Azmi Bishara (em árabe: عزمي بشارة‎; em hebraico: עזמי בשארה‎; nascido em Nazaré, 22 de julho de 1956) é um intelectual público, filósofo político e escritor israelense.[1] Foi membro do parlamento de Israel (Knesset) de 1996 a 2007 e secretário-geral do partido Aliança Nacional Democrática, mais conhecido como Balad, integra a minoria árabe de Israel, sendo oriundo de uma família cristã, embora não seja religioso.

Azmi Bishara
Azmi Bishara
Nascimento 22 de julho de 1956 (67 anos)
Nazaré
Cidadania Israel
Alma mater
Ocupação político, romancista, professor universitário, filósofo
Prêmios
  • Prêmio ibn Rushd pela Liberdade de Pensamento (2002)
Empregador(a) Universidade Birzeit, Arab Center for Research and Policy Studies

Ameaçado de prisão em Israel, sob suspeita de colaborar com o inimigo em tempos de guerra, atualmente vive no Catar.

Biografia

editar

Quando estudante secundarista, fundou, em 1974, o Comité Nacional dos Estudantes Árabes do Ensino Secundário e a União dos Estudantes Árabes.

Graduou-se em Direito e Filosofia (1977-1980) na Universidade Hebraica de Jerusalém. Obteve o título de doutor em Filosofia, pela Universidade Humboldt de Berlim, em 1986, com a tese Methodology in the Kapital of Karl Marx: The Myth of the Unity between the Logical and the Historical. De regresso a Israel e Territórios Ocupados, tornou-se professor na Universidade de Birzeit, na Cisjordânia. Em 1991, fundou o Instituto Palestiniano para o Estudo da Democracia - Muwatin (atual Instituto para a Democracia e Direitos Humanos Muwatin), [2] em Ramallah. Também fundou, juntamente com colegas israelenses, o jornal de ciências sociais Theory and Criticism. Bishara também trabalhou como pesquisador senior, no Van Leer Institute de Jerusalem - um centro de estudos interdisciplinares.

Foi um dos fundadores do partido Balad, formação política secular de esquerda que advoga que Israel não deve ser um estado judeu, mas um estado laico, Estado dos cidadãos. Bishara é crítico do sionismo. Foi eleito para o parlamento pela primeira vez em 1996. Em 1999 tornou-se o primeiro cidadão árabe a concorrer ao cargo de primeiro-ministro de Israel, mas retirou a sua candidatura um dia antes da eleição.

Em novembro de 2001, a Knesset retirou sua imunidade parlamentar por delito de opinião.[3] Ele havia organizado uma viagem para os árabes israelenses que desejavam rever seus parentes refugiados na Síria, pela primeira vez, desde a criação de Israel.[4] Foi o primeiro parlamentar israelense destituído da sua imunidade parlamentar.

No dia 7 de julho de 2004, em companhia do Arquimandrita Atallah Hannah (mais tarde, bispo da Igreja Ortodoxa de Jerusalém), de Cheikh Taysser Tamimi (juiz principal do tribunal islâmico), de Michel Warschawski (ativista israelense pela paz) e de palestinos das várias tendências políticas, iniciou uma greve de fome em protesto contra a construção do muro de separação em Jerusalém.[4][5] Em uma entrevista concedida em 2005, Azmi Bishara declarou que uma reconciliação histórica entre palestinos e judeus não pode ser reduzida ao reconhecimento oficial da injustiça sofrida pelo povo palestino. Para ele, é necessário, em primeiro lugar, que Israel reconheça o direito do povo palestino à autodeterminação e aceite a existência de um Estado em parte da Palestina histórica. Além disso, o problema dos refugiados deve ser resolvido, primeiramente reconhecendo a injustiça que foi cometida contra eles e, depois, fazendo o mínimo para repará-la, reconhecendo os vínculos entre os refugiados e suas aldeias. Por sua vez, os palestinos devem contribuir para essa reconciliação histórica por meio de sua disposição - que, segundo Bichara, já existe - de reconhecer que os judeus foram perseguidos na Europa. Os palestinos também devem reconhecer que agora existe uma identidade nacional judaico-israelense que também tem direito à autodeterminação.[6]

Em 2007, Bishara foi interrogado pela polícia israelense, sob suspeita de ajudar e passar informações ao inimigo em tempos de guerra, manter contatos com agente estrangeiro e receber de grandes somas de dinheiro transferidas do exterior, além de lavagem de dinheiro recebido de fontes estrangeiras. Ele negou as acusações e disse que faziam parte de um esforço para puni-lo por ter-se oposto à invasão do Líbano por Israel, no verão anterior. Em seguida, ameaçado de prisão, Bishara deixou Israel e, em 22 de abril de 2007, renunciou à Knesset por intermédio da Embaixada de Israel no Cairo. [7]

Desde então, instalou-se no Qatar e obteve a nacionalidade catari.[8] Atua como acadêmico e pesquisador no Arab Center for Research and Policy Studies, sediado em Al Daayen. Ele também ajudou a estabelecer Al-Araby Al-Jadeed, uma agência de notícias pan-árabe sediada em Londres, de propriedade da empresa catari Fadaat Media.[9]

Em 2017, Bichara anunciou deixaria a atuação política direta, passando a dedicar-se integralmente à produção intelectual. [10][11]

