido foi escolhida para “ser” G.H., papel título do filme. A atriz dá continuidade à parceria artística com Luiz Fernando Carvalho: Capitu (2008), Afinal, o Que Querem as Mulheres? (2010), Correio Feminino (2013) e Dois Irmãos (2017). O trabalho de preparação de Maria Fernanda inclui improvisação sobre o romance, estudo vocal e imersão no texto original coordenados pessoalmente por Luiz Fernando Carvalho.
Samira Nancassa, imigrante de Guiné-Bissau, foi especialmente escolhida por Luiz Fernando Carvalho para o papel de Janair, a empregada de G.H. que pede demissão.
Filmagens
editarUm apartamento em Copacabana serviu de locação para as filmagens do longa-metragem, ambientado no início dos anos 1960.[19] O filme foi todo realizado em película 35mm, revelado no laboratório Tecnicolor, em New York. A direção de fotografia é dos estreantes Paulo Mancini e Mikeas e a edição de Marcio Hashimoto, colaborador do cineasta desde "A Pedra do Reino"; e Nina Galanternick.
Lançamento
editar"Filme 'A Paixão Segundo G.H.' é como saborear a conquista do impossível. Há que se discutir se algum artista já conseguiu isso. Clarice chegou perto. Carvalho e Candido também"
—Walter Porto, colunista, na Folha de S. Paulo[3]
O longa-metragem inicialmente com lançamento previsto para 2020, ano do centenário de Clarice Lispector, sofreu uma série de adiamentos em virtude da pandemia de COVID-19 e de outros trabalhos do diretor Luiz Fernando Carvalho, como a minissérie Independências lançada em 2022, na TV Cultura, ano do bicentenário da independência brasileira. O longa estreia dia 11 de abril de 2024.
O filme foi exibido pela primeira vez ao público no 25º Festival do Rio, no dia 13 outubro de 2023, e na 47ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, onde foi realizado o encontro Da Palavra à Imagem[20], com Luiz Fernando Carvalho, Maria Fernanda Candido, a biógrafa Nádia Battella Gotlib e Melina Dalboni.
Na exibição internacional na 53ª edição do Festival de Rotterdam, na Holanda, o filme foi bastante aplaudido e teve sessões com ingressos esgotados seguidas de conversas com o público.[21] [22] No dia 15 de fevereiro de 2024, o longa-metragem teve sua estreia nacional em Portugal, marcada por uma sessão especial e esgotada no Cinema Trindade, na cidade do Porto.
Recepção da crítica
editar"A prosa altamente filosófica de Clarice Lispector encontra uma representação cinematográfica que supera todas as expectativas. O filme combina o confessional, o experimental e o psicológico para alcançar um horror existencial com ecos de Através de um espelho (1961), de Ingmar Bergman, e Repulsa ao sexo (1965), de Roman Polanski"
—Cristina Álvarez López, IFF Rotterdam[1]
A obra foi celebrada pela crítica após as exibições nos festivais do Rio, São Paulo, Roterdã e Buenos Aires[23]. O crítico Carlos Alberto de Mattos descreveu o filme como extraordinário, corajoso e requintado não se amofina diante dos desafios do original. Em vez disso, mergulha no seu tecido escamoso e delirante para daí extrair uma pérola de cinema.[2]
Para a crítica Mónica Delgado, que viu a exibição em Rotterdam, a potência dos monólogos é explorada por Carvalho desde uma predominância do primeiro plano. E assim, o diretor brasileiro empatou com os mais de noventa anos de A Paixão de Joana d’Arc, de Carl Theodor Dreyer. A extraordinária atriz Maria Fernanda Cândido, G.H., é uma Maria Falconetti glamourosa e vive no Rio de Janeiro em uns esplendorosos anos 50.[22]
Nas palavras da crítica argentina Marta Casale, após a exibição no BAFICI, em Buenos Aires, o filme de Carvalho é surpreendentemente sensorial; brinca com texturas, sons e cores; move-se entre close-ups fortes.[24][25]
Maria Fernanda Cândido, na resenha da crítica Susana Schild, conduz essa odisseia particular com potência luminosa, etérea, através do olhar e dos poros. [26] Ainda segundo o autor Mario Sergio Conti, é um filme cuja beleza não tem paralelo no cinema nacional recente... é melhor do que o romance da autora Clarice Lispector no qual ele se baseia.[27][28][29][30][31][32][33][34][35][36][37][38][39]
Homenagem
editarAlém da obra cinematográfica, Luiz Fernando Carvalho assina um dos posfácios do relançamento da obra completa da escritora pela Editora Rocco.[40]
As vendas do livro de Clarice Lispector aumentaram 69% nas livrarias após a estreia do filme no Brasil, de acordo com a Editora Rocco, responsável por toda a obra da autora.[41]
Referências
- ↑ a b Cristina Álvarez López (2023). «IFFR: Seleção oficial International Film Festival Rotterdam 2024». IFFR.
