Anarquismo no Canadá

As primeiras manifestações do anarquismo no Canadá se deram ainda no final do século XIX, através da circulação de periódicos como La Torpille e Le Réveil des masses, editado por exilados da Comuna de Paris, na cidade de Quebec. Até o início da Primeira Guerra Mundial, já haviam grupos anarquistas estabelecidos em Montreal, Winnipeg, Calgary, Toronto e Columbia Britânica. A organização sindicalista revolucionária Industrial Workers of the World (IWW) atuou no Canadá, editando o jornal bilíngue Travailleur/The Worker em Queceb e Ontario e mobilizando sobretudo trabalhadores da indústria e de minorias raciais.[1]

Multidão reunida nas ruas durante a greve geral de Winnipeg, organizada pela One Big Union em 1919.

Ex-militantes da IWW, desarticulada pela repressão, e membros do Partido Socialista Canadense, formaram a One Big Union (OBU) em 1919, organização também inspirada nos princípios do sindicalismo revolucionário.[1] Apenas alguns meses após a sua fundação, a OBU organizou greves gerais em Calgary, Winnipeg e Edmonton, mas logo foi desbaratada pela repressão estatal e patronal. O número de membros associados à OBU caiu de 70.000 trabalhadores em seu auge em 1919 para cerca de 5.000 mil em 1921.

Durante as décadas de 1920 e 1930, o movimento anarquista no Canadá sobreviveu sobretudo entre os emigrados, especialmente os de origem judaica. Militantes antifascistas da Alemanha, Espanha e Itália também marcaram presença entre os círculos anarquistas do Canadá. A notória anarquista Emma Goldman residiu no país entre 1933-5 e 1939-1940 e esteve articulada com grupos libertários de Montreal, Toronto, Winnipeg e Edmonton, e antes da sua morte, articulou uma campanha contra a deportação do militante italiano Attilio Bortolotti, que desempenhou um importante papel no movimento anarquista canadense durante os anos 1940 e 1950 junto do exilado espanhol Federico Arcos.[1]

Entre as décadas de 1940 e 1950, o anarquismo teve um impacto significativo nas artes. Em 1948, um grupo de artistas e intelectuais, entre eles Paul-Émile Borduas e Jean-Paul Riopelle, lançou o manifesto Le Refus global, de teor antirreligioso e antissistêmico.[1] A presença do anarquismo nos movimentos sociais voltou a ter maior relevância durante os anos 1970 e 1980, com o envolvimento de militantes libertários nas causas feministas, ambientalistas, indigenistas, com a contracultura e até mesmo movimentos de guerrilha urbana, como o grupo Direct Action, responsável pela explosão de uma usina hidrelétrica em Vancouver e da Litton, uma fábrica de componentes para a fabricação de mísseis a serviço dos Estados Unidos. Ambos os atentados ocorreram em 1982 e os membros do grupo foram presos em janeiro de 1983.[1]

Desde os anos 1990, o movimento anarquista no Canadá vem encontrando maior número de adeptos. Militantes têm se envolvido em movimentos antiglobalização e de solidariedade aos povos indígenas, além de atuarem em cooperativas, livrarias, editoras e centros sociais, organizando, entre outras atividades, feiras do livro anarquista anualmente.[2]

Referências

  1. a b c d e Antliff 2009, p. 110.
  2. Antliff 2009, p. 110-111.

Bibliografia

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  • Antliff, Alan (2009). «Anarchism, Canada». In: Ness, Immanuel (org.). The International Encyclopedia of Revolution and Protest: 1500 to the Present. Hoboken: Wiley-Blackwell. pp. 110–111 


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