Trabalhos publicados

editar
  • من يهودية الدولة حتى شارون Min yahudiyat al-dawla hata Sharon ("From the Jewishness of the State to Sharon") (2005),[12]
  • The Ruptured Political Discourse and Other Studies (Arabic, 1998)
  • Dois romances de uma planejada trilogia: The Checkpoint (2004) em árabe: وجد في بلاد الحواجز[13] traduzido em hebraico,[14] em alemão,[15] e Love in the Shadow Zone (2005).[16]
Em árabe
  • On the Democratic Option: Four Critical Studies Republicado pelo Center for Arab Unity Studies, Líbano, 1993 (com Burhan Ghalioun, George Giacaman e Said Zeedani)
  • Civil Society and Democratic Change in Palestinian Society 1995
  • A Critical Perspective on Palestinian Democracy 1995 (com Musa Budeiri, Jamil Hilal, George Giacaman e Azmi Bishara)
  • A Contribution to the Critique of Civil Society 1996
  • The Ruptured Political Discourse and other Studies 1998
  • The Site of Meaning: Essays from the First Year of the Intifada 2002
  • In the Wake of the Israeli Invasion: Issues of Palestinian National Strategy 2002
  • Theses on a Deferred Awakening 2003
  • من يهودية الدولة حتى شارون Min yahudiyat al-dawla hata Sharon ("From the Jewishness of the State to Sharon") 2005 [17]
  • The Elements of Democracy Series. Editor: Dr Azmi Bishara
Em inglês
Em alemão
  • Alles ändert sich die ganze Zeit: Soziale Bewegung(en) im "Nahen Osten". Jörg Später (Hrsg.), mit Beiträgen von Azmi Bishara et al., Freiburg (Breisgau): Informationszentrum Dritte Welt, 1994[18]
  • Götz Nordbruch Red. & Rainer-Zimmer-Winkel Hg., John Bunzl & Moshe Zuckermann u.a., Beiträge: Die Araber und die Shoa. Über die Schwierigkeit dieser Konjunktion. darin von Azmi Bishara, Beitrag gleichlautend mit dem Gesamttitel, S. 9 – 33 Vortrag im WS 1992/93 an der Universität Innsbruck, von der Red. leicht überarb. & in den Fußnoten ergänzt. ISSN 0935-8684 ISBN 3-932528-37-9 ISBN 3865751016 (Auch in: Der Umgang mit dem Holocaust. Europa, USA, Israel. Hg. Rolf Steininger. Böhlau, Wien 1994 Reihe: Schriften des Instituts für Zeitgeschichte der Universität Innsbruck und des Jüdischen Museums Hohenems Bd. 1 ISBN 3-205-98173-1)
  • Die Jerusalem Frage: Israelis und Palaestinenser im Gespräch. Teddy Kollek, Hanan Ashrawi, Amos Oz, Faisal Husseini, Ehud Olmert, Albert Aghazarian, Shulamit Aloni, Nazmi al-Jubeh, Meron Benvenisti, Ikrima Sabri, Michel Sabbah/Uri Avnery, Azmi Bishara (Hg.), Heidelberg: Palmyra, c. 1996[20]

Referências

  1. Ufheil-Somers, Amanda (19 de janeiro de 1994). «An Interview with Azmi Bishara». MERIP 
  2. (em inglês) Muwatin Institute for Democracy and Human Rights
  3. La Knesset a levé l’immunité parlementaire du député arabe israélien Azmi Bichara. Le parlementaire va être jugé pour des propos jugés hostiles à l’Etat juif. Le Monde, 9 de novembro de 2001, p. 8.
  4. a b (em francês) Azmi Bishara, lefigaro.fr'
  5. (em francês) Mazin Qumsiyeh. Une histoire populaire de la Résistance palestinienne - l’espoir et l’autonomisation. Prefácio de Michel Warschawski. Demi lune, collection Résistances, Plougastel, 2013. ISBN 978-2-917112-22-9
  6. (em francês) Être Palestinien et citoyen d'Israël. Une interview du député à la Knesset Azmi Bichara. Courier international, 26 de janeiro de 2005. Cópia arquivada em 15 de junho de 2024
  7. (em inglês) Lis, Jonathan; Stern, Yoav; Ilan, Shahar. «Balad Chairman Bishara: I cannot receive a fair trial in Israel». Haaretz. Cópia arquivada em 27 de abril de 2007 .
  8. Biography. Dr. Azmi Bishara
  9. Khatib, Lina. «Qatar and the Recalibration of Power in the Gulf» (PDF). carnegieendowment.org 
  10. Azmi Bishara, azmibishara.com, 19 de outubro de 2018.
  11. «Azmi Bishara tells his political and intellectual career». Arab48.com (em árabe). 4 de março de 2017 
  12. At a glance, Al-Ahram Weekly
  13. «La Palestine fragmentée». Le Monde Diplomatique. Novembro de 2004 
  14. «כיסופים בארץ המחסומים». Babel. 2005 
  15. Bišāra, ʿazmī (2006). Asmi Bischara, Checkpoint. Bericht aus einem zerteilten Land. Aus dem Arabischen von Hartmut Fähndrich. Lenos.ch Lenos Verlag. Zürich: [s.n.] ISBN 3-85787-377-9 
  16. «Culture 101: A roundup of the month's news in the arts and culture». Egypt Today. Cópia arquivada em 17 de maio de 2007 
  17. At a glance, Al-Ahram Weekly
  18. a b «Library of Congress Online Catalog - Legacy Catalog Retired». Catalog.loc.gov. 1º de dezembro de 2015 
  19. «Al-Ahram Weekly | Opinion | Olmert: as expected». 27 de março de 2007. Cópia arquivada em 27 de março de 2007 
  20. «קטלוג ראשי - חיפוש בסיסי». Aleph500.huji.ac.il. 6 de novembro de 1994. Cópia arquivada em 18 de dezembro de 2012 

Ligações externas

editar