O filme combina o confessional, o experimental e o psicológico para alcançar um horror existencial com ecos de "Through a Glass Darkly" (1961) de Ingmar Bergman e "Repulsion" (1965) de Roman Polanski. (...) A paixão segundo G.H. é um filme incrivelmente sensorial com enquadramentos e cortes precisos como um bisturi, movimentos de câmera suntuosos, uso constante de distorção visual e uma trilha sonora sofisticada.
- ↑ a b Carlos Alberto Mattos (13 de outubro de 2023). «Encontro com o outro metafísico». Carmattos. Consultado em 8 de novembro de 2023
- ↑ a b Walter Porto (31 de outubro de 2023). «Filme 'A Paixão Segundo G.H.' é como saborear a conquista do impossível». Folha de S. Paulo. Consultado em 8 de novembro de 2023
- ↑ Marilene Felinto (5 de dezembro de 2020). «Filme inédito dá destaque à doméstica em obra de Clarice Lispector». Folha de S. Paulo. Consultado em 9 de novembro de 2022
- ↑ Guilherme Genestreti (28 de novembro de 2018). «Após Lavoura Arcaica, Luiz Fernando Carvalho adapta obra de Clarice». Folha de S. Paulo. Consultado em 30 de janeiro de 2020.
Para que eu filme uma mulher não é apenas preciso, como dizem por aí, acessar meu lado feminino. É preciso muito mais. A consciência da impossibilidade na mediação com o feminino me arrasta até o centro de G.H., ou de Clarice – como preferirem. G.H. é o feminino em sua potência máxima, libertadora. Diria mesmo revolucionária. Ela nos ensina que há um limite, sim. Mas é necessário ir além do mundo patriarcal, além do homem.
- ↑ Rodrigo Fonseca (31 de dezembro de 2022). «Da fértil lavoura poética de Luiz Fernando Carvalho brota a Paixão Segundo G.H.». Estado de S. Paulo. Consultado em 19 de setembro de 2023
- ↑ Ubiratan Brasil (6 de dezembro de 2017). «Depois de deixar a TV, Luiz Fernando Carvalho planeja rodar dois filmes». Estadão. Consultado em 7 de dezembro de 2017
- ↑ Monica Bergamo (25 de outubro de 2023). «Filme 'A Paixão Segundo G.H.' tem ingressos esgotados em 8 minutos na Mostra de SP». Folha de S. Paulo. Consultado em 8 de novembro de 2023
- ↑ Lucas Salgado (4 de setembro de 2023). «Festival do Rio 2023 anuncia filmes selecionados para a Première Brasil com forte presença de diretoras». Jornal O Globo. Consultado em 19 de setembro de 2023
- ↑ Pedro Henrique Ribeiro (14 de outubro de 2023). «A Paixão Segundo G.H. "é o feminino em sua potência máxima", diz diretor». Omelete. Consultado em 8 de novembro de 2023
- ↑ Mendes, José Vieira (30 de abril de 2024). «A Paixão Segundo G.H., a Crítica | Uma extraordinária viagem cinematográfica ao universo de Clarisse Lispector». MHD. Consultado em 3 de agosto de 2024
- ↑ https://luizfernandocarvalho.com/projeto/a-paixao-segundo-g-h/
- ↑ Alessandro Giannini (6 de dezembro de 2017). «Luiz Fernando Carvalho retoma carreira como diretor de cinema em SP». O Globo. Consultado em 7 de dezembro de 2017
- ↑ Aline Vessoni (3 de março de 2019). «Cineasta, diretor e roteirista, Luiz Fernando Carvalho fala sobre sua paixão pela literatura». Poder, Joyce Pascowitch. Consultado em 7 de fevereiro de 2020
- ↑ Luiz Carlos Merten (9 de dezembro de 2020). «Luiz Fernando Carvalho e "A Paixão Segundo GH": o fluxo de uma consciência necessária». O Estado de S. Paulo. Consultado em 9 de novembro de 2022
- ↑ Ana Paula Orlandi (outubro de 2020). «A escritora das entrelinhas». Revista Pesquisa Fapesp. Consultado em 9 de novembro de 2022
- ↑ Dalboni, Melina (2024). Diário de um filme: A paixão segundo G. H. [S.l.]: Rocco. ISBN 978-6555323719
- ↑ Ancelmo Gois (14 de outubro de 2023). «Clarice Lispector por Maria Fernanda Cândido». O Globo. Consultado em 8 de novembro de 2023
- ↑ Guilherme Genestreti (6 de dezembro de 2017). «Luiz Fernando Carvalho abre galpão para ensaiar filmes em São Paulo». Folha de S. Paulo. Consultado em 7 de dezembro de 2017
- ↑ «III Encontro de Ideias Audiovisuais, Da Palavra à Imagem». Mostra Internacional de Cinema. Consultado em 7 de fevereiro de 2024
- ↑ Monica Bergamo (31 de janeiro de 2024). «Longa A Paixão Segundo G.H é ovacionado em Roterdã e gera tumulto em sessão». Folha de S. Paulo. Consultado em 7 de fevereiro de 2024
- ↑ a b Monica Delgado (2 de fevereiro de 2024). «IFFR Rotterdam 2024: A Paixão Segundo G.H. de Luiz Fernando Carvalho». Desistfilm. Consultado em 7 de fevereiro de 2024
- ↑ Diego Batlle (12 de abril de 2024). «Especial Cine Latinoamericano: críticas de "A paixão segundo GH", de Luiz Fernando Carvalho (Competencia Internacional)#BAFICI2024». Otros Cines. Consultado em 19 de abril de 2024
- ↑ Marta Casale (22 de abril de 2024). «CINE: BAFICI -A PAIXÃO SEGUNDO GH». El Espectador Compulsivo. Consultado em 25 de abril de 2024
- ↑ Pablo Gamba (21 de abril de 2024). «BAFICI:A Paixão Segundo G.H.». Los Experimentos. Consultado em 25 de abril de 2024
- ↑ Susana Schild (11 de abril de 2024). «A Paixão Segundo G.H.: público enfeitiçado com beleza do texto e magnetismo de Maria Fernanda Candido». O Globo. Consultado em 19 de abril de 2024
- ↑ Mario Sergio Conti (12 de abril de 2024). «Maria Fernanda Candido dá vida às crises de A Paixão Segundo G.H.». Folha de S. Paulo. Consultado em 19 de abril de 2024
- ↑ Maria do Rosário Caetano (8 de abril de 2024). «"A Paixão Segundo G.H." transforma monólogo interior de ação rarefeita em filme de grande força poética». Revista de Cinema. Consultado em 19 de abril de 2024
- ↑ José Geraldo Couto (11 de abril de 2024). «No coração selvagem». Blog de Cinema do IMS. Consultado em 19 de abril de 2024.
A inquietação existencial e estética de Clarice Lispector encontra um interlocutor à altura. E o cinema brasileiro ganha um grande filme
- ↑ Matheus Gotto (29 de março de 2024). «'A Paixão Segundo G.H.' é um deleite poético com Maria Fernanda Cândido». Veja São Paulo. Consultado em 19 de abril de 2024.
A Paixão Segundo G.H.’ é um deleite poético
- ↑ Veronica Stigger (10 de abril de 2024). «A Paixão Segundo Luiz Fernando Carvalho». Quatro Cinco Um. Consultado em 19 de abril de 2024.
Na paisagem reduzida de um quarto de empregada, toda a dinâmica social de um país que se dá a ver
- ↑ Jessica Lima (8 de abril de 2024). «Crítica: A Paixão Segundo G.H.». Geek Pop News. Consultado em 19 de abril de 2024.
Poético e sofisticado. Adaptação maravilhosa, conduzindo o olhar do público aos detalhes, onde o simples transmite muita informação e emoção
- ↑ Rodrigo Fonseca (10 de abril de 2024). «Cinema perto do coração selvagem». Correio da Manhã. Consultado em 19 de abril de 2024.
Espetáculo fílmico indomável
- ↑ Ivana Bentes (17 de abril de 2024). «O gosto do vivo e as vidas marrons no filme "A paixão segundo G.H."». Revista Cult. Consultado em 19 de abril de 2024
- ↑ Rostand Tiago (17 de abril de 2024). «Mergulho no fascínio de Clarice». Revista Continente. Consultado em 19 de abril de 2024
- ↑ Caio Coletti (11 de abril de 2024). «A Paixão Segundo G.H. constrói Clarice em cima de um século de "cinema feminino"». Omelete. Consultado em 19 de abril de 2024
- ↑ Marcos Vinicius Beck (9 de abril de 2024). «Luiz Fernando Carvalho leva às telonas texto complexo de Clarice Lispector». Diário da Manhã. Consultado em 14 de maio de 2024
- ↑ Antonio Lira (10 de abril de 2024). «"A Paixão Segundo G.H." traz o peso esmagador da despersonalização». O Grito!. Consultado em 14 de maio de 2024
- ↑ Leandro Antognoli Caleffi (10 de abril de 2024). «A paixão pelo paradoxo». Jornal GGN. Consultado em 14 de maio de 2024
- ↑ Luiz Antonio Ribeiro (3 de junho de 2021). «5 motivos para assistir o filme A Paixão Segundo G. H., baseado na obra de Clarice Lispector». Jornal Nota. Consultado em 19 de setembro de 2023
- ↑ Lauro Jardim (19 de abril de 2024). «Vendas de 'A paixão segundo G.H' crescem 70% após estreia de filme». O Globo. Consultado em 19 de abril de 2024
Ligações externas
editar- A Paixão Segundo G.H.. no IMDb.
- «Sítio oficial» (no site de Luiz Fernando Carvalho)
- Clarice Lispector